Neta-Lee Hershlag, conhecida popularmente como Natalie Portman, completa hoje (09/06/2021) 40 anos de idade. Presente no cinema desde os 12 anos, a atriz/produtora/diretora israelense-americana é uma das grandes artistas de sua geração e, particularmente, minha atriz favorita desde que comecei a gostar de cinema. Sendo assim, não poderia deixar passar essa data em branco, e aproveito a oportunidade para trazer uma lista em homenagem às melhores interpretações de sua carreira!
Sei bem que ela ainda tem muitos anos pela frente nas telas, para com certeza trazer inúmeras outras performances memoráveis que poderão figurar e modificar essa lista parcial, mas garanto que ela já tem o suficiente para ficar marcada como uma das grandes da história. Antes de apresentar a ordem, é necessário deixar claros alguns critérios de escolha e observações sobre a lista:
- A lista foi montada exclusivamente pelo colunista Iann Jeliel, vulgo eu. Ou seja, ela representa unicamente a minha opinião, das minhas performances favoritas de Portman. Assim, reforço que, como qualquer outra lista, essa não tem qualquer caráter definitivo;
. - A lista não é sobre os melhores filmes com Natalie Portman, nem uma lista das melhores personagens de Natalie Portman, mas sim de suas melhores atuações. É importante ressaltar isso, porque ela já foi secundária em grandes filmes e já apresentou personagens icônicas que não necessariamente representam suas melhores atuações;
. - O que define uma atuação ser melhor que a outra? Há várias maneiras de chegar a esta conclusão, mas como a lista é pessoal, a análise dada nos comentários sobre cada posição será primordialmente preferencial e não entrará tanto em méritos técnicos específicos e comparativos;
. - Não cheguei a ver todos os filmes em que ela atua, portanto, é possível – embora improvável, visto que assisti à grande maioria deles – que alguma grande atuação esteja de fora simplesmente porque não assisti ao filme;
. - Grandes atuações são sempre alavancadas por grandes filmes, assim, é natural que as melhores posições sejam também preenchidas pelo melhor filme;
. - Curtas-metragens (incluindo curtas dentro de longas) e aparições dela interpretando a si mesma em longas-metragens ficcionais foram desconsiderados para a seleção;
. - Haverá links para as críticas de grande parte dos filmes citados. Acesse-as! Caso não tenha ainda, eles serão no futuro devidamente atualizados.
E aí, quem também é fã do trabalho de Natalie Portman? Deixem sua opinião sobre ela nos comentários, e se possível, coloquem aí, no mínimo, seu top 5 de atuações dessa fantástica artista! Vamos à lista?
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Menções Honrosas
Pelo grande leque de atuações de alto nível, aqui vão cinco menções honrosas que quase entraram para a seleção final:
- Ann August (Em Qualquer Outro Lugar, 1999): “Responsável pela primeira e justa indicação de Portman em premiação de peso – no caso, atriz coadjuvante no Globo de Ouro – pelas cenas de destaque nos bons conflitos entre mãe e filha (ela) que a sensível comédia dramática propõe.”
. - Fania (De Amor e Trevas, 2015): “O primeiro longa-metragem de Portman na direção também entregou uma de suas melhores performances. A atriz, fluente em várias línguas, conduz o longa com boa parte dos diálogos em hebraico, calibrando uma interpretação contida e poderosa ao captar cada nuance angustiada da personagem que reflete muito o posicionamento da própria Portman ao seu local de origem.”
. - Grace Cahill (Entre Irmãos, 2009): “Portman aqui traz uma faceta muito interessante da melancolia que vive uma mãe solteira após supostamente perder o marido em guerra. A carga distante, primeiro aplicada ao contexto de luto, depois a dificuldade de aproximação com o retorno do marido é cirurgicamente conduzida pela atriz. Foi a que chegou mais perto de figurar na lista final.”
. - Lucy Cola (Lucy in the Sky, 2019): “Há quem não goste do filme (não é meu caso), mas é inegável que Portman está completamente mergulhada na personagem e em suas crises existenciais pós-viagem ao espaço. Se a premissa é instigante, muito passa pela igualmente enigmática performance dela por aqui.”
. - Sara (Cold Mountain, 2003): “Coadjuvante de luxo, Portman é a melhor coisa do épico monótono de Anthony Minghella, sendo inclusive a responsável por sua melhor cena. Vale mencioná-la aqui só por ela. Quem assistiu, sabe exatamente qual é.”.
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10° Lugar: Lena
Aniquilação, 2018
Interpretação contida e complicada de executar no tom certo, já que Lena é uma personagem pouco relacionável, pelo seu olhar distante e introspectivo diante de uma situação que certamente levaria a um maior senso de deslumbramento reativo, considerando sua profissão de bióloga. O roteiro apresenta o background dramático dessa personalidade antissocial, mas é Portman que lhe dá vivacidade, mesmo diante de um filme que não busca explorar seu contexto pessoal a todo momento.
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9° Lugar: Leslie
Um Beijo Roubado, 2007
Portman em sua carreira foi muito mais coadjuvante do que protagonista, o que faz ser ainda mais impressionante o quanto ela consegue se destacar, mesmo com menor tempo de tela. Nesse filme de Wong Kar-Wai, ela interpreta uma apostadora de Cassino que só aparece nos 20 minutos finais, e mesmo assim, consegue roubar a atenção com sua caracterização única de mulher autossuficiente.
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8° Lugar: Sam
Hora de Voltar, 2004
A melhor comédia romântica com Natalie Portman. Sua personagem é cativante, carismática, faz um complemento perfeito ao protagonista de Zach Braff (ator que estreia na direção), de modo que compramos imediatamente a ideia de “romance de verão” entre os excêntricos. A química dos dois é muito palpável e verdadeira, tal como a condução dramática do filme, equilibrado entre drama e comédia, em que Portman consegue entregar cada vertente com muito louvor, sendo engraçada e vulnerável com a mesma eficiência.
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7° Lugar: Evey
V de Vingança, 2005
Outra atuação muitíssimo bem conduzida pela construção da personagem, que passa por uma intensa transformação de mentalidade moral, pela qual Portman nos guia sem didatismos baratos em cada etapa emocional dessa mudança. A atriz realmente mergulha na personagem, tanto que raspa seu cabelo sem medo em frente às câmeras. Ainda é um papel secundário, desviado de atenção de outros elementos mais impactantes na adaptação do quadrinho de Alan Moore, mas ainda figura como uma das melhores coisas do filme, logo, uma de suas melhores atuações.
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6° Lugar: Inés / Alicia
As Sombras de Goya, 2006
Portman interpreta duas personagens nesse filme de Milos Forman. A primeira é Inés, filha de família burguesa capturada e torturada pela Igreja Católica por suspeita de ser judia. A segunda, Alicia, filha de Inés – nascida de um estupro –, em uma temporalidade futura aos anos de tortura que ela recebeu. Mesmo aparecendo pouco, todas as suas cenas, antes e depois do salto temporal pós-prisão, são extremamente dolorosas, graças à entrega física da atriz em emular o sofrimento nas sequências de tortura e desconforto e transpor as sequelas psicológicas marcadas. O trabalho excelente de maquiagem ajuda ainda mais a tornar essa performance irreconhecível.
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5° Lugar: Mathilda
O Profissional, 1994
Em seu primeiro papel no cinema, Natalie Portman já conquistava o mundo com sua superexpressiva Mathilda. As cenas da campainha e da despedida são impressionantes e já mostram todo o talento e maturidade como artista, ainda como criança, ao abraçar com serenidade um papel de uma pré-adolescente amadurecida precocemente com sede de vingança. Papel icônico de sua carreira!
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4° Lugar: Jackie Kennedy
Jackie, 2016
Não é novidade para ninguém a dedicação que atores/atrizes hollywoodianos têm para compor papéis biográficos. Então, elementos como caracterização, sotaque e trejeitos são algo que já esperamos para esse tipo de filme. No entanto, o que Portman faz ao viver Jackie Kennedy vai um pouco além, ela transforma essas características em um sequenciamento dramático original, imaginando a perspectiva íntima de dor da figura a sua maneira, fazendo isso mesmo sem contar com um roteiro linear. É um trabalho simplesmente impressionante, em que a atriz some na personagem, e a personagem some no retrato fictício da realidade.
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3° Lugar: Celeste
Vox Lux: O Preço da Fama, 2018
A energia de Natalie nesse filme é hipnotizante em níveis indescritíveis. Mesmo sendo protagonista apenas de uma metade, em cada segundo que aparece ficamos vidrados com a qualificação da encenação dos grandes e excelentes monólogos, carregados de nuances e paralelismos, apresentados a sua personagem na adolescência e automatizados pela performance. A fisicalidade, a imprevisibilidade das emoções e o caráter autodestrutivo que Natalie dá a Celeste abriram o caminho para ela fazer a melhor atuação do cinema (para mim) em 2018. Esnobadíssima naquele Oscar.
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2° Lugar: Alice
Closer: Perto Demais, 2004
O estudo comportamental de relacionamentos em Closer: Perto Demais criou um cenário ideal para que todo o quarteto de atores – Jude Law, Clive Owen, Julia Roberts e Natalie Portman (em sua primeira indicação ao Oscar) – entregasse provavelmente a melhor atuação de cada um em sua carreira. Personagens complexados, uma teia de vínculos destrutivos causados por suas máscaras, discutidos sobre monólogos gigantescos em uma estrutura teatral poucas vezes vista tão bem executada no cinema. Mike Nichols desafiou seus atores ao limite, e Natalie correspondeu ao desafio como se fosse fácil. Uma atuação simplesmente soberba, enigmática e inesquecível.
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1° Lugar: Nina Sayers / The Swan Queen
Cisne Negro, 2010
Primeiro lugar óbvio, mas não tinha como ser diferente. Não consigo nem encontrar adjetivos para descrever essa atuação. Já era fã da atriz antes de assistir, mas quando a vi pela primeira vez no longa daquele que viria a ser um dos meus diretores favoritos, Darren Aronofsky, fiquei completamente embasbacado. Nunca vi nada parecido. Nunca vi ninguém tão incorporado num personagem desaparecer completamente na caracterização e estar tão intenso nele. Se Nina atingiu a perfeição, Natalie com sua personagem atingiu também. Não tem muito o que falar, é a melhor atuação que já vi na história do cinema! No mínimo, é minha favorita por enquanto, e sem dúvidas, é a melhor da carreira de Natalie Portman.