Wesley Wales Anderson nasceu no dia 1º de Maio de 1969, no Texas, Estados Unidos. Graduou-se no ensino regular em sua cidade natal e, posteriormente, cursou Filosofia na University of Texas at Austin, onde se graduou em 1990. Foi na Universidade que Anderson conheceu e se tornou amigo do ator Owen Wilson, com quem trabalharia já no início de sua carreira cinematográfica.
Seu curta-metragem Bottle Rocket, de 1994, foi realizado juntamente com Luke e Owen Wilson, tanto na produção quanto na realização prática (ambos atuam no filme e Owen coescreve o roteiro). Sua maneira bastante diferente de dirigir já apareceria no primeiro longa-metragem, Pura Adrenalina (1996), um parâmetro de qualidade e composição visual que seria renovado e revolucionado nos anos seguintes.
Abaixo, vocês verão a minha lista de classificação para a obra completa de Wes Anderson. Considerei os longas e os curtas-metragens oficiais do diretor — excluindo propagandas para marcas ou para os seus próprios filmes. Não deixe de comentar ao fim da postagem e deixar a sua lista também!
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16. Pura Adrenalina
Pura Adrenalina é, muito facilmente, a pior obra de Wes Anderson. Mas isso não faz do primeiro longa metragem do diretor um filme ruim. Longe disso aliás. A fita emana uma simplicidade e doçura que é literalmente impossível não se deixar envolver pelas desventuras dos amigos Anthony e Dignan, vividos pelos irmãos Luke e Owen Wilson, o segundo também responsável pelo roteiro junto com Anderson.
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15. Veneno
“Dahl começou a escrever ‘Veneno’ em janeiro de 1950. Deu ao personagem o nome de Woods em homenagem ao piloto da Força Aérea Real morto na Batalha de Atenas“. Esta é a nota pós-filme que o diretor Wes Anderson nos traz ao final deste curta-metragem, o último da tetralogia que adaptou alguns contos do escritor britânico Roald Dahl, de quem o cineasta é grande admirador.
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14. Asteroid City
Depois do belo e pouco animador A Crônica Francesa, esperava-se que o diretor Wes Anderson trouxesse algo a mais para a sua realização fílmica, algo que não fosse apenas as já conhecidas e elogiadas composições simétricas, direção de fotografia, arte e um desenho de produção aplaudíveis. Asteroid City (2023), escrito pelo diretor em parceria com seu colaborador recorrente, Roman Coppola, apesar de ser um bom filme, consegue ser ainda mais anêmico, mais sem força e cheio de caminhos narrativos aleatórios do que o longa de 2021.
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13. A Vida Marinha Com Steve Zissou
O pecado de Wes Anderson é sufocar o seu filme com certos maneirismos que funcionam perfeitamente se usados com mais atenção. O resultado, porém, são alguns dos personagens coadjuvantes menos extraordinários – o triângulo amoroso do longa-metragem simplesmente não funciona – da carreira do diretor, ainda longe do medíocre. As figuras ainda são riquíssimas – Willem Dafoe deveria ter recebido mais tempo de tela -, a história é gostosa de acompanhar, o universo é formidável – excelente uso de stop-motion – mas A Vida Marinha desentende como mergulhar fundo.
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12. A Crônica Francesa
A descrição promocional de A Crônica Francesa acerta em dar o tom daquilo que o filme verdadeiramente é: “uma carta de amor a jornalistas, ambientada em um posto avançado de um jornal americano numa cidade francesa fictícia do século 20“. A cidade citada é Ennui-sur-Blasé (“tédio-sobre-apatia“) e nela funciona o peculiar jornal The French Dispatch, que já no início da película nos é apresentado sob o máximo cuidado estético que se espera de um filme de Wes Anderson.
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11. O Caçador de Ratos
Na pequena nota exibida ao final de The Rat Catcher, podemos ler o seguinte: “nos anos 40, Dahl morou no Wisteria Cottage. Sua principal ocupação: escrever ‘Claud’s Dog’, um ciclo de contos inspirados na região e seus moradores. ‘O Caçador de Ratos’ é um deles.”. Nesta sua adaptação do material original, Wes Anderson aproximou-se bastante de um filme de terror, colocando no personagem-título os trejeitos e a expressão de um roedor, ao mesmo tempo em que o representava um grande especialista em exterminar ratos através dos mais diferentes métodos.
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10. A Maravilhosa História de Henry Sugar
Adaptação do conto homônimo de Roald Dahl, escrito em 1976 e publicado um ano depois, A Maravilhosa História de Henry Sugar é parte de uma antologia de curtas-metragens que o cineasta Wes Anderson concebeu em 2023 — mesmo ano do lançamento de seu longa-metragem Asteroid City — para homenagear o trabalho do escritor de A Fantástica Fábrica de Chocolate. Neste primeiro e mais importante curta da tetralogia (o maior, em duração), o diretor cria uma narrativa em abismo, com um evento dentro de outro evento, abrindo algumas janelas narrativas e outras tantas variações dramáticas, encenadas pelos mesmos atores, em diferentes papéis.
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9. O Cisne
O escritor Roald Dahl guardou por muito tempo uma notícia de jornal que continha a essência dos fatos que ele acabou transformando no conto O Cisne, em 1976. A trama em questão se passa na Inglaterra, e representa um longo episódio de bullying contra o protagonista, Peter Watson, vivendo em um ambiente de tons marrons e verdes, tentando nutrir um de seus grandes prazeres bucólicos: observar pássaros. Sem força física para lutar contra os valentões (agora armados) Ernie e Raymond, Peter procura usar de sua inteligência e capacidade de convencimento para se livrar dos tormentos. Ele não tem certeza se essas coisas irão ajudá-lo a sobreviver, mas no momento em que a violência acontece, estas são as únicas armas a seu favor.
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8. Três é Demais
Max Fischer é um garoto que acredita estar pra trás dos outros justamente por ser superior a eles. É uma personagem peculiar como a maioria dos de Wes Anderson justamente por ser tão abrangente mas tão particular: o menino tem o pior boletim de sua turma, participa de todos os clubes e eletivas possíveis, é filho de um barbeiro humilde e estuda em um colégio de ricos, tem contato com todos da escola mas seu melhor amigo tem metade da sua idade.
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7. Viagem a Darjeeling
Precedido pelo curta Hotel Chevalier, Viagem a Darjeeling é, como qualquer filme de Wes Anderson, um filme extremamente autoral. De fato, Wes Anderson é daqueles diretores que, constantemente, parece querer se aventurar no próprio estilo, transformando histórias um tanto banais em experiências tão estranhas quanto fascinantes (o diretor atingiu o ápice desta experimentação com o simplesmente adorável Moonrise Kingdom).
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6. Hotel Chevalier
Toda a história de Hotel Chevalier acontece dentro de um quarto do referido hotel. Um casal já separado se encontra e uma tensão libidinosa e confusa, caótica e instigante se estabelece entre os dois. Não é possível definir em poucas palavras a quantidade de coisa que o filme desperta, porque isso vai de espectador para expectador, mas vale dizer que Wes Anderson tentou aqui uma curiosa experiência visual-sensitiva e foi plenamente bem-sucedido. Inicialmente, temos apenas Jack, de roupão amarelo e imerso em um quarto totalmente amarelo. Após o telefonema recebido por sua ex(?)namorada, ele passa a se produzir para ela, a arrumar o espaço, a programar coisas.
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5. Ilha dos Cachorros
Ilha dos Cachorros é uma animação que embrulha em cinismo a transformação de uma sociedade que, via fanatismo, se volta contra uma parte que sempre esteve com ela em casa, como funcionários, como amigos… E entre o sumô, o kabuki, o cinema de Kurosawa e o (às vezes caloroso) desalento contemporâneo ao olhar o que nos sobra das relações e da afetividade para com os outros, a obra nos isola para nos fazer refletir sobre o tema, criando uma aventura com personagens que arriscam muito para poder, em vez de separar ou matar “doentes”, curá-los de sua enfermidade, tendo ainda a clareza de perceber que nem todos vão querer ou poderão ser curados. Uma cachorrada política, familiar e pessoal visualmente estonteante.
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4. Os Excêntricos Tenenbaums
Alguns diretores parecem possuir a chave para o alumbramento a cada nova realização. Do trabalho com o design de produção à perfeita execução do roteiro, direção do elenco e da obra, além da precisa finalização (ou não) dos conflitos em cena, temos nesse tipo de cineasta e suas obras um exemplo de que o cinema pode ser uma revelação artística capaz de encantar visual e intelectualmente o espectador, como também diverti-lo, e muito. Este é o cenário da filmografia de Wes Anderson, na qual encontramos o inesquecível Os Excêntricos Tenenbaums.
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3. O Fantástico Senhor Raposo
Outro ponto de destaque é o trabalho de voz de todos os envolvidos. Clooney, Murray e Streep encantam em seus respectivos papeis, sem chamar atenção artificialmente para si mesmos. Sabemos quem são, mas as vozes estão a serviço do filme e não o contrário. Em poucas palavras, O Fantástico Sr. Raposo é exatamente isso: fantástico. Um deleite visual que merece ser visto, revisto e aplaudido.
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2. Moonrise Kingdom
O tradicional trabalho de câmera do texano Wes Anderson, mesmo quando está dirigindo um desenho animado em stop motion (sugiro fortemente que vejam O Fantástico Sr. Raposo, se já não viram) é de tirar o fôlego de tão belo. Em Moonrise Kingdom, ele talvez tenha alcançado o auge da precisão, ainda que eu espere que não e ele consiga continuar se superando a cada nova fita.
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1. O Grande Hotel Budapeste
Dândis, ricos esnobes, visões de sexo e sexualidade, bizarrice, amor e desamor perpassam o tempo e influenciam pessoas e personagens. Cada indivíduo e cada tempo tem uma história para contar e lega ao mundo uma história. Uma história que no final das contas será enterrada junto com seus atores e escritores (a cena final do nosso filme) em um cemitério sem graça e lida em livros finos como se fossem eventos de isopor de uma época onde tudo era bonito, colorido e bizarro demais pra ser verdade. Exatamente como será a memória do que hoje somos em pelo menos um século. Exatamente como as caricaturas vivas de Wes Anderson em O Grande Hotel Budapeste.