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Lista | Top 10 – Grandes Gravações Para Conhecer Mais do Romantismo

por Marcelo Sobrinho
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A coluna sobre música erudita do Plano Crítico prossegue no mês de março com mais uma lista para guiar a apreciação musical de seus leitores, especialmente daqueles que iniciam agora seu contato com a música clássica. Visando desfazer de vez a ideia de que a música erudita se limita às figuras difundidas pela mídia em geral, trago um Top 10 somente com grandes gravações de obras e compositores menos conhecidos do período romântico. Aqui fugirei ao eixo austríaco-germânico, que contém figuras conhecidíssimas, tais como Beethoven, Mendelssohn, Schumann, Brahms, Liszt, Wagner ou Mahler Também não entrarão nomes óbvios fora desse eixo, como os de Chopin e Tchaikovsky. O objetivo é percorrer um pouco mais o palco europeu e compilar preciosidades de nomes menos conhecidos pelo grande público. Para dar unidade à lista, selecionei apenas obras orquestrais. Vamos a ela!
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10. Ottorino Respighi – Pinheiros de Roma

O poema sinfônico, enquanto forma musical, pode ser localizado pela primeira vez na obra de Franz Liszt, quando o compositor estreiou seu estupendo Os Prelúdios. Após o compositor húngaro, mais identificado na realidade com a música alemã, o poema sinfônico ganhou as graças de outros autores, como Richard Strauss. Ottorino Respighi, apesar de ter sido um grande compositor italiano, não tem a mesma notoriedade de Liszt ou de Strauss. Mas sua obra orquestral Pinheiros de Roma traz todas as cores e as texturas tipicamente italianas para a forma do poema sinfônico. Beleza e imponência combinam-se em uma das mais belas obras do romantismo tardio composto em solo europeu. Com direito a um final apoteótico:



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9. Vasily Kalinnikov – Sinfonia Nº1 em Sol Menor

A Rússia é um dos celeiros mais ricos para a música romântica. Seja através dos balés de Pyotr Tchaikovsky ou da obra de Sergei Rachmaninoff, já adentrando do século XX, o país ganhou reconhecimento musical até por parte de um público menos versado em música erudita. Mas poucos conhecem, infelizmente, esta que é uma das mais belas sinfonias compostas na Rússia. O compositor, também pouco conhecido, é Vasily Kalinnikov, que registra nessa obra a sua notável habilidade como melodista e orquestrador. O quarto movimento faz um lindíssimo amálgama com os temas que surgem ao longo dos três primeiros. Gravação inigualável sob a batuta de Neeme Järvi, à frente da ótima Royal Scottish National Orchestra:



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8. Bedrich Smetana – O Moldávia

Bedrich Smetana, compositor tcheco, expressou em sua música a identidade de seu país como poucos souberam fazer em toda a Europa. Também viu-se com o fardo de compor mesmo depois de surdo, tal como ocorrera a Ludwig van Beethoven. Seu poema sinfônico O Moldávia contém uma das introduções mais engenhosas já escritas, essencialmente timbrística e descritiva, evocando a sonoridade das águas do Rio Moldávia em seu curso. As madeiras capturam esse movimento contínuo, sempre pontuado por pizzicatos que se assemelham a gotículas de água que surgem por toda parte. Regência impecável de Herbert von Karajan:



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7. Carl Nielsen – Sinfonia Nº 4 “A Inextinguível”

Incrivelmente poderosa e retumbante, a quarta sinfonia do dinamarquês Carl Nielsen foi escrita sob os auspícios da Primeira Guerra Mundial e conta com solos de dois tímpanos em seu último movimento, aludindo às vigorosas e sangrentas batalhas do conflito. Composta em um momento tão catastrófico da história do século XX, a obra do dinamarquês faz uma exortação à pulsão de vida – inextinguível, como o próprio autor costumava dizer. Gravação maravilhosa, com andamentos bastante apropriados à concepção da obra, com regência de Paavo Järvi:



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6. Max Bruch – Concerto para Violino nº1

Embora se trate de um compositor alemão, o nome de Max Bruch está bem longe de ser bem conhecido pelo grande público. Mas coube a ele a composição de um dos concertos para violino mais belos de todos os tempos, com destaque ao segundo movimento, em que a dor parece dar lugar à esperança em breves paroxismos. A orquestração é das mais inspiradas considerando quaisquer concertos para quaisquer instrumentos. Essa é certamente uma das obras mais queridas e apreciadas pelos violinistas eruditos mundo afora. Impossível não se render à interpretação tão emotiva de Maxim Vengerov, ao lado de Kurt Masur na batuta:



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5. Nikolay Rimsky-Korsakov – Abertura A Grande Páscoa Russa

Mais conhecido por sua hipnotizante obra sinfônica Sheherazade, Rimsky-Korsakov é possivelmente o mais destacado integrante do chamado Grupo dos Cinco – um seleto grupo de compositores russos que se dedicaram a imprimir todo o espírito nacional em uma obra anti-academicista. A abertura A Grande Páscoa Russa utiliza várias melodias de cânticos da Igreja Ortodoxa para celebrar a transição da Paixão até a Ressurreição. Uma obra em que o protagonismo dos metais é fortemente sentido, especialmente dos trombonistas, dos quais se exige enorme vigor sonoro na seção final. A gravação escolhida é da Orquestra Símon Bolívar, projeto venezuelano incrivelmente exitoso, com regência de Rafael Payare:



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4. Edward Elgar – Variações Enigma

Se a genialidade de compositores como Mozart se manifestara muito cedo, o caso de homens como Edward Elgar é absolutamente oposto. Compôs sua primeira obra de destaque aos 42 anos de idade e de forma bastante inusitada. Compusera ao piano uma simples mas bela melodia e, com ela, começara a esculpir variações que remetiam à personalidade de seus amigos. A obra – As Variações Enigma – transformou-se na mais bela celebração da amizade que a história da música produziu. Um dessas variações tornou-se mais célebre e se chama Nimrod, pseudônimo que Elgar utilizou para se referir a um de seus amigos. Sir Colins Davies faz um belo trabalho na regência. O andamento que escolhe é perfeito para o meu gosto:



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3. Alexander Borodin – Nas Estepes da Ásia Central

Outro membro do Grupo dos Cinco, o russo Alexander Borodin tem como uma de suas obras mais célebres esse poema sinfônico cheio de atmosfera. Evoca sonoridades que aludem às paisagens e à natureza das estepes euroasiáticas, celebrando a unidade entre os dois continentes que fazem fronteira em território russo. Uma nota aguda nos primeiros violinos surge na introdução de Nas Estepes da Ásia Central para depois dar origem a uma melodia nacional típica, que se repete em diferentes naipes em tom heroico, acompanhando a caravana que avança território adentro. Valery Gergiev rege essa belíssima obra orquestral:



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2. Jean Sibelius – Finlândia

Junto com Edvard Grieg, o finlandês Jean Sibelius é o mais conhecido dos compositores nórdicos. Seu poema sinfônico Finlândia tornou-se símbolo da luta de independência de seus compatriotas frente ao Império Russo. Cheio de melodias turbulentas e ásperas, a obra de Sibelius evoca a luta de seu povo, mas caminha para uma conclusão mais terna e pacífica. A seção central, que contém uma melodia bastante lírica e apaixonada, tornou-se parte do próprio hino nacional finlandês. Interpretação bela e vigorosa da BBC Symphony Orchestra:



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1. Jean Sibelius – Sinfonia Nº 2

Umas das mais belas sinfonias de todo o repertório romântico, a Segunda de Sibelius é uma das minhas obras prediletas dentre todos os períodos da história da música. Se o poema sinfônico Finlândia celebrava a luta do povo, a Sinfonia Nº2 ganhou o apelido de Sinfonia da Independência. Não se sabe se a intenção de Sibelius era realmente essa, mas o final avassalador do último movimento, que culmina em um solo de trompetes absolutamente comovente e retumbante, transformou essa obra em uma glorificação do momento mais importante da história finlandesa. Escolho a passional, pouco ortodoxa e verdadeiramente imbatível regência de Leonard Bernstein – um dos meus ídolos musicais máximos:

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