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Lista | Top 10: Better Call Saul – Os Melhores Personagens Exclusivos

Listando a riqueza de Better Call Saul.

por Ritter Fan
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Muitos personagens de Better Call Saul, inclusive o advogado titular, naturalmente vêm de Breaking Bad, mas Vince Gilligan e Peter Gould também criaram diversos outros que são exclusivos do prelúdio. O que procurei fazer, aqui, foi um Top 10 desses personagens que só aparecem em Better Call Saul.

Mas o que é “personagem exclusivo”. Bem, no conceito que eu usei para montar a lista, trata-se de um personagem que:

  1. Só aparece fisicamente em Better Call Saul, não em Breaking Bad. E o foco é no personagem, não no ator ou na atriz, pois, por exemplo, Stacey Ehrmantraut, nora de Mike, aparece rapidamente na terceira temporada de Breaking Bad vivida por outra atriz e, portanto, não pode figurar aqui na lista de Better Call Saul.
  2. Sei que é bastante óbvio, mas só para ninguém ter dúvida: aparecer fisicamente é aparecer como personagem que contracene com outro ou que ocupe espaço tridimensional no cenário. Dessa forma, personagens apenas citados verbalmente em Breaking Bad ou que só apareçam em fotografias continuam sendo elegíveis para a presente lista.

Esclarecidas as minhas regras de minha lista (desculpe abusar do possessivo, mas ele é necessário para alguns…), vamos então aos 10 melhores personagens exclusivos de Better Call Saul, do “menos melhor” ao “mais melhor” porque, vamos combinar, nenhum desses personagens sequer chega no “mediano”. Mas o mais importante é: mandem suas próprias listas para podermos comparar!

10º Lugar:
William “Bill” Oakley
(ator: Paul Diseth)

Apesar de Bill não ser um personagem que tenha arco narrativo propriamente dito ou mesmo goze de momentos antológicos e definidores para os protagonistas, eles é um daqueles que tem presença constante ao longo da série, notadamente como assistente da promotoria no tribunal de Albuquerque e, na última temporada, como advogado particular de defesa, podendo inclusive ser chamado de alívio cômico considerando o quando ele é “vítima” constante de Jimmy, seja em brincadeiras, seja em tentativa de acordos para seus clientes. Sua presença aqui na lista, portando, se dá, essencialmente, pelo fato de ele ser um personagem que contribui para a verossimilhança da narrativa, povoando a história como um “mais um” que é bem mais do que um extra e bem menos do que podemos chamar de personagem “completo”, como um daqueles maravilhosos detalhes que Vince Gilligan e Peter Gould sabem usar em sua criação.

9º Lugar:
Rebecca Bois
(atriz: Ann Cusack)

Aparecendo em apenas cinco episódios ao longo das segunda, terceira e quarta temporadas, Rebecca Bois é a ex-esposa de Chuck McGill e uma violinista famosa. Sua presença, na série, começa com um flashback contextualizador em que vemos os dois ainda casados e interagindo com Jimmy, em todo um processo que dá a entender que os problemas psiquiátricos de Chuck começaram a partir de sua incapacidade de se adequar à separação. Subsequentemente, Jimmy usa Rebecca como parte de seu plano para destruir Chuck no tribunal, o que só leva Rebecca a em seguida tentar levar Jimmy às pazes com o irmão, tentativa que acaba infrutífera claro. Pode ter sido uma passagem breve na série como um todo, mas Rebecca Bois mais do que cumpriu sua função de nos oferecer outro olhar sobre Chuck, sem dúvida merecendo estar aqui na lista.

8º Lugar:
Marion
(atriz: Carol Burnett)

Com exceção do “golpe” em nós, espectadores, que Jimmy dá bem ao final da série ao desfazer sua defesa e deixar-se ser condenado a 86 anos de prisão, Marion foi a última grande vítima de suas falcatruas. Usada como peão para Jimmy aproximar-se de seu filho taxista que o ameaçara, a geleira que é Marion se desfaz quase que instantaneamente pela maneira suave e simpática como o ex-advogado, agora gerente de uma loja da Cinnabon, aproxima-se da solitária senhora. E é sem dúvida chocante ver Jimmy aproximar-se perigosamente de cometer violência física contra ela no momento em que ela descobre sobre quem exatamente ele é, dispondo-se a colocar a boca no trombone.

7º Lugar:
Werner Ziegler
(ator: Rainer Bock)

Outro trágico personagem da série, Werner Ziegler era o engenheiro alemão responsável pela construção do super-laboratório subterrâneo de Gustavo “Gus” Fring que, ao ano resistir entrar em contato com sua esposa, acaba colocando sua vida em perigo e protagonizando uma das mortes mais esteticamente lindas que a televisão já viu, pelas mãos de Mike Ehrmantraut. Um momento inesquecível e doloroso que reverberaria de diversas maneiras na derradeira temporada.

6º Lugar:
Marco Pasternak
(ator: Mel Rodriguez)

Marco, amigo de infância de Jimmy, só apareceu em dois episódios em toda a série e apenas um dentro da continuidade normal, em que Jimmy retorna para Cicero, Illinois, para tirar umas “férias”. Lá, ele se reencontra com o amigo e os dois retornam imediatamente às suas atividades golpistas de quando Jimmy era conhecido como Jimmy Sabonete. Mas o final é trágico e ao mesmo tempo muito bonito, com Marco tendo um ataque cardíaco e morrendo ao final de um golpe, mas não sem antes dizer a Jimmy que aquela havia sido a melhor semana de sua vida. Mais tarde, em flashback na terceira temporada, vemos Marco e Jimmy entrando na loja do pai de Jimmy para recuperar uma lata com uma coleção de moedas de sua infância, o que contextualiza a falência do pai e começo da separação de Chuck e Jimmy. Sob diversos aspectos, Marco e Kim compartilham traços idênticos, pois ambos amam Jimmy e ambos tem golpes em seu próprio DNA, com Marco retornando espiritualmente à série quando, no final da derradeira temporada, Jimmy volta a usar o anel de seu amigo.

5º Lugar:
Howard G. Hamlin
(ator: Patrick Fabian)

Aqui, a lista começa ao mesmo tempo a ficar mais séria, com personagens importantíssimos para Better Call Saul, como, claro, bem mais previsível. Howard, advogado almofadinha, sócio de Chuck McGill e mentor de Kim Wexler, é, potencialmente, o mais trágico personagem de toda a série com alguma margem e é particularmente interessante como isso, de certa maneira, é construído com um certo grau de surpresa ao longo da derradeira temporada. Afinal, nos anos anteriores, Howard trafegou entre o pedantismo e uma genuína empatia por aqueles ao seu redor, até mesmo Jimmy, apesar de todos os avisos de Chuck. Claro, ele nem sempre agiu 100% corretamente com todo mundo, mas quem age, não é mesmo?

Quando Kim, então, decide usá-lo como vítima central de seu derradeiro golpe de forma a forçar seu escritório a fazer um acordo no caso SandPiper de maneira que Jimmy possa ganhar sua parte, tudo caminha na direção de “apenas mais um golpe”, mas ganhando camadas cada vez mais complexas que passam a afetar a reputação do advogado certinho com placa personalizada em seu Jaguar. O que segue, daí, por uma coincidência dolorosa, mas essencial para o fim da série, é a violenta e quase inacreditável morte de Howard pelas mãos de Lalo que, até o último segundo, mesmo sem entender nada, tenta proteger seus inimigos, seu enterro em cova secreta ao lado de seu algoz e, ainda por cima, com toda sua reputação no lixo.

4º Lugar:
Ignacio “Nacho” Varga
(ator: Michael Mando)

Se Better Call Saul tem um personagem próximo a Jesse Pinkman, este é, sem dúvida alguma, Nacho Varga. Sei que muita gente não enxerga Pinkman como um vítima (ele é) e afirmar isso de Nacho talvez seja um pouco demais, já que ele não era viciado em drogas, efetivamente trabalhando para o cartel que acabou ceifando sua vida. Mas meu ponto é que Varga e Pinkman sempre tiveram seus corações nos lugares certos. Ambos são personagens devotos àqueles que amam e ambos são, no frigir dos ovos, por razões bastante diferentes, vítimas das circunstâncias. A grande diferença é que Nacho chegou ao seu fim, mas não o fim que o cartel esperava, mas sim um fim de acordo com suas próprias regras e dizendo aquilo que queria dizer a todos seus inimigos ao seu redor. Seu único limitador, claro, era o destino de seu pai, o que o fez segurar qualquer palavra revelatória sobre o papel de Gustavo Fring no atentado contra Lalo.

E mesmo assim ele foi capaz de também dizer o que queria dizer a Gus, mesmo que cripticamente para os membros da família Salamanca. Nacho foi a primeira grande morte da última temporada da série e uma das mais inesquecíveis de todo esse universo.

3º Lugar:
Eduardo “Lalo” Salamanca
(ator: Tony Dalton)

Confesso que me debati demais sobre colocar Lalo na terceira ou na segunda posição. De todos os personagens do Universo Breaking Bad, ele é inegavelmente um dos mais assustadores, o que justifica o pavor que Gustavo Fring sente dele a ponto de criar todo o complexo sistema de defesa que conta com duas casas ligadas por um bunker subterrâneo, uso de dublê de corpo e, claro, um sistema de vigilância robusto, com quantidade generosa de seguranças. Só o fato de Tony Dalton conseguir nos assustar com um sorriso já é algo que merece nota, pois não há um quadro em que ele aparece que não seja de alguma forma tenso e capaz de nos deixar na beirada do sofá com as mãos suando.

Minha decisão de deixá-lo nesta posição se deu, porém, pelo fato inegável de que muito da razão pela qual gostamos de Lalo é por seu “fator cool“, aquele seu jeitão bonachão como a fachada que esconde um psicopata extremamente violento que não tem o menor amor pela vida humana e que é capaz de pagar pelo tratamento dentário de um camponês somente para tê-lo como alguém para matar, queimar e fazer parecer que é ele próprio. Lalo é o über vilão e ele funciona maravilhosamente bem em sua função ao ponto de, ironicamente, eu ter torcido por ele no embate contra Gus (nada como apostar em algo que você sabe que não vai acontecer, não é mesmo? Mas ele não é melhor do que o personagem que ganhou o segundo lugar…

2º Lugar:
Charles “Chuck” McGill
(ator: Michael McKean)

O arco de Chuck McGill, irmão mais velho de Jimmy, é absolutamente sensacional. Michael McKean constrói um personagem complexo, cheio de idiossincrasias, altamente inteligente e sofredor de hipersenbilidade eletromagnética que o impede de viver uma vida fora de sua casa completamente sem energia elétrica. O detalhamento do personagem é tão cuidadoso que o espectador transita entre amá-lo e odiá-lo, com a relação difícil dele com seu irmão mais novo sendo o centro de todo o começo da série, culminando com seu suicídio no final da terceira temporada, o que só contribui para empurrar Jimmy ainda mais para seu lado que não conhece limites.

E a grande verdade é que a dureza com que Chuck sempre tratou Jimmy tem uma raiz muito relevante: ele era o único que realmente conhecia a natureza de Jimmy e nunca teve dúvida dela. Chuck, de seu jeito complicado e irritante, na fronteira do desonesto às vezes, amava Jimmy e queria, mais do que tudo, salvar o irmão caçula, algo que ele não conseguiu fazer e o que provável e verdadeiramente o levou a tirar sua própria vida com seu lampião á gás. O final do arco de Chuck foi, possivelmente, o ponto em que os espectadores pararam de interpretar Better Call Saul como uma comédia, algo que a série nunca foi de verdade.

1º Lugar:
Kimberly “Kim” Wexler
(atriz: Rhea Seehorn)

Sei que não há surpresa alguma neste primeiro lugar. E nem poderia haver, pois Kim Wexler é uma personagem magnífica que Vince Gilligan e Peter Gould introduziram como uma coadjuvante até o ponto em que a dupla nos dá um “golpe” e revela que ela é co-protagonista e que seu arco de crescimento e de autoconhecimento é dos mais ricos e densos de todo o Universo Breaking Bad. Sua conexão com Jimmy, espelhando a conexão do golpista com seu amigo Marco, é estabelecida a partir de pequenas falcatruas até quando notamos que Kim precisa dessa fonte de “aventuras” para viver, pois seu lado certinho, que segue a letra da lei, não é suficiente para ela.

Rhea Seehorn cresce junto com sua personagem, disputando com desenvoltura o destaque com qualquer um que contracena, inclusive com Bob Odenkirk, e tornando-se talvez a maior surpresa da série. Kim é mais do que Jimmy em praticamente tudo. Ela é mais inteligente, mais dedicada aos golpes, mais focada em obter resultados e, no final das contas, a mais apta a concluir sobre o quão tóxicos eles dois são quando juntos. A série pode até se chamar Better Call Saul, mas Better Talk to Kim First seria o nome mais apto!

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