Como já é tradição aqui no Plano Crítico, chegamos mais uma vez às nossas listas de melhores filmes do ano. Falemos, para começar, das regras. Foram elegíveis para as listas, apenas:
- o que foi OFICIALMENTE lançado nos cinemas brasileiros em 2022;
- o que foi lançado nos streamings e VODs OFICIALMENTE acessíveis no Brasil em 2022 (ou seja, HBO Max, Hulu e iTunes com conta americana estão fora);
- o que foi exibido OFICIALMENTE em Festivais brasileiros em 2022 ou filmes de festivais que foram OFICIALMENTE acessível a partir do Brasil.
Lembre-se sempre: se a lista não tem o seu nome, ela não é a sua lista. Portanto, não irá refletir a sua opinião sobre o que é melhor ou pior. Dito isto, não adianta choramingar e espernear nos comentários ao final da postagem. Em caso de discordâncias, trate-a como algo comum quando falamos de arte, não como se o mundo estivesse acabando porque alguém que não é você fez uma lista que não combina com os seus gostos. Eleve o nível da discussão!
E aí, o que acharam das nossas listas? Com qual ou quais listas você se identificou mais? Pegaram algumas dicas de filmes para assistir? Quais filmes das listas mais surpreenderam vocês por constarem em uma postagem de “melhores do ano”? Deixe o seu comentário e o seu TOP 10 pessoal!
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RITTER FAN
O ano de 2022 foi marcado por minha volta efetiva – ainda que hesitante – aos cinemas, depois da pandemia que ameaçou e talvez ainda ameace o mundo. No entanto, não foi um retorno completo, irrestrito e amplo. Muito ao contrário, apesar de eu sempre ter sido e ainda ser um defensor ardoroso da experiência cinematográfica e ter horror de quem vê filme em celular (não interessa qual seja o filme), peguei-me, para minha surpresa, escolhendo a dedo o que ver nas telonas, o que me fez, por exemplo, perder a continuação de Top Gun nos cinemas.
Talvez seja a reunião indigesta da idade chegando forte e da disponibilidade fácil – e legal – das obras em streaming não muito tempo depois de sua estreia, mas espero que não e que eu volte a abraçar completamente a experiência clássica no escurinho do cinema.
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10º — Top Gun: Maverick
Joseph Kosinski – EUA, 2022
9º — Crimes do Futuro
David Cronenberg – Canadá/Grécia/Reino Unido, 2022
8º — Pig: A Vingança
Michael Sarnoski – EUA/Reino Unido, 2021
7º — O Beco do Pesadelo
Guillermo del Toro – EUA/México/Canadá, 2021
6º — Batman
Matt Reeves – EUA, 2022
5º — Nada de Novo no Front
Edward Berger – Alemanha/EUA/Reino Unido, 2022
4º — Ennio, o Maestro
Giuseppe Tornatore – Itália/Bélgica/Países Baixos/Japão, 2021
3º — A Tragédia de Macbeth
Joel Coen – 2021
2º — Licorice Pizza
Paul Thomas Anderson – EUA/Canadá, 2021
1º — Pinóquio por Guillermo del Toro
Guillermo del Toro, Mark Gustafson – EUA/México/França, 2022
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LUIZ SANTIAGO
Chegou um momento de 2022 que eu realmente acreditei que não conseguiria montar uma lista decente de “melhores do ano“. Pensei até que não participaria. Tenho visto uma quantidade bem menor de filmes com o passar do tempo. Séries eu praticamente já larguei de mão: na atual fase da minha vida, eu nunca vejo mais do que 10 por ano. Já filmes, diminuí de cerca de 400 para 200 e uns quebrados, ou, em anos mais difíceis, para algo entre 120 ou 130. Com menos produtos para escolher, claro que fica mais difícil chegar a um resultado que agrade por completo… mas acho que essa é a maldição de qualquer lista, não é verdade? Dificilmente ficamos satisfeitos ou, se ficamos, é uma satisfação temporária. Vendo as escolhas tempos depois, temos vontade de mudar tudo de lugar.
Em 2022, eu dei uma passada relâmpago pela Mostra SP e pelo Festival Varilux, fui ao cinema ver as obras que tinha muito interesse de ver em tela grande e vi bastante coisa através dos serviços de streaming. Depois da pandemia, minha resistência caiu por completo e eu me rendi totalmente ao formato. No todo, consegui ver uma quantidade considerável de ótimos filmes. E os melhores estão nesse TOP 10 abaixo.
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10º — Dias Ardentes
Emin Alper – Turquia/França/Alemanha/Holanda/Grécia/Croácia, 2022
9º — Marte Um
Gabriel Martins – Brasil, 2022
8º — Ennio, o Maestro
Giuseppe Tornatore – Itália/Bélgica/Países Baixos/Japão/China/Alemanha, 2021
7º — Roda do Destino
Ryûsuke Hamaguchi — Japão, 2021
6º — Argentina, 1985
Santiago Mitre – Argentina/EUA/Reino Unido, 2022
5º — Licorice Pizza
Paul Thomas Anderson – EUA, 2021
4º — O Filme da Escritora
Hong Sang-soo – Coreia do Sul, 2022
3º — A Metamorfose dos Pássaros
Catarina Vasconcelos — Portugal, 2020
2º — Você Tem Que Vir e Ver
Jonás Trueba – Espanha, 2022
1º — Pinóquio por Guillermo del Toro
Guillermo del Toro, Mark Gustafson – EUA/México/França, 2022
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RODRIGO PEREIRA
Depois de praticamente dois anos impossibilitado de assistir a filmes em salas de cinema devido a pandemia, comecei 2022 falando para mim mesmo que compensaria o tempo perdido, iria o máximo de vezes possíveis aos espaços de projeção e tornaria o ato, novamente, parte da minha rotina. Sem saber exatamente se por influência do tempo isolado ou não, acabei não cumprindo com essa meta, indo muito menos ao cinema do que gostaria ao longo do ano. Talvez seja o costume, ainda presente depois de todo esse tempo, assistindo a filmes em casa e longe das grandes salas, apesar de não ter certeza sobre o assunto.
De qualquer forma, o ano de 2022 entregou algumas pérolas maravilhosas que, independente do local em que assisti, se provaram maravilhosas peças artísticas. Creio ser um ano importante para minha cinefilia porque vejo como uma prova de algo que vai contra ao que acreditei no passado. Pois, pensava eu, o ideal era assistir ao filme completamente desligado de qualquer interferência externa, totalmente focado na obra e, de preferência, sem qualquer ruído ou paralisação da experiência até o subir dos créditos. Atualmente, me vejo mais flexível nesse tópico, percebendo que grandes filmes serão grandiosos independente da interferência externa (assim como filmes ruins não se tornarão melhores por uma pausa aqui e acolá).
Não sei se estou mais certo ou mais errado quanto a isso (sequer tenho a pretensão de estabelecer alguma regra nesse sentido). Ainda acredito, sim, que o ideal seja assistir ao filme em uma sala de cinema com o máximo de imersão e sem interrupções, mas me vejo mais flexível quanto a essa questão. Tive experiências magníficas com filmes incríveis esse ano que provam que uma obra pode manter sua grandiosidade mesmo que a imersão não seja a melhor possível. Independente do jeito, 2022 foi um ano em que continuei consumindo cinema, essa maravilha que tanto nos une, e espero continuar assim nos anos seguintes. Após esses breves relatos pessoais, podem conferir minha singela lista abaixo
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10º — Avatar: O Caminho da Água
James Cameron – EUA, 2022
9º — Crimes do Futuro
David Cronenberg – Canadá/Grécia/Reino Unido, 2022
8º — Era Uma Vez um Gênio
George Miller – Austrália, EUA, 2022
7º — Drive My Car
Ryosuke Hamaguchi – Japão, 2021
6º — Licorice Pizza
Paul Thomas Anderson – EUA/Canadá, 2021
5º — Spencer
Pablo Larraín – Alemanha, Chile, EUA, Reino Unido, 2021
4º — Argentina, 1985
Santiago Mitre – Argentina/EUA/Reino Unido, 2022
3º — Vengeance
B. J. Novak – EUA, 2022
2º — Top Gun: Maverick
Joseph Kosinski – EUA, 2022
1º — Não! Não Olhe!
Jordan Peele – Canadá, EUA, Japão, 2022
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FELIPE OLIVEIRA
Quer queira, quer não, as consequências após a pandemia ainda vão render mesmo depois de quase três anos, e o início de 2022 foi um momento um tanto desanimador, se podemos bem lembrar. A estreia de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa no final de 2021 bateu o martelo ao apontar que apenas os blockbusters atraíam o público para as salas de cinema, o que entrava como critério da escolha a produção que se fazia indispensável assistir nas telonas. A bilheteria esmagadora do terceiro filme solo estrelado por Tom Holland fazia seu triunfo depois dos estúdios se dobrarem com estratégias em plataformas de streaming para não perder os investimentos em filmes que deveriam ser vistos nas grandes telas, mas eram sacrificados frente aos efeitos constantes da COVID-19 e novas variantes.
O sucesso do aracnídeo sinalizava uma segurança para os próximos lançamentos, e 2022 iniciava com altas expectativas com o quinto filme da franquia Pânico se colocando como a maior estreia de janeiro, mês que voltava a somar novos picos de contaminação da COVID — o que inclusive, a tosse braba que me acometeu, foi o motivo de não ter visto o que mais queria em 2022 nos cinemas — ainda assim, o primeiro filme de terror do ano rendeu bons frutos, alcançando tudo o que a audiência e crítica não tinham maturidade para enxergar a sagacidade com Pânico 4: aclamação entre as duas comunidades, o que fez estender o tapete para o Ghostface ser um ícone de interação e marketing nas redes sociais para manter o lembrete durante todo 2022 que a franquia meta está num excelente momento e pronta para um novo capítulo.
Enquanto o mercado cinematográfico trilhava para o caminho de recuperação do público (e dinheiro) nas salas de cinemas, o receio da insegurança ainda seria um desafio para cada um enfrentar e dizer que estava pronto para ficar durante um filme inteiro numa sessão. Fevereiro chegou e trouxe consigo mais Tom Holland com a estreia do live-action de Uncharted – Fora de Mapa, além de Morte do Nilo, envolto numa fumaça de polêmicas com o elenco e frustração diante dos adiamentos para a estreia. Já em março, entre o temido debute de Morbius, o thriller de ação de Michael Bay Ambulância: Dia de Crime, o mês era dele, de Batman, repleto de expectativas com Robert Pattinson e Zoë Kravitz encabeçando a produção. E nisso, uma questão seguia a repercutir: o desempenho do filme enquanto estivesse em cartaz. Isso porque, voltando atrás na escolha de lançamento simultâneo nos cinemas e HBO Max — Matrix Resurrections como maior exemplo do fracasso da estratégia (?) — Warner foi um dos estúdios que aderiu ao formato de janela menor, assim, o novo filme do Homem Morcego chegaria para streaming apenas 46 dias após a exibição nas telonas, e felizmente, deu tempo para um lucro animador.
Passando o efeito morno da chegada de Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore em abril, maio deu início ao que definiria o cinema em 2022: a era do relançamento. Certo que esse foi um movimento proposto em 2020, mas no ano passado, a estratégia tinha um cenário melhor com a aceitação aos requels, e claro, a batida de Pânico (2022) em cima da tendência cinematográfica, e bem, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura fez o esperado para a Marvel, mas a pérola do mês foi mesmo de Top Gun: Maverick, que se provou umas das produções mais absurdamentes rentáveis do ano, e ainda em maio, a estreia atrasada de O Homem do Norte em solo brasileiro atraiu uma boa audiência — e marcou meu retorno ao cinema desde março de 2020.
Depois dessa recapitulação, The Northman foi uma boa escolha para pegar um cineminha para mim, e embora não entre no meu TOP 10 do ano, felizmente, entre os relançamentos, filmes de ação incrivelmente esquecíveis, o encerramento da janela menor de estreias, a transição mais segura do público para os cinemas, 2022 foi um excelente ano para os fãs de terror, reunindo várias performances femininas memoráveis como Mia Goth, Jenna Ortega, Anna Diop, Aisha Dee e Taylor Russell, além de levar a categoria para o reconhecimento de várias indicações e premiações no meio cinematográfico. Se valesse menções honrosa, o TOP 10 seria um TOP 30, e que 2023 seja tão promissor como promete,
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10º — X – A Marca da Morte
Ti West – EUA, 2022
9º — Mais que Amigos
Nicholas Stoller – EUA, 2022
8º — O Telefone Preto
Nicholas Stoller – EUA, 2022
7º — Avatar: O Caminho da Água
James Cameron – EUA, 2022
6º — Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Dan Kwan e Daniel Scheinert – EUA, 2022
5º — Sorria
Parker Finn – EUA, 2021
4º — Pinóquio por Guillermo del Toro
Guillermo del Toro, Mark Gustafson – EUA/México/França, 2022
3º — Close
Lukas Dhont – França, 2022
2º — Marte Um
Gabriel Martins – Brasil, 2022
1º — Aftersun
Charlotte Wells – EUA/Reino Unido, 2022
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HANDERSON ORNELAS
Fazendo essa lista me dei conta de como 2022 foi recheado de excelentes lançamentos, algo que desesperadamente precisávamos depois deste longo período sombrio para o cinema e para mundo que foi a pandemia da covid 19. Naturalmente, esse ano foi quando realmente voltei a frequentar o cinema. Pude ter experiências maravilhosas com filmes que adorei e que, infelizmente, não entraram aqui – como Batman e Moonage Dream, por exemplo – o que diz bastante sobre o quão bom foi esse ano para o cinema.
O streaming também provou para mim que pode entregar uma frequência cada vez maior de grandes lançamentos. Se há pouco tempo eu reclamava da Netflix (e permaneço com parte dessas críticas), esse ano ela emplacou dois dos meus filmes preferidos, inclusive o número 1.
Entre minhas menções honrosas preciso ressaltar que 1) foi ótimo ter Henry Selick de volta em Wendell e Wild, 2) Aftersun me deixou angustiado como poucos filmes conseguem, 3) Emergência é um filme que todos deveríamos estar falando sobre e 4) Halloween Ends foi a melhor farofa que vi no cinema em 2022, daquelas que não conseguia parar de falar sobre após a sessão.
Por fim, preciso dizer: valorize a arte e vá ao cinema. Não só para ver seu filme de bonequinho, mas para incentivar o cinema indie e também garantir que a criatividade não se perca em Hollywood.
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10º — Argentina, 1985
Santiago Mitre – Argentina/EUA/Reino Unido, 2022
9º — O Menu
Mark Mylod – EUA, 2022
8º — Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
Sam Raimi – EUA, 2022
7º — O Chef
Philip Barantini – Reino Unido, 2021
6º — Licorice Pizza
Paul Thomas Anderson – EUA/Canadá, 2021
5º — Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Rian Johnson – EUA, 2022
4º — Não! Não Olhe!
Jordan Peele – Canadá, EUA, Japão, 2022
3º — Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Dan Kwan e Daniel Scheinert – EUA, 2022
2º — A Pior Pessoa do Mundo
Joachim Trier, Noruega, França, Dinamarca e Suécia – 2021
1º — Pinóquio por Guillermo del Toro
Guillermo del Toro, Mark Gustafson – EUA/México/França, 2022
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CÉSAR BARZINE
Em relação à minha experiência cinematográfica geral, o ano de 2022 foi, desde quando iniciei minha cinefilia, o mais fraco de todos, seja em quantidade ou em qualidade. Nestas duas questões, uma coisa está ligada à outra, resultando em poucas descobertas de obras-primas e um acompanhamento bastante tímido dos lançamentos ao longo do ano. Confesso que assisti menos do que poderia entre as estreias, e aquilo que vi se concentrou mais na reta final de 2022. De qualquer forma, creio que minha lista esteja bastante diversificada, com filmes da Dinamarca, Áustria, Japão, Coreia do Sul, França, Portugal e Irã — infelizmente, nenhuma obra do Brasil.
Retratos minuciosos e intimistas das relações humanas possuem grande destaque nesta seleção, que abre espaço também para grandes produções americanas carregadas de ação e que dialogam com outros gêneros (guerra, romance, suspense e épico). 2022 marca o início de superação da deplorável pandemia que consumiu o mundo do cinema no começo dos anos 2020, o que vai muito além da mera ida aos cinemas (que já tinham tido retorno antes), mas também da realização de filmes em si, que não anda empolgando muito até aqui. Diante disso, estou esperançoso que, daqui pra frente, o cinema possa se expandir e construir uma década muito mais marcante do que tem feito até agora.
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10º — O Homem do Norte
Robert Eggers — EUA, Reino Unido, 2022
9º — Great Freedom
Sebastian Meise — Áustria, Alemanha, 2021
8º — A Metamorfose dos Pássaros
Catarina Vasconcelos — Portugal, 2020
7º — Top Gun: Maverick
Joseph Kosinski – EUA, 2022
6º — Um Herói
Asghar Farhadi — Irã, França, 2021
5º — A Mulher Que Fugiu
Sang-soo Hong — Coreia do Sul, 2020
4º — Roda do Destino
Ryûsuke Hamaguchi — Japão, 2021
3º — A Pior Pessoa do Mundo
Joachim Trier, Noruega, França, Dinamarca e Suécia – 2021
2º — Nada de Novo no Front
Edward Berger – Alemanha/EUA/Reino Unido, 2022
1º — O Acontecimento
Audrey Diwan — França, 2021