Esta lista NÃO é apenas de leituras de obras lançadas em 2024, seja no Brasil, seja no exterior. Claro que podem aparecer algumas lançadas neste ano, mas a proposta é apenas ranquear as melhores leituras ou releituras de janeiro a dezembro, independente de quando o volume em questão chegou ao mercado. Clique nos links dos títulos para ler as críticas! Já deixo também o convite para vocês compartilharem nos comentários as suas listinhas de 10 melhores leituras de QUADRINHOS em 2024! E caso queiram ver as nossas outras listas sobre o tema, clique aqui!
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LUIZ SANTIAGO
Esta foi uma lista mais fácil de montar do que eu esperava. Apesar de ter lido bastante coisa em 2024, os quadrinhos que tinham maior qualidade não foram tantos assim, o que acabou me ajudando um pouco na hora de fazer o TOP 10. Eu queria ter lido muito mais Bonelli e mais alguns mangás parados na minha lista… mas não foi possível. Vou tentar desencalhar esse material agora em 2025!
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10º – Angola Janga – Uma História de Palmares
Marcelo D´salete | Brasil | 2017
Os caminhos ficcionais que permeiam a narrativa, aqui, são bem pensados e não interferem na compreensão dos fatos e nem inventam situações anacrônicas ou que contradigam o que temos de documentos, práticas e narrativas que sobreviveram ao tempo. Trata-se de uma aventura de julgo, horror e tristeza; mas também de luta, esperança e irmandade. E para a nossa tristeza, trata-se também de mais um alerta sobre como feridas abertas lá no século XVII ainda não foram completamente fechadas… ou geraram outras, adaptadas aos “novos tempos“, onde o homem e a mulher preta sentem no corpo e na mente, pelas leis não cumpridas, pelos olhares, falas, “piadas e brincadeiras” os ecos estruturais de sua própria existência diaspórica num país racista como o Brasil.
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9º – O Caso do Criminólogo Assassino
Giancarlo Berardi, Maurizio Mantero, Antonio Marinetti | Itália | 2015
Com citações ao escritor Dashiell Hammet e ao personagem Hercule Poirot, o roteiro tensiona ao máximo a relação entre os criminólogos e a polícia e mostra como os homens tratam as mulheres que trabalham na mesma área, com muito desprezo, piadinhas machistas que tentam diminuir a capacidade de pensamento da profissional e inutilizando a avaliação das colegas. Os autores não esculpem bem o trajeto entre o último atentado e a explicação do crime, mas não há nada que se possa classificar como irremediável na trama. Entre o coração e a razão, Júlia se vê diante de alguém que está querendo cobrir seus rastros, e fará o que for preciso para que ninguém descubra o vergonhoso segredo.
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8º – Veneno: Anjo de Bremen
Peer Meter, Barbara Yelin | Alemanha | 2010
Em 1972, o cineasta R. W. Fassbinder dirigiu A Liberdade de Bremer: Afinal, Uma Mulher de Negócios, adaptando livremente a vida e os atos de Gesche Gottfried. Além de ser um caso muito macabro, não deixa de chamar a atenção os relatórios errados dos médicos para todas as mortes na casa e no entorno da assassina, além de sua ação como envenenadora ter sido fofocada por anos na cidade e nem a polícia, nem a justiça, nem os civis tiveram alguma atitude para colocar a situação a limpo. É um evento histórico com ações infames e um egoísmo coletivo que só poderia terminar num “exemplo regenerador” (através da execução) que só serviu para espetáculo público e preenchimento do ego das lideranças masculinas da cidade. Na memória de uma jovem escritora, tudo isso se tornou um trauma. Já para o leitor de Veneno, o caso ganha uma sombria luz capaz de arrepiar o corpo inteiro.
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7º – Não Era Você que eu Esperava
Fabien Toulmé | França | 2014
Não Era Você Que Eu Esperava é, em seu cerne, uma sinceridade escancarada, capaz de provocar empatia e desconforto, sem deixar de informar, ensinar, explicar e te convencer de que, assim como tudo na vida, um filho com Síndrome de Down não é o fim do mundo. Pelo contrário, para Fabien, foi uma alquimia inesperada e inicialmente dolorosa, mas que transformou o insuportável em imprescindível. O inaceitável em essencial. Lidar da melhor forma possível com os problemas que nos surgem talvez seja mais recompensador do que esperar uma vida sem problemas ou desafios, fórmula default para se conceituar felicidade na sociedade moderna.
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6º – Promethea – Livro 4
Alan Moore, J.H. Williams III, Mick Gray | EUA | 2003
Como não é a primeira vez que duas mulheres vestindo esse manto brigam por suas existências como Seres divinos, entendemos que este é um dilema e um aprendizado ainda não conseguido pela personagem, e que, por isso mesmo, a repetição da situação deve acontecer, com o julgamento e o devido pagamento pela infração cometida. O Livro 4 de Promethea é erguido num salto de situações opostas. Saímos da plenitude da Coroa, da cabeça de Deus, e chegamos ao ventre da Terra, às mãos do vício e da mesquinharia. Uma situação de dualidade entre esferas que rege muito mais aspectos da vida do que estamos dispostos a admitir.
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5º – Gon
Masashi Tanaka | Japão | 1991 – 2002
O fato é que Gon realiza inúmeras mudanças nos nichos ecológicos por onde passa e tem atitudes que afetam ecossistemas inteiros. Como na fase final os capítulos recebem uma continuidade que antes não existia, o leitor aproveita essas viagens de maneira diferente e percebe as piscadelas do autor no decorrer das seguintes situações: Gon e Seus Amigos Feridos; Escala Uma Montanha; E o Grande Elefante Sábio; Cria um Passarinho; Se Diverte Com uma Família de Orangotangos; Vai Treinar; E Seus Amigos Vão Colher Mel no Bosque. O humor, agora mais maduro, muda bastante o tom geral da narrativa e, junto ao encanto que nos proporcionou desde o início, consegue cravar o carimbo de “leitura obrigatória” para a série, convocando qualquer um que aprecia a arte narrativa, a fantasia fabular às vezes sem sentido e um milhão de sentimentos e possibilidades de reflexão pelo meio do caminho. Gon é simplesmente necessário e inesquecível!
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4º – Capitão Britânia: O Mundo Distorcido
Alan Moore, Alan Davis | Reino Unido | 1982
A luta entre Mad Jim Jaspers e o matador de super-heróis do outro Universo é uma das sequências mais sensacionais da saga, eu voltei umas duas vezes para relê-la e saborear toda a ideia e a movimentação por trás da batalha, além da fantástica brincadeira visual de Davis para o momento. Variações desse embate seriam vistas anos depois na Saga do Monstro do Pântano, de forma imensamente mais polida e com um maior propósito no escopo da história. Em sua renovação e abordagem para o Capitão Britânia, Alan Moore repensou a existência do personagem, desmistificou a figura de Merlin na vida dele e levou muito a sério a ideia de uma jornada num “mundo distorcido“, criando uma história com consequências definitivas para o personagem, em um estilo elegante, surreal e intrigantemente divertido.
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3º – Promethea – Livro 3
Alan Moore, J.H. Williams III, Mick Gray | EUA | 2001 – 2002
Promethea e Barbara estão agora subindo a Árvore da Vida, caminhando do mundo material até algum lugar muito acima das esferas, provavelmente até a sefirá 1, Keter (ou “Coroa“: pureza e energia ilimitadas), habitada pelo quatro naipes dos Ases, nos arcanos menores do tarô; o verdadeiro início de tudo. É um percurso de aprendizado, provações, cura e purificação também. Elas precisam deixar para trás, a cada nova sefirá, as características viciosas e contaminadas vindas da esfera material, a fim de estarem preparadas para assimilar e experimentar as lições dos planos superiores da existência Universal. O que o autor criou nos livros Um e Dois da série é aplicado aqui como ferramenta valiosa nessa vereda mística rumo não apenas à iluminação, mas ao pleno contato com a iluminação, com a alma de tudo o que existiu, existe e existirá. Tem algo mais profundo, instigante e maravilhoso do que isso?
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2º – Barro Mortal
Alan Moore, George Freeman, Lovern Kindzierski | EUA | 1987
Vista por este lado, é uma trama intensa e com um potencial alto de complexidade para discussão temática ou simbólica. A exposição do Cavaleiro das Trevas, o destino do vilão e a abordagem para a execução da lei também se destacam pelo caminho diferente que tomam. É aquela velha ideia de que não precisamos de coisas épicas ou muito cifradas em um roteiro para que o resultado seja de alto nível. Traçar um enredo simples, mas talhado com diálogos ou monólogos coerentes com a proposta e guiar a aventura na linha do inesperado é o suficiente para impressionar. E se pensarmos bem, isso diz muito (e negativamente, convenhamos) sobre a qualidade geral das histórias em quadrinhos no mundo dos super-heróis, não é mesmo?
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1º – Aqui
Richard McGuire | EUA | 1989 – 2014
Escadas, tapetes, papéis de paredes, lareira, móveis e uma “janela-olho-de-Deus” são os itens recorrentes na história, utilizados em diferentes contextos, por pessoas tendo as mais distintas experiências, algumas sozinhas, outras acompanhadas. A grandeza desta aventura está na habilidade do autor em transformar uma ideia simples numa fantástica desconstrução do tempo e do espaço. Por meio de fases, luzes e atmosferas muitíssimo bem orquestradas, o artista revela as poderosas possibilidades de uma narrativa gráfica exploradas com inteligência. O resultado é uma experiência visual e emocional que ultrapassa muitas linhas de qualidade e cria uma relação inesperada com o público, convidando à contemplação e análise de coisas que integram tudo aquilo que vivemos, mas que não estão, exatamente, aqui.
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RITTER FAN
Estava meio parado com leituras em quadrinhos, até que um de nossos leitores deu a INSANA ideia de, além de nossa Corrida Literária, começarmos uma Corrida Quadrinística. Obviamente que eu e o Luiz ficamos empolgados e pronto, não deu outra e isso entrou já para nossa tradição anual, com a primeira edição ocorrendo ao longo de 2024. E é claro que, como eu tinha que esmagar meu colega de site TAMBÉM nessa corrida, tratei de correr atrás das HQs que não tinha lido e que estavam pegando poeira em minhas estantes, além de começar a acompanhar o Universo Energon, que combina Transformers com G.I. Joe, que a Image Comics começou a publicar e o resultado é que o Luiz Santiago não é mais do que um borrão na sola de minha bota.
O ano de 2025 será igual, só que, como diria uma certa presidenta, com a META DOBRADA, pois, agora, meu objetivo é correr atrás do leitor que deu ideia de fazermos a Corrida Quadrinística e que, ao longo do ano, leu quase 30 mil páginas (30 MIL!!!). Será dureza, não tenho dúvida, até porque ele também já deve estar esperto e revirando os baús de quadrinhos que ele certamente tem escondido no porão e no sótão da cada dele, dos pais, dos avós e dos bisavós. Bem, agora chega, pois tenho que continuar lendo HQs!!!
Menções Honrosas (em ordem alfabética):
- Aliens: O Que Aconteceria Se… Carter Burke Tivesse Sobrevivido?
- Bat-Man: Primeiro Cavaleiro
- Bojeffries
- Boxers/Saints
- The Expanse: Dente de Dragão
- Meu Amigo Robô
- Miyamoto Musashi
- Monstros da Universal: Drácula
- Patrulha Estelar Yamato
- Superman: A Era Espacial
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10º – Fishflies
Jeff Lemire | EUA | 2024
E, com isso, eu chego à outra constatação: Jeff Lemire não só é um dos mais prolíficos e completos autores ocidentais de quadrinhos, como ele, apesar de sua produção absurda trafegando pelos mais diversos gêneros e assuntos, raramente erra e, na maioria das vezes, acerta na mosca. Fishflies é um desses acertos, uma obra que, mesmo com seus pequenos problemas de desenvolvimento na narrativa do passado, entrega uma história que é uma amálgama de gêneros, mas que pode ser resumida a uma carta de amor ao local em que ele viveu e aos vários socialmente desajustados que conhecemos, inclusive aqueles que estão lendo a presente crítica (e também o que a escreveu…).
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9º – Transformers – Vol. 1 e Vol. 2
Daniel Warren Johnson, Jorge Corona | EUA | 2023 – 2024
O recomeço de Transformers pela Skybound/Image é surpreendentemente muito melhor do que eu poderia esperar, seja em termos narrativos, seja em termos artísticos. O conflito entre Autobots e Decepticons foi muito bem levado para as páginas dos quadrinhos e elevado a algo bem menos maniqueísta do que o normal, com os dois lados do conflito ganhando peso e com os humanos ao redor funcionando para a história e não apesar dela. Resta, agora, torcer para que essa qualidade continue!
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8º – Godzilla: Guerra pela Humanidade
Andrew Maclean, Jake Smith | EUA | 2023 – 2024
Godzilla: Guerra pela Humanidade é, no final das contas, uma minissérie de Godzilla do mais alto gabarito que acerta absurdamente na arte que traz à vida um roteiro inteligente e bem construído, ainda que galgado em premissas simples. Trata-se de uma daquelas obras da Nona Arte que, depois que acabamos de ler a primeira vez, voltamos para uma segunda vez, somente para, com calma, observarmos e absorvermos cada detalhe do fascinante trabalho artístico de Smith e Pinto. Eu já disse que vou perseguir obsessivamente os dois como já faço com James Stokoe?
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7º – A Balada de Halo Jones
Alan Moore, Ian Gibson | Reino Unido | 1984 – 1986
A saga feminista de Halo Jones poderia ter continuado como planejada originalmente, mas Moore e Gibson entregam um final mais do que satisfatório para a heroína que, justamente nas últimas páginas, pode ser realmente caracterizada como tal da maneira mais convencional e não apenas por existir e por ser a protagonista. A Balada de Halo Jones pode até demorar a realmente atrair o leitor, mas essa demora faz parte do jogo e, diria, é até uma maneira de determinar quem deve ou não ler as 200 páginas sobre uma mulher comum em um futuro estranho, mas ao mesmo tempo perfeita e infelizmente reconhecível nos dias de hoje. E, claro, se Moore um dia voltar à personagem – o que acho difícil – podem ter certeza de que farei de tudo para por as mãos em um exemplar da publicação!
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6º – Hokusai
Shotaro Ishinomori | Japão | 1987
Hokusai é Ishinomori no auge de sua forma criando um mangá valioso tanto por seus próprios méritos, quanto por popularizar a vida e a arte de um dos nomes mais importantes de todos os tempos nas artes plásticas japonesas que merece realmente ser conhecido para além de sua inegavelmente belíssima onda de Kanagawa. E nada melhor do que esse conhecimento ser passado como uma mescla muito bem costurada de realidade e ficção que homenageia – ainda que não cegamente – seu notório protagonista e oferece uma visão ampla de todo o seu corpo artístico.
5º – Espectadores
Brian K. Vaughan, Niko Henrichon | EUA | 2022 – 2024
Espectadores é uma HQ adulta que olha a vida inegavelmente com graus elevados de pessimismo e melancolia, mas que encontra no ato sexual e em sua mais completa desmistificação uma maneira de liberação, de navegação ao encontro de algo que pode ser – e é – muito precioso. Val e Sam, que não podem fazer sexo por serem intangíveis, sabem bem disso e exatamente por isso observam esses momentos com desejo e nostalgia mesmo com o mundo ao seu redor ruindo a cada dia que passa. E não é isso que fazemos também? Observamos, impotentes, a direção que o mundo caminha? Somos os espectadores de nossas próprias vidas, mas cabe a nós sermos mais do que isso e aproveitá-las ao máximo.
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4º – Dementia 21 – Vol. 1
Shintaro Kago | Japão | 2010 – 2013
Dito isso, Dementia 21 deveria vir com um aviso de que o mangá é perigosamente viciante e razoavelmente enlouquecedor (e digo isso como elogio, lógico). Shintaro Kago, em sua feroz competição consigo mesmo para criar uma história melhor do que a anterior, revela-se como um monstruoso mangaká capaz de enfeitiçar os leitores mais arredios. E não, não lerei o segundo e último volume agora, porque é justamente o último. Esperarei um pouco mais para poder eventualmente reler o primeiro e aí sim mergulhar na segunda parte das desventuras de Yukie Sakai no país dos idosos completamente insanos.
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3º – Alien: A História Ilustrada
Archie Goodwin, Walt Simonson | EUA | 1979
Alien: A História Ilustrada pode ter nascido como parte de outra estratégia vencedora de marketing do absurdamente “esquecido” Lippincott, mas tornou-se muito mais do que isso, uma obra que não só passou com honras pelo teste do tempo, como tornou-se inspiração das mais variadas maneiras para grandes artistas de quadrinhos que floresceriam nos anos 80, mudando a indústria para sempre. Não é sempre que uma adaptação em quadrinhos de um filme ganha vida própria, mas esta aqui não só conseguiu essa proeza, como mantém-se firme como possivelmente a melhor já feita.
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2º – Helen de Wyndhorn
Tom King, Bilquis Evely | EUA | 2024
Apesar de Helen de Wyndhorn ser algo raro de se ver por aí nos quadrinhos semi-mainstream e apesar de Tom King deixar o final preparado para um retorno a esse universo, ainda que apenas uma fresta, tenho para mim que a graphic novel é completa como está. Paradoxalmente, sei que darei boas-vindas e lerei mais desse mundo pela mesma dupla criativa, mas, no fundo, tenho para mim que tudo o que precisamos saber dele e de seus personagens nós aprendemos aqui e a continuada exploração cairá não na armadilha da falta de qualidade, pois confio em King e Evely, mas sim em uma fina ironia em razão dos comentários que o texto faz justamente sobre as infindáveis adaptações que são feitas de obras famosas. Já há muito o que extrair dessa leitura e o melhor que se faz é reler o material sempre que bater saudades de Helen, Barnabas e demais.
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1º – Pessoas Impossíveis (Impossible People)
Julia Wertz | EUA | 2023
Pessoas Impossíveis, apesar do tema doloroso, é uma leitura incrivelmente agradável e enriquecedora que faz o coração pulsar não somente pelo drama posto e maneira como Wertz lida com ele, mas pela forma como o estilo “a vida como ela é” nos abraça e nos conforta a cada virada de página, mesmo que por vezes os problemas do cotidiano nos levem a lugares ruins (afinal, a vida é assim). Uma HQ assim é como se a autora estivesse olhando em nossos olhos e deixando claro que o começo de uma recuperação – seja ela de um problema da natureza que for – não é somente seguir tratamentos ou mesmo reconhecer que se tem aquele problema, mas sim viver a vida de maneira que sua recuperação faça parte intrínseca dela e não algo de momento. Não é fácil, sem dúvida, pois somos todos pessoas impossíveis, mas quem disse que a vida é moleza, não é mesmo?