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Lista | Os Melhores Álbuns Internacionais de 2023 – Handerson Ornelas

O que houve de melhor na música internacional

por Handerson Ornelas
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Finalmente chegamos ao fim de 2023! Muita coisa aconteceu ao longo desse período no mundo e, naturalmente, isso repercutiu também na maior e mais antiga das artes: a música. Mais uma vez, ela foi nossa fiel escudeira e fomos presenteados com uma série de excelentes lançamentos musicais. Como é de costume por aqui, é hora das famosas listas de melhores do ano do Plano Crítico. Assim, seguindo nossa tradição, como fazemos desde 2015, listamos os melhores álbuns internacionais de 2023. Vale lembrar que não há ranking ou ordem de preferência na lista, apenas o objetivo de listar e recomendar o que consideramos os 10 discos internacionais de maior destaque nesse ano.

Aqueles que nos acompanham aqui há mais tempo perceberão que essa lista foi reduzida a 10 posições, comparada às anteriores que continham 15 – o que só deixou a seleção ainda mais difícil. Muitos álbuns mereciam lugar nessa lista e foi um verdadeiro desafio resumir nesses 10 selecionados. Dito isso, confira abaixo, os melhores álbuns internacionais de 2023 segundo o Plano Crítico e compartilhem conosco suas opiniões nos comentários!

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10º – But Here We Are – Foo Fighters

Estados Unidos | Rock Alternativo | Aumenta!: Show Me How

Eu sempre impliquei com o Foo Fighters pelas escolhas óbvias e pouco inspiradas que tomaram ao longo de toda a última década. No entanto, em 2023 tive uma grata surpresa ao ouvir But Here We Are. Temos aqui um belo exemplo de como a dor muitas vezes é um combustível criativo e inspirador. Após a perda do baterista, Taylor Hawkins e da própria mãe, Dave Grohl constrói com sua banda um álbum bastante melancólico e doce, que discursa sobre o significado da perda e a necessidade de seguir em frente. Mesmo que não reinvente a roda do ponto de vista musical, é um daqueles exemplos de que, às vezes, basta a sinceridade de compor algo totalmente com o coração para garantir uma qualidade musical admirável.

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9º – Rat Saw God – Wednesday

Estados Unidos | Indie Rock | Aumenta!: Bull Believer

O grupo americano Wednesday foi uma grata descoberta que fiz em 2023. Indie rock com bastante fuzz, peso e visceralidade, misturando garage rock, shoegaze e country. A ambientação que Wednesday constrói através de suas letras e camadas sonoras remonta uma certa inocência e fervor dos tempos de juventude voltados a reunir amigos para beber e descontrair – uma alma bem nostálgica e típica dos anos 90. Karly Hartzman, a frontwoman da banda, entoa as canções com a honestidade de uma amizade que confessa sentimentos e compartilha histórias, esbanjando personalidade e despertando atenção para o que promete ser uma grandes revelações recentes da música indie.

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8º – Let’s Start Here – Lil Yatchty

Estados Unidos | Pop Psicodélico, Hip-Hop | Aumenta!: drive ME crazy!

Um rapper lançando um disco de pop psicodélico? Lil Yatchty é um belo exemplo de que, nos tempos atuais, o intercâmbio sonoro e cultural é tão grande que rótulos desabam frente a certos artistas. Let’s Start Here é uma das maiores surpresas do ano, um belíssimo e espetacular exemplo de psicodelia, pegando influências de nomes como Pink Floyd e Tame Impala sem perder as raízes do trap e hip-hop de onde o artista iniciou. Pura viagem, só dê o play e se deixe levar pela melodia inebriante e lisérgica.

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7º – The Age of Pleasure – Janelle Monáe

Estados Unidos | Pop Punk | Aumenta!: Lipstick Lover

Janelle Monae é uma artista cujo adjetivo “genial” compete bem, portanto, ela sabe muito bem os riscos de se manter na zona de conforto. Assim, The Age of Pleasure é um ponto fora da curva de sua discografia soul e conceitualmente sci-fi – e por mais impecável que tenha sido essa marca da cantora, era necessário seguir em frente. Dessa vez, novo disco da cantora abrange reggae, pop e ritmos latinos e caribenhos, tudo em uma grande celebração ao poder do prazer, esbanjando sensualidade em meio ao clima tropical. Após todo arco sci-fi de The ArchAndroid e Electric Lady, o novo álbum é um mergulho em pura efusividade e despretensão – fatores que relembro que nunca tiveram relação com a presença ou ausência de qualidade. É mais um acerto daquela que é, sem dúvida alguma, uma das maiores artistas pop desse século.

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6º – Sundial – Noname

Estados Unidos | Hip-hop | Aumenta!: Namesake

Sundial, o terceiro disco de Noname, aclamada rapper de Chicago, em minha opinião é seu melhor. Essa afirmação por si só já diz muito sobre o álbum, visto que a artista é uma das melhores descobertas da cena recente de Chicago no hip-hop e já implacou trabalhos excelentes como Telefone e Room 25. O álbum segue a cadência de beats orientados para um lado contemplativo e jazzístico delicioso, onde por cima Noname desfila versos afiadíssimos e sem papas na língua, apontando dedos e questionamentos até para artistas tidos como inquestionáveis. Na excelente Namesake sobra para Kendrick, Beyoncé, Jay-Z e até para a própria Noname – um exercício de provocação e autorreflexão raro de se encontrar na cena do hip-hop.

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5º – Did You Know That There’s A Tunnel Under Ocean Blvd – Lana del Rey

Estados Unidos | Indie Pop | Aumenta!: Kintsugi

O tempo fez bem a Lana. A maturidade musical de álbuns recentes da artista, como Norman Fucking Rockwell, é notável. Não que eu não goste dos primórdios de sua carreira, onde exibia um som um pouco mais pop, mas fica claro que em obras como o novo Did You Know…? vemos a cantor desfilar uma interpretação vocal mais rica e uma composição mais experiente, onde expõem com enorme honestidade e inspiração seus sentimentos. O nono disco da cantora está facilmente entre seus melhores, sabendo balancear o vintage e o moderno – grande marca de Lana – de forma poética e lindíssima.

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4º – GUTS – Olivia Rodrigo

Estados Unidos | Pop, Pop Punk | Aumenta!: Bad idea right?

Definitivamente álbum pop do ano, na visão deste redator. Por melhor que 2023 tenha sido em lançamentos, acredito que deixou um pouco a desejar no que tange o mainstream. E diante desse cenário o segundo disco de Olivia Rodrigo roubou totalmente a cena com uma efervescência e catarse juvenil que poucas obras modernas conseguem comunicar. Aqui, pop e rock estão perfeitamente encapsulados em um comprimido de efeito imediato para bombear dopamina pelo seu corpo.

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3º – Scaring The Hoes – Jpegmafia e Danny Brown

Estados Unidos | Hip-hop | Aumenta!: God Loves You

Caos. Completo caos. Como um som tão barulhento, experimental e esquizofrênico consegue ser tão catártico e melódico é um certo mistério para mim. Mas, de alguma forma, a junção de dois dos rappers mais autênticos da atualidade gerou um dos álbuns mais interessantes do hip-hop desse início de década. Para esquina dos sons de Scaring de Hoes a única certeza é a inevitabilidade da surpresa. Um momento pode vir um beat pesadíssimo para estourar seus tímpanos, em outro você estará imerso em uma vibe contemplativa, no outro se depara com samples que vão do gospel a Michael Jackson, trilha de Kingdom Hearts e memes obscuros. A estrutura clássica de uma música é desafiada a todo instante para promover o aspecto criativo musical e criar uma sonoridade verdadeiramente autêntica.

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2º – Hit Parade – Róisín Murphy

Irlanda | Música eletrônica, Pop | Aumenta!: Fader

Essa aqui é polêmica. Independente dos pesares relativos a controvérsias da artista, Róisín Murphy lançou um álbum com potencial de entrar para a história. É surpreendente a sonoridade extremamente inventiva e deliciosamente contagiante que a cantora cria em conjunto com DJ Koze em Hit Parade. Diante de um cenário onde a música eletrônica e a disco music parecem saturadas em meio a tantas fórmulas derivativas, a irlandesa mostra que ainda há espaço para criatividade, sutileza e experimentação com as dinâmicas desses gêneros. Entretanto, para os desavisados, a cantora foi uma das “canceladas” de 2023 após vazamentos de comentários transfóbicos. Infelizmente, isso levou Hit Parade para um daqueles tristes limbos de discurso de “como separar o artista da obra” etc, etc. Um desfecho frustrante para um disco nada menos que irretocável.

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1º – Hellmode – Jeff Rosenstock

Estados Unidos | Indie rock, pop punk | Aumenta!: 3 SUMMERS

Jeff Rosenstock é um dos caras mais subestimados da cena alternativa contemporânea. A galera que anda mais por dentro dos sons mais “garageiros” do mundo do indie rock sabe reconhecer o nível de qualidade de Jeff, mas a impressão inevitável que fica é que ele merecia muito mais. O californiano até o momento é dono de uma discografia solo brilhante e à prova de falhas. E quando não se imagina que pode ficar melhor, ele lança um disco como Hellmode. O quinto álbum solo do artista retoma a essência caótica e hipermelódica que permeia o pop punk de sua carreira, mas dessa vez com uma ênfase maior no lado pop em deliciosos hinos com refrãos espetaculares. Estamos falando de pura catarse musical. Só ouça.

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