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Lista | Star Trek: Discovery – 5ª Temporada: Os Episódios (e as Temporadas) Ranqueados

Uma jornada consistente.

por Ritter Fan
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Avaliação da 5ª temporada
e da série completa:

(não é uma média)

  • spoilers.

A produção da quinta temporada de Star Trek: Discovery estava quase acabando quando chegou a notícia de que esse seria o último ano da série, o que exigiu esforços para manter a história já filmada, mas inserir encerramentos de arcos narrativos e apontar para o destino dos principais personagens. Diria que essa desvantagem foi trabalhada com graça e eficiência pela dupla de showrunners que conseguiu, no final das contas, transformar uma história de caça ao tesouro que poderia muito facilmente ser banal em algo substancialmente mais interessante e, porque não, memorável.

Afinal, só a corrida atrás da tecnologia dos Progenitores na base da reunião de pistas para montar um quebra-cabeças galáctico até é interessante, mas fazê-la funcionar como sustentáculo único de toda uma temporada era outra coisa bem diferente, por mais que a equipe de roteiristas fizesses esforços para entregar linhas narrativas diferentes e até ousadas, como é o caso de Labyrinth, episódio quase que integralmente passado em uma biblioteca espacial. Portanto, as inserções feitas para levar a um fechamento da história como um todo vieram para dar um pouco mais de substância ao que poderia ser uma aventura simples, ainda que divertida, com a equipe de produção muito claramente decidida em entregar um fechamento digno tanto para a história da tecnologia, quanto para a história da série toda que, sozinha, foi responsável por trazer Star Trek de volta para a televisão.

Falando na série como um todo, por mais que muitos fãs de Star Trek insistam em dizer que Discovery não é Star Trek, tenho para mim que, muito ao contrário, trata-se de uma série que é MUITO Star Trek e que, de quebra, consegue inovar e ousar, mesmo arriscando-se a atrair a ira de Trekkers ao introduzir tecnologia “fora de seu tempo”, como é o motor de esporos. Mas Star Trek é justamente isso, inovação, pensar fora da caixinha. E agarrar-se de maneira absoluta a coisas como cronologia minuciosa e outras é simplesmente querer mais do mesmo. Afinal, a reação a Discovery foi curiosamente bem parecida à reação que uma minoria vocal teve quando A Nova Geração foi lançada. A única real diferença é que não havia redes sociais para reações instantâneas. Mas a inovação mais interessante da série não tem relação alguma com tecnologia e sim com o fato de que a protagonista não é uma capitão de início. Muito ao contrário, ela é uma Primeira Oficial – ainda por cima meia-irmã de ninguém menos do que Spock, para Trekker arrancar todos os fios de cabelo da cabeça – que se amotina e é aprisionada pela Frota Estelar, fazendo com que Discovery seja, então, sua jornada em direção à redenção. Nunca houve uma abordagem desse tipo na franquia e essa novidade é muito bem-vinda.

E, nesse processo, a série conseguiu reintroduzir o Capitão Christopher Pike, agora vivido por Anson Mount, ter seu status quo completamente alterado quando a nave e toda a tripulação é arremessada mil anos no futuro sem perspectiva de retorno e, em essência, tudo precisa recomeçar. Outro movimento ousado da produção que, com isso, ganhou liberdade para basicamente fazer o que quiser sem reclamações de puristas, mesmo que, no final das contas, esse pulo no tempo não tenha sido aproveitado da maneira como poderia ter sido.

Para todos os efeitos, Star Trek: Discovery é uma série que desafiou e se desafiou e substancialmente manteve um bom nível de qualidade ao longo de todas as suas cinco temporadas, com diversos problemas aqui e ali, mas sem alcançar nem o fundo do poço, nem a absoluta excelência, mas certamente ficando nas prateleiras de cima desse fascinante universo. Michael Burnham e companhia farão falta, mas tenho certeza de que ela e alguns outros voltarão para a ponte da Discovery em algum ponto no futuro.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Mas, antes do ranking, que se encontra mais abaixo, preparamos um ranking das temporadas (cliquem na temporada para acessar nosso material todo sobre ela). Qual foi o melhor episódio e a melhor temporada? Mandem suas listas e comentários!

Ranking das Temporadas

5º Lugar 4ª Temporada

Breve comentário: Não é a pior temporada, mas sim a menos boa. Tem diferença!

4º Lugar

5ª Temporada

Breves comentários: Tinha tudo para errar feio, mas acabou dando a volta por cima, entregando um final de série digníssimo.

3º Lugar 3ª Temporada

Breve comentário: Os problemas de se inserir backdoor pilots na base da marretada.

2º Lugar 2ª Temporada

Breve comentário: As vantagens de se inserir backdoor pilots fluidos e a coragem para basicamente alterar completamente o status quo da série.

1º Lugar 1ª Temporada

Breve comentário: Uma temporada que realmente vai aonde nenhuma série da franquia jamais foi, por mais polêmica que possa ser essa afirmação.

Ranking da 5ª Temporada

10º Lugar:
Mirrors

5X05

Os flashbacks usados de maneira a quebrar completamente a fluidez da ação – esse é o primeiro sinal de a coisa não será tão boa – que nos levam ao passado da dupla e que revelam que L’ak é um nobre bonzinho do Império Breen que, por fugir dessa vida, tem sua cabeça posta à prêmio, são tão burocráticos e cansados que o efeito, pelo menos em mim, foi o contrário do almejado pelo roteiro de Johanna Lee e Carlos Cisco. Tudo o que eu gostava nos dois simplesmente desapareceu. Pode parecer incongruente reclamar de sequências feitas para trazer contexto e complexidade a personagens, mas a questão é que, mais uma vez, chegamos ao ponto em que a vilania é relativizada, com os bandidos virando heróis (ou pelo menos anti-heróis), fazendo-os então perder sua força, sua relevância para a narrativa. Não que pistas disso já não tivessem sido trazidas na temporada, pois temos o fato de os dois serem apaixonados e a conexão de Moll com Book ou com o mentor de Book, para ser mais exato, mas algo um pouco mais interessante poderia ser costurado. Não sei. Algo na linha de Bonnie e Clyde, por exemplo.

9º Lugar:
Whistlespeak

5X06

Mas isso não quer dizer que não seja divertido, vejam bem. O mero conceito de se jogar a proverbial chave inglesa na engrenagem da crença religiosa é fascinante, assim como é fascinante estudar como uma civilização dita primitiva reagiria ao que essencialmente é um avanço tecnológico de séculos em segundos. Só esses elementos já fazem de Whistlespeak um episódio que vale ser conferido e apreciado, ainda que fique um inevitável gosto amargo de que esses assuntos precisavam vir acompanhados de uma narrativa mais sólida, mais complexa do que o que foi feito aqui e não jogados na história como se tivessem relevância reduzida no contexto geral. Fica a esperança de que a violação da diretriz, aqui, não será apenas esquecida ou arquivada como algo justificável em razão do bem maior que é a localização da tecnologia dos Progenitores.

8º Lugar:
Under the Twin Moons

5X02

Sou o primeiro a gostar de discussões e piadinhas entre dois personagens em meio à pancadaria pura e perigo real e imediato – a franquia Indiana Jones, que citei na crítica anterior pela óbvia conexão com a premissa da temporada, faz isso muito bem -, mas os diálogos escritos por Alan McElroy falharam em criar verossimilhança, em estabelecer uma conexão real entre Michael e Saru, mais parecendo uma sucessão infinita de frases de efeitos e momentos feitos para milimetricamente verbalizar aquilo que já ficou claro visualmente. Não ajuda em nada que a aventura na floresta, com direito a deduções impossíveis em poucos minutos – como destruir os drones, como desfazer a destruição dos versos por Moll e L’ak e, claro, como descobrir um quinto verso ainda mais secreto – é banal até não poder mais, como se todo aquele frenesi quase epiléptico de Red Directive tivesse sugado todo o orçamento desse começo. Mesmo que as bizarras estátuas que abrem os olhos tenham sido sem dúvida interessantes, o diferencial parou por aí mesmo.

7º Lugar:
Erigah

5X07

Em resumo, temos uma “revelação” dos verdadeiros vilões que não parece nem um pouco algo tirado da cartola dos criadores da série e que tem um encaixe orgânico perfeito em relação a tudo o que foi mostrado na temporada até o momento, seja a relação de amor entre Moll e L’ak, seja a conexão de L’ak com os Breen e até mesmo o uso de T’Rina e Rayner em contextos pensados para eles. Claro que tem as bobagens normais, como a já citada conveniência do uso do poder de Book e outras como a facilidade com que Moll escapa da enfermaria e a rapidez com que ela é convencida a voltar, mas esses aspectos negativos não são o foco de minha conclusão final sobre o episódio. Ficou mesmo aquela sensação difusa e de de difícil identificação de que o episódio talvez pudesse ter trabalhado o quase completamente ótimo roteiro sem transformar seu andamento em eternas conversas para lá e para cá, algo que até pode ser um traço clássico de Star Trek, mas que eu, pessoalmente, quase sempre acho cansativo e fruto muito mais de orçamentos apertados do que da efetiva vontade da produção. Portanto, sim, a execução acabou sendo burocrática e Erigah ficou longe de criar momentos excitantes quando era claro que o roteiro clamava por isso…

6º Lugar:
Lagrange Point

5X09

Seja como for, voltemos à vaca fria e falemos da suspensão da descrença em nível 11 que o roteiro exige do espectador. Falo especificamente do plano completamente exagerado, que chega às raias do absurdo que Michael Burnham cozinha ali, em segundos, para invadir a nave Breen e roubar o MacGuffin na cara dos encapacetados. São tantas variáveis e peças móveis no que ela explica com direito a flashforwards à la Onze Homens e um Segredo que eu cheguei a ter esperanças de que nada daquilo realmente aconteceria. Mas aconteceu. E aconteceu com direito a encontros dos quatro da Discovery disfarçados de Breen esbarrando em outros Breen do nada em corredores do Dreadnought, resultando em diálogos constrangedores, além de toda a aproximação do transporte sem que houvesse qualquer detecção, em um daqueles vários momentos da franquia Star Trek em que toda a tecnologia avançada não serve para coisa alguma (como são os escudos de força das naves da Federação, por exemplo).

5º Lugar:
Labyrinths

5X08

E o melhor foi notar o cuidado da produção com cada detalhe visual da experiência, seja a bibliotecária efrosiana Hy’rell (Elena Juatco) com seu penteado e traje exóticos, quase cerimoniais, a forma como ela recebe a Discovery e leva Michael e Book às salas de leitura e, claro, a direção de arte da biblioteca em si, misturando o anacronismo de livros físicos e, claro, infinitas prateleiras para guardá-los, com alta tecnologia. Eu poderia muito facilmente, como faço na vida real com todas as bibliotecas e livrarias por que passo, ficar horas só explorando o literal labirinto formado pelas estantes e corredores, a ponto de ficar incomodado toda a vez que a ação era transportada para a nave Breen que, em determinada altura, chega por ali para estragar prazer.

4º Lugar:
Jinaal

5X03

Felizmente, Jinaal retorna à qualidade original ao encontrar um ótimo equilíbrio entre ação e introspecção, entre o estilo Indiana Jones que a temporada assumiu e a forma como seus personagens são desenvolvidos nas mais diferentes linhas narrativas. Se a missão principal, que envolve conversar com Jinaal, cientista e hospedeiro original de um Trill que morrera há centenas de anos e que abre espaço para Wilson Cruz transformar completamente seu Hugh Culber em uma expedição pelo que parece ser uma pedreira repleta de bicharocos invisíveis com design muito bacana e CGI de qualidade, há espaço de sobra para a reunião esperada e separação amigável de Adira e Gray na superfície do planeta, para o novo Número 1 da Discovery, o Comandante Rayner, embarcar em sua versão muito peculiar de entrevistas com a tripulação, para desespero de Tilly, e, finalmente, para o anúncio do casamento de T’Rina com Saru ser alvo do primeiro desentendimento do casal, cortesia do seita radical de vulcanos que provavelmente reagirá mal às bodas interespécies.

3º Lugar:
Red Directive

5X01

Os 15 primeiros minutos de Red Directive são completamente insanos, o que é ao mesmo tempo uma qualidade e uma desvantagem, com o roteiro da co-showrunner Michelle Paradise iniciando-se no meio da ação, com a Comandante Michael Burnham em cima de uma nave em plena velocidade de dobra, tentando invadi-la, para que, então, tudo retorne para quatro horas antes em que a vemos em uma festa, juntamente com seus tripulantes, que serve de mecanismo de ativação das memórias dos espectadores sobre o status quo de cada personagem. Mas a direção de Olatunde Osunsanmi não perde tempo com essas amenidades e logo mergulha no que parece ser o caso da temporada, a recuperação de um misterioso objeto que estaria no interior de uma nave romulana que desaparecera há 800 anos, com direito à diretriz do título sendo invocada e ao uso do Dr. Kovich de David Cronenberg de maneira proeminente de forma a criar toda a gravidade necessária para comprarmos imediatamente o MacGuffin que dá partida ao que é basicamente uma caça ao tesouro.

2º Lugar:
Face the Strange

5X04

Em outras palavras, o Rayner de Callum é um personagem irresistível, a fusão perfeita entre o veterano de nariz em pé, arraigado a seu jeito de ser, e o homem que tenta de coração mudar e se adaptar. Não é uma tarefa fácil na vida real, posso afirmar de cadeira, e, em um ambiente de vida ou morte como no episódio, a tendência é tudo ser mais acelerado, com naturais saídas convenientes que, porém, a direção de Lee Rose manipula da melhor maneira possível, usando muito bem o ator e suas interações com Sonequa Martin-Green, que já viveu Michael como ele vive Rayner, e Anthony Rapp, que faz seu Stamets sempre doce e facilmente atingido por palavras ásperas. E isso é essencial em um bottle episode como esse, em que pouquíssimos personagens são usados em um ambiente único ou, no caso específico, um ambiente único em momentos temporais diferentes. Se essa interação não funcionasse para além do artifício do loop temporal, tudo desmoronaria com rapidez.

1º Lugar:
Life, Itself

5X10

Por isso é que, no frigir dos ovos, o final de Star Trek: Discovery pode até parecer O FINAL da série, mas ele é, apenas, lá no fundo, UM FINAL, pois ele mais abre portas do que fecha e isso depois de encerrar bem a história principal, de celebrar o adágio da união faz a força em um momento importante em todos os sentidos práticos e narrativos e por conseguir até mesmo, ainda que por breves segundos, reunir todo o elenco principal da série mais uma vez para uma celebração final. Considerando que a temporada vinha apontando para um encerramento potencialmente desastroso, não tenho como esconder minha felicidade em concluir que, ao contrário, Kurtzman e Paradise entregaram uma bela improbabilidade audiovisual. Fica a torcida para que, depois de toda essa jornada, Discovery retorne um dia!

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