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Lista | Melhores Leituras em 2023: Livros – Luiz Santiago

Mistérios à vista.

por Luiz Santiago
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Esta lista NÃO é apenas de leituras de obras lançadas em 2023, seja no Brasil, seja no exterior. Claro que podem aparecer obras lançadas neste ano, mas a proposta é apenas ranquear as melhores leituras ou releituras de janeiro a dezembro, independente de quando o volume em questão chegou ao mercado. Clique nos links dos títulos para ler as críticas! Já deixo também o convite para vocês compartilharem nos comentários as suas listinhas de 10 melhores leituras de livros em 2023! E caso queiram ver as nossas outras listas sobre o tema, clique aqui!

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Como vocês viram em meu desabafo em nosso Editorial, no ano de 2023, a única arte que consegui manter em um nível intenso de movimentação foi a literária. Li muito material histórico e, principalmente, livros policiais — algo que pode ser visto de maneira muito clara na lista abaixo. Este foi um ano divertido de leituras, com algumas boas descobertas (principalmente entre os romances policiais) e um ano muito interessante em reencontro com clássicos e com livros de formação em História da nona arte, do cinema e do Brasil, algo que também devo expandir para a corrida literária de 2024. Abaixo, segue a minha lista de 10 leituras que se destacaram dentre as 55 (sem contar os quadrinhos!) que fiz ao longo do ano de 2023. Pela primeira vez, em uma lista minha de “melhores leituras do ano“, vocês irão encontrar mais de um livro original dos Estados Unidos. Até eu estou surpreso com essa.

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10º – Calopsitas às Sete

Donna Andrews | Estados Unidos | 2008

Donna Andrews tem dificuldade de construir cenas fluídas com gente armada ligada a reféns. Suas cenas nesse sentido sempre deixam a desejar: o ritmo é truncado, os diálogos são estranhos e a maior parte das ações não parecem combinar com o drama geral. Deixando esse pequeno bloco de lado, Calopsitas às Sete é um livro divertido, tenso e que está profundamente focado no processo de investigação, sustentando com presas e garras os grandes e pequenos mistérios que vão aparecendo no decorrer dos capítulos. Já é um dos meus volumes favoritos da série!

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9º – Dê Uma Mão aos Garotos

Ed McBain | Estados Unidos | 1960

Quando comecei a ler o livro, não fazia ideia de que me depararia com um dos enredos mais fechadinhos e mais intensos dos casos do 87º, mas foi justamente isso que encontrei aqui. Uma investigação que passa muito tempo sem dar frutos, mas que de maneira rápida, revela o que tem escondido e, quando esses esqueletos no armário se revelam, nos espantamos e lamentamos o horror que um ser humano pode infligir ao outro.

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8º – Assassinos da Lua das Flores

David Grann | Estados Unidos | 2017

Numa escrita acessível, atrativa e com momentos que deixam o leitor bastante tenso, o autor dá a conhecer esse horror social do início do século XX, refletindo sobre como a questão da terra, as leis, o conceito de liberdade, o acúmulo de riquezas e a propriedade privada só são coisas defendidas com unhas e dentes quando direcionadas a um tipo muito específico de pessoas. Para outros, como os Osages, o que sobra, além da dor, é a torcida para que alguém cumpra com sua obrigação social e faça valer lei. Mesmo assim, não há a garantia de que a justiça, em sua plenitude, seja feita.

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7º – Resgate de Rei

Ed McBain | Estados Unidos | 1959

Da mesma forma, o início um pouco mais lento não se torna um incômodo tão grande quando visto em perspectiva, após considerarmos a obra como um todo. A tensão explorada pelo autor e a estrutura do drama me lembraram outro ótimo livro da série, Atentado a Carella, com a diferença de que aqui temos um baita dilema moral e a desumanidade de um mega empresário, mais interessado em fazer valer a sua tentativa de boicotar o dono da empresa em que trabalha, e se tornar ele mesmo o presidente, do que salvar a vida de um garoto pobre que foi sequestrado.

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6º – Sertãopunk: Histórias de um Nordeste do Amanhã

Alan de Sá, Alec Silva, G.G. Diniz | Brasil | 2020

Sertãopunk: Histórias de um Nordeste do Amanhã é uma produção que embarca na projeção do futuro da humanidade e se dispõe a falar sobre isso em território nacional. Sem lançar mão de estrangeirismos bizarros e enredos irritantemente mirabolantes (muitas vezes com subserviente reverência aos Estados Unidos; um veneno que contamina um número assustador de novos escritores brasileiros), Diniz e Sá acrescentam uma nova camada à literatura brazuca, aglutinando a materialidade das ações humanas, seu impacto e seus resultados, e discutindo problemas que provavelmente ainda teremos por muito tempo em nossa civilização.

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5º – A Morte do Adivinho

Rudolph Fisher | Estados Unidos | 1932

Embora haja uma relação de contexto dando suporte à narração, o livro poderia passar sem ela, já que ali não vemos informações necessárias para a compreensão de muitas coisas na história. Repleto de momentos hilários, tensos e um pouco assustadores, A Morte do Adivinho é um dos suspenses clássicos mais interessantes que eu já li, uma brincadeira mística envolvendo morte, visões do futuro e a necessidade de se fazer justiça contra um assassino num bairro habitado por maioria negra, em plena Lei Seca.

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4º – Veja-os Morrer

Ed Mcbain | Estados Unidos | 1960

A morte extremamente violenta do bandido, assim como a morte do simpático policial Frankie Hernandez, são dois polos de uma mesma comunidade, representando homens que tomaram caminhos diferentes na vida e tiveram suas existências marcadas por essas escolhas. Uma pena que o assassinado aqui não tenha sido o desprezível Andy Parker, que aparentemente começa uma mudança de comportamento ao final do livro, considerando a conversa que ele tem com Luís, o dono da lanchonete.

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3º – Dois Hussardos

Lev Tolstói | Rússia | 1856

É um livro que se inicia com uma profusa quantidade de detalhes sobre uma época, e termina de maneira quase patética, demonstrando a anemia de muitas relações interpessoais, e como o ambiente nos molda e orienta as nossas ações cotidianas. Uma obra excelente para iniciar um debate sobre o entrelaçamento das gerações, sua socialização e sua construção como grupo de pessoas.

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2º – O Segredo das Lantanas

Rafael Martins | Brasil | 2022

Os diálogos ganham maior substância (tudo parece muito importante) e os sentimentos das pessoas são exibidos genuinamente, sem a superficialidade proposital da primeira parte, onde o incômodo físico e as projeções para o dia seguinte toma conta do ambiente. Em O Segredo das Lantanas, fantasmas do passado são desenterrados à medida que se sepultam monstros do presente, tornando o livro um vendaval de situações tão fortes e tão doloridas (por serem um espelho da vida real) que deixarão o leitor parado, em reflexão amargurada e existencial, por algum tempo.

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1º – A Morte de Ivan Ilitch

Lev Tolstói | Rússia | 1886

A Morte de Ivan Ilitch é um misto de lembrete irônico para aquilo que todos nós sabemos (que vamos morrer), a reafirmação de uma crítica que a maioria de nós fazemos (que não vivemos a nossa vida da maneira mais perfeita possível) e a exposição de algumas possibilidades que podem trazer o mínimo de conforto e esperança. A linha que separa o sofrimento do personagem, do nosso real sofrimento, desaparece, transformando a morte de Ivan Ilitch em um alerta que não poupa ninguém, deixando os leitores num misto de neurose, preocupação, votos de uma vida melhor e um novo olhar para o mundo. A nossa tarefa, ao fim da leitura, é juntar as peças espalhadas da nossa alma, ressuscitar, e seguir vivendo, mesmo destruídos por esse rolo compressor existencial.

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