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Lista | Star Trek: Discovery – 4ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Indo além da Barreira Galáctica.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • spoilers.

Em seu segundo ano que se passa no futuro distante da própria franquia, Star Trek: Discovery se propõe a desenvolver Michael como capitão, colocando-a diante de dois grandes desafios, um deles macro, lidando com uma ameaça gigantesca ao universo conhecido que vem de além da Barreira Galáctica, conceito um tanto quanto duvidoso da Série Original que é revivido aqui, ao mesmo tempo que tendo que enfrentar a traição de seu amado Book, que se alia ao cientista Ruon Tarka na missão de destruir o mecanismo que vem criando anomalias destrutivas. A ideia é abordar os limites do que é ser o líder de uma nave do porte da Discovery.

E essa tarefa a temporada cumpre muito bem. Michael mostra-se perfeitamente capaz de lidar com tudo que jogam no colo dela, mas – e isso é o melhor – sem jamais abrir mão de sua tripulação, ou seja, sem jamais deixar de abrir espaço para os demais personagens que povoam sua ponte. Esse é um dos trunfos da série, aliás, algo que ainda não foi desenvolvido de maneira completa, mas que vem caminhando progressivamente para frente. Muitos personagens podem até desaparecer quase que por completo, como Sylvia Tilly, ou só aparecer quando estritamente necessários, como Adira Tal e Jett Reno, mas outros coadjuvantes ganham destaque, como Keyla Detmer, Joann Owosekun e R.A. Bryce, algo raro de se ver até mesmo em séries da própria franquia. E tudo isso sem contar com o cuidado que os roteiros tiveram ao lidar com a dor de Book pela gigantesca perda que sofre.

No entanto, mesmo com esse destaque à tripulação, com uma história trágica servindo de pano de fundo – a obliteração do planeta-natal de Book – e mesmo com os inegavelmente simpáticos momentos de amor interespécies entre Saru e T’Rina quase que como agindo como adolescentes envergonhados, é inafastável concluir que a quarta temporada da série sofreu para preencher adequadamente seus 13 episódios. Na temporada anterior, tivemos o sério problema do que basicamente podemos considerar como backdoor pilots para a semi-anunciada série spin-off sobre a Seção 31 estrelada pela versão espelho de Philippa Georgiou e, agora, percebemos o ano sendo artificialmente esticado com a trinca de episódios que marcou o retorno do hiato, isso sem contar com alguns outros que ficaram abaixo do esperado em qualidade.

Ainda foi uma história sólida e surpreendentemente autocontida – o final da temporada poderia muito facilmente ter sido o final da série toda -, mas talvez muito dependente da revelação primeiro sobre os detalhes da assustadora anomalia e, depois, da espécie extragaláctica responsável por ela, mas os showrunners souberam lidar bem com o equilíbrio entre pura ação e puros e valiosos momentos nerds como a decifração da língua baseada em luzes e feromônios dos gigantescos alienígenas e isso tudo considerando que a produção obviamente sofreu com a pandemia, tendo que se adaptar aos novos tempos. A boa notícia é que a renovação para a quinta temporada veio, com uma encomenda de 10 episódios apenas, o que poderia ser uma má notícia em circunstâncias normais, mas que, a julgar pelos problemas causados pelo excesso de tempo disponível nesta e na temporada anterior, parece-me algo que tende a ser positivo, se bem aproveitado. Agora é aguardar para descobrir.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

13º Lugar:
Rubicon

4X09

E, com isso, já telegrafando o acontecimento cataclísmico de seu final a partir de seu título, Rubicon mostra a Federação de Planetas, mesmo tentando evitar a detonação a todo custo, atravessando o rio histórico e colocando-se em uma posição sem volta. A boa notícia é que esse “ponto sem retorno” aconteceu com quatro episódios ainda pela frente, o que em tese dá tempo para introduzir finalmente a espécie misteriosa extragaláctica e estabelecer o conflito, mesmo que, no final, tudo realmente se resolva em um grande acordo pela paz universal (espero que não seja isso, porém, e essa espécie, ao contrário, seja caracterizada como uma nova grande ameaça perene desse futuro da franquia). A má notícia é que o episódio em si é tão cheio de artifícios para construir e desconstruir momentos de tensão como Penélope esperando Ulisses que ele cansa demais.

12º Lugar:
All In

4X08

Talvez tenha sido a altíssima qualidade de …But To Connect que tenha afetado meu julgamento, mas não sei. O roteiro de Sean Cochran, que basicamente faz com que o destino da humanidade (ou coisa assim) seja decidido em um jogo de cassino, com direito a diálogos que usam o linguajar de jogos de azar para trabalhar um duplo sentido bobão e óbvio não me pareceu algo digno do retorno da temporada para sua segunda metade e sim, somente, um filler pouco interessante, em espaço confinado, que lida com a caçada de Michael, ao lado de Joann Owosekun, a Book e Tarka que precisam comprar uma substância aleatória qualquer para fazer a tal arma que ele prometera para destruir a anomalia.

11º Lugar:
The Galactic Barrier

4X10

Por outro lado, a ação da Discovery finalmente indo aonde ninguém realmente jamais foi me pareceu cansada e não mais do que burocrática. Sim, a conexão de Michael com a Presidente Rillak foi um bom momento e o “namoro” entre Saru e a Presidente T’Rina continua sendo o ponto alto da temporada toda, mas… caramba… um momento tão importante quanto a “quebra” da tal Barreira Galáctica ser resumido a voar de “bolha tirada da cartola” a “bolha tirada da cartola” foi bobo… Sim, bobo. Zero de tensão e zero de credibilidade, mesmo considerando que as apostas sobre o que era a barreira simplesmente apontassem para qualquer coisa. O que eu quero dizer é que, considerando que essa fronteira espacial podia ser absolutamente qualquer coisa, o que ela acabou sendo foi tão pedestre, mas tão pedestre que deu sono. Fico com muito receio se isso for alguma indicação do que será a misteriosa Espécie Desconhecida 10-C, que, aliás, estão enrolando demais para mostrar, não é mesmo?

10º Lugar:
All Is Possible

4X04

All Is Possible é um daqueles episódios que ou vai agradar ou desagradar completamente, creio, pois não só ele é basicamente um filler dividido em três linhas narrativas diferentes e que não tangenciam, como, no final das contas, parece muito arrumadinho demais, com finais felizes em todas as frentes, o que não é ruim em si, mas que depende de uma boa dose de conveniências narrativas para realmente funcionar. Claro que ainda falta muito para acabar a temporada, mas escantear a anomalia dessa forma me passa a mensagem que não há história suficiente para preencher o quarto ano da série sem desvios como este aqui e que, de certa maneira, é a continuidade do distanciamento da história principal iniciado em Choose to Live.

9º Lugar:
Choose to Live

4X03

Ou seja, toda a urgência e todas as mortes que ocorreram para contar essa história foram esvaziadas por saídas fáceis e convenientes que transformam toda essa linha narrativa em um filler fraco que estaria talvez mais bem situado em algumas das séries mais antigas de Star Trek como mais um “caso da semana”. Pelo menos lá o foco teria sido provavelmente exclusivo e as saídas fáceis fariam parte da própria estrutura narrativa padrão. E não ajuda muito que a crise existencial de Tilly – que parece ter vindo do nada na temporada e não parece estar indo a lugar algum também – tenha sido costurada dentro da história, com o paralelismo das ações que vemos servirem de também convenientes comentários sobre o que ela quer da vida.

8º Lugar:
The Examples

4X05

Como disse, The Examples daria um potencialmente excelente episódio duplo que expandisse o tempo dedicado a cada uma das histórias de cunho consideravelmente intimista que ele conta. A pressa tirou muito de seu peso, mas é inegável que o drama dos prisioneiros na colônia é um dos “fragmentos” narrativos mais interessantes já abordados em Discovery nesta temporada.

7º Lugar:
Anomaly

4X02

E o mesmo vale para a interação de Book com Stamets – ou com o holograma de Stamets – em que os dois “lavam a roupa suja” e aliviam a tensão que existia entre eles, ao mesmo tempo em que Book lida com seu trauma recente em um processo que vai desde a insistência em ele mesmo sair na missão até Michael fazendo-o retornar à realidade quando ele está pronto a se entregar ao inevitável. O roteiro lida com a dor de Book de maneira funcional e não apenas contemplativa, usando-a como gatilho narrativo para a própria missão do episódio, que é recolher dados da anomalia dentro da própria anomalia em mais uma sessão de sacolejos espaciais, só que em menor escala.

6º Lugar:
Rosetta

4X11

Mas a grande verdade é que essa missão, muito diferente de constituir apenas mais um “intervalo” para a revelação, era essencial para que ela não fosse simplesmente banalizada, como acontece na maioria das vezes na franquia quando uma nova espécie é introduzida. Afinal, quantas vezes já vimos um representante de uma nova espécie aparecer na tela da ponte para “bater um papo” ou os mais diversos capitães e seus subordinados basicamente tropearem neles em planetas tanto amigável quanto hostis? Portanto, assim como Michael procurava contexto cultural para a espécie misteriosa, a série também precisava nos oferecer algo mais do que o “toma aqui os fulanos”.

5º Lugar:
Coming Home

4X13

No entanto, mesmo com seus problemas, Coming Home foi um ótimo final para a temporada, além de ter sido curiosamente tão fechado em si mesmo que ele poderia muito bem ser o final da série como um todo. Se não estou enganado, a única coisa que permaneceu misteriosa foi o desaparecimento de David Cronenberg alguns episódios atrás para alguma missão que parecia que teria relação com este final, mas acabou não tendo. Seja como for, com Michael e a Discovery agora tendo reestabelecido de vez a Federação 930 anos no futuro, há uma completa tábula rasa para os showrunners trabalharem qualquer tipo de história que imaginarem na próxima temporada. O que será que vem por aí depois que os tripulantes da nave voltarem de suas merecidas férias?

4º Lugar:
Stormy Weather

4X06

Se os episódios imediatamente anteriores da série trabalharam na estrutura de núcleos consideravelmente separados, Stormy Weather concentra todos os assuntos e todos os personagens em uma narrativa coesa com o objetivo macro de lidar com o estranho “não-lugar” onde estão, sem perder de vista o desenvolvimento narrativo da temporada como um todo. A participação de todos ali na ponte na forma de comitê, com ideias sendo jogadas ao ar, discutidas, algumas rejeitadas e outras aceitas é uma dinâmica excelente para dar relevância a todos os “coadjuvantes apertadores de botões”, algo que este quarto ano da série vem conseguindo fazer de forma muito relevante.

3º Lugar:
Species Ten-C

4X12

Como sempre acontece em Star Trek e em outras séries de ficção científica, essa abordagem científica depende muito de diálogos rápidos repletos de “tecno-baboseiras” e deduções instantâneas sobre questões complexas que são postas perante o grupo. Sempre fez parte do jogo e continuará fazendo parte do jogo. O que o episódio traz de realmente relevante para algo tão manjado assim é o cuidado que o roteiro de Kyle Jarrow teve em criar algo que, mesmo que o espectador não compreenda em detalhes (eu sei que eu não compreendi), revela grande cuidado em fazer as conexões necessárias. Os feromônios descobertos no episódio anterior ganham destaque, juntamente com a chave de luz para decifrar o código que leva o grupo a equações matemáticas (a linguagem universal) simples como forma de comunicação e, melhor ainda, como a maneira que a espécie encontrou para ensinar sua língua a seres tão “inferiores” assim.

2º Lugar:
…But To Connect

4X07

Em seu episódio de metade de temporada, Alex Kurtzman e Michelle Paradise mostram que sabem muito bem o que estão fazendo e como conduzir este ainda misterioso ano da série. Eles ainda têm um desafio grande pela frente, já que o jogo de sombras que eles vêm fazendo sobre a anomalia pode ser um daqueles tiros que sai pela culatra. No entanto, seja como for, …But to Connect conversa profundamente com o espírito da franquia sem deixar por um momento sequer de construir em cima do que foi estabelecido na temporada. Se o que vem pela frente estará à altura do que vimos aqui, começaremos a descobrir em seis semanas…

1º Lugar:
Kobayashi Maru

4X01

Kobayashi Maru é, provavelmente, o melhor começo de temporada de Discovery até agora, por saber combinar ação com uma discussão central sobre Michael que pode dar muitos frutos se ela não for esquecida, além de saber estabelecer uma ameaça aparentemente principal de peso e que mostra a que veio sem perder tempo. Só mesmo a história de Saru é que pareceu fora de esquadro, pelo que eu espero que ele seja logo reintegrado à Frota para que esses desvios sejam evitados, além de eu torcer para que o mistério sobre o que causou a destruição da estação espacial e de Kwejian não seja mantido assim tão misterioso por muito tempo.

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