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Lista | The Mandalorian – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

The Mandalorian, a grande aposta de lançamento do Disney+, já havia se mostrado um fenômeno pop em sua ótima 1ª temporada, arrebatando corações com sua história simples, mas repleta de momentos memoráveis. Teria sido muito tentador que Jon Favreau tivesse simplesmente descansado sobre seus louros, entregando uma 2ª temporada que seria apenas mais do mesmo, mas, felizmente, não foi isso que aconteceu. Muito ao contrário, é no segundo ano da série que ela realmente consegue chegar ao cume de qualidade e isso mesmo diante de uma função muito clara determinada por sua produtora: a de gerar muitos filhotes.

A manutenção da simplicidade narrativa, com episódios econômicos em duração, um cuidado gigantesco com os efeitos práticos e digitais que nos faz retornar à Trilogia Original somado a sequências de ação variadas e espetaculares já teriam diferenciado a 2ª temporada da 1ª, mas o que realmente impressiona é a capacidade de Favreau de inserir fan service a serviço da temporada e não só para os fãs. Podemos revirar os olhos e dizer que o uso de personagens como Bo-Katan, Boba Fett, Ahsoka Tano e, claro, Luke Skywalker, teve como objetivo atrair os fãs das mais variadas idades e preparar o terreno não para uma ou duas séries derivadas, mas sim nada menos do que três, mas isso seria um injusto comentário reducionista. O que Favreau faz chega ao ponto de ser arte em termos de fan service, algo que, convenhamos, o UCM, que ele ajudou a construir, também foi pródigo. O showrunner soube usar o vasto material que tinha à disposição de maneira a cumprir suas funções basilares de agradar fãs e de cumprir uma agenda corporativa, mas sem parecer gratuito e sem colocar o fan service à frente da história.

Com isso, a temporada corre de maneira fluida, lógica e interessante a todo momento, estabelecendo surpresas a cada novo episódio e amarrando e encerrando o arco de Mando e do Bebê Yoda sem quaisquer distúrbios na Força. Mesmo a presença de um membro da família Skywalker, visto por muitos como um “retorno” ao tipo de narrativa que deveria ser evitada, faz perfeito sentido aqui e encerra um ciclo com elegância e respeito à mitologia. A sensação de se ver a temporada foi a de assistir um grande filme old school da saga, algo que, depois da Trilogia Original, só foi reproduzido no magistral Rogue One. O futuro parece brilhante para Mando e demais personagens e a próxima temporada terá dificuldades para igualar-se a esta aqui, ainda que não haja nada que indique que não conseguirá.

E, com isso, chegamos ao nosso tradicional ranking de episódios que, confesso, foi uma dificuldade fazer. Do quarto lugar em diante especialmente, as colocações são meramente formais, pois não há uma “resposta errada”. Digam o que acharam e mandem as listas de vocês para conversarmos!

8º Lugar:
Chapter 9: The Marshall

2X01

Entre closes na fofura do Baby Yoda, artifício que, diria, já está esgotando as possibilidades, a magnética presença de  Olyphant com a armadura de Fett (e que deveria ter ficado com ela no final) e aquele vislumbre darthvaderiano de Temuera Morrison com a cabeça demonstrando os efeitos inclementes do Sarlacc e dos sóis do planeta em que aparentemente agora vive, The Marshall é um ótimo início alongado de temporada para The Mandalorian. Agora é só Favreau ter coragem de deixar o caminho mais conhecido um pouquinho para trás e desenvolver de verdade mitologia própria para tornar a série sustentável apenas por seus próprios méritos.

7º Lugar:
Chapter 10: The Passenger

2X02

Claro que planeta gelado + caverna + criaturas ameaçadoras nos remete imediatamente a Luke em Hoth prestes a servir de jantar para o wampa, mas The Passenger apenas usa essa premissa bastante comum em sci-fis para trabalhar belas sequências de ação a partir do momento em que o Bebê Yoda, não satisfeito em comer os ovos da Dona Sapa em uma gag recorrente que é tão engraçada quanto revoltante (são os filhos dela afinal de contas!!!) e que vai até o último segundo de projeção, ainda faz um lanche rápido de filhote de aranha que sai de seu ovo como um facehugger, deflagrando um ataque feroz dos seus irmãos e irmãs e da parente alienígena de Shelob. É por Yodinha ser usado inteligentemente ao longo de todo o episódio – e não apenas como breves segundos fofos que só existem “porque sim” – que eu mencionei que o roteiro de Jon Favreau conseguiu ir além do artifício já cansado de mostrar o bichinho fazendo caras, bocas e orelhas.

6º Lugar:
Chapter 15: The Believer

2X07

Por outro lado, o roteirista e diretor talvez tenha exagerado no contorcionismo necessário para fazer com que Mando tirasse o capacete. Se é razoável aceitarmos que o plano dele de infiltração passa por trocar de armadura com um Stormtrooper, a lógica da coisa começa a perder a coesão quando o terminal da sala de oficiais exige que “um” rosto seja escaneado, mesmo que esse rosto não esteja no banco de dados. Pode parecer bobagem, mas esse é o típico momento em que o espectador levanta a sobrancelha em sinal de incredulidade, percebendo de cara que Famuyiwa forçou a barra para alcançar seu objetivo. Não é o fim do mundo, pois os momentos que antecedem e sucedem essa pequena conveniência são muito boas, mas fica aquele gosto ruim na boca.

5º Lugar:
Chapter 11: The Heiress

2X03

Mas a grande sequência de ação, cuja participação é o preço que Mando tem que pagar para descobrir onde está o Jedi mais próximo – no caso, Ahsoka Tano como é revelado ao final – é sem dúvida o maior destaque do episódio, com uma nave do que sobrou do Império sob o comando de um capitão seríssimo vivido pelo sempre divertido Titus Welliver (que não deveria ter morrido!) e repleta de Stormtroopers “que não conseguem sequer acertar um Bantha de lado”, segundo Axe Woves (não sei de onde ele tirou essa calúnia…) que Bo-Katan quer tomar. O divertimento garantido vem pelo simples fato de realmente haver um esquadrão de Stormtroopers incapazes de atirar na direção do alvo sendo moídos de todos os jeitos pelos quatro mandalorianos malvados, com direito a Mando mostrando a qualidade de seu beskar e testando sua coragem para explodir uma meia dúzia dos coitados.

4º Lugar:
Chapter 12: The Siege

2X04

O que segue daí é o melhor tipo de ação que Star Wars tem a oferecer: pancadaria com tiros laser sendo trocados entre os mocinhos e uma aparentemente inesgotável quantidade de Stormtroopers, uso generoso do jato portátil de Mando, perseguições com speeder bikes e TIE Fighters e a volta do alívio cômico Mythrol, o humanoide anfíbio que Mando congelara em carbonita no episódio inaugural da série. Mais uma vez, o que The Mandalorian faz em termos de design de produção, direção de arte, efeitos especiais tanto em computação gráfica como práticos, engenharia sonora e fotografia não deixa absolutamente nada a dever aos filmes da Trilogia Original e aos melhores sci-fis no estilo “mundo vivido” que temos por aí. Carl Weathers, que já tem uma razoável experiência na direção de episódios de TV, parece estar literalmente em seu meio também atrás das câmeras aqui pela primeira vez na série, trabalhando com uma decupagem cuidadosa que sabe usar o tempo a favor da história sendo contada, sem nenhum segundo a mais ou a menos nas extraordinariamente variadas sequências de ação.

3º Lugar:
Chapter 16: The Rescue

2X08

Feito esse prelúdio, The Rescue foi, mais uma vez, um episódio exemplar com um roteiro, escrito novamente pelo próprio showrunner, que não se perde em detalhes e, já no início, faz o que tem que fazer: estabelece como a localização de Moff Gideon é obtida e reúne a equipe necessária para o resgate. E o melhor é que Jon Favreau ainda tem o requinte de não simplesmente sair correndo com essas duas questões, pois não perder tempo é diferente de fazer de qualquer jeito. Há sofisticação na forma como o co-piloto do transporte Imperial (Thomas E. Sullivan, mais um ator de Agents of S.H.I.E.L.D. dando as caras) usa o Dr. Pershing como refém e provoca Cara Dune com a destruição de Alderaan (“eu estava na Estrela da Morte” é uma afirmação poderosa, mas da maneira mais errada possível) e há cuidado para que o encontro de Mandalorianos não seja apenas uma reunião de velhos amigos, com mágoas, preconceitos e uma breve luta para rechear a narrativa.

2º Lugar:
Chapter 14: The Tragedy

2X06

Esse é, sem dúvida alguma, o ponto alto do curtíssimo episódio, com os agentes do Império errando seus alvos como de praxe ou apenas acertando nas placas de Beskar de Mando. No entanto, há uma diferença aqui que certamente é a maior marca do diretor no episódio: a violência. Mesmo mantendo a experiência perfeitamente adequada para crianças, quando Fett começa a usar o gaderffii do Povo da Areia para derrubar os Stormtroopers, Rodriguez faz questão de mostrar os estilhaços de armaduras voando para todo lado, incluindo um capacete, com um rosto ainda embaixo, totalmente destroçado no chão. O cineasta usa de sua nada sutil técnica para dar peso a cada uma dessas tomadas, mantendo suas lentes apontadas para um Temuera Morrison muito bem em seu papel mais gutural e selvagem. De certa maneira, foi a forma que Rodriguez e Favreau encontraram para “compensar” as menos do que gloriosas passagens de Boba Fett pelo audiovisual e espero ver muito mais desse tipo de ação pela frente.

1º Lugar:
Chapter 13: The Jedi

2X05

Se a série parecia ter alcançado seu ponto mais alto no episódio anterior, expandido a trama e oferecendo ação clássica para ninguém botar defeito, Filoni mostra que a altura que parecia máxima era apenas ilusão e que The Mandalorian sabe desafiar todos os limites. Afinal, fugindo da estrutura clássica que começa com Mando e parte daí, o espectador é diretamente brindado com um magistral preâmbulo à la filmes de 007 em que, sem perder um segundo, a Ahsoka Tano de Rosario Dawson, perfeitamente caracterizada, vale destacar, é apresentada em carne e osso pela primeira vez como uma invencível é ágil Jedi que, empunhando seus dois sabres de lâmina branca, dizima como um fantasma uma tropa de soldados comandada por uma magistrada de cara amarrada em uma ambientação opressiva, esfumaçada e claustrofóbica que imediatamente diz tudo o que precisamos saber sobre o lugar. O diretor e roteirista conseguiu imersão em sua narrativa tão instantaneamente que, confesso, a entrada repentina do título do episódio na tela serviu como um balde de água fria que me deixou cabreiro.

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