Nota da temporada e da série como um todo (Não é uma Média):
Ainda que apresente uma personalidade menos arriscada, a segunda e última temporada de World Beyond se finaliza melhor que a primeira ao passo que adota um tom menos melodramático na história, embora a conduza com a leveza e o descompromisso gráfico correspondente ao que foi concebida. Essa maior maturidade levou a ser, talvez, a temporada mais constante do universo de The Walking Dead há algum tempo. Apesar de ter vários problemas referentes a conveniências, personagens pouco explorados – Elton (Nico Tortorella), Felix (Nicolas Cantu) – e caminhos demasiadamente maniqueístas (admitir a CRM como a grande vilã “malvadona” da franquia), nenhum dos dez capítulos presentes chegou a ser ruim – algo raro em TWD ultimamente.
Todos seguiram um mesmo grau de envolvimento apresentando possibilidades e caminhos promissores (principalmente os primeiros episódios) numa construção geralmente bem elaborada de situações, mesmo que suas resoluções aparentassem ser simplórias demais para a aparente complexidade do início de sua concepção. O grande problema da temporada, na verdade, foi ser a última da série, numa leitura de produto que acaba sendo muito pouco recompensadora, pensando no que é oferecido enquanto expansão do cânone, dada a forma totalmente em aberto a novos desenvolvimentos e mudanças drásticas do universo da franquia, apresentadas na conclusão.
A sensação de caça-níquel é inevitável, por mais que no balanço geral, World Beyond funcione como um bom passatempo (se fosse para ser só isso, era melhor ser uma minissérie, ou uma antologia, mas tudo bem). Conte para nós o que vocês acharam dessa segunda temporada (e da série em geral) ao conferirem nosso tradicional ranking de episódios feitos no final de cada uma de nossas coberturas por episódio. Não deixem também de colocar nos comentários a ordem de vocês para os capítulos, do pior ao melhor. Aproveitem, e até as próximas críticas do universo zumbi!
World World World
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10º Lugar: Death and the Dead
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Hope o questiona sobre nunca ter se importado com a causa sendo que em nenhum momento chegou a genuinamente colocar o que eles descobriram sobre seu pai e o restante dos militares fizeram, fora que ao dizer que ele é como qualquer um dali apontando uma arma para sua cabeça, deixa a cena seguinte, em que cai a sua máscara (falando que Percy e o grupo merecia morrer pela confusão que fez na CRM), bastante forçada. Fora que depois que Mason se mostra como um “filho da mãe” (quer dizer, do pai) não havia motivo para não o matar. Tudo bem que Íris (Aliyah Royale) queria não dar mais um fardo para Hope que já carregava matando a mãe de Elton (Christina Brucato), mas podia ter ela mesma puxado o gatilho, considerando seu espírito vingativo e a morte de quem ela tanto gostava na sua frente.
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9º Lugar: Family Is a Four Letter Word
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Dava a entender que a reunião nos sentimentos divididos dos personagens naquele momento iriam gerar tensões ou situações mais sérias do que as que aconteceram. Pelo menos, que o episódio ameaçasse mais a gerar conflitos como maneira de tensão e encarasse aquele reencontro de maneira mais completa, intensa. O grande problema é que no fim das contas é um “episódio de meio”, que basicamente só reúne os personagens para situá-los do quanto mudaram, não gerando um atrito por essas mudanças, apenas flertando com desentendimentos maiores no futuro.
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8º Lugar: Who Are You?
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Não fica claro qual a exata posição de Jadis (Pollyanna McIntosh) nesse contexto, visto que aparentemente ela foi treinada por Huck, mas aqui aparece com um degrau acima na pirâmide – provavelmente pela captura de Rick Grimes (Andrew Lincoln) sutilmente mencionada – somente para vigiar a sargento sem muito motivo, já que Elizabeth (Julia Ormond) acreditou na palavra da filha. Diria ser um elemento promissor para gerar suspense na sequência da invasão do laboratório, mas essa premissa nem é aproveitada na cena, quem dirá num clima de desconfiança ao longo do episódio acerca das traições escondidas de Huck.
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7º Lugar: Quatervois
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Não é uma execução completa do plano porque são inseridos elementos, tanto auxiliares, quanto dificultadores aos personagens, afetando sua orquestração e, evidentemente, gerando tensão durante o episódio. Uma tensão que alterna níveis conforme é entrecortada com certos desenvolvimentos mais mornos e com um tanto de conveniência. No início do episódio, onde ocorre o reencontro com Silas (Hal Cumpston), o suspense poderia estar presente com a iminência dos outros companheiros dele flagrarem a sua conversa com Iris (Aliyah Royale), Percy (Ted Sutherland) e Elton (Nicolas Cantu), mas foca-se apenas numa divisão momentânea de Silas em decidir se deve trair a CRM, visto que ele, assim como Hope, estava percebendo por dentro que não eram, de todo, ruins assim.
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6º Lugar: The Last Light
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Aparentemente, os próximos produtos da franquia podem trocar os zumbis clássicos e lentos pelos infectados velocistas característicos dos anos 2000 – como Extermínio, Madrugada dos Mortos. Particularmente, gosto muito dessa substituição, mas diria que ela apareceu tarde demais no universo da franquia, ainda mais sendo uma possibilidade arbitrária, muito distante geograficamente dos personagens conhecidos e que muito provavelmente não será nem utilizada com eles. A aparição de Dr. Edwin Jenner (Noah Emmerich), no entanto, admito, foi surpresa positiva ao ímpeto expansivo do cânone. Uma ótima utilização da pequena brecha deixada por Frank Darabont que à época colocava a busca da cura como impossível para fechar um arco dramático, mas não a deixou totalmente descartada para poder ser retomada em um outro momento, no caso, agora, quando essa premissa parece ser o único subterfúgio para a franquia crescer sem deixar de estar se finalizando.
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5º Lugar: Returning Point
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… a lista de conveniências é grande em Returning Point. O próprio plano de ganhar tempo na Unidade de Biocontenção contava com o fato de Jadis iniciar um protocolo de lockdown que iria prender todos eles dentro da unidade e deixar os militares do lado de fora. Contudo, há uma facilitação em particular que não me incomodou e até conseguiu surpreender: a facilidade com que Hope (Alexa Mansour) convence Mason (Will Meyers) a segui-la para virar refém acabou sendo uma subversão do que poderia ser uma decisão irritante da jovem, arriscando a vitalidade do plano de fuga somente por conta de que achava o rapaz legal. Nem me toquei no momento de ele ser filho do Major General Beale (informação recentemente falada) e que isso seria usado com esse intuito na narrativa.
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4º Lugar: Konsekans
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Há pouco avanço na história, mas vemos bastante o desenvolvimento da personagem principal através de devaneios que ditam a transição de tom repentina da série. Assim como Hope tinha algumas horas para decidir que iria ditar sua vida inteira, a série basicamente tinha um episódio para transformar o tom para algo mais adulto, com coerência. É a última temporada, logo, a outra parcela de sua proposta de existência, que é oferecer respostas na mitologia do walkingverso, para usar outras séries, precisa ser encaminhada. A direção de Loren S. Yaconelli consegue articular isso através do recurso de sonhos – que podiam ser um artifício barato – em um desnorteamento visceral durante o núcleo.
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3º Lugar: Foothold
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Externamente, tem aquela ótima sequência quando a própria Elizabeth vai com um time para o perímetro procurá-los e quase os encontra escondidos. Internamente, tem aquela conversa em tom de desconforto entre Elizabeth e Dra. Layla (Natalie Gold), cobrando-a a fornecer o equilíbrio para Leopold continuar fazendo seu trabalho direito. Layla ainda é uma personagem a ser mais explorada, por enquanto ela é a motriz ambivalente entre a perspectiva esperançosa de Hope e a pessimista de Íris. Ao mesmo tempo em que sua conversa com Leopold é bem verdadeira e íntima no início, dada a forma que é questionada no último diálogo com Elizabeth, parece que é sua missão mantê-lo num relacionamento e motivado. Fica incerto se ela gosta mesmo dele ou o manipula porque precisa, logo, fica incerto se a forma como interagiu com Hope mais cedo era também uma missão de manipulação ou uma aproximação natural como “madrasta” e companheira futura de pesquisas.
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2º Lugar: Exit Wounds
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… disputa de casais à parte, gostei da personagem e da filosofia introduzida por ela dos zumbis não sendo “vazios” como o grupo de Elton costuma chamar. O ritual dela tirando os olhos e colocando flores no lugar, como se fossem vasos de planta – denominando o nome que ela e sua comunidade os colocam –, com a explicação de serem almas presas entre o mundo terreno e o espiritual, é um conceito interessante que queria ver sendo explorado mais na temporada ou até em outras séries. Assim como foi utilizado aqui o conceito dos zumbis adormecidos introduzidos pelo primeiro episódio da série principal, desta vez com o plus de colocá-los para se fundirem com a natureza, trazendo aquela setpiece bem legal das duas duplas os matando.
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1º Lugar: Blood and Lies
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Questionei em Who Are You? qual era sua motivação de ficar de olho em Huck e me parece aqui – dado que matar Lyla foi uma decisão individual sua –, que é uma desconfiança particular advinda da sua personalidade como líder. Sendo assim, ela testa a lealdade da sargento companheira – obrigando-a a entrevistar Joe para saber seu envolvimento no sumiço da substância – até confiar que Huck está seguramente aliada com os objetivos da CRM. Diferente do episódio passado, esse fato gera uma tensão interessante, pois Huck precisa fazer vários malabarismos no interrogatório para não forçar demais Joe a se entregar (logo, entregá-la), nem ser tão leve na abordagem para passar no teste de Jadis.