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Lista | X-Men ’97 – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Um retorno triunfal.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

Como disse na crítica da primeira temporada da animação original dos X-Men nos anos 90, a série foi uma grande introdução para o universo dos mutantes, trazendo alguns dos melhores arcos da Era Chris Claremont nos quadrinhos. O retorno do desenho em X-Men ’97 é, talvez, até melhor do que a animação clássica, uma vez que faz a reintrodução da equipe para uma nova geração ao mesmo tempo que resgata a nostalgia do público que acompanhou o desenho com um grande ajuste: amadurecimento.

O drama entre os personagens na nova versão da obra é mais denso, os diálogos são mais profundos e os eventos em tela têm mais peso, com a equipe de roteiristas sem medo de discutir as ideologias e os temas complicados do material de origem. Obviamente que ainda temos um tom leve e infantil em alguns episódios (o que é ótimo), mas a destruição de Genosha, a morte de Gambit, a “traição” de Xavier e a vingança de Magneto são alguns exemplos de uma temporada intensa, adulta e levemente política. Interessante como os roteiristas estão misturando histórias de escritores como Grant Morrison, Joss Whedon e até Jonathan Hickman, todos autores com passagens que reinventaram os mutantes com arcos ousados e por vezes sombrios.

A grande crítica negativa da produção é a pressa. Narrativamente, a série atropela muita coisa ou então resolve alguns conflitos muito rapidamente, seja por conta dos episódios curtos ou a temporada comprimida, o que deixa algumas transições de eventos, desfechos de tramas e desenvolvimento de personagens (principalmente os mais coadjuvantes) a desejar, mas não é nada realmente tão grave assim, além de que à medida que a temporada avançou para sua reta final, esses problemas diminuíram. Ainda dá para sentir que muita coisa foi diluída, mas o desfecho do primeiro ano do revival é satisfatório, eficiente e amarra quase todas as pontas soltas ao passo que deixa um grande gancho para a próxima temporada.

No fim, é difícil não se divertir com X-Men ’97, especialmente quem é fã da animação clássica. Visualmente, o desenho se beneficia de tecnologias modernas para entreter com suas pancadarias cheias de fluidez, mas é sem dúvida alguma o trabalho do texto que torna esses momentos de combate importantes, com significado e com muito senso de urgência. Que venham novas aventuras para essa equipe de heróis que parecem enfrentar um apocalipse toda semana!

Como de praxe no Plano Crítico, fiquem com nosso ranking de episódios. Concordam, discordam, muito pelo contrário? Comentem e vamos debater!

 

10º Lugar:
Motendo / Lifedeath – Part 1

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Entendo que a produção queria fazer um capítulo mais solto da história principal e até não fico muito preocupado com o nível de qualidade do restante da temporada, mas é inegável que a proposta não funcionou com a destreza requerida. Acabamos com dois segmentos muito estranhos e que não se comunicam tão bem entre si e nem com os episódios iniciais da temporada, em uma espécie de mixórdia que entretém pela sua própria esquisitice com um universo de videogame controlado por um ser que se alimenta de audiência e uma coruja-demônio que veio devorar o desespero de Ororo. Quem sabe se com mais tempo ou mais criatividade esses segmentos poderiam ter sido melhores, mas, da minha perspectiva, tudo acaba sendo corrido, trivial e sem muito sentido. Espero que tenha sido apenas um desvio equivocado, até porque a temporada é curta para termos outros episódios com esse tipo de abordagem.

 

9º Lugar:
Lifedeath – Part 2

1X06

No esquema geral da temporada, consigo entender a pressa em resolver os arcos solitários de Tempestade e Xavier para jogá-los na batalha por sobrevivência da espécie após os eventos de Genosha, com ambos os heróis assumindo papéis como novos líderes após a morte de Magneto, mas isso não significa que devemos relevar essas incongruências narrativas. O conflito de Ororo merecia mais paciência, da mesma forma que o grande retorno de Xavier precisava de mais tempo dada a sua importância narrativa. Tematicamente, acho o episódio amarradinho, além de ser outra entrada visualmente divertida da produção, mas narrativamente é tudo resolvido muito fácil e com algumas premissas fracas. Pelo menos, o roteiro posiciona bem o retorno dos dois titãs mutantes para uma reta final de temporada que promete ser uma guerra evolucionária com a revelação do Sr. Sinistro como o principal antagonista da temporada.

 

8º Lugar:
Fire Made Flesh

1X03

Tenho comigo que irei olhar para Fire Made Flesh com olhos mais favoráveis ao final da temporada. Muito do que acontece aqui será lidado de maneira consequencial nos próximos episódios, com repercussões interessantes e cheias de potencial em torno do relacionamento quebrado de Ciclope e Jean (com Wolverine doidinho para ser um fura-olho), que sequer sabem quando houve a troca das “Jeans”, e quem sabe novas tramas sobre Pryor, Sr. Sinistro e Cable no futuro. Mesmo achando o episódio de maneira geral corrido, impaciente e um pouco atrapalhado, continuo gostando do tom e da direção que Beau DeMayo vem dando à série, priorizando dramas íntimos no meio dos eventos insanos dos mutantes, honrando os temas da franquia e sem deixar o entretenimento de lado. No fim, ainda temos um gancho bacaníssimo com a introdução de Forge (um mutante muito subestimado por não ter tido projeção no audiovisual) e a volta da Tempestade. O resto da temporada promete!

 

7º Lugar:
Bright Eyes

1X07

A escolha tenuemente moral de Vampira ao matar Trask é o clímax emocional de um episódio que lida muito bem com o luto e a raiva após uma tragédia daquela escala e com tanta conexão pessoal. Que esse ato seja o pontapé para um antagonista que é a encarnação do crime de ódio é praticamente uma escolha nefastamente poética para o ato final do episódio. A divertida batalha que se sucede é apenas o início de uma guerra prestes a começar, com consequências futuras pela aparição de Cable. Até a saída safada da história com o retorno de Magneto – algo previsível – não estraga o que aconteceu em Genosha, uma vez que, pelo andar da carruagem, nada lá será desfeito. Bright Eyes, enfim, tira qualquer receio em relação a isso e faz uma bela preparação para uma reta final de temporada em que os mutantes, como em diversas vezes, lutam contra a intolerância, dessa vez personificada pela figura de Bastion.

 

6º Lugar:
To Me, My X-Men

1X01

O primeiro episódio, To Me, My X-Men, tira algumas páginas de Star Wars: O Despertar da Força, na maneira que espelha os eventos do episódio de abertura da série original com alguns toques de novidade, ficando em um meio termo de nostalgia e progresso, o que serve tanto para agraciar antigos fãs quanto para capturar novos espectadores com uma magia similar ao passado. Escrito por Beau DeMayo, showrunner que foi dispensado da produção antes de sua estreia, o primeiro episódio coloca o brasileiro Roberto da Costa, eventualmente conhecido como Mancha Solar, no mesmo papel que Jubileu tinha no início da franquia: ser a nova mutante que acaba caindo de paraquedas na mansão X-Men após ser sequestrada por grupos de ódio com a ajuda de Sentinelas.

 

5º Lugar:
Mutant Liberation Begins

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X-Men ’97 não joga seguro, mas é produzido de maneira sagaz para agradar qualquer tipo de audiência, da pessoa que cresceu vendo a animação até aquela que está sendo apresentada a uma nova versão do que conhece sobre os mutantes. A animação em si talvez seja o maior exemplo dessa mescla, uma espécie de versão modernizada do 2D clássico dos anos 90 que é tanto vintage quanto contemporâneo, especialmente quando as renovadas coreografias das batalhas entram em cena ao som do tradicional tema musical da antiga série. Entre o velho e o novo, DeMayo resgata o que havia de melhor no desenho noventista em uma embalagem de novas dinâmicas, mais temas adultos e um novo conflito para os principais temas da franquia. É até estranho tentar entender a razão dele ter sido demitido considerando a qualidade do seu trabalho aqui, mas, de qualquer forma, estou ansioso para saber o que mais ele preparou para o restante dessa temporada.

 

4º Lugar:
Tolerance Is Extinction – Part 1

1X08

Os minutos finais do episódio são um misto de tantas sensações: euforia, drama, humor e muito espetáculo. Temos Noturno lutando com três espadas e os Summers caindo do céu em um porsche, num estilo galhofeiro próximo de Velozes e Furiosos. Gostei muito da criatividade em algumas dessas sequências, que mesclam um bom humor e interações simpáticas entre os personagens – como não adorar o fistbump de Ciclope e Cable?! – sem perder o senso de urgência da história contra androides que fazem alegoria para o perigo da doutrinação. O contra-ataque apelativo de Magneto fecha muito bem a primeira batalha dos mutantes, que agora devem, mais uma vez, lutar contra a extinção e a subjugação dos Sentinelas, enquanto lidam com suas próprias questões existenciais e ideológicas. Não sei quem vai estar certo nessa briga, mas tenho certeza que a pancadaria vai ter significado.

 

3º Lugar:
Tolerance Is Extinction – Part 2

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Parte do grupo continua escanteada – o Fera e o Morfo são praticamente figurantes hahaha -, mas Wolverine, nos acréscimos da temporada, obtém o auge da produção com seu ataque à Magneto e sua frase bárbara sobre a guerra, ao passo que o contra-ataque é ainda mais visceral e deixa o público com mais uma grande gancho. O momento simboliza a qualidade de mais um episódio dinâmico e tenso em termos de ação e entretenimento, passando pela aparição do “Hulk”, mais lutas divertidas com os Sentinelas e também Bastion, e, claro, o embate intenso com Magneto. No fim, só não considero o episódio excelente principalmente pela maneira um tanto estranha que o ataque de Bastion se tornou secundário à batalha com Magneto, mas tudo aqui funciona, dos diálogos, a animação, as culminações de arcos e, especialmente, o tratamento inteligente para uma clássica trama dos X-Men. É muito bom quando nostalgia e resgate de histórias tradicionais não se resumem a fan-service. Que venha o desfecho da temporada!

 

2º Lugar:
Tolerance Is Extinction – Part 3

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As participações de outros heróis da Marvel soam um pouco estranhas em sua inércia de ajudarem em um evento apocalíptico, soando mais como easter-eggs, mas até mesmo os cameos e os atos da humanidade em destruir os mutantes são conduzidos pelo roteiro de maneira coesiva para a grande decisão dos mutantes de salvar o mundo, mesmo que os humanos não os tolerem. Atrás do senso de responsabilidade de Scott, o grupo até tenta ajudar Bastion. Esse é talvez o grande ensinamento das histórias dos mutantes e dos discursos idealistas de Xavier: o altruísmo mesmo em face do preconceito. Que quase todos os personagens principais tenham ganhado um momento especial no episódio (a despedida da família Summers; o discurso da Tempestade; a explosão da Vampira; e até o momento bonito entre Morfo e Logan) é o testamento final de um roteiro extremamente eficiente dentro de uma história contada de maneira comprimida. O gancho final é tão inesperado quanto previsível: os X-Men perdidos no tempo lutando contra o Apocalipse de cada dia, dessa vez literalmente.

 

1º Lugar:
Remember It

1X05

Ao final de Remember It, o status quo da produção está revirado. Romances arruinados, a espécie mutante ameaçada novamente e perdas incalculáveis para o elenco, principalmente Magneto. A grande questão é: isso vai durar? Acredito que não. A própria aparição de Cable indica que a viagem no tempo vai consertar tudo e que a narrativa não terá que lidar diretamente com as consequências desse evento catastrófico. No futuro, isso pode impactar muito como analisar esse episódio de forma retroativa, já que é, possivelmente, uma história sem efeitos. Mesmo assim, no momento, é o melhor episódio da temporada até aqui, com grandes momentos para alguns personagens, ótimos arcos dramáticos e interpessoais para os principais protagonistas e uma reviravolta final impactante.

 

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