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Lista | Westworld – 4ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Uma temporada diminuída pelo seu final.

por Luiz Santiago
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Do que adianta uma belíssima casca, se em seu interior existe um oceano de indecisões, repetições e clichês narrativos mal organizados? Ou você cria um enredo de temporada capaz de ser encerrado de maneira clara, deixando as esperadas perguntas apenas em relação ao FUTURO, ou você cancela o show; mas não faz o espectador perder tempo e ficar brincando de escrever o roteiro pra você.

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

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8º Lugar: Que Será, Será

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O maior problema em Que Será, Será nem é o roteiro confuso, as chateantes reticências em praticamente todos os núcleos de personagens e a dificuldade de mostrar foco e propósito de maneira clara. O maior problema é fazer com que a organização de toda a temporada seja jogada no ramo da interpretação. É aquela velha história de criar algo hiper-complexo e deixar para o freguês decidir como termina. Pior ainda: sem ao menos entregar possibilidades claras para essas escolhas. E fica aqui o meu desafio: procure qualquer análise sobre a construção do enredo deste ano do show, quanto ao seu sentido/propósito/foco, e tentar encontrar algo que não tenha as palavras “teoria“, “possibilidade“, “acho que“, “na minha interpretação“, “sugestão” ou ainda, a frase mágica “juntando esse easter-egg obscuro no canto esquerdo da tela, no minuto 56 do primeiro episódio, você tem 0,0000000087% de pista que confirma que tudo isso aqui é uma simulação“. Uma decepção e tanto.

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7º Lugar: Metanoia

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Christina e Teddy foram outra decepção aqui, não necessariamente igual às outras, mas por aparecerem em um uso que se desconecta quase que por completo de tudo o que está acontecendo. E desta vez não estamos em linhas do tempo diferentes ou, ao que tudo indica (existem teorias sobre isso também), em outra realidade. Pelo que a série nos mostrou até agora, essa linha faz parte do mesmo Universo que o do Homem de Preto, Hale e afins. Pensando nisso, a participação de Christina, “acordando definitivamente” de seu sonho, me pareceu absurdamente básica, o que não seria frustrante se acontecesse no primeiro episódio, o que não é o caso. Desse modo tão passivo e paralelo com tudo o que ocorre, ainda mais no penúltimo episódio, fica difícil de comprar esse bloco narrativo com felicidade. Eu vinha essas semanas todas totalmente despreocupado com o que poderia acontecer no final deste ano da série. Agora, infelizmente, essa preocupação voltou. Conseguirão estragar uma boa história ou farão jus ao bom trabalho do 4º ano do show?

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6º Lugar: The Auguries

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É verdadeiramente intrigante a vida desta criadora de games confrontada por alguém que acha que o que ela escreve é real. Foi impossível não dar uma risadinha com a lembrança de Resurrections, e o episódio não se furta em brincar com a questão de perspectiva da vida e da realidade, mostrando algumas ameaças e, ao mesmo tempo, tentando escondê-las, como se alguém estivesse limpando rapidamente alguma bagunça acidental. Não creio, porém, que este foi o princípio de temporada mais animador, intenso ou mesmo interessante da série, e falo isso tanto em relação ao enredo, quanto em relação à sua parte técnica, inclusos aí dois dos meus xodós do programa: a direção de fotografia e a trilha sonora. No entanto, é de Westworld que estamos falando, portanto, o padrão de julgamento e comparação que eu utilizo aqui é o mais alto possível. Isso quer dizer que o trabalho realizado em The Auguries é realmente de grande qualidade. Ocorre que ele não se aproxima das outras estreias da série: The OriginalJourney into Night e sim, Parce Domine, o melhor episódio de estreia de uma temporada de Westworld até aqui (haters, podem chorar à vontade). O mistério, entretanto, planta a pulga atrás da orelha. Para um primeiro passo, portanto, missão cumprida.

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5º Lugar: Fidelity

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Ao menos é isso que parece, porque a série pode ir para um caminho bem inesperado a partir daqui — lembrando que faltam apenas dois episódios para acabar da temporada. Isso porque as discussões estão sendo bastante amplas, e mesmo num episódio tão fechado como este, inclusive representando um angustiante loop (trazendo a melhor interpretação Aaron Paul na série), as consequências das atitudes de cada um dos blocos pode resultar em algo inesperado e ainda mais complexo. Na sequência de episódios que vínhamos tendo, Fidelity é o mais calmo, mas isso não significa que deixa de nos entregar coisas boas ou dar andamento à grande aventura do ano. O que ele faz é expandir alguns personagens e dar a eles motivações que certamente terão a sua compensação em breve. A transformação já começou. Virá uma nova revolta?

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4º Lugar: Generation Loss

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As dicas sobre diferentes linhas do tempo e a natureza das ações dos personagens passam por interessantes mudanças aqui, com um único pequeno mistério ainda por se apresentar: a localização e função de Christina em todo o processo. Generation Loss veio sacudir um pouco essa já muito interessante temporada, e cria algo ainda mais forte do que a gente imaginava. Hale como vilã está sendo um primor. Agora é torcer para que a segunda metade da temporada mantenha o alto nível e, principalmente, traga um bom final.

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3º Lugar: Well Enough Alone

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Fiquei bastante feliz e ao mesmo tempo impressionado com o fato de Hale indicar qual é o seu plano geral. Nos 6 episódios restantes da temporada teremos o desenvolvimento dessa reformulação da série e, quem sabe, a indicação de uma continuação, caso o plano seja vitorioso. Ou, como parece ser a maldição em torno da batalha entre anfitriões e humanos, a possibilidade de começar tudo de novo, sob uma nova perspectiva, novos sonhos, novas propostas. É tudo uma narrativa de poder, controle e imposição de uma visão de mundo, não é? Seja nos parques, seja na realidade. E só de pensar nesses termos, a velha pergunta sobre a questão do livre-arbítrio volta à tona. Estamos, quem diria, em um labirinto ético-moral.

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2º Lugar: Annees Folles

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Ver que o novo parque tem uma sequência programada recriando o “massacre de Westworld” me fez rir, pela ironia que isso traz consigo. E também vale dizer que a construção desses elementos todos, em cada núcleo de personagens, não me parece algo simplesmente aleatório. Sinto que há um mistério nessas variações narrativas e que o final da temporada pretende entregar algo grande, já que este quarto ano do show resolveu apostar em densidade narrativa, exatamente como fizeram na 1ª e principalmente na 2ª Temporada. Se for para manter a qualidade que estamos tendo até agora, que venha mais e mais!

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1º Lugar: Zhuangzi

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O propósito da existência é uma linha de pensamento filosófica (e também religiosa, dependendo da abordagem que se faz) sempre em evidência na série, e é através dela que se teoriza a respeito da busca pela felicidade, da busca pelo amor, da existência para aproveitar tudo aquilo que a vida tem para dar. O “mistério da vida” e o que cada um encontra nele é o real centro do labirinto. E esse enorme ponto de interrogação é, em última instância, aquilo que nenhum código pode controlar para sempre. Há uma charge da genial Laerte, publicada em 2013, que concentra todo o significado que este episódio nos trouxe como processo reflexivo e de ação a longo prazo: “A grande ficha. Em algum momento… ela vai cair“.

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