Já tentou imaginar o mundo sem música? Que tragédia para a alma isto não seria, não é mesmo? Nós aqui do Plano Crítico, seguindo a publicação das LISTAS DE FAVORITOS, resolvemos esquematizar desta vez os nossos álbuns favoritos. A proposta segue exatamente a mesma da lista anterior: os escolhidos são FAVORITOS e não necessariamente MELHORES (perceba a diferença, por favor!).
NOTA: Esta é uma versão 2.0 da lista. A primeira publicação aconteceu em 2015, com uma estrutura completamente diferente (para começar, era um TOP 5 e não TOP 10) e com muita gente diferente na equipe. Hoje, cinco anos depois, trago a versão atualizada e acrescida de novos comentários e indicações! Vocês também vão notar que fiz uma marcação na seção de comentários, separando visualmente as participações feitas pré e pós a publicação desta segunda versão.
Não se esqueçam de comentar abaixo e deixar também a sua lista de 10! Divirtam-se!
RITTER FAN
Além de ser um ancião para os padrões tanto dos redatores quanto do público do Plano Crítico, sou uma criatura (ou vítima, sei lá) do hábito e, quando gosto de algo, agarro com unhas e dentes e não solto mais. E meus álbuns favoritos são meus álbuns favoritos há décadas, basicamente desde sempre. A lista original de apenas cinco foi um suplício fazer, mas a de 10 já me permite espaço para “relaxar”, ainda que diversas maravilhas como Danzig, Appetite for Destruction, Master of Puppets, Thriller e Born in the U.S.A. tenham que ter ficado de fora.
Os leitores repararão que quase só citei álbuns dos anos 80. É que sou cria da época. Foi a década em que me entendi como gente (nasci em 1972) e foi a época de maior absorção de cultura geral. Como toda criança tornando-se adolescente, era uma esponja curiosa lendo, vendo e ouvindo de tudo. Hoje, não faço mais isso por razões profissionais e familiares, que me tomam tempo (e eu não escuto música de fones de ouvido que nem metade do mundo que anda pela rua como zumbi). É uma escolha que se faz e não me arrependo! A lista que segue, vale frisar, não está em ordem de preferência.
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The Empire Strikes Back
John Williams | ?? 16 de maio de 1980
Sou fascinado por trilhas sonoras de filmes. Lembro-me muito claramente de, por vários anos seguidos, pedir de aniversário para familiares e amigos as mais variadas trilhas, dos mais variados filmes. Algumas vezes até pedi às cegas, deixando ao presenteador a livre escolha (se eu tivesse, trocava, mas nunca trocava por “não gostar”, pois “não gostar” faz parte).
Com isso, juntei, ao longo dos anos, uma bela coleção de vinis – e depois de CDs – com trilhas sensacionais ao lado de outras nem tanto, mas que guardo com carinho até hoje e continuo colecionando. De toda forma, talvez por meu amor incondicional a O Império Contra-Ataca e minha fanboyzice por tudo Star Wars é que tenha escolhido essa trilha como minha favorita. Eu a tenho em vinil e em duas versões em CD, a mesma do vinil e uma lindíssima completa, em edição especial, que adquiri junto com as dos outros dois filmes da Trilogia Original e mais a de A Ameaça Fantasma.
Não há reparos a fazer nessa trilha sonora. Cada acorde inunda meus ouvidos e me arremessa a um transe daqueles que reluto em sair. A Marcha do Império começa e minha mente viaja para Hoth, Dagobah e para aquele maravilhoso universo criado por George Lucas.
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Stray Cats
Stray Cats | ?? fevereiro de 1981
Talvez o mais “destoante” musicalmente de minha seleção, Stray Cats é rockabilly na veia, com seu álbum de estreia, que leva o nome da banda, ainda sendo seu melhor. Impossível não sair cantando Rock this Town ou Stray Cats Strut ao ouvir as primeiras notas. Ah, essa é outra banda que me arrependo de não ter visto ao vivo…
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Alchemy
Dire Straits | ?? 14 de março de 1984
O maior arrependimento musical de minha vida é não ter tido a oportunidade de ver um show ao vivo do Dire Straits, banda comandada por Mark Knopfler, que continua até hoje ativo em carreira solo. Como é simplesmente impossível escolher apenas um álbum da curta discografia do grupo britânico, decidi então eleger Alchemy como representante dos Straits. Afinal, esse é um dos meus álbuns ao vivo favoritos da vida!
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Powerslave
Iron Maiden | ?? 3 de setembro de 1984
Como falar de Powerslave sem superlativos? Bem, para começar, adoro Iron Maiden e minha adoração começou em preparação à primeira edição do Rock in Rio, lá em 1985. O show era Powerslave e eu simplesmente fixei na minha cabeça que não só eu tinha que ir – minha mãe me levou ao RiR e tive que convencê-la a ir no “dia do Heavy Metal“, no que fui bem sucedido usando, na época, minha versão da carinha de pidão do Gato de Botas da franquia Shrek, algo do que sou vítima hoje quase que semanalmente, considerando que sou pai de duas filhas – como também eu tinha que saber de tudo sobre Iron Maiden até lá.
Foi um tal de catar todos os álbuns até então lançados. Eram apenas mais quatro, coisa que hoje leva três minutos de um internauta navegando pela rede. Mas, na década de 80, achar algo assim era uma tarefa hercúlea. Mas consegui!
E Powerslave, de cara, me encantou pela seguinte conjunção de fatores: (1) a temática egípcia da capa e da música título, já que eu era e sou tarado por tudo que é coisa do Antigo Egito; (2) a força da música título e também de 2 Minutes to Midnight, um hino crítico da Guerra Fria (conforme eu viria a aprender muito mais tarde); (3) a épica e heroica Aces High, recontando a história de um piloto da RAF durante a 2ª Guerra; (4) a enigmática Rime of the Ancient Mariner, trabalhando o fantástico poema de mesmo nome de Samuel Taylor Coleridge e (5) a normalmente esquecida, mas inebriante The Duellists.
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A Kind of Magic
Queen | ?? 2 de junho de 1986
Semelhante ao Iron Maiden, minha fixação com o Queen começou com a primeira edição do Rock in Rio, em 1985. Eles se apresentaram duas vezes por aqui, as únicas duas vezes em que o grupo ainda com o saudoso e insubstituível Freddie Mercury tocou no Brasil. Quem escolheu o dia do Queen (o primeiro) foi minha mãe, pois meu conhecimento do grupo, à época, se limitava à balada Love of My Life, de A Night at the Opera, que minha mãe tinha em fita K7 (se não sabe o que é, pesquise, vai, pois já estou me sentido velho demais fazendo essa lista…). Óbvio que mergulhei no Queen em preparação ao grande evento e, depois, xinguei minha mãe com todas as forças, pois ela foi aos DOIS dias do Queen e eu só a um… AHHHHHHH!!!!!!
Bem, desopilado o fígado, a partir daí Queen passou a ser minha banda favorita e fiquei extremamente entristecido em 1991, com o falecimento de Mercury (já disse que ele é insubstituível?). Vindo para o presente, finalmente, a grande questão então passou a ser como escolher UM álbum do Queen para essa lista? Sim, poderia escolher cinco, mas seria exagero (não porque o grupo não mereça, mas sim porque teria que deixar álbuns de outras bandas de fora).
A Kind of Magic foi, para todos os efeitos, o último grande álbum do grupo e um que reunia outra qualidade cara para mim (vide número 1 acima): era a trilha sonora não oficial de Highlander, filme que adorava (e também de Águia de Aço, mas esse só usou uma música). Mesmo considerando que essa é a segunda trilha do Queen, a primeira sendo de Flash Gordon (com a diferença dessa ser oficial mesmo), de 1980, o tom mais pesado, roqueiro e cheio de solos de guitarra de Brian May, além do tom épico das letras, não me deixou dúvidas ao escolher A Kind of Magic.
Não tem música ruim no álbum. Cada uma delas é magnificamente orquestrada e vivem de forma completamente independente em relação aos filmes citados. Incrível.
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Slippery When Wet
Bon Jovi | ?? 18 de agosto de 1986
Eu sei. Rock farofa. Já ouvi isso um milhão de vezes. Mas eu gosto. Gosto muito. Fui apresentado ao álbum quando, lá na longínqua e sensacional década de 80, um amigo que morava nos EUA voltou ao Brasil trazendo esse disco em vinil e deixou tocando quando fui visitá-lo com amigos. Basicamente, o refrão
Shot through the heart
And you’re to blame
Darling, you give love a bad name
me pegou de assalto bem antes de tomar as rádios de assalto e eu imediatamente corri atrás do álbum e dos dois anteriores do grupo, Bon Jovi e 7800º Fahrenheit. Músicas como a balada Livin’ on a Prayer, a climática Wanted Dead or Alive e as menos conhecidas Social Disease e Wild in the Streets ainda ecoam em minha cabeça com uma certa frequências.
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The Thieving Magpie
Marillion | ?? 24 de novembro de 1988
Eu só considero a existência do Marillion com Fish como vocalista. Steve Hogarth é até bom, mas perto de Fish é como um cantor de final de semana. E, assim como no caso do Dire Straits, simplesmente não consigo eleger apenas um álbum para colocar nessa lista, pelo que The Thieving Magpie, o brilhante álbum ao vivo da banda fica aqui como representante dessa maravilha sonora que é o Marillion.
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The Real Thing.
Faith No More | ?? 20 de junho de 1989
Não fazia ideia o que era Faith No More – e acho que mais ninguém – até que a MTV (na época em que era um canal de música) passou a bombardear nossa mente coletiva com o videoclip de Epic basicamente a cada 15 minutos. Ato contínuo, um amigo comprou o CD (quase uma novidade na época) e eu, ele e mais um bando de adolescentes não cansamos até termos decorado, do começo ao fim, de trás para a frente cada uma das músicas do disco.
E foram vários dias de zoeira, lendo as letras, traduzindo-as e inventando significados mais loucos para as loucuras de Michael Patton e companhia. E, em 1991, quando o line-up do Rock in Rio saiu e o Faith no More estava lá, não tivemos dúvida: compramos o ingresso, chegamos cedo, ficamos encostados na grade de proteção (esmagados seria mais correto) e explodimos com o fenomenal show.
É um álbum inesquecível em todos os aspectos, inclusive por uma outra razão – bem mais triste – que não abordarei aqui, por não ser o local propício. Fica só a lembrança como um brinde!
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An Emotional Fish
An Emotional Fish | ?? 1990
Pouca gente conhece esse grupo dublinense formado no final dos anos 80, mas seu primeiro álbum, que carrega o nome diferentão da banda foi amor à primeira audição, com músicas como Celebrate, Lace Virginia e Julian me pegando de tal jeito que esse tornou-se um álbum tão obrigatório quanto mega-clássicos imortais.
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Music Inspired by the Life and Times of Scrooge
Tuomas Holopainen | ?? 11 de abril de 2014
Tem um sujeito chamado Handerson Ornelas, editor de música aqui do Plano Crítico que tem um gosto terrível (he, he, he…) e que teve a OUSADIA de me apresentar a um álbum de um compositor finlandês que eu nunca ouvira falar e que, ainda por cima, teve a pachorra de criar músicas da cabeça dele para um clássico imbatível dos quadrinhos Disney. Cacei o álbum só para poder dizer ao Handerson que era tudo um lixo, mas me ferrei completamente, com a pegada instrumental sombria de Holopainen capturando minha imaginação imediatamente, não só me lembrando de Marillion, por vezes até de Danzig, como também das trilhas sonoras que tanto amo e, claro, do Tio Patinhas e Dora Cintilante, dentre outros personagens inesquecíveis.
E, com isso, um álbum feito nesse século – mas com toda a cara de século passado ou de séculos anteriores – esgueirou-se em minha lista…