Home ColunasLista | Star Trek: Lower Decks – 4ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Star Trek: Lower Decks – 4ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Uma série que não para de agradar.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Não sei dizer exatamente qual seria a melhor série do primeiro retorno da franquia Star Trek à televisão, a partir de 1987, mas se me perguntassem hoje qual é a melhor série do segundo retorno da franquia à TV, eu não pestanejaria em dizer que é Lower Decks. Uma série animada canônica de humor focada nos personagens que ficam nos bastidores das séries e filmes principais desse universo poderia ser a receita para o fracasso criativo retumbante, mas, a cada ano que passa, Mike McMahan mostra que essa premissa vale ouro em suas mãos que entrega de bandeja um cardápio variado de situações que bebe profusamente de tudo o que veio antes, com direito até mesmo a um crossover live-action com Strange New Worlds.

Eu seu quarto ano, Lower Decks lida com dois assuntos centrais, a promoção da quadra protagonista, o que tecnicamente retira dela a categoria de alferes, em tese ferindo de morte a premissa da série e a existência de uma misteriosa nave que destrói outras das mais variadas espécies alienígenas. Mantendo a estrutura de caso da semana entremeada com uma linha narrativa central que fica de pano de fundo, por vezes vindo à superfície e dividindo os episódios em duas ou mais histórias nem sempre conectadas, a temporada mantém seu frescor e sua familiaridade com o público que a acompanha.

A única diferença é que a excelência da segunda e terceira temporadas não se repete aqui, fazendo a série retornar ao nível (decididamente alto, eu sei) da primeira, o que quebra aquela sensação de constante evolução do material. Chega ser estranho “reclamar” que a série baixou um pouco de nível para igualar-se a de seu ano inaugural que eu simplesmente adorei, mas isso é justamente o que o showrunner fez conosco: ele nos acostumou mal ao sempre ser capaz de surpreender. Seu grande acerto na nova temporada é lidar muito bem com a promoção dos alferes, especialmente o quanto isso afeta a dinâmica do grupo e o lado psicológico de Beckett Mariner. Seu grande erro foi não saber lidar muito bem com o grande mistério da temporada, resolvendo-o como se tudo não passasse de mais um episódio solto da série e não algo de importância elevada. Afinal, no lugar de fazer algo igualmente entremeado com a mitologia criada nos quatro anos, o que nos foi apresentado foi somente algo introduzido nos dois últimos episódios, criando aquela sensação de que não havia justificativa para esse mistério todo.

No entanto, isso acontece nas melhores famílias e, se tudo o que eu posso dizer da quarta temporada de Lower Decks é que ela “desceu” ao nível da primeira, então podem ter certeza de que eu escrevo isso com um sorriso no rosto e com ampla expectativas de que o próximo ano no mínimo manterá a qualidade presente aqui, o que é muito mais do que posso dizer da grande maioria das séries oferecidas por aí. Que venha o quinto ano da melhor série atual de Star Trek!

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês. Qual foi seu preferido? E o que menos gostou? Mandem suas listas e comentários!

10º Lugar:
Old Friends, New Planets

4X10

Foi a primeira vez na série, mas, desta vez, Mike McMahan não conseguiu encerrar com categoria uma temporada de Lower Decks, levando a um resultado que conseguiu ficar abaixo até mesmo de First First Contact, que encerrou o segundo ano. Não é o fim do mundo, vejam bem, pois Old Friends, New Planets, continua sendo um bom episódio, mas ele definitivamente não é o tipo de episódio que faz jus ao grande mistério que permeou toda a temporada e que lidava com a nave que, aparentemente, destruía naves das mais diversas espécies do universo Star Trek.

9º Lugar:
The Inner Fight

4X09

The Inner Fight provavelmente precisará ser reavaliado depois que sua segunda parte e derradeiro episódio da temporada for ao ar, mas, se visto por seus próprios méritos, ele tem problemas sensíveis conforme exposto ao longo de meus comentários, ainda que, no agregado, ele ainda seja muito bom, talvez apenas aquém da qualidade que o quarto ano da série vinha consistentemente mostrando. Semana que vem, ao que tudo indica, já que McMahan não é lá muito chegado a deixar pontas soltas de uma temporada para outra, saberemos de tudo!

8º Lugar:
Empathological Fallacies

4X05

Enquanto que a ratificação da relevância de T’Lyn para a base narrativa de Lower Decks é muito bem-vinda, já que a personagem traz aquela sempre interessante discussão sobre o conflito entre lógica e sentimentos para a mesa, talvez um dos maiores e mais amplamente debatidos aspectos filosóficos de toda a franquia, creio que o episódio tenha tido dificuldades para encontrar seu tom e para manejar as duas linhas narrativas tradicionais, a segunda sendo focada em Boimler e sua obsessão pela perfeição que é moderada pelo convite de Shaxs (a pedido de Rutherford) para que ele participe de uma curiosa sessão de relaxamento e confraternização da equipe de segurança da Cerritos. Não que as duas histórias não sejam boas, pois definitivamente são, especialmente por mais uma vez extrair as mais profundas referências ao lore de Star Trek, mas, para um episódio de metade de temporada, ele me pareceu domado demais mesmo que a bacanália na sala de refeições da nave tenha seus momentos hilários.

7º Lugar:
Twovix

4X01

E, para fazer isso, o episódio destila Voyager à, talvez, sua mais marcante essência, que é o quanto as desventuras da nave titular foram bizarras mesmo considerando as então já bem estabelecidas bizarrices da franquia. A importância histórica da Voyager dentro do universo em que se insere é usada como palco para que o ágil texto escrito pelo próprio showrunner extraia um sem-número de citações e referências que, como sempre, são completamente autoconscientes, e, ao mesmo tempo, replique a fusão de dois personagens –  a Dra. T’Ana e o engenheiro Billups – em um só, T’illups, como aconteceu com Tuvok e Neelix, formando Tuvix (daí o título do episódio que faz um trocadilho com “two” ou “dois”). Esse é o trampolim narrativo para que, de um lado, a capitã Carol Freeman tenha que lidar com T’illups fazendo de tudo para fundir outros membros da tripulação de maneira a evitar que a solução original para o problema dada por Janeway (matá-lo) seja replicada, cabendo a Tendi e T’Lyn unirem-se para salvar o dia e, de outro, o imediato Jack Ransom, na Voyager, precisando salvar a nave de um macrovírus Tak Takiano, algo que acaba ficando nas mãos de Boimler que, por seu turno, basicamente congela quando o próprio Ransom diz que ele está próximo de uma promoção.

6º Lugar:
Parth Ferengi’s Heart Place

4X06

Apesar de Parth Ferengi’s Heart Place cometer o pecado mortal de não incluir T’Lyn na história, o episódio é muito bem sucedido em sua abordagem simultânea de múltiplas linhas narrativas – e não apenas as tradicionais duas -, com o roteiro de Cullen Crawford lidando comicamente com os diversos aspectos da sociedade Ferengi e a direção de Brandon Williams mantendo o ritmo energético em cada núcleo. É até possível concluir que o capítulo é curto demais para tanta coisa que é tratada, mas é justamente a capacidade que a produção tem em fazer milagre com a duração regulamentar de 24 minutos que o faz brilhar.

5º Lugar:
I Have No Bones Yet I Must Flee

4X02

Com as duas linhas narrativas conversando entre si, o episódio consegue ter uma dinâmica ainda melhor do que a do anterior, com direito à história de Mariner conter diversos hilários momentos com ela agindo da pior maneira possível diante de Ransom e de um cadete que não entende o que está acontecendo, além de uma criatura fofíssima chamada de Moopsy (confesso que não sei se é seu nome ou sua espécie) que, porém, “bebe” ossos (sim, “bebe”), tornando-se uma ameaça maior do que o 8º Passageiro, em Alien. Entre Rutherford exasperado por toda sua grande invenção incremental para a Cerritos ser barrada pela de outro cadete cientista que constantemente impressiona Billups e Mariner não conseguindo tirar Ransom do sério, com Boimler tendo que dormir ou em quarto que fica entre dois holodecks barulhentos (genial!) ou, como um sem-teto, em um tubo Jefferies, I Have No Bones Yet I Must Flee consegue ser um dos mais engraçados capítulos da saga dos lower deckers.

4º Lugar:
In the Cradle of Vexilon

4X03

O mais bacana dessa história é a forma indiferente e quase que completamente despreocupada com que Freeman lida com o fato de um habitat repleto de vida inteligente existir sem que saiba sua origem e controlado por uma I.A. que começa a demonstrar defeitos de natureza apocalíptica. Tudo é tratado como se fosse apenas “mais uma quarta-feira” na vida da capitã, o que reflete, com muita exatidão, a maneira usual com que absurdos exóticos com potencial para gravíssimas e mortais consequências são encarados na franquia Star Trek. Comentários blasés na linha de “ainda bem que Vexilon não se tornou uma I.A. que quer destruir tudo” ganham em comicidade justamente porque o espectador espera justamente isso quando um ser senciente como o do título é apresentado e, quando os problemas que já estavam ocorrendo ficam muito piores justamente porque Freeman resolve fazer o que lhe dá na telha por tratar tudo o que vê como algo de seu cotidiano, o humor ganha ainda mais camadas autoreferenciais e até autocríticas que podem ser encaixadas nas mais diversas franquias sci-fi que existem por aí.

3º Lugar:
Caves

4X08

Caves tira onda com “episódios de caverna” de Star Trek ao confinar Mariner, Boimler, Tendi e Ruthherford em uma caverna cercada de um musgo desintegrador e, no processo de arrumar uma saída, cada um deles conta, em flashback, sua própria “história de caverna” que revela segredos (ou simplesmente algo que não foi contado antes) para todo o grupo. E as histórias dentro da história são ao mesmo tempo encantadoras e bizarras, primeiro com Boimler conectando-se com o paranoico e conspiracionista Tenente Levy que, por mais absurdo que possa ser, acaba provando que ele tem toda razão; depois com Rutherford tendo literalmente um filho clone alienígena (outro tropo narrativo de Star Trek que, aqui, ganha uma abordagem que consegue até mesmo nos fazer perdoar o tenebroso Threshold, de Voyager) e, finalmente, Mariner revelando que passou a respeitar o Turno Delta da Cerritos em uma missão em que eles tiveram que lidar com uma substância que os envelhecia na medida em que se aproximavam.

2º Lugar:
A Few Badgeys More

4X07

Como eu previ ao final de minha crítica de minha crítica de The Stars at Night, episódio de encerramento da temporada anterior, alguma hora as inteligências artificiais vilanescas de Lower Decks iriam reunir-se e, dito e feito, A Few Badgeys More traz os excelentes Insígnia, AGIMUS e Cesta de Amendoim de volta em um episódio muito divertido que tem até um preâmbulo temático, com a misteriosa nave “exterminadora” atacando uma embarcação de Bynars, raça alienígena humanoide introduzida em A Nova Geração que, como o nome indica, fala em código binário. Claro que minha “grande previsão” nada mais é do que uma afirmação do óbvio ululante, pois Mike McMahan jamais desperdiçaria a oportunidade de fazer o que acaba fazendo aqui.

1º Lugar:
Something Borrowed, Something Green

4X04

O que segue, daí, é uma consistentemente hilária aventura feminina em que todo o véu do passado de Tendi finalmente cai para revelar que ela não só é de um dos mais ricos clãs piratas de seu planeta, como ela mesma é respeitada e, mais do que isso, temida por seus pares em razão de seu treinamento como assassina. Entre liteiras para carregar as três na gigantesca propriedade da família Tendi, as facadas que Mariner leva sempre exatamente no mesmo lugar, as observações diretas e secas de T’Lyn e, claro, os figurinos que as três passam a usar na missão de resgatar D’Erika de um suposto sequestro ritualístico pré-nupcial(???), tudo funciona de maneira muito azeitada para lidar com a conexão umbilical entre as três personagens e para trabalhar os traumas passados de Tendi entre uma versão turbinada de um jogo de bebida, um bordel em que os homens tornam-se escravos sexuais em razão de feromônios e, claro, sua relação conturbada com D’Erika. Mesmo que tudo, ao final, leve à conclusão de que a verdadeira Tendi é a cientista simpática da Cerritos, fato é que nunca mais encararemos a personagem da mesma maneira.

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