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Lista | Superman & Lois – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Do bizarro ao excelente.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • spoilers.

Confesso que estava bem apreensivo pela segunda temporada de Superman & Lois depois do inacreditavelmente ótimo ano inaugural. Afinal, escrever boas histórias do Superman não é nem de longe uma tarefa fácil – basta ver quão poucas existem relativamente às mais de oito décadas do personagem – e a pegada intimista, focada no lado humano do personagem e daqueles que o cercam e que é a marca da série, poderia muito facilmente ser perdida em prol de fogos de artifício e pura pancadaria. Felizmente, não foi isso o que aconteceu, pois Todd Helbing ainda conseguiu segurar bem as rédeas, mesmo derrapando aqui e ali, o que é natural.

O grande problema da temporada, se eu puder destacar apenas um (porque o outro grande problema foi a gigantesca quantidade de intervalos entre episódios…), foi no departamento da vilania. Ally Allston, a líder de culto de lavagem cerebral (sei que é redundância, mas…) transformada na versão megapoderosa da Parasita dos quadrinhos foi, no mínimo, sem graça, mas, mais precisamente, sem qualquer tipo de desenvolvimento capaz de fazer o espectador temer a vilã para além das caras e bocas que ela faz e os raios que solta pelas mãos. Infelizmente, Helbing pisou feio na bola aqui e entregou algo genérico demais, sem peso e que, no final das contas, foi derrotada na base de dois petelecos pelo Superman turbinado depois de tomar uma dose extra de vitamina D.

Felizmente, porém, o showrunner não se esqueceu de abordar as famílias da série, lidando com todas as elas de maneira exemplar. Os Kents ganharam mais desenvolvimento e união, com Jordan cada vez mais caminhando para tornar-se o Superboy, Jonathan lutando contra drogas e um misto de inveja e ciúmes por não ter poder, Lois enfrentando problemas de integridade jornalística e Superman, claro, tendo que ser quem ele é mesmo sem poderes ou em outro universo. Os Irons começaram de maneira estranha pela forma como Natalie reage à sua própria chegada em outro universo, mas, depois, ela e o pai entraram em sincronia mesmo quando tinham ideias bem diferentes sobre como lidar com as ameaças. Finalmente, os Lang-Cushing, com exceção do pessimamente mal trabalhado “beijo lésbico” de Sarah quando em um acampamento de verão, tiveram o melhor desenvolvimento, com Lana concorrendo à prefeitura e enfrentando a infidelidade do marido, algo que os roteiros não deixaram em momento algum descambar para o clichê.

Até Sam Lane ganhou boa presença em oposição à Anderson, que o substituíra no Departamento de Defesa e que não gosta do Superman (ou acha que o Superman precisa ser uma arma exclusiva dos EUA), com Lucy Lane reaparecendo como uma das vítimas de Allston, mesmo que sua presença tenha sido pontual. Enquanto a introdução de Bizarro foi bacana, ela acabou sendo anticlimática por sua morte muito cedo na temporada, com seu mundo cúbico desapontando tremendamente no episódio integralmente passado por lá. Mesmo assim, foi interessante ver a série se esforçar para lidar com essas bizarrices da mitologia do Superman.

No final das contas, Superman & Lois manteve-se orgulhosamente colocando o “man” à frente do “super” criando outra história memorável do Azulão e de seus parceiros na pequena Smallville. Agora é torcer para que a qualidade seja no mínimo mantida, mas preferencialmente elevada no terceiro ano, pois o Superman precisa de mais versões memoráveis no audiovisual.

XXXXXXXXXXX

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

15º Lugar:
Girl… You’ll Be A Woman, Soon

2X05

O problema aparece quando esse lado adolescente toma um episódio de assalto e, pior, sem qualquer tipo de real relevância ou construção que vá além do óbvio ululante com direito a diálogos que chegam a dar vergonha alheia (“filha, eu sempre estarei ao seu lado para te levantar quando você cair” ou coisa do gênero que me faz rolar os olhos). A quinceañera de Sarah poderia continuar sendo o centro das atenções e servir de corda para Kyle se enforcar sem que o prefeito atual precisasse levantar um dedo, bastando, para isso, um roteiro que fizesse o que a série sempre fez, ou seja, trabalhar esses aspectos bem mundanos de maneira fluida dentro da narrativa macro. Em Girl… You’ll Be A Woman, Soon, título tirado da canção do Urge Overkill e que já prenuncia a maneira didática e ruidosa como o assunto seria tratado, Sarah, Lana e Kyle andam, conjuntamente, umas três ou quatro casas para trás no tabuleiro do desenvolvimento narrativo com a falta de cuidado com a questão do legado mexicano da família e, como se isso não bastasse, saindo desse núcleo, com aquele conflito físico entre os gêmeos que me pareceu tão caído de paraquedas que acabou combinando com a completa falta de sutileza do texto de Rina Mimoun e Adam Mallinger.

14º Lugar:
Anti-Hero

2X07

Não tiro completamente a culpa de Henstridge pelo episódio morno, quase frio, que acabou resultando de seu trabalho. Ela até tentou minimizar alguns problemas ao dar mais tempo para Kal-El e Tal-Rho ou usar elipse para resolver a parte burocrática do problema de Jon, mas sua abordagem visualmente pobre da conversa de Sarah com a amiga ajudou a tornar o momento ainda mais problemático, assim como esvaziou de tensão a transformação de Anderson em uma máquina de matar kryptonianos. Bem, não se pode acertar todas, não é? Que Henstridge continue tentando e que venha o próximo episódio para levantar novamente a temporada!

13º Lugar:
Bizarros in a Bizarro World

2X10

E eu sinceramente não sei se foi de propósito ou se foi sem querer, com o elenco entrando na vibe de pastiche, mas as atuações foram abissais, realmente deslocadas. Até mesmo Elizabeth Tulloch com aquele franjão parece que esqueceu que é a melhor atriz do elenco e colocou o canastrômetro em 11. Se a intenção geral foi fazer o espectador realmente sentir-se em um outro mundo para lá de bizarro, então, talvez, o resultado tenha sido satisfatório, mas o melhor adjetivo para o episódio sequer é bizarro, mas sim feio mesmo. Feio demais dos diálogos aos figurinos, passando pelo CGI e pelo design de produção. E isso sem contar que, até agora, depois de 10 episódios, Ally Allston continua não mostrando toda a ameaça que dizem que ela representa…

12º Lugar:
Truth and Consequences

2X11

Ou seja, não deu. Não consegui me conectar com o episódio um segundo sequer nesses momentos, o que foi amplificado por Sarah e Lana simplesmente aceitarem como a coisa mais normal do mundo Jonathan aparecer de cabelo de Tintim, sombras nos olhos, alargadores nas duas orelhas, jaqueta de couro e calça vermelha da OP. O disfarce de Tyler Hoechlin é exclusivamente seu par de óculos e esse disfarce é apenas marginalmente menos eficiente do que aquelas “máscaras de dominó” que heróis com Robin, Bucky e Arqueiro Verde usam e, no audiovisual, sem toda uma atmosfera que crie as circunstâncias para que acreditemos que há uma “barreira” invisível que torna o herói irreconhecível para quem ele conhece há anos a fio, o negócio fica ridículo demais da conta. Teria sido muito mais interessante se a reação de Lana, no lugar de mandar um embasbacado “você é o Superman”, dissesse algo como “Clark, você acha mesmo que eu não sabia?”, pois tornaria tudo perfeito em um estalar de dedos. Isso ainda pode acontecer no começo do episódio seguinte, mas não combinaria muito bem com a reação imediata dela e com o tal flerte que eu mencionei antes.

11º Lugar:
Waiting for Superman

2X15

Em termos comparativos, porém, preferi este final aqui do que Last Sons of Krypton, o frustrante encerramento da temporada inaugural, mas não por muito, pois foi completamente anticlimático ninguém dar jeito na vilã a não ser um Superman que arrisca sua vida para recarregar suas células de energia solar com um empurrãozinho do meio-irmão. Afinal, o velho truque do “absorva mais energia do que você pode aguentar” foi de bocejar de tão banal e pouco imaginativo e, pior, aconteceu em um piscar de olhos, em uma inexplicável correria que basicamente fez com que o embate final não passasse de um detalhe insignificante. De certa forma, sendo bem cínico, até que essa insignificância combina com a completa irrelevância e falta de desenvolvimento da Parasita, pelo que nem dá para reclamar muito…

10º Lugar:
The Thing in the Mines

2X03

No lado puramente humano da série, a candidatura de Lana Lang é uma ótima confirmação do caminho a ser trilhado pela personagem. Espero que sua tentativa de encantar a população de sua cidade e seu embate com o atual prefeito permaneçam limpos, ou seja, sem a necessidade da interferência do Superman ou qualquer outro super ser da série. Claro que não faz mal algum – e é até esperado – que Lois Lane e Clark Kent se envolvam na contenda para ajudar a amiga, mas não mais do que isso, pois nem tudo precisa ser costurado à narrativa macro que é necessariamente superpoderosa.

9º Lugar:
Tried and True

2X06

Tried and True faz a temporada andar a passos largos, mas sem esquecer o lado puramente dramático e familiar que a série vem cultivando, mas também sem fazer a balança pender demais para esse lado. Agora que temos um quadro mais claro de tudo o que está acontecendo, podemos já começar a imaginar o que ainda está por vir e esse horizonte é alvissareiro, algo importante para uma série ainda em seu começo que precisa se firmar de verdade mesmo tendo começado de maneira surpreendente.

8º Lugar:
Lies That Bind

2X12

Mais do que isso, ela somente soltar o verbo em cima de Lois Lane, por ter construído a amizade entre elas sob falso pretexto – o que pode ser visto como um exagero, mas, na verdade, não é – foi uma excelente maneira de lidar de verdade com a revelação. Lana entende o porquê do segredo, mas não consegue aceitar, com a mesma facilidade, que ela tenha sido mantida no escuro quando o casal voltou à Smallville. Da mesma forma, apreciei que Lana tenha compreendido a dificuldade de se contar algo assim para seus entes queridos não pela reação deles, mas sim pelo que eles então seriam obrigados a omitir a partir da revelação. Diferente da maneira boba com que o segredo é mantido e que abordei em detalhes na crítica anterior, o que se vê é Lana se recusando a perpetuar a cadeia de mentiras e, no processo, exigindo que a conexão entre as famílias seja cortada, algo que, claro, não durará muito tempo, mas que é importante que ocorra logo de cara.

7º Lugar:
What Lies Beneath

2X01

Fico feliz em constatar, porém, que, pelo menos no que se refere a What Lies Beneath, primeiro episódio do segundo ano, meu medo era infundado. Grande parte do capítulo é dedicado a estabelecer o novo status quo, o que é perfeitamente natural, mas o que importa é que o foco permanece nas relações familiares. Vemos Lois Lane, depois de três meses do final da temporada anterior, não sabendo ainda lidar com sua reação à chegada repentina de Natalie e basicamente descontando em sua família e Chrissy, com Clark sem saber o que fazer para resolver o problema. Vemos também Jonathan e Jordan sendo adolescentes, o primeiro sendo pego pela mãe prestes a transar com sua namorada em seu quarto e sendo basicamente, como ele mesmo diz, marcado para a vida toda pela reação de Lois e o segundo feliz da vida pelo retorno de Sarah de uma colônia de férias em que ela foi instrutora e que, por sua vez, não corresponde  aos anseios do jovem Kent.

6º Lugar:
30 Days and 30 Nights

2X09

Usando uma elipse temporal (agora boa) para fazer o tempo progredir mostrando que o mundo sem Superman tem Aço e, discretamente, Superboy Jordan para substituí-lo, em uma inescapável e simpática piscadela aos eventos posteriores à famosa – mas bem fraquinha – HQ A Morte do Superman, o episódio usa o final da campanha de Lana Lang à prefeitura como pano de fundo e cola e narrativa, concluindo com sua razoavelmente esperada vitória. Fazendo um breve parênteses, confesso que esperava ver esse processo de transformação de Lana com um pouco mais de vagar, mas creio que bastará acompanharmos a nova prefeita na assunção de seu cargo e evolução como política.

5º Lugar:
All Is Lost

2X13

No entanto, foi com satisfação que notei que o roteiro de Kristi Korzec foi bem mais esperto do que isso e, a cada novo retorno ao passado, mais o foco ficava centrado em Lucy Lane, explicando seus traumas de família e criando a lógica que a levou a se entregar ao culto de Ally Allston. Não que esse detalhamento de como tudo aconteceu fosse estritamente necessário, pois mesmo o mais desatento dos espectadores já tinha sido capaz de somar 2 + 2. No entanto, a grande razão para essa abordagem de Korzec é justamente evitar que, faltando dois episódios para a temporada acabar, a vilão finalmente ganhasse mais camadas. Ou, melhor dizendo, colocar Lucy como centro das atenções foi como jogar uma pedrinha no lago, com Lucy sendo a pedrinha e os arcos concêntricos criados a partir dela de certa maneira preenchendo indiretamente o que havia de mais relevante para sabermos da vilã. Novamente, não era lá uma grande novidade, mas foi um enfoque que segue a linha da série, ou seja, dá atenção ao lado humano da narrativa super-heróica.

4º Lugar:
Into Oblivion

2X08

Peguem, por exemplo, a continuada linha narrativa da separação de Lana e Kyle. Em uma série menos cuidadosa, ou eles já estariam juntos de novo ou esse assunto já teria sido varrido para debaixo do tapete com, talvez, Kyle arrumando um emprego irrecusável em outra cidade para tirá-lo da história. Mas não. Em Superman & Lois, esse assunto “incômodo” está na pauta e sem uma solução óbvio a vista. Kyle, visivelmente abalado, continua tentando ser presente com as filhas e, mesmo quando Lana lhe dá a chance de ajudá-la na campanha para prefeito, o resultado não é o que ele esperava e sim uma maneira de Lana mais uma vez deixar claro seus sentimentos e afastá-lo de sua vida pessoal. E eu nem digo que esse quadro não será revertido mais para a frente, pois tem grandes chances de ser. Meu ponto está mais na forma como os roteiros têm lidado com a situação de maneira sóbria e adulta e não fácil e banal.

3º Lugar:
The Inverse Method

2X04

O destaque, claro, fica com o feroz ataque à ética profissional de Lane por parte de Ally Allston (Rya Kihlstedt em uma atuação que trafega competentemente entre vilania e vitimismo), líder do culto que prega o tal método do título, com a ajuda de ninguém menos do que sua irmã Lucy (Jenna Dewan finalmente aparecendo na série). Mesmo considerando que Ally, na cena de abertura que continuou do exato ponto em que The Thing in the Mines parou, ameaçou fisicamente Lois Lane com os seus minions no restaurante e ela que criou uma elaborada armação para desmascarar a repórter em vídeo, o que lhe empresta aquele contorno típico de vilã, o roteiro tem o cuidado e, diria, a coragem, de lidar com a questão de forma ambígua. A manipulação de pessoas no estilo autoajuda, que é o que vemos Ally fazer, não é crime, muito longe disso e tudo o que de negativo sabemos da personagem vem da boca da própria Lois Lane, com sua própria irmã veementemente negando tudo e, pior, dizendo que a jornalista subverteu o que ela dissera, algo que é confirmado pelo flashback que vemos entre as duas.

2º Lugar:
The Ties That Bind

2X02

Essa reunião familiar é, portanto, o destaque do episódio, com Tal-Rho demonstrando toda sua solidão ao longo das décadas, culpando a mãe por seu abandono e concluindo que Kal-El, por ser filho que saiu de seu ventre, em uma exceção à tradição de Krypton que veio de algumas HQs do Superman, mas que Zack Snyder usou muito bem no preâmbulo extraterrestre de O Homem de Aço, só pode ser o “favorito”. Mesmo que essa interação não dê frutos diretos para solucionar o mistério dos ataques que vêm acometendo Kal-El, ela é excelente para desenvolver personagens e, claro, para revelar que Tal-Rho ainda tem poderes, talvez não ainda no mesmo nível de antes, mas certamente uma ameaça, ainda que pelo menos a forma como a conversa acaba na prisão dê a entender que, eventualmente, talvez em futuro não muito distante, os irmão sejam capazes de se reconciliar.

1º Lugar:
Worlds War Bizarre

2X14

Ultrapassados esses aspectos negativos, confesso que gostei muito de todo o resto que vi, começando pela maneira como o roteiro lidou com a perda de poderes do Superman, sem nenhum elixir mágico para ele voltar à ativa de imediato e como isso abriu caminho para Aço Pai e Aço Filha trabalharem juntos e também separados, além de Jordan Kent, depois de apanhar da SuperLana, recuperar-se e protagonizar uma belíssima sequência de pancadaria no ginásio da escola para salvar seu pai. Toda a sequência de Jordan, aliás, funcionou muito bem, com a revelação forçada de seus superpoderes que, então, leva ao conflito de Sarah com a mãe e isso depois que Lana decidiu contar a verdade aos seus cidadãos com base em conselho do marido que é revestido de culpa e remorso pelo adultério. Toda essa costura foi, em três palavras, muito bem feita e, em mais palavras ainda, uma bela lição de como escrever um texto que não precisa de didatismos e explicações para fazer todas as peças se encaixarem naturalmente.

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