Nota da Temporada
Nota da Série Completa
Depois de quatro temporadas — e de um ano final que poderia ser excelente, mas se manteve timidamente acima da linha do aceitável — Preacher chegou ao fim. Como era de se esperar, a temática deste último ano foi centrada na ideia de “fim do mundo“, colocando a busca de Jesse por Deus em xeque, revalidando uma porção de obstáculos para que isso acontecesse, como a própria vontade divina, o Santo dos Assassinos e o Graal; e criando-se um espetáculo divino cheio de símbolos loucos, tudo parte do plano do Criador, que na ânsia de ser amado e não ter mais preocupação com suas criaturas, esperava acabar com a humanidade e repovoar a Terra com os bichinhos nunca mostrados que inventava em sua casa sobre rodas.
E agora, a classificação. Não deixe de comentar com a sua lista também!
Ranking das Temporadas |
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4º Lugar | 4ª Temporada | 2019 |
3º Lugar | 2ª Temporada | 2017 |
2º Lugar | 1ª Temporada | 2016 |
1º Lugar | 3ª Temporada | 2018 |
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10º Lugar: Overture
Claro que é possível rir aqui pelo fato de Herr Starr ter aproveitado o Mr. Fisty na versão cintaralho, ou pela violência de algumas cenas, ou pelo fantástico plano-sequência que temos logo no início do episódio, mas em compensação, temos o efeito preguiçoso de Deus usando sempre o mesmo poder (que coisa horrorosa! Era melhor ele não ter usado nada!) ou uma “introdução ao Apocalipse” que só enrola e que não consegue criar a impressão geral de fim de mundo, a expectativa para o fim de tudo. E isso ocorre justamente porque a preocupação do roteiro é inventar arcos e intrigas quando a última coisa de que precisamos é disso. Agora não tenho mais tanta segurança em relação ao final. Se a coisa for “zuar inconsequentemente” e não fazer valer tudo o que se construiu na série, o Finale irá pelo ralo. Eu torço imensamente para estar errado. Mas a minha fé não está para remover montanhas não. Que decepção…
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9º Lugar: Fear of the Lord
Eu preferiria que a temporada tivesse um episódio a menos a ter um filler como este. Algumas vezes os fillers são perdoados porque serem totalmente divertidos, mas este aqui compensa bem pouco a sua existência e a todo custo quer se disfarçar de necessário com aquela história atrasada sobre a beleza de Herr Starr no passado e a “origem” de seu sonho. Ou seja, tudo o que a gente definitivamente menos precisava nesta última temporada. Sigo agora cruzando os dedos agora para que os dois episódios restantes sejam inteiramente bem aproveitados e tenhamos pelo menos um ótimo encerramento. Fé em Deus.
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8º Lugar: End of the World
A busca por Deus foi um grande movimento em Preacher, assim como a promessa de fim do mundo. Juntos, esses dois objetivos deveriam trazer um final épico, mas o que tivemos foi só um final decente, algo pelo que não dá para agradecer, já que “resultado ok” é a obrigação dos produtores. A série que se marcou pelo humor ácido, pelas heresias muito bem formuladas e pela criatividade na hora de expor uma situação, mas encerra-se de forma burocrática, fazendo do encontro de Jesse com Deus uma das cenas mais chatas do show, assim como a “programação do Apocalipse“, outra grande promessa e que tem uma preparação infinitamente melhor que a conclusão. E assim nos despedimos. Apesar de tudo, foi uma boa jornada, e agora podemos falar sobre todo o processo, uma vez que chegamos ao fim. É isso. Adeus, Preacher!
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7º Lugar: Messiahs
Se tirarmos, porém, o núcleo de Jesse e Fiore (como estou feliz em ver Tom Brooke de volta!), pouca coisa realmente nos impressiona. O roteiro corre bastante na exposição do restante das histórias. Muitas cidades, muitos personagens e situações nos são mostradas, mas nenhuma consegue nos engajar tanto quando o núcleo de Jesse, inclusive na parte técnica. Pensando que faltam apenas três capítulos para o fim da temporada, imagino que a série irá progressivamente adentrar a uma jornada cada vez mais épica. Mal posso esperar pelo fim do mundo.
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6º Lugar: The Lost Apostle
Fiquei bem feliz que o núcleo de Tulip e Cass tenha se encontrado com Jesse & Cia. Quando não estão em situações extremas, os personagens tendem a um certo sentimentalismo que não me agrada, flertando com o melodrama. Se estivéssemos no começo da série, seria algo mais ou menos suportável, porque é possível entender isso como motivo de desenvolvimento dos indivíduos, certo? O sofrimento para a maturidade, uma escolha bem recorrente nos roteiros de séries. Mas estando na temporada final, penso que não há mais tempo para isso. Melhor mesmo é colocar os dois em ação e aí sim eles funcionam bem.
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5º Lugar: Masada
E aqui não quero dizer que as outras partes do capítulo são ruins. Não é isso. Mas é nelas que enfrentamos os já citados problemas de tom e de ritmo, fechando o ciclo dos pequenos problemas dessa estreia. Por outro lado, a direção de John Grillo esbanjou criatividade ao fazer tomadas dos mais diversos ângulos possíveis para as cenas em Masada e, para o restante, adotou uma linha mais distanciada, como se quisesse visualmente deixar aquelas linhas no plano de fundo. Todavia isso se torna um pouco difícil, já que a fotografia desse episódio é espetacular de ponta a ponta, chamando diretamente a nossa atenção; e novamente os figurinos são um show à parte, criando contrastes culturais e anacronismos que agradam os olhos, faz rir e dá o tom de múltiplas temporalidades fundidas num só Universo. Agora que tudo mais ou menos se reapresentou, parece que Deus desistiu de avisar para deixá-lo em paz. E então parte para o contra-ataque.
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4º Lugar: Deviant
E ainda como destaque, não posso deixar de falar da hilária cena de Herr Starr conversando com Hoover 2 (Aleks Mikic), da hilária e tensa sequência de Eugene com o Santo dos Assassinos (eu amo a incômoda dinâmica entre esses dois!) e da aparição maravilhosa de Hitler no final do episódio, com uma atuação brilhante de Noah Taylor, imprimindo toda uma nova postura ao seu posto de Líder do Inferno… Agora parece que o primeiro ciclo de eventos da temporada se ajusta com o “tempo presente” dos roteiros, com a queda do avião de Jesse. Provavelmente o cerne desta última temporada começará a ganhar corpo agora. Vem coisa aí.
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3º Lugar: Last Supper
Como aconteceu em Les Enfants du Sang, na 3ª Temporada, outro ícone da série em quadrinhos foi apresentado aqui apenas como uma sugestão inicial, dando um gostinho para desenvolvimento futuro do personagem: Jesus de Sade, que será interpretado pelo novato James Smithers, em seu primeiro papel importante nas telas. Eu mal posso esperar pela bizarrice da festa e pela ação de Jesse nessa casa. Já as cenas de ação no episódio ficaram a cargo de Cass e Tulip, em abordagens visualmente diferentes. O diretor John Grillo é muito bom em estabelecer padrões estéticos através de gêneros narrativos como ação, comédia e suspense (ele fez isso em Gonna Hurt também) o que torna tudo ainda muito divertido de se assistir, por mais absurdo que seja. Agora temos Deus em sua “oficina do destino” fazendo um plano de ataque. As coisas não vão ficar muito boas para Jesse não…
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2º Lugar: Search and Rescue
Aproveitando muito bem o que tem em mãos, o diretor Kevin Hooks integra a violência à construção de um plano divino que pouco a pouco começa a se fazer claro. Tudo, nesse aspecto, funciona aqui, e embora eu não tenha gostado das cenas com Hoover 2, nada foi capaz de tirar o nível de entretenimento proporcionado por este episódio. O castigo de Deus a Jesse e sua longa sequência com o piloto, para mim, foi excelente. Os dois juntos formaram uma ótima parceria cênica e mesmo que alguns possam ver esse bloco como filler, tudo ali acaba fazendo sentido se pensarmos na promessa de Deus em fazer Jesse sofrer e no gancho que este bloco dá para o andamento da temporada, com o Santo e Eugene chegando à Austrália da maneira mais… improvável possível, o Anjo voando com Cass para longe e Tulip se unindo a Jesus para sair de Masada.
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1º Lugar: Bleak City
4X05
Por um breve momento a gente acha que não haverá a virada de mesa por parte de Eugene diante de Jesse, mas essa virada vem e faz com que o arco de fuga do pastor “termine” com o mortal encontro dele com o Santo dos Assassinos, enquanto Tulip e Cass definitivamente partem em sua procura. A intensidade dos eventos (especialmente na luta entre o Arcanjo e a Demônia) e o estabelecimento da história central em um único episódio é algo a se aplaudir com gosto aqui, especialmente porque essa preparação não estica demasiadamente os arcos dos personagens e também não entrega demais, antes da hora. Um episódio memorável, não só desta última temporada, mas da série inteira.