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Lista | Top 15 – Melhores Álbuns Internacionais de 2018

por Handerson Ornelas
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Fim de ano chega e é de praxe: chegam também as famosas listas. Pois seguindo a tradição, como fazemos desde 2015, listamos aqui os melhores álbuns internacionais de 2018 (a lista dos álbuns nacionais vem semana que vem!). Vale lembrar que não há ranking ou ordem de preferência na lista, apenas fazemos questão de listar e recomendar o que consideramos os 15 melhores discos desse ano que chega ao fim. Em um ano pesado como este, novamente a música nos ajudou a deixar tudo mais leve. Confira, logo abaixo, nossa lista, que vai do jazz ao pop! Aproveitem e compartilhem conosco suas opiniões nos comentários!

  • Confira também a lista dos anos anteriores: 2015, 2016, 2017

2012-2017 – A.A.L. (Against All Logic)

Sempre fui muito fã de samples. Sempre fui admirador das raízes do house. Eu já tinha a receita perfeita pra amar o novo trabalho de Nicolas Jaar, um dos maiores nomes da atual música eletrônica e que atua sob os mais diversos pseudônimos. E o novo projeto da vez do produtor é o A.A.L. (Against All Logic) lançando o álbum 2012-2017. Aqui temos um verdadeiro exemplar disco house, praticamente impecável ao longo de seus mais de 60 minutos, onde o artista mescla diferentes samples setentistas, muitas vezes de soul, adicionando diferentes efeitos a fim construir texturas únicas e complexas, criando canções modernas e riquíssimas em personalidade. É um trabalho extremamente admirável e possivelmente um dos mais criativos de 2018, dando gás a um cenário da música eletrônica que vem necessitando de ar fresco, clamando por coisas que vão além dos clássicos DJs de pen drive.

  • Estilo: House, Música eletrônica
  • Faixa Preferida: Such A Bad Way

Astroworld – Travis Scott

Travis Scott tem uma relevância enorme no cenário do hip-hop não é de hoje, mas talvez seja com Astroworld que ele mostra seu potencial de forma mais extensa e impressionante. Muito provavelmente o disco pop/R&B/hip-hop de melhor produção que ouvi em 2018, extremamente caprichado e criativo, emendando batidas, samples e rimas com uma precisão invejável, além de coordenar uma lista admirável de artistas fazendo colaborações (Drake, Frank Ocean, Kevin Parker e Stevie Wonder apenas para citar alguns). O ouvinte realmente mergulha nesse parque de diversões de Travis: o produtor/rapper está no controle e fará sua estadia a melhor possível, passando por subidas e descidas de uma montanha-russa que promete alguns dos melhores beats do ano, tudo com flow e rítmo absolutamente incomparáveis. Astroworld abre novas portas para Travis Scott – agora queridinho da crítica e mais popular do que nunca – garantindo lugar entre os maiores nomes do gênero na atualidade.

  • Estilo: Hip-Hop
  • Faixa preferida: Sicko Mode

Bon Voyage – Melody’s Echo Chamber

Um prato cheio para amantes de rock psicodélico. Após um ano em que passou por sérios problemas de saúde, a francesa Melody Prochet finalmente conseguiu lançar, junto de sua banda, o segundo álbum de sua carreira. Extremamente bizarro e experimental sem abrir mão de sua forte veia melódica, Bon Voyage é uma obra que se destaca em meio a tantos lançamentos de bandas psicodélicas. Há uma inspiração e autenticidade na obra de Melody que não se encontra em nenhum outro lugar da mesma forma. Um exemplo de como um álbum de rock deve ser nos dias atuais: sabe ser moderno, experimentar novas texturas, ser provocador, brincar com outros estilos musicais, ser sucinto e direto (apenas 30 minutos de duração), tudo sem perder a essência própria do gênero.

  • Estilo: Rock psicodélico
  • Faixa preferida: Desert Horse

Care For Me – Saba

Vindo da ótima escola de rappers que vem sendo Chicago e parte de um movimento que tem nomes brilhantes como Chance The Rapper, Noname e Jamila Woods, o excelente Saba lançou o que considero o álbum de rap mais tocante e surpreendente do ano. Care For Me é um disco íntimo e repleto de autenticidade, apostando em beats de base bastante depressiva com influências do popular “lo-fi hip-hop” que vem ganhando popularidade na internet. E conversando com essa base sonora intimista estão versos pesados, impactantes e muito sinceros de Saba sobre sua vida, apresentando um olhar um tanto cinzento sobre as coisas. O medley Prom / King – focado em dissecar a relação de Saba com Walter, seu primo, morto esfaqueado – é simplesmente uma das melhores canções de hip-hop que você ouvirá dos últimos anos, tamanha a fluidez, sentimento, fúria e honestidade com que o rapper rima. Emoções a flor da pele. Rap feito com atitude.

  • Estilo: Hip-hop
  • Faixa preferida: Prom / King

Clear Tamei / Steel Mogu – Iglooghost

No mercado obscuro da música independente um nome vem chamando atenção nos últimos anos: Iglooghost. O jovem produtor britânico Seamus Malliagh usa esse curioso nome artístico e tem impressionado fãs de música eletrônica desde seu álbum Neo Wax Bloom, do ano passado. O talento de Seamus para produzir música é absurdo, construindo uma sonoridade autêntica que consegue ser bizarra, experimental e melódica ao mesmo tempo. Agora em 2018 ele lançou estes dois EPs fantásticos, Clear Tamei e Steel Mogu, que juntos praticamente funcionam como um disco duplo. Sabe aqueles games de Pokémon que sempre lançam duas versões? É mais ou menos isso. Dentro de ambos os EPs você encontrará algumas das produções mais inventivas da música eletrônica nos últimos anos, um cosmos a ser descoberto. Cria da gravadora independente de Flying Lotus – um dos maiores produtores dessa década – Iglooghost é um prodígio que você deve ouvir bastante sobre nos próximos anos (ao menos espero).

  • Estilo: Música Eletrônica
  • Faixa Preferida: Paleo Mamu

Dirty Computer – Janelle Monáe

O disco de 2018 que carreguei maior hype. Dirty Computer pode até ser o menor dos trabalhos de Janelle Monáe, mas funciona como um brilhante terceiro volume de uma discografia quase impecável da cantora. É de dar orgulho ver art pop sendo feito com tanta qualidade – Bowie e Prince ficariam orgulhosos – sabendo fazer uso de um gênero popular sem abrir mão da qualidade. Aqui, Janelle debate sexualidade, racismo e misoginia, tudo em um grande e saboroso sanduíche, recheado de conteúdo e pegando sua própria vida como base de inspiração. Uma poesia direta e informal, entregue ao público sem elitismos musicais, caprichada em uma produção deliciosamente açucarada. Um exemplo de obra que conscientiza sem deixar de divertir.

  • Estilo: Pop, Art Pop
  • Faixa Preferida: Django Jane

God’s Favorite Customer – Father John Misty

Joshua Tillman, mais conhecido por seu nome artístico Father John Misty, é um verdadeiro evento na atual indústria musical. Dotado de uma discografia excelente, o compositor sempre foi aclamado por suas obras, mas, mesmo em seu quarto disco solo, God’s Favorite Customer, ele continua a surpreender seus fãs. Documento extremamente pessoal, recheado com canções fruto de uma depressão do cantor que o deixou trancado em um quarto de hotel confabulando melodias e letras que possuem de inspiração o mesmo que possuem de melancolia. Aqui, Tillman não tem medo de explanar sua vida íntima, seus sentimentos mais obscuros e desabafos mais desesperadores. O melhor álbum do artista – isso é elogio suficiente pra garantir a obra entre os maiores destaques do ano.

  • Estilo: Soft Rock
  • Faixa preferida: Disappointing Diamonds

Golden Hour – Kacey Musgraves

No Grammy Awards de 2014 muita gente ficava surpreso com Kacey Musgraves roubando o prêmio de Melhor Álbum Country que muitos acreditavam pertencer a Taylor Swift. Desde então, a cantora lançou Pageant Material e, agora em 2018, Golden Hour, seu terceiro e melhor disco dentro de uma discografia curta e excelente. O timbre delicado de Kacey mergulha em meio a arranjos extremamente bem compostos, repletos de uma lírica autêntica, rica e doce em toda sua simplicidade. Butterflies, Happy & Sad e High Horse são primores de como fazer música pop e country ao mesmo tempo.

  • Estilo: Country, Pop
  • Faixa preferida: Happy & Sad

Heaven & Earth – Kamasi Washington

Há conservadores que gostam de colocar em dúvida, mas é inegável: Kamasi Washington é um divisor de águas para o futuro do jazz. Difícil pensar em uma figura do jazz nas últimas décadas que tenha recebido tantos elogios, possua tantos méritos e relevância no cenário geral da música. Desde seu espetacular disco de estreia, The Epic, Kamasi fez colaborações com diversas figuras grandes da música: Kendrick Lamar, St Vincent, Run The Jewels, Florence + The Machine, entre outros. Após um brilhante EP lançado ano passado – Harmony Of Difference – o saxofonista consolida novamente sua curta discografia com um clássico: Heaven & Earth é atemporal, impactante e visceral. Kamasi faz um jazz que se preocupa muito mais em construir texturas e proporcionar uma verdadeira experiência sensorial do que repousar em mera complexidade (embora isso ele também faça com maestria).

  • Estilo: Jazz
  • Faixa preferida: The Space Travelers Lullaby

Ordinary Corrupt Human Love – Deafheaven

Melhor disco de metal que escuto em anos. Um gênero em que eu, sinceramente, não conseguia achar mais nada relevante, inovador ou que simplesmente me tocasse. O Deafheaven, que eu conhecia pouquíssimo até ouvir essa obra, conseguiu que eu tivesse uma das melhores experiências musicais de 2018. Tudo em Ordinary Corrupt Human Love conversa com seu título. As notas de piano, os arpejos da guitarra, toda a vibe existencialista presente nos arranjos típicos do shoegaze vão de encontro a guturais arranhados e riffs pesados. É uma paz sendo evocada em meio ao caos. Um disco que explora o que é ser humano, confrontando o amor e seus pontos falhos. Cada minuto do disco é extremamente bem construído, criando paisagens contemplativas no imaginário do ouvinte. É quase como se o ouvinte vivesse uma vida inteira dentro do álbum. Uma verdadeira jornada emocional e musical.

  • Estilo: Post Metal
  • Faixa preferida: Honeycomb

POST- – Jeff Rosenstock

Jeff Rosenstock é um dos poucos artistas que atualmente consegue fazer rock ser divertido sem perder seu tom crítico. Detentor de uma discografia solo impecável – destaque para Worry, que também ganhou espaço na nossa lista de melhores de 2016 – Jeff lançou logo no primeiro dia de 2018 um baita presente para seus fãs: seu quarto disco solo, POST-. E a obra é espetacular, talvez a melhor do artista, que não tem medo de tentar ser pop, colocando coros em refrões a todo momento, fazendo versos chicletes feitos para serem entoados a gritos. É uma coleção de hinos de punk rock feitos para serem entoados com fúria e paixão. POST-, por fim, se mostra um álbum para os vencedores que se encontram estirados na lona, dando incompreensíveis risadas, massacrados pelas surras da vida.

  • Estilo: Punk rock, Post Hardcore
  • Faixa preferida: Let Them Win

Sweetener – Ariana Grande

Entre as atuais e emergentes cantoras pop, poucas conseguem fazer uma música como Ariana, valorizando o pop em seu conceito mais popular sem precisar apelar para canções fáceis demais ou medíocres. Sweetener, sucessor do excelente Dangerous Woman, apesar de carregar uma aura diferente do disco anterior, com um tom musical muito mais suave e produção mais leve, continua provando a extrema competência da artista diante do gênero. Em tempos em que a vida amorosa de Ariana não parece andar fácil (morte do ex, Mac Miller, e término com Pete Davidson), além de meses após o atentado ocorrido em seu show em Manchester, a cantora soube transmitir todos seus sentimentos – tanto os mais conflitantes, quanto os mais empoderados – em Sweetener. Uma obra açucaradamente deliciosa de pop.

  • Estilo: Pop
  • Faixa Preferida: REM

Tranquility Base Casino & Hotel – Arctic Monkeys

O sexto e aguardadíssimo disco do Arctic Monkeys foi disparado a coisa que vai ouvi em 2018. Diante de um hype absurdo e com a responsabilidade de dar sequência à obra mais popular do grupo (AM), sem lançar nada há 5 anos, era normal que a expectativa dos fãs fosse alta. E eis que o trabalho entregue surpreende a qualquer um: quem imaginaria que a banda largaria totalmente sua veia pop rockeira e faria um disco intimista, quase sem guitarras, calcado bastante no piano e com influências de Bowie e Leonard Cohen? Esqueça o que os haters e fãs inconformados dizem por aí, Tranquility Base Casino & Hotel é a obra mais subestimada e injustiçada do ano. Alex Turner se prova um letrista brilhante, discursando sobre amadurecimento, a efemeridade da vida e as relações modernas. Um álbum conceitual, não porque existe uma temática coerente a respeito do tal hotel do título, mas por possuir um fio condutor muito consistente entre as faixas de forma que valorize o resultado como um todo, não como faixas individuais. Obra magnífica, mesmo que imperfeita.

  • Estilo: Rock, Lounge Pop
  • Faixa Preferida: One Point Perspective

Twin Fantasy – Car Seat Headrest 

O ano de 2018 se provou um excelente ano para o indie rock, que viu inúmeras bandas se reinventarem. Jack White nunca experimentou tanto e o Arctic Monkeys nunca soou tão maduro. Indo caminho oposto a isso está Will Toledo, a cabeça por trás do projeto Car Seat Headrest, que relançou um velho trabalho seu, da época que era apenas um compositor cult que fazia músicas no carro e disponibilizava no bandcamp. Twin Fantasy merecia ser regravado com uma qualidade maior e novas atualizações, sim; tamanho o nível de qualidade e potencial da obra original. Se trata de um disco pessoal que discursa temas da juventude com sutileza e honestidade incomparáveis. Ouso dizer: Twin Fantasy pode até mesmo ser o melhor exemplar de indie rock dessa década, ou pelo menos considerando o conceito de indie rock que estavamos acostumados a conhecer no início dos anos 2000. Um discurso sobre amadurecimento – ou coming-of-age, se preferir – feito de maneira impecável, de uma forma que só mesmo a primeira das artes saberia transmitir com tamanho impacto.

  • Estilo: Indie Rock
  • Faixa preferida: Beach Life-In-Death

ye – Kanye West

O disco mais subestimado do ano. A mídia musical proclamou para todos os cantos como a pior obra do produtor/rapper, mas a verdade é que se trata de seu trabalho mais conciso em muito tempo (ainda que não exista registros de Kanye ter errado DE VERDADE em algum disco). Com apenas cerca de 20 minutos e sete faixas – assim como a série de discos que produziu em 2018 – ye é uma obra onde vemos o artista mais vulnerável e sincero do que nunca: admitindo problemas psicológicos, vício em drogas, pensamentos de suicídio e desabafando sobre a relação com sua esposa e filha. E mesmo imerso em um álbum que o coloca em carne viva, Kanye ainda arruma uma forma de demonstrar sua enorme força de redenção em meio a tudo: “E nada me machuca mais/ Eu me sinto meio que livre“. Há momentos de pura catarse aqui. Ghost Town é simplesmente a melhor coisa que ouvi esse ano.

  • Estilo: Hip-hop
  • Faixa preferida: Ghost Town

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E aí, concordam? Discordam? Quais seus álbuns preferidos de 2018? Compartilhe conosco nos comentários!

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