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Premiações | Oscar 2022 – Os Vencedores

Um tapa na cara de quem acha a cerimônia chata.

por Iann Jeliel
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De ontem (27/03) para hoje de madrugada (28/03), aconteceu a 94° cerimônia de entrega do Oscar, marcada por tentativas de gerar entretenimento e imprevistos que geraram inevitavelmente o que se debater. Nesse artigo, vocês podem conferir a lista completa dos vencedores do Oscar 2022 com comentários opinativos do colunista que vos fala (com exceção das categorias de Curtas de Animação e Curtas Documentário, feitos por Davi Lima), sobre os premiados. Lembrando que, para cada indicado, haverá um link direto para a crítica do site, além de links para todo o material criticado de cada ator, atriz e diretor(a) indicado(a) nas categorias de atuação e direção.
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Melhor Documentário em Longa-Metragem

Comentário: Uma das categorias mais fortes do Oscar esse ano. Todos os indicados de respeito. Apesar de não ser meu favorito particular, a existência de Summer of Soul por si só o faz merecer o prêmio. 52 anos depois, filmagens silenciadas de um festival silenciado voltam à vida. Uma vitória simbólica de uma obra necessária para revitalizar um movimento cultural histórico.
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Melhor Documentário em Curta-Metragem

Comentário (Davi Lima): Apesar da categoria ter sido considerada fraca por alguns, especialmente pela forte participação da Netflix, ela mantém o bom retrospecto do Oscar: dar prestígio a histórias pouco conhecidas. Pensando nisso, era inevitável que The Queen of Basketball ganhasse. A história da jogadora Lusia Harris, que deveria ser muito conhecida, não apenas atende o necessário checklist da representatividade como contém a simpatia da ex-jogadora no formato de entrevista que tanto o documentário necessita para funcionar. Além disso, o curta cria um caráter de homenagem, em vista do falecimento de Lusia nesse janeiro de 2022. Então, conhecer Lusia merece um Oscar.
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Melhor Curta-Metragem em Live Action

Comentário: Da seleção desse ano, The Long Goodbye era o que melhor lidava com um impacto imagético direto com sua denuncia. Mas é uma vitória agridoce de uma categoria com fraquíssima concorrência.
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Melhor Animação em Curta-Metragem

Comentário (Davi Lima): Pela distribuição da Netflix, produção do estúdio Aardman Animations e caráter clássico-musical da história no curta A Sabiá Sabiazinho, a vitória de The Windshield Wiper foi surpreendente. Não pela qualidade, algo que o diretor Alberto Mielgo tem de sobra, mas pela consideração da Academia. O curta espanhol em comparação ao lobby da Netflix era bem inferior, o que diferenciava a disponibilidade para os votantes da academia. Mas o nome de Mielgo, presente em Homem-Aranha no Aranhaverso, e sua arte “cartoon-motion”, cada vez mais famosa, ajudaram The Windshield Wiper a crescer os olhos dos votantes. Não se pode esquecer que o curta trata do tema amor em sua pluralidade e abertura para interpretações. Assim, não tem apenas tem uma arte chamativa como um tema popular para ganhar o prémio.
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Melhor Animação em Longa-Metragem

Encanto

Comentário: Três atrizes das princesas dos live-actions da Disney vieram anunciar o prêmio de Melhor Animação? Alguma surpresa de quem ia ganhar? Bem, quem acompanha o site, sabem que torcia para Disney, mas para a sua outra animação: Raya e o Último Dragão – detalhe: não assisti Fuga. Contudo, já havia aceitado que ela não teria chance. Entre os que tinham chances, Encanto e A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, torcia para o segundo. Infelizmente, não deu para a Sony…
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Melhor Filme Internacional

Comentário: Melhor Filme Internacional trouxe uma seleção com alguns títulos bem melhores que os indicados a Melhor Filme, em minha opinião. Tanto entre os cinco, quanto aqueles esnobados no processo de seleção dos indicados. A vitória, óbvio, foi para aquele que também foi indicado a Melhor Filme. Sem contestações aqui.
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Melhor Maquiagem e Cabelo

Comentário: Já utilizo esse espaço para dizer que gostei do resultado prático de separar algumas categorias para anunciar a vitória antecipadamente e tornar a apresentação mais dinâmica. Foi bom porque não ignorou o ato de premiar os profissionais envolvidos nas categorias, nem saltou ou exatamente reduziu o tempo deles no palco para os agradecimentos e discurso. Uma experimentação bem-sucedida que pode ser reprisada nos próximos anos, por mim. Sobre o Oscar de Maquiagem, acabou indo para o favorito da temporada, embora O Príncipe em Nova York 2 tenha-o ameaçado na reta final da corrida. Mesmo não tendo gostado de Os Olhos de Tammy Faye, o trabalho nesse aspecto é realmente muito bom.
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Melhor Figurino

Cruella

Comentário: Por incrível que pareça, era uma das categorias mais fortes do Oscar esse ano. Cinco trabalhos de figurino realmente fabulosos. Qualquer um podia levar que estava feliz. Cruella por acabar falando do universo da moda, acabou levando legitimamente.
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Melhor Design de Produção / Direção de Arte

Comentário: O primeiro de muitos de uma coleção surpreendente de estatuetas de Duna. Não há nem muito o que questionar sob a maioria dos prêmios técnicos recebidos para o filme. Para Design de Produção, daria para O Beco do Pesadelo, mas Duna seria meu segundo favorito. Justo.
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Melhores Efeitos Especiais / Visuais

Comentário: Eu nem gostei tanto de Duna assim. Como filme, prefiro outros dos indicados, inclusive. Contudo, no aspecto efeitos visuais, Duna era com algumas sobras o melhor. O que mais fez a famosa mescla entre práticos e digitais que tão é premiada pela academia.
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Melhor Canção Original

Comentário: Todo ano que concorre 007, ele ganha. Impressionante. E não tem jeito, é, das cinco canções, a melhor mesmo.
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Melhor Trilha Sonora

Comentário: Era a categoria mais difícil de prever, na minha opinião. Na dúvida, deu Duna e Hans Zimmer novamente (para a alegria de nosso senhor Santiago, o maior fã do compositor no Brasil). Novamente, era meu favorito entre os indicados, mas confesso que esse ano não tivemos tantas trilhas marcantes.
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Melhor Som

Comentário: Com a junção de Mixagem e Edição numa categoria só, era difícil não ir para Duna. Por mais que Ataque dos Cães tenha um ótimo trabalho sonoro também, esse é muito mais destacado na parte de edição (trabalhar com o som ambiente), enquanto a ficção cientifica se destaca em edição e mixagem (sons em pós-produção). Outro prêmio técnico bem justificado.
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Melhor Edição / Montagem

Comentário: A junção da categoria som trouxe reflexos diretos para a categoria de Montagem, uma vez que os votantes de Edição de Som ficaram divididos entre ambas as categorias. Pelo segundo ano seguido, o vencedor de Som, vence também em Montagem. No caso, Duna abocanha outra categoria técnica que não tinha um dono garantido na temporada. Particularmente, nesse aspecto, meu favorito era Não Olhe Para Cima, já que o filme trabalha diretamente sua comédia por truques de edição que simulam o efeito da mensagem que quer passar. Contudo, não dá para dizer que Duna não teve seu merecimento ao condensar tanto material literal sem perder o compromisso com a construção atmosférica necessária para apresenta-lo.
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Melhor Fotografia

Comentário: Das vitorias de Duna é a que mais contesto. Acho a fotografia demasiadamente soturna em muitos momentos, meio sem vida. Dos cinco, me arrisco a dizer que a pior, embora não seja ruim. Contudo, ainda vejo o nível da categoria nivelado por baixo, então relevaria qualquer vitória. Meu favorito, apesar de não ter gostado do filme, era Ataque dos Cães.
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Melhor Roteiro Adaptado

Comentário: A vitória em Roteiro Adaptado, cravou CODA em Melhor Filme, já que ele apesar de ter ganhado o sindicato dos produtores, precisava de pelo menos mais um Oscar junto a Ator Coadjuvante para se consolidar no topo. Há quem reclame pela simplicidade da estrutura narrativa, pois realmente não é um texto que inova, nem analisando as mudanças para sua diferenciação do filme original. Nesse sentido, daria para Drive My Car o prêmio, mas No Ritmo do Coração seria meu segundo colocado. Sim, a frente de Ataque dos Cães, caso que trabalha suas nuances implícitas na imagem e trabalho na direção, mais do que no texto em si.
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Melhor Roteiro Original

Comentário: Com a vitória de Não Olhe Para Cima no sindicato dos roteiristas, tivemos uma reviravolta na disputa e Belfast dado como morto pela enfraquecida na campanha, ganha seu único Oscar, para o desespero de muitos de nossa equipe que queriam Paul Thomas Anderson no lugar de Kenneth Branagh e sua autobiografia em preto & branco de Sessão da Tarde com o Oscar. Particularmente, não que eu concorde com a vitória de Branagh (daria para Adam McKay ou A Pior Pessoa do Mundo), mas adorei a “derrota” do superestimado (eu odeio esse termo, mas… ) cineasta do vencedor de nosso ranking de Melhor Filme. É, eu sei, eu sou “diferentão” mesmo.
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Melhor Atriz Coadjuvante

Comentário: Não era minha torcida, mas fiquei bem feliz com a vitória de Ariana Debose. Seu discurso de vitória foi um dos mais verdadeiros que vi na história do Oscar. Simpaticamente empolgada, meio desacreditada (apesar de saber do favoritismo, pois se produziu muitíssimo bem para o tapete vermelho e entrega) e genuinamente emocionada.
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Melhor Ator Coadjuvante

Comentário: Um dos melhores momentos dessa edição foi a perspicácia de Youn Yuh-Jung em anunciar o vencedor pela linguagem de sinais. Oscar merecidíssimo de Troy Kotsur. Lindo discurso também.
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Melhor Atriz

Comentário: Sempre tem aquela vitória chata na categoria de atuações. Adoro Chastain (e ela tá bem no filme até), mas esse Oscar indo para Stewart seria épico. Injusto? Vou ser chato e dizer que sim.
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Melhor Ator

Comentário: Will Smith foi o astro da noite, trazendo o entretenimento que a cerimônia queria. Não só ganhando seu primeiro Oscar, como também protagonizando uma cena bizarra de agressão a Chris Rock após uma piada do comediante direcionado a sua esposa Jada Pinkett Smith. Pareceu encenado num primeiro momento por conta de uma risadinha do ator, mas se mostrou verídica em seu discurso extremamente instável emocionalmente, que dentre tantas coisas faladas, pediu desculpas pelo ocorrido. Sem dúvidas, um dos momentos mais icônicos e loucos da história do Oscar! Sobre o merecimento, é aquilo: foi mais um Oscar pela carreira. Como a categoria, ao meu ver, estava bem nivelada por baixo esse ano (não vi ainda Denzel Washington, vale destacar), acabou que foi uma vitória necessária pelo burburinho.
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Melhor Direção

Comentário: De 12 indicações, Ataque dos Cães levou apenas Melhor Direção. Um resultado que, racionalmente, não faz qualquer sentido. Como que o filme com a melhor direção não ganha mais nada na noite? Reflete o posicionamento político bem escancarado do Oscar acerca da Netflix, bem como expõe que a vitória veio de um momento politicamente oportuno de dar sequencialmente o Oscar para uma direção feminina, aproveitando para celebrar a carreira de Jane Campion. Como eu não gostei do filme, minha avaliação particular de merecimento se polui um pouco, mas consigo enxergar para além do meu gosto das ideias, um trabalho autêntico e realmente complexo de direção que a fez ganhar a estatueta para além desses pormenores citados.
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Melhor Filme

Comentário: Muito feliz quando vence o meu favorito, embora entenda os questionamentos feitos daqui em diante a sua vitória. Não tem jeito, se o filme ganha o Oscar de Melhor Filme, seu julgamento muda, e um filme gostosinho como esse, será reduzido como um mero “filminho da Sessão da Tarde” (como se isso necessariamente fosse algo ruim) por pessoas que queriam prêmios para obras mais supostamente mais “complexas” – essas mesmas pessoas que defendem a punheta nostálgica setentista da “Sessão da Tarde” de um certo diretor aí. O que não dá para dizer é que No Ritmo do Coração faz parte do perfil da academia. Nunca foi, apesar de ser não ser a primeira vez que ela premia algo good vibes para balancear os tempos pessimistas de seu contexto. Tampouco pode ser rotulado na nova estrutura de “oscar bait” que vence em nome de sua representatividade. A deficiência auditiva só se tornou assunto relevante nesse Oscar por conta da existência do filme, não o contrário. Leia-se, ele não surgiu junto a outros filmes sobre um mesmo assunto, num mesmo período especifico em que se começou a debater a problemática. Ele lançou no cinema independente, sendo um remake menos conhecido que seu original francês e foi conquistando seu espaço por méritos e carisma particulares. Sua vitória é surpreendente, mesmo que previsível por ser antecipada pelo sindicato dos produtores. Ganhou aquele filme para todo mundo gostar, porque verdadeiramente é gostoso para todo mundo.

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Considerações Finais

Ficou muito claro na apresentação o quanto o Oscar está desesperado por audiência e configurou a cerimonia para o máximo de dinamismo possível (o Oscar já acabou tão cedo antes?) para extrair dali o entretenimento do povão. Os apelos das hashtags com a participação do público, as apresentações de palco das canções originais, as homenagens a filmes clássicos (estranho enaltecer 28 anos de Pulp Fiction, não é nem um número fechado) no decorrer da troca de apresentadores, os aplausos mais constantes nas aparições do telão dos indicados, no entanto, não falaram mais alto que a treta entre Will Smith e Cris Rock, que quase descaba o clima da cerimônia que conseguiu fazer uma boa administração de danos na urgência da situação. O teor ridículo desse acontecimento ficará marcado igualmente à gafe de La La Land e Moonligth como cômica, embora tenha deixado uma tensão para a entrega do prêmio de Melhor Ator.

De todo modo, eu me diverti com a cerimonia mais do que as últimas (que foram meio morosas em ritmo), gostei dos discursos de modo geral, das experimentações de modo geral e do resultado geral dos prêmios, embora, considere esse o ano mais fraco Oscar em conteúdo fílmico desde 2008. Opinião pessoal à parte, percebo que a academia vem evoluindo, mesmo que essa evolução venha mais por impulsos políticos necessários à sua sobrevivência, elas acontecem e uma hora tenho otimismo em pensar que deixarão de ser parecer somente forçadas. Parasita foi genuíno. Nomadland também. CODA idem. Independentemente das quebras de paradigma que carregam que eram cobradas por fora. E vocês, o que acharam dos vencedores? Da cerimônia? Quem foi esnobado? Qual a vitória mais justa? Deixem todo tipo de opinião nos comentários. Vamos debater!

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