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Lista | M. Night Shyamalan – Os Filmes Ranqueados

por Iann Jeliel e Kevin Rick
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Chegou a almejar o ponto de Mestre do Suspense de Alfred Hitchcock, além de ter sido vendido para o mundo como o “novo Spielberg”. M. Night Shyamalan definitivamente não é um diretor qualquer, especialmente porque em determinado momento da carreira passou a ser refém da própria originalidade, e, claro, dos seus famigerados plot twists.

Seu cinema geralmente pega diferentes premissas voltadas ao terror, aplicando sua visão católica – com inventividade e enorme habilidade com a câmera – sobre a força do sobrenatural e o desconhecido na consciência humana, mas com o tempo, ele passou a fazer comentários sobre a própria crença, ou não, de seu cinema. Ser autoral demais tem esse custo, não ser aceito por todos, sempre, e assim, o descendente indiano passou a ser constantemente julgado entre a prepotência e a genialidade ao longo de sua filmografia.

Recentemente, estreou nos cinemas o seu novo filme, Tempo, ou seja, surgiu a oportunidade de fazermos uma retrospectiva dos 14 filmes lançados pelo diretor até o momento (incluindo o mais recente), no formato de ranking, ordenando do pior ao melhor. Para esta lista, participaram, eu, colunista que vos fala, Iann Jeliel, em parceria com meu amigo de perfil Kevin Rick e aos outros veneráveis companheiros de escrita Roberto Honorato, Fernando Campos e Michel Gutwilen. Antes da ordem, vale destacar algumas observações importantes sobre critérios usados na elaboração do ranking:

  • Cada participante elaborou seu ranking individual, com, no mínimo, 12 filmes assistidos. Em cada ranking, os filmes ganharam uma certa quantidade de pontos, adquiridos de forma inversamente proporcional a sua colocação perante a quantidade de filmes assistidos.
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  • Exemplificando: Se a pessoa viu todos os filmes, o 1º lugar levou 14 pontos, o 2° lugar, 13 pontos, e assim sucessivamente até o último e 14° lugar, levando apenas 1 ponto. A mesma lógica se aplica a pessoa que viu 13 filmes ou 12 filmes, mas aí, a contagem do 1º lugar começaria a partir de 13 ou 12 pontos.
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  • Com a soma simples dos pontos, chegamos à versão da ordem final, uma vez que não houve empates. No entanto, vale destacar que três dos filmes da lista foram vistos por somente três pessoas e, caso tivessem sido vistos por todos, o resultado possivelmente seria diferente.
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  • A classificação final pode não refletir na avaliação das críticas, visto que, além de terem sido escritas por um não participante, os colunistas presentes, obviamente, têm divergências nas opiniões entre si;
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  • Os comentários curtos abaixo das posições serão feitos por mim (Iann) e Kevin, representando parte da nossa opinião, mas levando em conta a impressão conjunta dos escritores envolvidos;
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  • Haverá links para cada crítica nos títulos. Não deixe de ler os comentários e acessar os textos completos após o ranking.

Por fim, esta, como qualquer outra lista, não possui caráter definitivo. Concorda? Discorda? Ótimo! Deixe sua opinião sobre a nossa ordem com respeito nos comentários, além de colocar a sua para a gente debater. Vamos ao ranking!
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14° Lugar: O Último Mestre do Ar

(7 Pontos)

Kevin Rick: O atentado artificial de Shyamalan à fábula inocente. A completa falta de emoção em uma sucessão de exposição, explicações, realismo deslocado e simbolismos rasos que engessam a magia do mundo, escondem a jornada pueril e transformam seus personagens em receptáculos vazios. Mais preocupado com a técnica plástica em uma história natural, o cineasta acaba sugando qualquer qualidade ou traço de sentimento da aventura para evocar o sintético. É, na verdade, a junção oposta de um material singelo que o diretor coloca num molde antinatural. Por quase unanimidade, o pior filme dele.

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13° Lugar: Olhos Abertos

(10 Pontos)

Iann Jeliel: Shyamalan possui uma enorme dificuldade em trabalhar narrativas com o teor mais inocente, sem estar posicionado no gênero terror para fazer um contraponto. Olhos Abertos cai exatamente nesse terreno, uma tentativa frustrada de fazer um coming-off age dramático sobre a fé no acreditar ou não nos pós vida, de modo universal, mas que se torna um longa-metragem puramente catequético, dogmático e panfletário, digno de qualquer gospel meia boca, um pouquinho mais bem dirigido. Por ser visto apenas por três pessoas, ficou para trás na lista final.

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12° Lugar: Depois da Terra

(11 Pontos)

Iann Jeliel: Lembro claramente da decepção de ter visto isso no cinema, um filme que poderia ser resumido diretamente na palavra: “chatíssimo”, pois é praticamente interminável, cíclico e sem tesão como blockbuster. Gosto de como o Shyamalan trata suas premissas sempre com originalidade particular, existe a tentativa nesse, de trazer uma conexão ecológica dos personagens com a terra, reinterpretando o perigo a espreita naquela ficção cientifica, mas ele executa essa ideia com desinteresse, igualmente sentido pela dupla pai e filho Smith, no elenco.

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11° Lugar: Praying With Anger

(17 Pontos)

Kevin Rick: Parece ser um filme simples, ainda que bastante terno, sobre alienação e a busca por raízes culturais, mas, além disso, o primeiro longa-metragem de Shyamalan é um grande vestígio inicial da expressividade de um autor moldando a sua voz com uma obra extremamente pessoal. Como foi visto também apenas três pessoas (muito até, porque é um filme bem desconhecido), ficou mais abaixo na lista.

Praying With Anger

 

10° Lugar: A Dama na Água

(18 Pontos)

Kevin Rick: Tal qual a inocência de uma criança, A Dama na Água é um filme sincero em seu conto fabular de crença no místico, o que não quer dizer que seja crível para qualquer um. Como Iann falou acima, Shyamalan tem dificuldade com a execução de histórias de teor mais inocente fora do horror, assim o seu conto de ninar sobre o confronto de aceitação com a infantilização do imaginário, por mais puro que seja, é uma fantasia de quintal, em muitos momentos, enfadonha.

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9° Lugar: Tempo

(23 Pontos)

Kevin Rick: Talvez o filme que mais mistura elementos da filmografia de Shyamalan, Tempo é um grande experimento com o autoral do diretor. Do ordinário que trabalha o pesadelo fabular em uma experiência ativa psicologicamente tensa, até o inquietante trabalho visual do horror corporal, temos uma jornada acelerada por nossos medos da mortalidade. Infelizmente, uma quebra de contexto moral danifica a unidade do filme. Além do que, ele só foi visto por três pessoas no ranking, colocando em desvantagem aos demais.

 

8° Lugar: Fim dos Tempos

(29 Pontos)

Iann Jeliel: Certamente a posição mais polêmica da lista, Fim dos Tempos sofre por ter uma originalidade muito “tosca”, mesmo em filme catástrofe, afinal temos um “vento” é assassino slasher e plantas “terroristas”, além de um Mark Walhberg, carismático é verdade, mas que definitivamente não convence conversando com a verde sintética. Mas, apesar do filme ir se perdendo como exercício de gênero, os toques da direção do Shyamalan no início conseguem vender a periculosidade do mistério, o desamparo perante o sobrenatural e há toques da sua genialidade de antes, nas discussões sobre a fragilidade humana e criação do suspense quase engolidor de esperança.

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7° Lugar: Vidro

(37 Pontos)

Iann Jeliel: Shyamalan mais uma vez é subestimado por seu estilo original e agravante de falhas por acreditar tanto em seu projeto. A verborragia do seu texto é fascinante por incomodar na mesma proporção que estimula pelo domínio de câmera a qual ela é direcionada. Numa nota otimista, a peculiaridade e ousadia do indiano tornam esse projeto como um todo um marco ao gênero, dentro de um fechamento digno de sua personalidade.

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6° Lugar: Fragmentado

(38 Pontos)

Iann Jeliel: A alta do terror psicológico e de super-heróis serviu como uma válvula de escape perfeita para Shyamalan provar que ainda podia surpreender, ainda que não faça isso da maneira mais sutil, a dupla principal do elenco brilha para manter o nível de tensão em meio a situações no limite da galhofa, principalmente McAvoy, construindo uma identidade própria a cada pessoa dentro de Kevin (o do filme hihihi) e as transitando com naturalidade.

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5° Lugar: A Visita

(39 Pontos)

Kevin Rick: O retorno a algo de menor escala e baixo orçamento é utilizado sempre em ironia pelo diretor. Do uso de found footage executado por alguém com diferente habilidade na câmera, para criar uma espécie de metalinguagem, ao humor escrachado e jovial para dimensionar as performances caricatas, Shyamalan questiona e confronta o espectador sobre a crença/descrença do extra-campo, em uma forma de deboche mesclado com sua linguagem da dúvida, para potencializar um belo exercício de horror.

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4° Lugar: A Vila

(45 Pontos)

Kevin Rick: Uma aula de economia narrativa para abrir espaço à envolvente atmosfera idílica. De caminhadas na floresta até o enfoque nas cores de flores, de aspectos mais mundanos até um retrato mais romântico do horror, A Vila é um estudo de caráter de como uma comunidade e indivíduos respondem sob pressão e medo.

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3° Lugar: Sinais

(52 Pontos)

Kevin Rick: É um filme em paralelo. Se constrói enormemente no suspense e horror do que não é mostrado, do que se está à espreita, potencializando o desconhecido alienígena no nosso imaginário. Contudo, é, também, uma aula de vestígios em evidência que parecem ordinários, mas que recompensam o espectador e seus personagens com momentos de revelação pessoal através do fantástico.

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2° Lugar: Corpo Fechado

(57 Pontos)

Iann Jeliel: Shyamalan usa o extraordinário de forma visionária dramaticamente para potencializar o gênero proposto, nesse caso o de super-heróis. Muito antes da febre quadrinesca, o indiano já desconstruía regras em um ambiente realístico de conflito entre a fé e o racional, incorporados numa estrutura clássica de thriller hitchcockiano, onde a mise-en-scène é fundamental para o entendimento das camadas da história. Com uma atmosfera envolvente, melancólica e sugestiva, Corpo Fechado é um filme muito à frente de seu tempo.

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1° Lugar: O Sexto Sentido

(59 Pontos)

Iann Jeliel: Muito maior que seu genial twist, O Sexto Sentido revoluciona o terror sobrenatural ao propor uma perspectiva interpretativa diferente do fantasmagórico como força para uma jornada para a auto aceitação do psicológico íntimo, sem, contudo, deixar de entregar uma atmosfera das mais bem construídas da história do cinema de terror. Apostando honestamente na criação do medo pelo desconhecido, sincronizando-a com a comunicação entre os dois mundos, para que no momento certo, na grande reviravolta, ele desapareça e resignifique a história, literalmente, em todos os sentidos. Um filme simplesmente absurdo, e, em dúvidas, a obra-prima do diretor.

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