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Lista | Os Melhores Filmes de 2023 – Fernando Campos

Da cidade asteroide à grande queda.

por Fernando Campos
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Foram elegíveis para esta lista, apenas: o que foi OFICIALMENTE lançado nos cinemas brasileiros em 2023; o que foi lançado nos streamings e VODs OFICIALMENTE acessíveis no Brasil em 2023 (ou seja, HBO Max, Hulu e iTunes com conta americana estão fora); o que foi exibido OFICIALMENTE em Festivais brasileiros em 2023 ou filmes de festivais que foram OFICIALMENTE acessível a partir do Brasil.

Lembre-se: se a lista não foi feita por você, dificilmente irá refletir a sua opinião sobre o que é “melhor” ou “pior“. Em caso de discordâncias, trate-as como algo comum ao falar de arte, não como se o mundo estivesse acabando porque alguém compôs uma lista que não combina com os seus gostos. Eleve o nível da discussão, fale sobre cinema, proponha uma boa conversa! E aí, o que acharam das escolhas? Quais dos filmes indicados você teve curiosidade de conferir? Quais filmes indicados mais surpreenderam vocês nessa lista? Deixe o seu comentário abaixo, e também o seu TOP 10 pessoal!

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Mudanças repentinas na minha vida tornaram o ano de 2023 um dos que menos estive nas salas de cinema. Quando compareci, foi para assistir os grandes lançamentos que mais me chamavam a atenção, como Oppenheimer, Barbie, Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1 ou John Wick 4. Até mesmo as estreias da Marvel, universo que milagrosamente eu ainda acompanho, deixei para o streaming.

Essa situação me fez descobrir poucas coisas novas no ano, admito. Minhas escolhas irão refletir basicamente o que mais gostei dentro do que muita gente já vem falando. Por sorte, 2023 foi privilegiado no quesito grandes lançamentos, me permitindo montar uma lista de respeito. Descobrir preciosidades escondidas é parte prazerosa da experiência cinéfila, mas como satisfaz ir assistir um filme pipoca e sair sentindo que o tempo e valor gastos valeram cada centavo.

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10º – Asteroid City

Estados Unidos | Wes Anderson | 2023

A questão é que, a junção de todos os bons elementos — estética perfeita, inteligente trilha sonora e ótima dramaturgia — não consegue fazer com que haja um sentido maior por trás de tudo, e terminamos o filme com a impressão de um drama consideravelmente aleatório que tentou atingir importantes pontos, mas não conseguiu sair da introdução. Se Wes Anderson não fizer com que sua escrupulosa concepção estética seja uma ponte para contar boas histórias, em vez de uma prisão formal, ele abrirá uma mancha permanente em sua filmografia.

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9º – Homem Aranha Através do Aranhaverso

Estados Unidos | Joaquim dos Santos | Justin K. Thompson | Kemp Powers | 2023

No entanto, como disse, o filme é inegavelmente divertido, contando com uma boa construção da dupla principal de personagens, um trabalho eficiente na criação da motivação do Mancha e também de Miguel O’Hara para eles fazerem o que fazem e performances de voz uniformemente ótimas, valendo destaque, claro, para Moore e Steinfeld, além dos novos entrantes Oscar Isaac, Jason Schwartzman e Daniel Kaluuya. Através do Aranhaverso só não precisava ser tão inchado como é e muito menos acabar do jeito displicente e, em última análise, bobo que acabou.

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8º – Priscilla

Estados Unidos | Itália | Sofia Coppola | 2022

Priscilla apresenta um retrato brilhantemente complexo sobre a visão de Priscilla Presley a respeito do relacionamento dela com Elvis. O cantor não é poupado em absolutamente nada, ao mesmo tempo que é possível ver nele as características que fizeram ela se apaixonar. A direção de Sofia Coppola ressalta essa dualidade do universo de Elvis, construindo sua icônica mansão quase como um santuário vampiresco, com todo o charme e também perigo que essas criaturas possuem. Isso, porém, não diminui o protagonismo de Priscilla dentro da narrativa e a obra se coloca como uma plataforma necessária para uma personagem que injustamente sempre esteve às margens da grande estrela. Aliás, Priscilla representa isso, a liberdade do protagonismo próprio contra se satisfazer em viver como sombra de alguém.

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7º – Decisão de Partir

Coreia do Sul | Park Chan-wook | 2022

Deveria ser desnecessário afirmar isso, mas como o espectador moderno cada vez mais se rejeita a consumir aquilo que data anteriormente aos últimos dez anos e a todo tempo exalta como revolucionário aquilo que não é nada de novo, é preciso deixar claro que a nova obra do diretor sul-coreano não é nada mais do que apenas um bom exercício de gênero já consolidado, com algumas atualizações (a presença do zeitgeist tecnológico) e subversões (a recusa da sexualidade do gênero em detrimento do romance puro), sendo um objeto mais curioso justamente por ser um certo símbolo consciente dos tempos atuais, sexual e tecnologicamente. E está tudo bem ser só isso, não precisamos de histeria para falar de todo lançamento que sai, como se fosse o melhor filme de todos os tempos da última semana.

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6º – Godzilla Minus One

Japão | Takashi Yamazaki | 2023

O que chega para o público é um presente digno de constar na nossa lista de melhores lançamentos cinematográficos de 2023. Quem diria que Godzilla chegaria a esse ponto de sua glória, com o kaiju repetidamente adorado e elogiado, assim como as pessoas de seu Universo? Eis aqui uma representação invejável de temores sociais e históricos. Vida longa ao rei dos monstros!

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5º – Beau tem Medo

Estados Unidos | Reino Unido | Finlândia | Ari Aster | 2023

Às vezes, os filhos vêm ao mundo para receberem amor. Às vezes, fazem parte de um projeto pessoal dos pais, resultando em situações traumáticas. Em Beau Tem Medo, Ari Aster mostra como o processo de superar e aceitar o passado pode ser longo, cansativo e doloroso, mas é possível. Como o clímax do filme aponta, talvez um dia sejamos julgados pelos nossos pecados, mas até lá cabe a nós construirmos nossos próprios pecados e não pagar pelos pecados daqueles que nos criaram.

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4º – Assassinos da Lua das Flores

Estados Unidos | Martin Scorsese | 2023

Assassinos da Lua das Flores é um drama muito maduro no que entrega, mas que não aproveitou por completo aquilo que tinha para aproveitar, culminando numa sensação de falta (no bloco do relacionamento de Mollie e Ernest), e num final com duas rupturas de continuidade que podem ter inúmeros significados interessantes, mas que trazem efeitos problemáticos de unidade fílmica. Em nenhum desses momentos, porém, derruba-se a imponência do épico trágico do diretor, que mesmo não precisando provar nada para ninguém, ensina a todo mundo, mais uma vez, o que é um bom Cinema.

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3º – Retratos Fantasmas

Brasil | Kleber Mendonça Filho | 2023

Retratos Fantasmas não olha para o passado só por olhar: a viagem é longa e sinuosa. Os fantasmas, aqueles que constroem a aura do lugar, podem ser invisíveis a olho nu, mas da câmera nada escapa. Os fantasmas das fotografias de Kleber que o digam. Do cinema, nada foge.

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2º – Oppenheimer

Estados Unidos | Reino Unido | Christopher Nolan | 2023

Oppenheimer é uma reação ao cinema passivo e puramente contemplativo, ao cinema que não faz questão nenhuma de ser cinema. É um filme que usa o máximo da engenharia da Sétima Arte de seu tempo para contar uma história importante para todos, valorizando a percepção e inteligência do espectador ao entregar na medida certa tudo o que é necessário para que se compreenda a genialidade e o tormento daquele que deu à humanidade a oportunidade de fazer com que… não existisse mais humanidade.

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1º – Anatomia de Uma Queda

França | Justine Triet | 2023

Soa como milagre que Anatomia de uma Queda, um drama de tribunal de estrutura bem tradicional, consiga pensar com tanta profundidade sobre a subjetividade da realidade, o papel estético de cada mídia, a complexidade das relações humanas ou qual o papel de uma obra dentro da vida de um autor. Aliado a tudo isso, atuações repletas de camadas, nenhum personagem é inteiramente bom nem totalmente antipático. Por fim, uma madura direção de Justine Triet que combina vários formatos de fotografia para trazer um ar de realismo ao mesmo tempo que pensa sobre as transições de formatos ao longo do tempo. Um filme complexo, profundo, por vezes tradicional e monótono, como é nosso sentimento diante da vida.

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