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Lista | Pinguim – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

O Rei de Gotham.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Pinguim é uma das mais belas surpresas do ano. Um derivado do Batman (2022) que surgiu sem “ninguém ter pedido” e com muita dúvida em torno da necessidade de mais uma obra sobre um vilão de quadrinhos, que vêm sendo bem inconsistentes ao longo dos anos, a produção acabou sendo beneficiada pelas baixas expectativas do público. Inspirada em outras séries de máfia e de crime, em especial Família Soprano, a showrunner Lauren LeFranc desenvolveu uma sinistra e fantástica história de origem para um dos antagonistas mais icônicos do morcegão, se aproveitando da atmosfera e do tom do longa de Matt Reeves (que serve como produtor) para se aprofundar no submundo de Gotham com uma qualidade gigantesca em todos os departamentos de produção.

Muito se fala hoje do Coringa, mas é bom ver outro maluco que merece estar no Arkham ganhando os holofotes. Dito isso, eu sei que muitas pessoas vão chiar com a classificação acima “apenas” de ótimo, mas quem acompanhou minhas críticas sabem de onde vem minhas reclamações: uma certa conveniência e até preguiça com algumas soluções e saídas de roteiro envolvendo os conflitos e o jogo entre as diferentes gangues e alianças realizadas ao longo da temporada. A parte de crime em si da minissérie começa espetacularmente bem, totalmente divertida – até com um tom de humor perverso – e cheia de façanhas inteligentes, mas aos poucos esse lado narrativo vai ficando menos interessante, dando espaço para onde o seriado realmente brilha: o desenvolvimento dramático de seus personagens.

Vale ressaltar que essas críticas são detalhes que nem de longe afetam de maneira substancial o resultado final da minissérie, que acaba sendo um arco de ascensão absolutamente aterrador, cruel e hediondo para um dos melhores monstros que apareceram no audiovisual nos últimos anos. Nessa caminhada, conhecemos grandes coadjuvantes, com destaque para Sofia Falcone e sua transformação trágica em uma psicopata, mas é Oz que tem o palco inteiramente para si, especialmente nos episódios finais, onde vemos a construção extremamente bem escrita de um personagem complexo, intrigante e que personifica completamente o que é um vilão.

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

8º Lugar: Bliss

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Em Bliss, continuamos a conhecer um pouco mais do trio principal da minissérie, quais são seus traumas e interesses, com o diretor Craig Zobel fazendo um bom trabalho introspectivo e bem cadenciado entre muitas conversações e confrontos comoventes – ainda que com uma pontinha de falsidade em todos eles, principalmente do Oz. Para os mais agitados, talvez seja um episódio menos interessante, mas o ato final não deixa de nos entregar um ótimo gancho com a entrada de Nadia Maroni e a consequente escolha fatal de Victor, no que é possivelmente uma reviravolta do relacionamento que vimos aqui entre Sofia e Oz, considerando que, agora, as suspeitas da “Hangman” se confirmaram. Entre a participação da Tríade, o novo posicionamento dos Maroni e a dúvida sobre a próxima jogada de Johnny Viti, também temos outros elementos que podem deixar a narrativa ainda mais divertidamente caótica e perigosa. Quem diria que o Pinguim seria o primeiro a ter uma Dupla Dinâmica nesse novo universo do morcegão, ein?

 

7º Lugar: Boas-vindas

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A única razão para não dar uma nota maior para Boas-vindas é o fato de ser um episódio meio atrapalhado. A entrada do filho de Nadia e de Salvatore é meio ridícula e vem um pouco do nada, quase como uma desculpa narrativa, algo que acontece também de maneira súbita na tentativa de assassinato de Salvatore, que logo depois escapou, bem como na forma rápida que Sofia ascende ao poder. Imagino que, por se tratar de uma minissérie, os roteiristas priorizaram deixar a história estabelecida o mais rápido possível para o embate final entre Oz e Sofia, mas a custo de um certo atropelo narrativo. Ainda assim, penso que a recompensa é maior do que o lado negativo, nos entregando em Boas-vindas um episódio que não apenas é intenso e divertido, como também deixa sua audiência extremamente animada para o que vem a seguir.

 

6º Lugar: Cúpula de Ouro

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Fora do excelente trabalho dramático em Cúpula de Ouro, a história da saga de crime em si continua pecando um pouco em termos do jogo entre os lados da guerra pela cidade, mostrando menos de Gotham do que eu gostaria e resolvendo muita coisa fora de tela ou então com muita facilidade, mas ainda penso que esses pequenos atropelos são pormenores e consequências de uma narrativa comprimida. Até a criação do grupo que dá título ao episódio, que de cara parece ser uma resolução muito fácil e súbita, faz sentido dentro do que vem sendo estabelecido narrativamente e tematicamente na produção: uma nova dinâmica de poder em Gotham, com a ralé querendo assumir sua “posição de direito” – irônico como Oz e Sofia oferecem a mesma coisa, não?. Por fim, mesmo em um capítulo mais introspectivo e de preparação para a reta final da minissérie, as reviravoltas continuam muito boas e orgânicas, como o ataque da aliança Maroni-Gigante, a saída inteligente de Oz em criar demanda pela droga e a maneira que Sofia encontra Francis e Victor, no que é um gancho espetacular para o que nos espera no grande reencontro de Oz e Sofia, dessa vez com todas as cartas na mesa.

 

5º Lugar: Infiltrado

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No mais, Infiltrado é, sim, menos explosivo e menos marcante do que o episódio de estreia, até por conta da sua abordagem de “menos sobre o que está acontecendo agora do que sobre o que acontecerá a seguir”, mas não se enganem, isso aqui é uma boa narrativa, com boa construção de personagens, uma direção que mantém a intensidade da história e um estabelecimento do que deve ser o restante da temporada: uma dança manipulativa e maquiavélica entre uma serial killer e um vigarista. O fato de ambos esses monstros não serem apenas interessantes, mas também, até certo ponto, humanos, é um atestado da qualidade do roteiro. Se a criatividade do seriado até aqui é um indicativo, é fácil apostar que esse jogo vai ser muito divertido de assistir.

 

4º Lugar: Manda-chuva

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Já fazem alguns episódios que tenho criticado esse lado do crime da minissérie, que foi aos poucos soando menos inteligente do que o início da produção deu a entender e que é a única razão para eu continuar achando que a produção não chegou a um patamar maior. Ainda assim, a qualidade dramática e os ótimos arcos dos personagens continuam compensando qualquer problema narrativo, com destaque aqui não apenas para a fantástica viagem ao passado sombrio de Oz, como também para as diferentes cenas de Sofia, seja seu confronto fenomenal com Francis, sua crise de identidade com Rush e, especialmente, seu encontro com Gia, em que a personagem efetivamente percebe que passou de vítima para perpetradora, ressaltando o tema de histórias cíclicas que seguem esse submundo, algo pontuado algumas vezes no episódio, e fechando o excelente arco da antagonista para fazer frente com Oz. Em suma, Manda-chuva é mais um ótimo estudo de personagem, mantendo o tom perturbador do seriado e suas qualidades em termos de produção, direção e atuação, deixando tudo bem preparado para o confronto de dois monstros, um que parece ter nascido assim e a outra tendo se tornado assim. Vai ser interessante!

 

3º Lugar: Cent’anni

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Sequências como a do tratamento de choque, do primeiro assassinato de Sofia e da sua “despedida” de Rush – que inclusive eu não poderia estar mais errado quando pensei que seria um romance – estão entre os diversos momentos que vemos viradas de chave na personagem e como a equipe criativa se apropriou de um tom diferente para a história. É, de longe, o trabalho mais quadrinesco da obra até aqui, com uma reta final que parece ter saltado de um gibi ou de um cartoon do universo do Batman, com Sofia se tornando uma vilã caricata, excêntrica e cheia de maneirismos divertidos. Cristin Milioti se aproveita de cada holofote, fazendo uma interpretação cuidadosa em transitar da mais contida e empática Sofia até a completamente insana versão final que assistimos até sua entrada no quarto de Johnny Vitti, perpassando com qualidade o lado dramaticamente trágico do arco de sua personagem.

 

2º Lugar: Tempo Extra

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A escolha da música 9 to 5, da Dolly Parton, é apropriada para finalizar o episódio, porque acena para a jornada do Pinguim na mesma medida que adiciona um toque de humor muito bem vindo à produção, que em Tempo Extra faz uma ótima introdução para os conflitos e temas da série, dá continuidade para o que foi feito em Batman enquanto adiciona sua própria identidade e inicia uma expansão orgânica para esse universo do morcegão na DC. Vi muitas comparações à Família Soprano e à Boardwalk Empire, que acho exageradas, apesar de entender de onde vêm, passando pelo estilo da história, o fato de serem produções da HBO e agora até os problemas maternos de Oswald que se assemelham aos de Tony Soprano, mas se Pinguim vai alçar esse nível de excelência ou ser “mais uma” série do gênero, só o tempo dirá. Até agora, porém, a estreia é um indicativo muito positivo.

 

1º Lugar: Algo Grave ou Trivial

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O que se segue a partir disso com Oz finalmente no poder é absolutamente brutal. Como pontuei no início da crítica, por mais perverso que o personagem tenha sido ao longo da minissérie, faltava aquele momento icônico e sem volta para Oz, algo que é representado com a morte de Vic. Essa cena é nojenta, asquerosa, hedionda e completamente sensacional para não deixar qualquer dúvida de que o protagonista é algo além de um monstro, concluindo um dos melhores e mais surpreendentes arcos de um vilão dos últimos anos. O melhor de tudo é que essa tragédia é anunciada e orgânica, era algo esperado e ainda assim foi impactante, pelo momento que aconteceu, pelo que foi dito e pelo vínculo que foi criado entre os dois. O fato de que Oz ainda deixa sua mãe viva em um estado vegetativo (algo que ela implorou para ele não deixar) e coloca Eve naquele papel deturpado são os requintes de crueldade de um antagonista inesquecível. O Rei de Gotham chegou e o Batman que se prepare.

 

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