Eu e o Casper McFadden, ex-co-editores aqui no Plano Crítico, vimos Detona Ralph e saímos da sessão chorosos pela nossa infância que não volta mais! Em cidades e décadas diferentes, nós jogávamos videogames com regularidade e ver a nostalgia tão bem trabalhada na mais nova animação da Disney renovou nossa vontade de tirar a poeira e teias de aranha de nossos respectivos consoles Atari, NES, Super NES, Mega Drive, Coleco Vision e sair jogando clássicos. Como, porém, os consoles se foram pelas areias do tempo, assim como nosso tempo para nos dedicarmos a essas atividades, acabamos tendo que nos conformar com uma lista bem pessoal nossa daqueles jogos que informaram nossa infância (e que, verdade seja dita, volta e meia ainda jogamos).
Para vocês verem como sou muito mais ancião que o Casper, separei nossas listas, 10 para cada um, com comentários nossos após o jogo. Ah, mais duas coisas: (1) as listas não estão em ordem de preferência e (2) eu aproveitei para mostrar ao Casper o que é realmente jogo bom; afinal, nada melhor do que uma disputa de games para fazer o sangue ferver!
Divirtam-se com a brincadeira nostálgica e, por favor, mandem para cá suas listas de jogos inesquecíveis, mesmo que você seja da geração Uncharted e Call of Duty!
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Lista de Casper McFadden (com comentários dele)
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River Raid
Quem precisava de simuladores de voo quando tínhamos River Raid para torrar nossa paciência em tardes infinitas? O joguinho do Atari em que você comandava um avião quadrado subindo um rio com margens quadradas e tendo que atacar inimigos também quadrados certamente nos manteve horas à frente do console, e não havia um que reclamasse das claras limitações do jogo, numa época em que videogames eram simples e divertido.
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Super Mario World
O clássico jogo do encanador bigodudo é um dos mais lembrados até hoje e um dos que melhor envelheceu. Com um mapa imenso e diversas fases, muitas delas só descobertas pelos mais habilidosos ou persistentes jogadores, Mario consistia numa série de elementos incongruentes como canos, tartarugas, moedas, dinossauros, princesas e castelos, mas que, curiosamente, funcionavam muito bem. Quem nunca sofreu para vencer o mapa Special, principalmente a fase intitulada Tubular?
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Super Mario Kart
Aqui não há espaço para Fórmula 1, Kart, Need for Speed e qualquer dessas porcarias gigabytizadas e certinhas. Corrida boa é aquela que envolve sacanear seu oponente largando coisas na pista ou atirando cascos de tartaruga nele. Melhor ainda é poder disputar grandes prêmios em cenários fantasmagóricos, cercados por lava ou no gelo. Super Mario Kart é o jogo definitivo de corrida e nunca sairá de nossos corações!
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Street Fighter
Não suporto jogos de luta! Acho uma tremenda babaquice ver quem consegue apertar mais rapidamente os botões, ou é estúpido o bastante para ficar tentando descobrir combos, contudo, Street Fighter tem um lugar especial na minha infância pelo simples fato de reunir vários amigos na frente de uma TV e um Super Nintendo disputando campeonatos sem fim. Sem falar no monstro brasileiro, no espanhol gay ou no indiano magricela!
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International Superstar Soccer
Se há algo que eu odeie mais que jogos de luta são os de futebol. Se já não aturo o futebol real por achá-lo uma versão aprimorada da política do Pão-e-Circo, e também por ser o esporte mais gay existente, com 22 machos suados correndo atrás de uma bola enquanto outros milhões, também suados, abraçam-se e brigam, o que direi da versão pixelizada? Mas a questão é que não há como não lembrar desse jogo por uma questão puramente afetiva: era um dos poucos “eventos” que faziam com que meu pai se reunisse comigo e meu irmão por horas a fio. Ah! E tem também a presença do grande jogador brasileiro, o fenômeno de todos os tempos, Allejo.
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Top Gear
Tudo bem que o top dos jogos de corrida seja mesmo Super Mario Kart, mas Top Gear também marca nossas lembranças como um fantástico simulador de corridas (quase uma Stock Car dos bits) em que os cenários é que se moviam, e não os carros. A frente do seu tempo como era, os vários modelos (4) disponíveis para escolha do jogador não mudavam apenas nas cores, como também em sua performance. Quanto mais veloz, maior era seu consumo de combustível e mais problemático se tornava o veículo em longas corridas de sete ou nove voltas. Com curvas fechadas, pit stops e muitos “computers” sacanas, certo é que sempre nos emocionávamos em grandes prêmios noturnos, quando as luzes dos faróis se acendiam.
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Donkey Kong Country
O avanço! A revolução! A terceira dimensão! Donkey Kong Country era o grande jogo, e ainda o é. Adaptando o estilo de Super Mario World para cenários e personagens em 3D, não houve quem não ficasse boquiaberto diante do futuro que se avizinhava. O jogo dos macacos faziam tanto sentido quanto seu primo (outrora inimigo) encanador, mas era divertido ao extremo e com diversas curiosidades, como a possibilidade de jogar com dois personagens quase ao mesmo tempo, encontrar passagens secretas, lutar contra vilões gigantes, ou ficar vendo o que os macacos do título faziam quando não estávamos os controlando. Qual era sua montaria preferida?
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Breath of Fire
Antes mesmo de se pensar em The Elder Scrolls, existiu Breath of Fire, um dos melhores jogos de RPG do mundo, bem como um dos mais longos e complexos. Zelda era até divertido, mas Breath of Fire era “a diversão impossível”. Lembro-me vividamente de passar três ininterruptos dias jogando-o, e só o venci com a ajuda de um “detonado”. Precisa dizer mais?
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Cadillac & Dinosaurs
Deixo que o nome fale por ele.
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The Elder Scrolls: Oblivion/Skyrim
Sei que é muito difícil querer dizer que esses dois jogos estiveram presentes em minha infância ou adolescência, mas o fato é que de todos da lista, nenhum me marcou como esses dois. Da série The Elder Scrolls, Oblivion já era um dos melhores (senão o melhor) RPG que já joguei na vida, mas quando Skyrim chegou, a mudança foi ainda maior e se não fosse uma placa de vídeo queimada, certamente não teria vida social hoje em dia. Mesmo fugindo da sequência de bits dessa lista, era impossível não mencioná-los.
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Lista de Ritter Fan (com meus comentários)
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Pac-Man/Ms. Pac-Man
Galera, eu sou velho! Não estou falando do Pac-Man do Atari ou muito menos os que, hoje, estão disponíveis em tablets ou coisas do gênero. Falo do Pac-Man (e do jogo de sua cara metade, Ms. Pac-Man) original, do fliperama, o jogo que, junto com Donkey Kong (mais abaixo) me fez deixar sangue – literalmente – nessas máquinas… O bacana do jogo, cujo personagem foi mesmo inspirado em uma pizza sem uma das fatias, foi a introdução de uma inteligência artificial simplesmente fantástica, que nunca se tinha visto antes. Os fantasmas Blinky, Pinky, Inky e Clyde eram uns sacanas desgraçados que tornavam a tarefa de engolir as pastilhas durante muito tempo quase impossível! E em Ms. Pac-Man, a inteligência artificial era ainda mais absurda, pois havia elementos de arbitrariedade, ou seja, por melhor que você fosse, não dava para prever os movimentos dos desgraçados!
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Donkey Kong
Nunca tive paciência (leia-se habilidade) para esse jogo, um dos mais difíceis já feitos. Assim como 90% dos jogadores, nunca consegui passar da terceira tela e eu surrava o fliperama, gritando que nem um maluco pelas minhas fichas perdidas com esse macaco desgraçado. Ah, e quem não lembra, foi nesse jogo que Mario foi criado, mas ele tinha o “belo” nome de Jumpman. Donkey Kong faz o Super Mario World que o Casper citou acima como jogo difícil parecer Pong… Esse jogo gerou uma febre tão grande para fazer as pontuações mais altas e chegar na famosa kill screen, que há até um documentário fenomenal sobre o assunto: The King of Kong: A Fistful of Quarters.
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Asteroids
Nesse eu era bom! A nave triangular que destruía os asteróides quadrados foi uma febre e engoliu muita ficha minha. Foi o único jogo de fliperama que eu conseguia jogar durante horas a fio com apenas uma ficha gasta (isso, claro, depois de treinar muito, gastando centenas e centenas de fichas).
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Space Invaders
Precursor dos jogos de batalha espacial junto com Asteroids, Space Invader é um clássico imortal. Inimigos vindo de cima e você embaixo controlando um canhão laser com apenas quatro míseros escudos para te proteger. E o pior é que os alienígenas vinham vagarosamente descendo em sua direção e você tinha que estourar seus dedos de tanto apertar (socar na verdade) o botão de tiro do fliperama. Nesse, para otimizar as tarefas, eu jogava em dupla, com amigos: um no controle de movimento e outro no de tiro e revezávamos. Técnica simples, mas extremamente mortal para os alienígenas!
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Seaquest
Ok, as relíquias já passaram. Agora já estou na moderna “geração Atari”. Considerava Seaquest como um jogo irmão de River Raid, que o Casper listou acima. Você controla um submarino que tem que resgatar (engolir, na verdade) mergulhadores em perigo. Mas a jogada é que seu submarino tinha pouco ar e, como um golfinho, tinha que subir para renovar seu ar na superfície. Sensacional e extremamente difícil.
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Pitfall
“Pai, baixei Pitfall no Ipad.” Essa foi uma frase que ouvi há duas semanas saindo da boca de minha filha mais nova. Com o coração acelerado e olhos brilhando, parei imediatamente o que estava fazendo para correr para o lado dela. Que desapontamento!!! Era uma versão modernosa de um de meus jogos preferidos da infância. Nada de jacarés, nada de cipós e, principalmente, nada da musiquinha bacana que tocava quando o herói pulava o lago. Pitfall está enraizado em minha memória como o jogo que antecedeu todos os jogos de ação modernos. Uma pérola.
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H.E.R.O.
Se me mandassem para uma ilha deserta da qual eu nunca mais pudesse voltar e me dissessem que eu poderia levar apenas um videogame, tenho a impressão que seria H.E.R.O., sigla de Helicopter Emergency Rescue Operation. Você comanda Roderick Hero, um cara com uma “mochila com hélices” nas costas e um capacete com um visor que lança raios. Quer coisa mais alucinante (gíria da minha época) que isso??? E, ainda por cima, R. Hero tinha que voar em cavernas para salvar mineiros presos. Absolutamente fantástico. Enquanto escrevo isso, meus olhos se enchem de lágrimas!
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Double Dragon
Casper citou Street Fighter como jogo bom de luta. Coitado. É que ele nunca deve ter jogado Double Dragon, o jogo que introduziu o modo cooperativo nos videogames, em que você controla Billy ou Jimmy Lee e luta contra a gangue Black Warriors para resgatar Marian, o interesse amoroso dos dois (eu já disse que Double Dragon também introduziu o ménage a trois nos videogames???). Inimigos variados, com armas variadas que você podia pegar (!!!) e uma linearidade apenas enganosa, pois você podia subir e descer escadas e lutar nas alturas. Dei muita paulada em bandido virtual graças a esse jogo!
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The Legend of Zelda
A única razão de eu ter incluído esse jogo aqui foi o total desplante e atrevimento do Casper ao afirmar, nos comentários dele sobre Breath of Fire (sério, isso lá é nome de jogo?) que “Zelda era até divertido”. Até divertido? ATÉ DIVERTIDO??? Pede pra sair!!! Pede pra sair!!!
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Goldeneye
Como o Casper citou jogos mais modernos, vou citar um do melhor console de games já feitos pela humanidade, o Nintendo 64. Gráficos lindos, design perfeito e o melhor controle que já existiu. Sim, melhor do que o do Playstation 2 e 3! Adoro jogo de tiro e ia citar Contra mais acima, só que decidi focar em tipos diferentes de jogos. Assim, deixo GoldenEye 007, de 1997, como exemplo de jogo “moderno” e de “tiro”. Simplesmente fantástico em todos os quesitos: variedade de armas, inteligência artificial, cenários, habilidades do agente secreto, mortes estupendas. E isso sem contar com o maldito multiplayer, que fez com que eu e meus amigos, todos já na época velhos demais para videogames, perdêssemos muitos finais de semana varando a noite com fúria assassina um contra o outro.
Pronto. Agora que você está com sua lista em mãos, basta ir atrás desses jogos, retirar o velho e bom videogame do guarda-roupa, limpar a poeira, soprar as fitas e começar a diversão.