O atual contexto em que vivemos é tomado por tantos debates que ser um bom cidadão é uma missão hercúlea. Militar, ou ao menos, “fazer a coisa certa” numa era de problematizações de determinados comportamentos solidificados é difícil porque pede não apenas que tenhamos muitos bons discursos, algo que muita gente fingida faz nas redes sociais, mas é preciso ação. Não é mais solicitado que o outro mude. Nós, também, carecemos muitas vezes de autorreflexão e reformulação de posturas para tecermos adequadamente, a extensa malha de nossas relações cotidianas. Por isso, discussões sobre racismo, feminismo, masculinidade tóxica, dentre outros termos mais recentes, devem ser encarados como algo a se entender antes de tomar para si a crítica atrativa ou repulsiva, afinal, neste mesmo contexto de excesso de batalhas, há uma profusão de temas debatidos de maneira aleatória demais, embaçados por discursos que ora são desnorteadamente apaixonados demais, ora são tomados por um ódio sem explicações cabíveis.
Diante do exposto, apresento um tópico que não é novo, no entanto, continua sendo explorado constantemente na indústria cinematográfica e no campo das séries, algumas vezes no formato ficcional, noutras pela abordagem peculiar documental. É o caso dos filmes de ação como reforço da masculinidade, tramas “velozes e furiosas” demais, com muitos personagens reprimidos e tomados por traumas recalcados que se manifestam no volante de seus automóveis, produtos criados para encurtar distancias e que se tornaram extensões dos corpos humanos. Uma extensão que também representa o comportamento, em especial, dos homens, foco da análise em questão. Quando digo que o assunto não é novo, tenho segurança na afirmação. Para quem bem lembra, James Dean e Elvis Presley protagonizaram numa fase que chamamos de cinema clássico, Juventude Transviada e Um Amor a Toda Velocidade, respectivamente. E o que dizer dos galãs das séries Rush – Medicina Vip, Nip Tuck (Estética), Californication e Mad Men?
Os machões de Californication e Nip Tuck
Entre carros e homens: os protagonistas de Rush – Medicina Vip e Mad Men
No clássico com James Dean, a corrida clandestina realizada numa região remota da cidade não é apenas uma necessidade de comprovação da sua postura rebelde de um adolescente. É a reafirmação de sua masculinidade diante do interesse amoroso e dos demais integrantes de seu grupo de colegas. Colocar-se num carro e entregar-se a uma disputa, mesmo que na brincadeira, tendo a vida como maior requisito em risco é o que permeia muitas discussões sobre o assunto no meio acadêmico e nos debates sobre Trânsito, Saúde e Mobilidade Urbana. No filme com Elvis Presley, a velocidade também está associada ao masculino e sua necessidade de se confirmar viril, mesmo que o discurso da comédia romântica seja mais ameno que a narrativa com James Dean, ator que curiosamente, morreu num desastre automobilístico no dia 30 de setembro de 1955. Os personagens dos dramas médicos Rush – Medicina Vip e Nip Tuck (Estética) não são exatamente velozes, mas possuem no carro um mecanismo de reafirmação.
Trajados por figurinos que exaltam o charme dos atores dos dois dramas médicos mencionados, temos em cena o carro como recurso para demonstração de poder, virilidade exacerbada e comportamentos questionáveis na condução, com os protagonistas se colocando em riscos em situações que não estão conectadas aos seus perfis sociais de “heróis salvadores de vidas”. Na maioria das vezes, é apenas para garantir mais entrega de um determinado perfil de mulher literalmente excitada com o desempenho dos machões no volante. Em Californication e Mad Men, estamos ainda mais distantes do debate exato sobre velocidade, mas resgatei as séries da minha lista por termos dois personagens também muito associados aos seus carros. O bem em questão é, tal como o smartphone em nossas vidas, extensão do corpo destes protagonistas de masculinidade também exacerbada, seja no comportamento com as esposas, amantes, filhas, familiares, colegas de trabalho ou até mesmo diante de outros homens de seu convívio.
Velocidade, Masculinidade e Repressões: Qual a Relação Entre os Temas?
Antes de trazer um breve panorama teorizado sobre o tema, cabe ressaltar que o texto começou como uma proposta exclusiva sobre filmes mais juvenis, com personagens homens em seus carros na mais alta velocidade. Mas, ao passo que a reflexão ia avançando, tornou-se necessário incluir algumas produções relembradas, narrativas que tangenciam o foco. Por isso, não posso deixar passar filmes como À Prova de Morte e Gran Torino, de 2007 e 2008, dirigidos por Quentin Tarantino e Clint Eastwood, respectivamente. No primeiro, um assassino mata as suas vítimas dentro de um Dodge Charger 69, um automóvel personagem em vários filmes do cinema clássico. Os crimes são reafirmação de sua psicopatia, mas há uma exacerbação da masculinidade e o uso do carro como extensão do próprio corpo. No segundo, Eastwood comanda e atua no drama sobre um homem amargo e grosseiro, já idoso, mas com a reafirmação de sua virilidade dentro da garagem de casa, o carro que nomeia o filme, representação de sua masculinidade.
Então isso não é viagem? Existe mesmo essa associação entre homens e carros? A resposta é um sonoro sim. E o cinema, como arte que integram o processo de invenção da vida cotidiana, já representou diversas vezes essa relação entre masculinidade, níveis de virilidade e carros turbinados e em muitos casos, mortais. O tema é tão atual que uma postagem da atriz Michelle Rodriguez, interprete de Letty na interminável franquia Velozes e Furiosos, considerou deixar a série de filmes se as produções continuassem machistas. Relativamente recente, o post nas redes sociais viralizou e na última incursão no universo destes personagens, tivemos uma abordagem mais favorável ao público feminino nas atitudes e diálogos. Consciente de sua travessia por duas décadas de história do cinema, ainda sem previsão de encerrar sua permanente produção, a franquia em questão precisou se reinventar. A mudança de postura vem com a consciência da exigência das novas plateias. É mudar ou adentrar no ostracismo.
O elenco de Velozes e Furiosos
No artigo A Atualidade dos Acidentes de Trânsito na Era da Velocidade, de Letícia Marin e Marcos Queiroz, os autores afirmam que a velocidade dá permissão ao condutor de experimentar sensações de grandiosidade e onipotência dentro de uma perspectiva fantasiosa. É como uma compensação para a angústia de seu ego apático. Assim, o automóvel exerce uma função separatista, dissociando o motorista de seus semelhantes, visualizados como oponentes. Tendo como embasamento uma leitura psicanalítica sobre o assunto, realizada por M. Hilgers, publicada em 1993, a dupla que assina o artigo reforça que direção e alta velocidade são de fato reafirmações da masculinidade e a compreensão está nas ressonâncias da publicidade deste segmento, setor que evidencia velocidade com charme, poder e virilidade. Os jovens, ainda em processo de formação de personalidade, acabam seduzidos de alguma forma pelas peças publicitárias e o desdobramento disso é que eles querem fazer nas estradas da vida real, esburacadas, deslizantes e íngremes, o que os machões dos filmes fazem com os seus carros.
Sobre Homens, Carros e Velocidades
O ato de acelerar o carro é visto por alguns como sensação de poder e prestígio. E mais uma vez o smartphone pode entrar como comparação, afinal, da mesma forma que o automóvel, são bens materiais que surgiram para reajustar a vida da humanidade, mas que infelizmente encontram usuários que não conseguem se adequar aos projetos criados por seus semelhantes. Desta maneira, o que foi criado para diminuir distâncias e facilitar o deslocamento de humanos, animais e objetos se tornou uma mercadoria com simbologia de poder, extensão do corpo e requisito para impregnar os indivíduos da sensação de potência. Essas informações podem ser encontradas de maneira bem didática no artigo Sobre Homens e Carros, assinado por Ricardo L. Lobosco, publicado no site do Observatório Nacional de Segurança Viária. No carro, ele aponta que o homem se sente menos vulnerável, robusto e menos lento. Conforme as suas observações, “a unidade de medida dos motores é o cavalo de força”, com isso, “temos uma alusão ao masculino, ao equino e a força”, afinal, “quanto mais cavalos, mais viris”, compreende?
Para o autor, coordenador do Programa de Redução na Violência no Trânsito de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, a masculinidade exacerbada no trânsito pelos altos níveis de velocidade está associada ao processo de compreensão do automóvel como extensão de sua casa, pois “certas impotências da vida são balanceadas em contraponto”, com o estabelecimento de uma relação fetichista. Desta forma, “o carro ganha uma atribuição de poderes mágicos e sobrenaturais, positivos e negativos”, forte em sua representação social e símbolo autêntico de status. Não fosse assim, não teríamos tantos registros de desastres na vida real, tampouco filmes, séries, romances, peças teatrais e até musiquinhas sobre o “Camaro Amarelo” e seu poder de deixar o dono a circular “igual ao patrão”, “mais doce e bonito”, pronto para sair por ai e “tirar onda” com as garotas. Que fique evidente mais uma vez, tanto a música e os filmes e séries mencionados não são responsabilizadores da tese sobre masculinidade e velocidade em simbiose. O foco aqui é apontar pela representação artística, como essa relação permeia as nossas relações cotidianas.
Uma curiosa campanha australiana, elaborada por um órgão estatal considerou inaceitável a alta velocidade e o perigo de colocar não só a sua vida enquanto condutor, mas a de tantas outras pessoas em risco. Com uma abordagem cômica, tendo em vista a falta de aderência de campanhas que mostram jovens feridos e acidentados, os realizadores da campanha acreditavam que o foco da publicidade em questão geralmente olha o material e pensa “isso nunca vai acontecer comigo”. Foi assim que investiram numa polêmica associação dos desnecessários níveis de velocidade da peça com o tamanho do pênis dos homens que aparecem com os seus carros envenenados. Segundo o grupo, o comportamento coaduna com as observações já realizadas nos demais textos citados aqui, isto é, desejo de autoafirmação, ironizado por mulheres que fazem um gesto com o dedo mindinho que alegoriza de maneira humorada, esta relação entre homens e máquinas de correr. A peça fecha com a expressão “No One Thinks Big Of You”, ou seja, algo como “Você Não é Tão Grande Quanto Pensa”.
Seria este o caso dos personagens de Vin Diesel, Paul Walker, Nicolas Cage, Jason Statham, dentre outras figuras ficcionais em filmes de ação com carros em alta velocidade? Longe de aderir ao processo de coisificação dos corpos e definir potencialidades humanas com dotes de órgãos sexuais, tema que também está em voga na contemporaneidade e tem gerido debates de alta complexidade, torna-se importante ressaltar que a campanha é pura ironia, uma estratégia de destacar o assunto e sair, de maneira ousada, do lugar-comum das peças publicitárias sobre o tema. Não dá, no entanto, para dissociar a questão das abordagens psicanalíticas que relacionam a masculinidade no trânsito, representada pela velocidade em demasia e a ultrapassagem de limites racionais, com a ausência de “algo” na formação de caráter destes homens, tanto na vida real quanto na ficção.
Retomando a reflexão do Observatório, estamos diante de uma questão neurobiológica. Ao passo que a fascinação pelos riscos da velocidade desencadeia no organismo algumas reações neurológicas e hormonais, a adrenalina e a hiperatividade impregnam o corpo de uma sensação eufórica artificial que resulta no gozo psicanalítico com o próprio automóvel, afinal, há níveis de força sobre-humana alcançados na relação que os homens fazem com o carro, geralmente associados aos seus dotes econômicos, sociais e até mesmo sexuais. Acelerar, para muitos, é confirmar “eu sou homem”, daqueles que se dizem com “H maiúsculo”. É, numa leitura de Freud, o que reforça o psicanalista Francisco Albanese: “velocidade e potência” numa simbiose que representa identificação e projeção da própria personalidade no ato de conduzir seus carros. Veremos tudo isso agora com um feixe selecionado sobre o assunto, abordado pelas lentes cinematográficas. Como requisito, os filmes são apresentados pelo enredo, com destaque para direção, roteiro e, especialmente, a trilha sonora, responsável pelo “clima” de adrenalina.
Um Panorama de Representações: Fúria, Carros, Velocidade e Masculinidade em Cena!
No ano 2000, Nicolas Cage interpretou um homem que dependia apenas de um minuto para conseguir roubar um carro. Dirigido por Dominic Sena, na trama, o seu personagem demonstra toda sua virilidade na condução de seu automóvel e diante da missão de salvar o irmão envolvido com um grande traficante de drogas. O trabalho é básico: roubar 50 carros raros numa noite para conseguir tirar o parente de uma enrascada mortal. Esse é o mote de 60 Segundos, escrito por Scott Rosenberg e H. B. Halicki, uma aventura que possui condução musical de Trevor Rabin, frenética nos acordes das cenas de batidas, atropelamentos e automóveis acionados para atingir o máximo de potência e provar que Cage é literalmente um “grande macho”. Outra trama veloz com o ator é Fúria Sobre Rodas, produzido uma década depois, trama bizarra dirigida por Patrick Lussier e escrita em parceria com Todd Farmer, focada no retorno de um homem do inferno para salvar a sua neta de um culto satânico que pretende sacrificá-la e transformar a terra num palco para as ações das forças do mal. Com trilha de Michael Wandmacher, o filme é pura ação.
O ator interpreta, nas duas narrativas, o papel de um homem que precisa comprovar a sua masculinidade, leia-se, a capacidade de salvar vidas, por meio da direção e da velocidade. Ainda em 2011, Ryan Gosling protagonizou o estiloso Drive, neo-noir comandado por Nicolas Winding Refn, cineasta guiado pelo roteiro de Hossein Amini, dramaturgo baseado no livro homônimo de James Sallis. No enredo, o protagonista possui vida dupla: no período diurno, atua como motorista dublê em cenas de filmes de ação hollywoodianos e durante a noite, assume o posto de piloto de fugas em assaltos. Ao surgir uma mulher em sua vida, o comportamento destrutivo do personagem é colocado por ele mesmo em processo de autorreflexão. Envolto na trilha sonora atmosférica de Cliff Martinez, o personagem é outro exemplar de comprovação da masculinidade e da “atitude” por meio da velocidade, compensação para seus demônios internos. O ato de viver perigosamente no volante pode ser a única possibilidade de existência para esse personagem que reafirma o seu lugar no mundo sendo útil no volante em circunstancias muito arriscadas.
Sob a direção de Antonio Negret, No Limite, lançado em 2017, possui um mote também voltado aos jovens que reforçam a masculinidade por meio da agressividade no volante, afinal, é preciso destreza para atender aos pedidos de um chefe do crime organizado, homem que força dois ladrões de carros a roubarem um cobiçado veículo em troca de liberdade. Como o pedido precisa ser atendido dentro de um prazo, haja testosterona e pneus massacrados nas estradas nesta história escrita por Michael Brandt e Derek Haas, conduzida musicalmente por Pascal Lengagne. É um filme do tipo “homens não choram em hipótese alguma”, com perguntas do tipo “você é homem ou que porra você é?”. Retrocedendo para 2014, Need For Speed – O Filme, traz um mote com os mesmos questionamentos mencionados no período anterior, agora focado na adaptação do game de sucesso. Dirigido por Scott Waugh e escrito por George Gakins, a produção acompanhada pela empolgante trilha de Nathan Furst nos apresenta a saga do piloto Tobey Marshall (Aaron Paul), dono de um pequeno empreendimento de serviços ilegais.
Certo dia, ele é condenado injustamente pela morte de seu melhor amigo e ao sair da prisão, busca vingança, desejo capitaneado por muita velocidade, suor, freadas amplamente sonoras oriundas de automóveis vertiginosamente turbinados. Na década de 1980, era de muitos filmes sobre machões em comprovações risíveis de suas masculinidades, Atraídos Pelo Perigo se destaca como uma produção que tangencia o tema delineado por aqui. Sob a direção de Peter Werner, cineasta que teve como guia, o roteiro escrito por Dick Wolf, o ator D. B. Sweeney interpreta um policial de Los Angeles apaixonado por carros esportivos e que tem a missão de investigar o personagem de Charlie Sheen, bem como uma quadrilha de ladrões de automóveis. A tarefa vem depois que o último investigador morre e o policial precisa assumir o trabalho. Seduzido pela vida fácil, isto é, a existência permeada por luxo, mulheres e carros, o personagem é testado e tal como Paul Walker em Velozes e Furiosos, acaba envolvido demais com a lógica “alternativa” deste universo empolgante, conduzido musicalmente por Basil Poledouris.
Iniciada em 2001 e atualmente com websérie, curtas-metragens e amplo universo na cultura da convergência, a franquia Velozes e Furiosos começou com o filme dirigido por Rob Cohen, realizador guiado pelo texto de Gary Scott, Erik Berquist e David Ayer, criadores da trama sobre Dominic Toretto (Vin Diesel), macho alfa que lidera uma gangue de corridas clandestinas em Los Angeles, constantemente investigado pela polícia, haja vista as acusações de roubo de equipamentos eletrônicos. Diante do exposto, Brian O’Conner (Paul Walker) é designado para se infiltrar no âmbito de ação do criminoso e desvendar as suas investidas ilegais. Cada vez mais envolvido emocionalmente ao passo que a trama se desdobra, a relação do policial disfarçado com o líder da gangue se transforma e as previsões éticas iniciais são deixadas de lado para dar vazão aos desejos dos personagens velozes, raivosos, exacerbadamente viris no controle do volante de seus carros. Tal como James Dean, o ator Paul Walker também morreu num acidente de carro, ironia quando observamos que seu maior papel no cinema envolvia velocidade e perigo.
De todos os filmes mencionados, as produções da franquia Velozes e Furiosos são as mais emblemáticas dentro deste segmento que envolve velocidade como reafirmação da masculinidade. Com longeva permanência na cultura contemporânea, a série de filmes foi pra Miami em + Velozes + Furiosos, Japão em Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio, República Dominicana em Velozes e Furiosos 4, Brasil em Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio, além de Londres e outras localidades no sexto, sétimo e oitavo, lançados entre 2013 e 2017, além do mais recente, Velozes e Furiosos – Hobbs & Shaw, de 2019, o filme mais dedicado ao feminino desta série de filmes onde os protagonistas utilizam a velocidade não apenas para sobreviver, mas para reafirmar por meio de uma abordagem terapêutica perigosíssima, o alcance de suas respectivas virilidades, voltadas ao reforço de quão masculinos são e de como isso é alegorizado por meio do alcance máximo dos limites de velocidade de seus automóveis. Sem a possibilidade (e o interesse) em esgotar os filmes sobre o tema, encerro o tópico com alguém que acredito ser uma presença importantíssima para a tese em questão: Jason Statham e seus filmes turbinados.
Ele é outro ator que você pode esquecer se imaginar uma comédia romântica ou um suspense psicológico. Statham, até então, comprovou ser o “cara” do desempenho dramático nos filmes de ação. Quanto mais acrobacias, violência, automóveis em alta velocidade e reafirmação da masculinidade, mais os seus personagens se destacam no nicho que abraçou o artista e o fez ter uma longa carreira ainda em evidência pelos esquemas de seleção da indústria cinematográfica que fabrica e descarta “tipos”, tal como a velocidade dos carros nos filmes aqui mencionados. De todos os filmes do ator, seleciono Carga Explosiva, de 2002, preâmbulo de uma franquia também duradoura. Na trama dirigida por Louis Leterrier e Corey Yuen, baseada no roteiro escrito por Luc Besson e Robert M. Kamen, Statham é Frank Martin, ex-soldado que vive a sua masculinidade tranquila na condução de cargas que ele sempre faz questão de não saber o que é. Apenas transporta. Num dia, entretanto, o pneu fura, ele precisa vasculhar o caminhão e descobre uma carga humana que dá início ao seu embate com o mundo do crime, numa mixagem de cenas de luta e carros em altíssima velocidade a gritar “quem me comanda é muito, muito homem, tá?”.
Bônus!
No cinema brasileiro, o “rei” interpretou um mecânico que precisava de uma chance para disputar uma prova de grande importância em Roberto Carlos a 300 Quilômetros Por Hora. Em Dias de Trovão, Tom Cruise e Nicole Kidman protagonizam uma trama abaixo da média sobre um piloto de Nascar que precisa da ajuda de uma médica para se reabilitar e voltar ao páreo de disputas. No divertido Táxi – Velocidade nas Ruas, um taxista e seu potente veículo saem pelas ruas francesas para caçar um bando de criminosos alemães. Na franquia Transformers, alguns robôs podem se adaptar ao formato automóvel e adquirir velocidades inimagináveis. E em Mad Max, clássico cult moderno, com Mel Gibson no desempenho de um homem inserido num cenário apocalíptico, enlutado pela perda da esposa e do filho, na luta pela sobrevivência também capitaneada pela velocidade e reafirmação de sua masculinidade não apenas para fazer bonito diante das ausentes mocinhas, mas para sobreviver. São muitas as narrativas e o interesse do texto foi apenas de provocar uma discussão. Você concorda ou discorda, caro leitor? Comente!