Esta lista NÃO é apenas de leituras de obras lançadas em 2023, seja no Brasil, seja no exterior. Claro que podem aparecer obras lançadas neste ano, mas a proposta é apenas ranquear as melhores leituras ou releituras de janeiro a dezembro, independente de quando o volume em questão chegou ao mercado. Clique nos links dos títulos para ler as críticas! Já deixo também o convite para vocês compartilharem nos comentários as suas listinhas de 10 melhores leituras de livros em 2023! E caso queiram ver as nossas outras listas sobre o tema, clique aqui!
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Assim como aconteceu em 2022, 2023 foi um ano intenso de leituras para mim, que acabou solidificando meu projeto de me livrar de meu preconceito com biografias e autobiografias (bati meu recorde de número de livros também, chegando a 66 contra os 65 do ano anterior!). Entre as reminiscências de Patrick Stewart, Werner Herzog e Barbra Streisand, além da biografia de Robert J. Oppenheimer, definitivamente notei que essa é uma fonte de leitura que pode gerar belas surpresas.
Tentei também continuar minha leitura da bibliografia de George Orwell e de Patricia Highsmith, com mais sucesso com o primeiro (cinco livros) do que com a segunda (apenas dois), além de ter finalmente me dedicado a reler A Morte de Arthur, clássico medieval e a ler obras que há muito estavam na minha lista, como são os casos de A Sangue Frio, O Museu da Inocência, O Sol Também se Levanta, Os Vestígios do Dia, Rastros de Ódio e a Trilogia Thrawn. Claro que não podia deixar de ler livros sobre filmes e televisão e consegui ler seis nessa categoria, inclusive um lançamento sobre o Universo Cinematográfico Marvel e o clássico Jaws Log (ou, em minha tradução, Tubarão: Diário de Bordo).
Além disso, organizei-me de maneira a intensificar a leitura de lançamentos literários de 2023 das mais diversas naturezas, conseguindo ler 10 livros. E, finalmente, fiz esforço para guiar-me pelos lançamentos audiovisuais do ano, lendo alguns livros que deram base a obras como Silo, Assassinos da Lua das Flores, A Morte de Ivan Ilich, Duelo Final e a já citada biografia de Oppenheimer. Para 2024, pretendo seguir essa linha geral, começando por Xógum e Mestres do Ar, em razão dos lançamentos das respectivas séries do Hulu (aqui Star+) e do Apple TV+. .
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10º – Meu Nome é Barbra
Barbra Streisand | Estados Unidos | 2023
Meu Nome é Barbra é, portanto, uma narrativa tecnicamente falha, mas cujos problemas são compensados pela dedicação de Streisand à sua história. Nada fica de fora, nada é explicado “mais ou menos” e nada é realmente irrelevante, inclusive sua constante explicação dos vestidos que mandava e ainda manda fazer para as mais diversas ocasiões, ou seu hobby de designer de interiores em em sua mansão em Malibu.
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9º – Uma Noite Fatídica
Walter Lord | Estados Unidos | 1955
Talvez o mais impressionante e melhor relato sobre o naufrágio do Titanic, uma das mais famosas tragédias do século XX.
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8º – Cada Um Por Si e Deus contra Todos
Werner Herzog | Alemanha | 2023
Cada Um por Si e Deus contra Todos é um tesouro autobiográfico de um dos mais interessantes – e melhores – cineastas independentes vivos que é capaz de abordar uma pluralidade quase sem precedentes de assuntos com suas obras. Não é algo que cinéfilos devam ler em razão de suas obras, mas sim pelo homem por trás delas. E olha, a leitura vale cada palavra, cada frase, cada parágrafo e cada página.
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7º – O Museu da Inocência
Orhan Pamuk | Turquia | 2008
Um retrato do nascimento da Turquia moderna pelos olhos de um homem maduro e prestes a se casar que se apaixona perdida e obsessivamente por uma prima distante muito mais nova.
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6º – A Morte de Ivan Ilitch
Lev Tolstói | Rússia | 1886
A Morte de Ivan Ilitch é um misto de lembrete irônico para aquilo que todos nós sabemos (que vamos morrer), a reafirmação de uma crítica que a maioria de nós fazemos (que não vivemos a nossa vida da maneira mais perfeita possível) e a exposição de algumas possibilidades que podem trazer o mínimo de conforto e esperança. A linha que separa o sofrimento do personagem, do nosso real sofrimento, desaparece, transformando a morte de Ivan Ilitch em um alerta que não poupa ninguém, deixando os leitores num misto de neurose, preocupação, votos de uma vida melhor e um novo olhar para o mundo. A nossa tarefa, ao fim da leitura, é juntar as peças espalhadas da nossa alma, ressuscitar, e seguir vivendo, mesmo destruídos por esse rolo compressor existencial.
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5º – Tubarão: Diário de Bordo (The Jaws Log)
Carl Gottlieb | Estados Unidos | 1975 – 2005
Tubarão: Diário de Bordo é, sem sombra de dúvidas, um rico retrato de um dos filmes americanos modernos mais importantes para a indústria cinematográfica, algo que é ainda mais impressionante quando notamos a maestria de Gottlieb em trazer tanta informação em um número relativamente pequeno de páginas. É até mesmo possível dizer que, se o romance de Benchley foi um marco da literatura envolvendo animais monstruosos e o filme de Spielberg foi um marco para a produção cinematográfica em si, o pequeno livro de Gottlieb é um marco raro – talvez único – de um gênero literário/jornalístico que ajudou a criar ou, no mínimo, sedimentar esse próprio gênero.
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4º – A Morte de Arthur
Thomas Malory | Reino Unido | 1485
O livro que reuniu e organizou as Lendas Arturianas e as levou aos tempos modernos.
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3º – A Sangue Frio
Truman Capote | Estados Unidos | 1966
O livro sobre true crime que inaugurou todo um gênero, mas que nunca foi ultrapassado e dificilmente será. Truman Capote lida com um crime brutal ao mesmo tempo em que desvela o fim da inocência dos EUA.
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2º – Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano
Kai Bird e Martin J. Sherwin | Estados Unidos | 2005
Mal comparando, Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano é como se fosse o J’Accuse! de Émile Zola aplicado a uma circunstância em que o acusado é uma figura de tamanha complexidade que não é fácil se conectar com ela. Afinal, mesmo com todos os atenuantes ao seu redor – por vezes esvaziados por agravantes, reconheço – Oppenheimer é, em última análise, responsável pela criação da grande arma de destruição em massa que mudou e continua mudando a geopolítica mundial, pelo que usar a palavra “herói” para classificá-lo não é fácil, algo que, aliás, Bird e Sherwin não empregam em momento algum, ainda que obviamente olhem para o Pai da Bomba Atômica como uma vítima de um sistema inacreditavelmente perverso e kafkiano.
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1º – Os Vestígios do Dia
Kazuo Ishiguro | Reino Unido | 1989
Ishiguro mostra absoluto controle sobre as palavras em uma obra concisa que, impressionantemente, aborda uma infinidade de assuntos relevantes, do pessoal ao macropolítico.