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Lista | Os Mais Lidos do Plano Crítico em 2019

por Luiz Santiago
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Mais um ano juntos, senhoras e senhores! E como de praxe, eis aqui a nossa lista de publicações mais acessadas por vocês, leitores, ao longo do ano. O período de contagem de acessos aqui é entre 1º de janeiro e 30 de dezembro de 2019.

E aí, quantas ou quais dessas publicações vocês leram ou comentaram? Quais vocês nem faziam ideia de que tínhamos publicado? E quais delas espantaram vocês por estarem entre as mais lidos do PC ao longo do ano?

Quero deixar aqui o meu agradecimento, e também em nome de toda a equipe do site, pelos acessos, divulgação e comentários. Uma lista como essa não seria possível sem a presença, as brigas, concordâncias, discordâncias, confabulações, risos e conversas que tivemos no decorrer do ano. Muito obrigado a todos vocês! E agora, vamos aos mais acessados, que dividi por categorias nas abas abaixo.


10. Homem-Aranha: Longe de Casa (Com Spoilers)

Homem-Aranha: Longe de Casa é um filme difícil de julgar pela estranheza que causa e pelo ritmos claudicante que as reviravoltas obrigam a fita a ter. Em retrospecto, é sem dúvida divertido ver a obra começar como um filme B mal-pensado  e ir tomando forma na medida que mini-retcons são inseridos e que nos fazem ver que há uma lógica por trás de tudo.

No entanto, essa lógica é canhestra e executada ali no limite do burocrático, exagerando no texto expositivo e tentando costurar um romance que não conecta de verdade em momento algum. Talvez a versão clássica do Aranha funcione melhor, no final das contas. Mesmo assim, a sensação de ter visto um filme estruturalmente diferente e talvez por isso mesmo tanto estranho como memorável (do seu jeito), permanece.

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9. A Gente Se Vê Ontem

Com cenas de violência policial, violência urbana e conflitos dentro de uma comunidade que podem gerar uma bola de neve de vingança e “prestação de contas”, A Gente Se Vê Ontem consegue ser divertido, emotivo e bem interessante ao mostrar o conceito de viagem no tempo dentro de um ambiente diferente, protagonizado por jovens e brincando com algo bastante sério, fazendo com que a gente se questione: caso pudéssemos viajar para o passado, nós mudaríamos alguma coisa? Deveríamos mudar? O filme tem uma ótima trilha sonora e eu gostei bastante do tom em forte contraste da fotografia, especialmente nas cenas diurnas em plena rua, onde também temos uma variedade de cores em todo o bairro. Pudesse trabalhar melhor os seus conflitos, especialmente no final, o resultado seria ainda mais agradável e divertido.

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8. Vingadores: Ultimato (Sem Spoilers)

Vingadores: Ultimato sem dúvida é o filme que o UCM e seus espectadores mereciam. É uma obra que se desmancha em agradecimentos efusivos a tudo o que foi criado ao longo de 11 anos e a todo o carinho demonstrado pelos fãs de todas as idades que foram sendo amealhados por 22 filmes de variados tons e qualidades. É o melhor filme da franquia até agora? Pelo que ele celebra, sem dúvida que sim, mas, se retirarmos esse fator – que nem sei se deveria ser retirado para ser sincero – ele é “apenas” muito, muito bom. O que me deixa curioso e, ao mesmo tempo, receoso, é imaginar como os estúdios Marvel conseguirão manter essa sua imbatível linha de produção funcionando no mesmo nível de qualidade pela próxima década.

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7. O Menino Que Descobriu o Vento

O engrandecimento, a jornada de edificação, está presente, entretanto, é acompanhada por uma manipulação de grandiosidade bem barata, que expõe a simplicidade do projeto. A exemplo, o trabalho de cinematografia captura muito mais as pequenas belezas, como a iluminação avantajada e uma riqueza cultural notada pontualmente, que as possíveis imundícies, sugeridas com receio por um roteiro que prenuncia evidenciar mais a influência governamental, mas nunca enxerga isso de uma maneira de fato sóbria. Essa estreia em longas continua sendo, ao menos, uma ode à importância da educação, que não deve ser restrita a quem pode, no entanto, universal.

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6. A Favorita

A Favorita é um filme sobre ambição e sobre o que alguém pode fazer para conseguir o que quer. O tema não é novo em dramas históricos, mas aqui ganha um excelente e cômico tempero ligado à sexualidade da rainha e suas protegidas, além de nos fazer acompanhar um governo tipicamente manipulado, tendo na maior voz do país uma frágil (de saúde e emoções) e enciumada figura para quem o poder era um brinquedo difícil. Lanthimos acertou em cheio no seu modo agressivo e um tanto cruel de filmar histórias sobre laços entre pessoas de comportamento difícil. Um modo que combina bem com o tema de A Favorita, onde o maior destaque de todos, por trás da pompa, riqueza e problemas do Reino, é a miséria e a profunda necessidade de cada um dos indivíduos. A boa e velha condição humana, no fim de tudo.

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5. Parasita

De Parasita eu só não gosto do final. O distanciamento do olhar impiedoso do diretor para algo um pouco mais didático e de braços abertos para o verdadeiro tema do conflito do filme trai parcialmente as consequências que o texto reserva para esses personagens. De certa forma, há uma dupla via de interpretação para o que nós vemos no final. Ainda assim, a permissão desse “sonho/desejo” ou de um real “olhar para o futuro“, nessas cenas, interrompem uma jornada quase cínica de pertencimento e não-pertencimento a certas camadas sociais, frustrando um pouco certos caminhos do roteiro. O filme, no entanto, se mantém em altíssimo patamar. Uma imensa surpresa de Bong Joon Ho, que desafia um pouco a si mesmo e problematiza social e emocionalmente o status quo no mais amplo aspecto possível: afinal, quem, nos arranjos de nossa sociedade, é o parasita de quem?

Parasite (2019 film) PLANO CRITICO FILME

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4. O Irlandês

Na reflexão sobre a vida, sobre o fim de uma Era, sobre a velhice e o contraste da essência calejada de um indivíduo com os novos tempos em torno dele (notem que, nesta mesma safra, Era Uma Vez em… Hollywood e Dor e Glória fazem exatamente a mesma reflexão, em tempos e abordagens distintas) temos por fim a divulgação de uma lenda contrastada com o medo final de seu narrador… e o filme sobre esse dilema, mostrando os últimos momentos de alguém com um passado grandioso. Este é O Homem Que Matou o Facínora da nossa Era, com uma revisão de carreira no crepúsculo de uma década, na mudança do público e do jeito de se produzir, exibir, entender e discutir a Sétima Arte. O Irlandês é um filme histórico feito sob medida para quem realmente ama CINEMA. A obra que concentra a essência do trabalho de Martin Scorsese e apresenta uma linha de abordagem que será melhor compreendida, fortalecida e relevante à medida que o tempo passar. Em outras palavras, eis aqui um clássico.

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3. Vingadores: Ultimato (Com Spoilers)

Ultimato comove por estar constantemente associando-se, em outra instância, ao que o espectador consegue compartilhar consigo, que é a noção de família e grupo, basicamente o cerne que move a complexidade do conceito do super-herói e até mesmo representatividade em um ambiente tão humanista e com pés no chão quanto o da Marvel Comics. Esse sentimento de causa, de missão, de objetivo e unidade é muito importante, por evidenciar algo a que devemos celebrar e lutar por, acreditar como o nosso super-heroísmo do cotidiano. Uma das cenas de Ultimato, aumentando assim como o longa aumenta todas as suas vertentes, também expande o girl power de Guerra Infinita, agora com – quase – todas as personagens femininas do MCU. Eis a mistura entre a grandiosidade de um “evento” com as menores escalas que importam.

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2. Coringa (Com Spoilers)

Depois de ser visto quase o tempo inteiro em meio às sombras, de costas, atrás de objetos ou barreiras, Arthur Fleck acaba desaparecendo. Em seu lugar surge o palhaço do crime, a quem a câmera de Todd Phillips captura de maneira livre e não só em closes: ele é inserido em grandes quadros, num espaço centralizado e, pelo menos uma vez, num plano engrandecedor de baixo para cima (contra-plongée), mostrando a diferença entre o indivíduo que vimos no início e o vilão que vemos no final. É um filme perturbador, diferente das adaptações de quadrinhos a que estamos acostumados, mas que tem tudo a ver com o que o Coringa é e representa. Um estudo de personagem e de seu ambiente que faz todo o sentido ter nascido em tempos como os nossos. Um retrato medonho sobre a crueldade em seu nível mais básico e sobre como a loucura pode estar em qualquer lugar, especialmente nos risos desesperados, exibidos a qualquer custo. É um lado extremo e aterrador da vida, mas é a vida. Então que entrem os palhaços.

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1. Capitã Marvel (Com Spoilers)

Muito antes de ser a Capitã Marvel, Carol era uma garota destemida encontrando seu espaço num mundo de homens. Uma criança, uma adolescente, uma jovem adulta. A transformação em Kree seria o ponto de partida para a personagem, caso todo o seu passado já não presumisse uma jornada de herói. Em terra de faroeste, Danvers atira primeiro. Durante o confronto final entre a protagonista e Yon-Rogg, Brie Larson é quase uma mistura de Clint Eastwood com Harrison Ford, sem precisar provar nada a ninguém – e a trilha sonora brinca, espirituosamente, com melodias de western. Qual garoto não queria ser seus heróis favoritos? Uma mistura perfeita de crença no mito do herói com crença em poder ser o herói, de uma forma ou de outra. Capitã Marvel é a obra mais Marvel que essa saga cinematográfica já trouxe ao mundo. Contudo, essa é mais. Obrigado, Stan.

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