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Lista | Star Trek: Strange New Worlds – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

A temporada dos casais.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Mais uma vez é estranho dar uma nota que considero baixa demais para Strange New Worlds. Tenho um carinho tão grande pela série e seus personagens, e me divirto tanto com os episódios semanais que sempre que vou “quantificar” acabo ficando surpreso. É por isso que nota é só detalhe, ainda que sirva como reflexo de uma temporada mais inconsistente do que o ano de estreia.

Tivemos muitos episódios, como Charades e Lost in Translation, que parecem mais repetições do que progressões, seja dramaticamente para nossos personagens, seja narrativamente para os conceitos usados. Faltam novas ideias na primeira metade da temporada, algo retificado na muito mais criativa segunda parte do novo ano. Também é uma temporada estranhamente focada em casais, o que é um bom elemento de trama, mas sinto que os roteiristas perderam a oportunidade de explorar outros tipos de relacionamentos, cenários de histórias (cadê os estranhos novos mundos, gente??) e dilemas diferentes para nossos personagens. A subutilização de Pike também continua sendo um ponto negativo imperdoável.

Mas, mesmo com problemas, o seriado continua agradável, errando muito porque também tenta ser corajoso, como no episódio musical ou no divertidíssimo crossover com Lower Decks, mas demonstrando que encontra melhores tramas sempre que é mais audacioso, como no denso Under the Cloak of WarTem muito a continuar gostando na série, que mantém um tom gracioso entre o tradicional e o moderno para progredir e ressignificar Star Trek para uma nova geração enquanto acena para o clássico, mas precisamos de roteiros mais criativos nas próximas temporadas se a série quer almejar aquele algo a mais.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

10º Lugar:
Lost in Translation

2X06

O desfecho com o salvamento dos alienígenas é bonito e faz sentido dentro dos ideais de Pike e da Enterprise, mas há uma oportunidade desperdiçada ali com o debate sobre o efeito nocivo do expansionismo da Frota Estelar e quem sabe até o quê de imperialismo da Federação em determinados contextos. Sinto que o roteiro poderia facilmente ter inserido uma discussão e uma reflexão nesse ponto narrativo, mas, claro, vemos o óbvio. Isso meio que resume a temporada cheia de boas ideias mal exploradas de SNW. Está faltando profundidade para as tramas e gravidade para determinados momentos, o que é uma pena ao relembrarmos do muito mais consistente primeiro ano. Veremos como serão as próximas semanas.

9º Lugar:
Charades

2X05

O terceiro ato de Charades sacode a experiência, mudando o tom narrativo para algo mais emocional e dramático. O discurso de Spock em prol de sua mãe é muito bonito e demonstra a evolução interna do personagem, além de termos diálogos bem-escritos nos conflitos entre o personagem e seus interesses românticos. O desfecho entre Spock e Chapel é particularmente tocante e satisfatório considerando o relacionamento dos personagens até aqui, mas o ótimo ato final do episódio não salva totalmente um capítulo apenas divertidinho e passageiro de uma trama reciclada.

8º Lugar:
The Broken Circle

2X01

Ainda assim, The Broken Circle é um começo de temporada muito bom para Strange New Worlds, com uma aventura cheia de carga emocional, mas também com seus momentos de leveza e humor. O foco da narrativa está no desenvolvimento de alguns personagens específicos, seus dilemas internos e traumas do passado, algo que traz ótimo progresso para o arco do nosso grupo, mas é difícil não notar o desperdício de uma concepção tão bacana e tantos conceitos que poderiam ser explorados ao longo da missão em Kajtar IV.

7º Lugar:
Subspace Rhapsody

2X09

De forma geral, Subspace Rhapsody utiliza o gênero musical para os personagens da Enterprise verbalizarem suas emoções e conflitos em alto e bom som, através de uma trilha sonora básica, mas divertidamente e melancolicamente agradável de acompanhar. O drama aqui vai um pouco na contramão do que acredito ser a melhor forma de desenvolvimento de personagens: sutileza – não à toa, o complexo e ambíguo M’Benga não ganha um solo -, mas há um trabalho bonito e cheio de sentimentos em torno dos personagens enfrentando seus dilemas e medos que vimos durante os episódios anteriores. Mesmo problemático e, na minha opinião, longe de excelência, o primeiro episódio musical de Star Trek traz uma das melhores características narrativas da franquia: audácia. Sem medo de tentar ou errar, o nono episódio de SNW é um deleite sonoro e um indicativo bacana de que a produção está interessada em experimentar com o estranho e o novo.

6º Lugar:
Tomorrow, Tomorrow and Tomorrow

2X03

No fim, por mais problemático que seja o estabelecimento sci-fi do episódio, o roteiro traz um desfecho com uma característica que gosto de ver em histórias de viagem no tempo: consequências. Não falo aqui daquele shot do dispositivo esquecido na sala de Khan (um retcon? não me importei muito com aquilo) ou da possível destruição de toda uma realidade alternativa que o episódio convenientemente deixa de lado, mas sim da tragédia romântica que é o final de La’an e a versão alternativa de Kirk. Confesso que preferiria se o personagem tivesse deixado de existir ao invés da cena meio atrapalhada de sua morte, mas a cena da ligação de La’an é um desfecho corajoso, melancólico e que não traz muitas respostas ou conforto para uma personagem que já começou o episódio em conflito. Vai ser interessante acompanhar a trajetória dessa já cativante adição à franquia de ST, apesar de estar preocupado com a toada apenas emocional que Strange New Worlds tem apresentado até o momento.

5º Lugar:
Among the Lotus Eaters

2X04

Mesmo com as minhas queixas chatas, Among the Lotus Eaters é um episódio de muita qualidade e atributos especiais da sempre divertida Strange New Worlds. É bom ver Pike retornando ao protagonismo e recebendo evolução dramática; é bom ver um episódio sobre um planeta estranho com uma anomalia esquisita, cheio de peculiaridades narrativas e visuais; é bom ver a produção encontrando no desconfortável uma virtude narrativa; e é bom ver elementos como a Primeira Diretriz, o contato contaminado da Frota Estelar e tripulantes corrompidos aparecendo para cutucar as regras utópicas da Federação. Em uma história angustiante e fundamentada em ficção científica para os fãs tradicionais tirarem o rosto mal-humorado, Among the Lotus Eaters também mantém a toada emocional da temporada até aqui.

4º Lugar:
Hegemony

2X10

Em uma temporada inconsistente, mas que também erra por ser corajosa, Hegemony é uma ótima finalização de temporada com uma trama mais densa e grandiosa para nos deixar ansiando pelo próximo ano. No equilíbrio entre o episódico e o sequencial do seriado, a season finale resgata os principais antagonistas da série e circula alguns bons arcos narrativos, principalmente para o tópico recorrente de relacionamentos da temporada. Penso que os répteis tem espaço para não serem apenas monstros genéricos, algo insinuado no diálogo de Pike com April, e posteriormente do capitão com La’an, o que pode trazer mais personalidade para essa briga na próxima temporada, que promete começar de maneira bombástica com a revelação do que Pike decidiu. Nós vemos na terceira temporada!

3º Lugar:
Those Old Scientists

2X07

No esquema geral da temporada, Those Old Scientists pode até parecer desnecessário, uma vez que não move as tramas e arcos do seriado, tampouco parece um episódio da própria SNW, se afeiçoando bem mais ao tom despretensioso de Lower Decks, mas é difícil não se divertir com o charme do crossover e com o arraso das interpretações de Quaid e Newsome. E, bem, se a série faz tanto esforço para homenagear a narrativa e o passado da franquia, nada mais adequado do que um episódio onde eles são homenageados em meio a uma temporada bastante sentimental que tem colocado nosso elenco em posições emocionalmente inseguras. Não acredito que o crossover coloca a temporada nos trilhos, mas é sem dúvidas um agradável desvio!

2º Lugar:
Ad Astra Per Aspera

2X02

Mas é a emoção que carrega o episódio. Dos flashbacks de Una até seu depoimento comovente, Rebecca Romijn nos brinda com uma grande performance, caracterizando os conflitos e traumas de uma personagem que foi oprimida e que busca aceitação no idealismo da Federação. A escolha do roteiro por trazer uma advogada que também é Illyrian e tem um passado complicado com sua cliente é extremamente assertiva, não apenas em termos de contenda dramática, mas porque o relacionamento das duas é a pedra angular de um episódio muito bonito sobre pertencimento. No fim, o caso individual de Una termina em um compromisso que não altera a Lei, mas que é o primeiro passo para uma trama que espero ser explorada na série. Ad Astra Per Aspera, enfim, não é um episódio sem defeitos, mas é uma excelente manifestação direta e sem floreios sobre direitos sociais do qual Star Trek sempre pôde se orgulhar de retratar.

1º Lugar:
Under the Cloak of War

2X08

O ato final de Under the Cloak of War é atrapalhado e mal contextualizado, principalmente em torno da falta de consequência do que o doutor fez – faltou no mínimo alguém hierarquicamente maior dando uma bronca -, mas não tira o peso e a gravidade de um episódio tematicamente denso e reflexivo. O texto não martela nada, se a Federação é realmente hipócrita ou se M’Benga e companhia estão errados – não sabemos nem se o ato do doutor foi premeditado ou autodefesa -, o que é ótimo, porque a ideia aqui é provocar, criar um palco de idealismo e realidade trágica e vê-las lutarem, nos deixando pensando sobre a conversa complicada de dois amigos em situações diferentes, com pensamentos diferentes, enquanto os créditos aparecem. Uma coisa é certa, porém: é mais fácil perdoar quando não se viu os pecados de perto.

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