Dexter conta a estória do mais simpático serial killer do mundo, vivido brilhantemente por Michael C. Hall. Já escrevi sobre as demais temporadas em posts separados: 1ª temporada, 2ª temporada,3ª temporada e 4ª temporada. Aviso que, como é inevitável falar das temporadas anteriores para comentar a 5ª, haverá alguns spoilers aqui, mas nunca da própria 5ª temporada.
A grande cartada do final da 4ª temporada de Dexter foi o assassinato de sua esposa, Rita (Julie Benz), pelas mãos do Trinity Killer (o grande John Lithgow). A grande cartada da 5ª temporada é a evidente coragem dos produtores de começarem a série minutos depois do fim da temporada anterior. Em situações normais, para facilitar a narrativa, era de se esperar que houvesse um pulo temporal de algumas semanas ou meses para que tudo se acomodasse e uma nova estória pudesse surgir mais facilmente.
No entanto, fugindo do lugar comum, a 5ª temporada abre com Dexter de joelhos no jardim de sua casa, com seu filho nos braços, esperando a polícia chegar. Vemos o desenrolar da revelação da morte de Rita basicamente em tempo real ao longo dos episódios, o que, por si só, já seria suficiente para aplaudir a equipe responsável pela série. Vemos Dexter enfrentar o caos que se instala em sua vida pois ele tem que se mudar com seu filho e os dois enteados para seu antigo apartamento, agora ocupado por sua irmã Debra (Jennifer Carpenter). Ele fica sem espaço para lidar pessoalmente com a dor da perda (será que ele sente essa dor) e, principalmente, com seus impulsos assassinos. Afinal, como matar meticulosamente se você mal tem tempo para dormir e, quando tem, dorme no sofá?
Em desespero, Dexter começa a cometer erros, sendo o principal deles planejar mal um assassinato. Ele acaba deixando uma testemunha. Mas é aí que a coisa fica realmente interessante. A testemunha, na verdade, é uma sobrevivente das atrocidades que a vítima de Dexter perpetrou junto com comparsas secretos. Lumen (Julia Stiles) é a tal sobrevivente e, vendo o que Dexter é, ela quer se transformar na mesma coisa para vingar-se do ocorrido. Será que o Dark Passenger também reside em Lumen?
Sem escolhas por um lado mas querendo uma espécie de verdadeira pupila de outra, Dexter passa a ajudar Lumen. O desenvolvimento da relação dos dois, apesar de comprimido em 12 episódios, acaba sendo bastante crível, o que é mais um mérito da produção.
Mas a temporada não é sem problemas. Em determinado momento, a investigação da nova dupla assassina esfria completamente, por uma grande falha no roteiro. Isso acontece mais ou menos no meio da temporada. Para resolver isso, os roteiristas devem ter queimado os neurônios e alcançaram uma solução pouco plausível, envolvendo um acidente automobilístico. Essa falta de engenho dos roteiristas não chega a estragar a série, longe disso, mas o problema fica tão às claras que incomoda até o fim.
E, talvez de maneira muito parecida com o que acontece na 2ª temporada, um policial passa a desconfiar que há algo errado com Dexter. Para isso, ele contrata os serviços sorrateiros de um policial sujo chamado Stan Liddy (Peter Weller). O melhor do personagem de Liddy é simplesmente ver o ator que fez Robocop voltar às telas (mesmo que as pequenas) com destaque. De resto, ele parece estar lá como uma espécie de estória paralela um tanto quanto desnecessária.
No entanto, a relação entre Dexter e Lumen – a química dos dois é ótima – e várias eletrizantes cenas que decorrem daí (as cenas do armazém e do hotel são apenas duas das que mais se destacam), além da estória pregressa dos vilões, faz a temporada valer à pena.
A 6ª temporada de Dexter acabou há pouco tempo e li que a série foi renovada por mais duas temporadas. Creio que já esteja na hora de Dexter se aposentar. Tomara que os produtores usem as duas temporadas que ainda têm (não está claro que serão as últimas) para abordar aquilo que todos nós esperamos ver: uma caçada ao próprio Dexter.