IMPORTANTE: Cada indicação abaixo usa apenas um parágrafo da respectiva crítica! É só clicar nos links para ler os textos completos!
James Gunn começou sua carreira como quem não quer nada, utilizando a linguagem de filmes B no gênero de terror com o ótimo Seres Rastejantes, e depois usando o heroísmo como vitrine para lidar com temas mais pesados, como depressão e sociopatia, em Super. Alguns anos depois, o cineasta se tornou um dos maiores nomes da explosão cinematográfica do gênero super-heroico da última década, transitando entre Marvel e DC com ótimas obras.
Com o recente lançamento de O Esquadrão Suicida, decidimos criticar toda a curta filmografia do diretor, e eis aqui nossa lista ranqueando os cinco longas-metragens dirigidos por Gunn, além de um curta-metragem do tenebroso Para Maiores, excluindo os filmes que ele apenas roteirizou. Participando da lista, além de mim, temos os meus colegas Ritter Fan (Ritter falando: como meu voto é o único que realmente importa, resolvi sabotar a iniciativa excessivamente democrática de meu coleguinha com meus parágrafos azuis da zoação), e Iann Jeliel. Antes da ordem, vale destacar algumas observações importantes sobre critérios usados na elaboração do ranking:
- Cada participante elaborou seu ranking individual, com todos os filmes assistidos. Em cada ranking, os filmes ganharam uma certa quantidade de pontos, adquiridos de forma inversamente proporcional a sua colocação perante a quantidade de filmes assistidos.
- Exemplificando: O 1º lugar levou 6 pontos, o 2° lugar, 5 pontos, e assim sucessivamente até o último e 6° lugar, levando apenas 1 ponto.
- Com a soma simples dos pontos, chegamos à versão da ordem final, uma vez que não houve empates.
- A classificação final pode não refletir na avaliação das críticas, visto que, além de terem sido escritas por um não participante, os colunistas presentes, obviamente, têm divergências nas opiniões entre si;
- Haverá links para cada crítica nos títulos. Não deixe de ler os comentários e acessar os textos completos após o ranking.
E então, já viram todos os filmes do Gunn? Conhecem suas obras anteriores ao fenômeno de Guardiões da Galáxia? Compartilhem sua opinião e ranking pessoais!
6º Lugar: Para Maiores
Para Maiores, portanto, é uma experiência obrigatória, um filme que separa as crianças dos adultos, o cara que vê filmes casualmente do apreciador que realmente assiste obras cinematográficas. Sem Para Maiores a vida fica pequena, enclausurada, perdida e sem sentido como mascar chiclete por horas depois que o gosto despareceu e tudo o que fica é o movimento mecânico do maxilar. Para Maiores é para você, caro leitor, que precisa sair de sua caixinha segura forrada de Cidadão Kane, Os Incompreendidos, Os Sete Samurais e outras obras seguras desse naipe e partir de peito aberto para o mundo real, para a experiência visceral nas ruas, para a vida sendo vivida intensamente como se cada minuto fosse o último…
Ritter falando: não era para contar como filme de James Gunn, mas era simplesmente essencial que essa MARAVILHA cinematográfica aparecesse no maior número possível de lugares, de forma que ela possa ser divulgada e vista da maneira que merece. Não há experiência cinematográfica melhor do que essa aqui e é triste ver essa obra-prima na rabeira de qualquer lista, mesmo que seja o ranking de todos os melhores filmes com personagens com sacos escrotais no queixo…
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5º Lugar: Super
Em outras palavras, é como se Gunn, no meio da produção, tivesse decidido que o espectador não aguentaria sofrer por Frank Darbo até o final, precisando de um alívio, de um momento para “sair da história” e passar a ver algo mais comum, mais esperado e, sim, mais suave e simpático. E, nesse processo, o cineasta perdeu a oportunidade de lidar honestamente com seus temas e encerrar com justeza o arco de seu fascinante e torpe personagem, preferindo trocar isso pelo conforto do espectador, ainda que um conforto relativo, claro, pois isso aqui, como eu disse, não é Kick-Ass. Super, portanto acerta muito, promete muito, mas acaba não entregando aquilo que tinha toda as chances do mundo de entregar.
Ritter falando: esse filme tem o mesmo problema de O Esquadrão Suicida, ou seja, falta de cojones (ih, não posso usar palavra que não seja em português segundo um leitor nosso…) para terminar o que começou, mas, como não conta com personagens como Tubarão Baleia, Justiceiro Afrodescendente, Capitão América da DC, Senhorita Ratazana 2, Mané das Bolinhas Coloridas e o pai do Patrick, ficou por aqui mesmo.
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4º Lugar: O Esquadrão Suicida
Como disse no início do texto, é bem possível que O Esquadrão Suicida seja elogiado por todos os motivos errados. A obra tenta ser uma sátira de guerra-política e uma espécie de cinismo ao gênero de super-heróis, mas não é realmente comprometida ao longo de todo o filme nestas propostas, apenas nos dando a mesmice com um pouquinho de tempero. Felizmente, esse tempero é James Gunn, um cineasta simplesmente fantástico na construção da experiência explosiva e cômica, ainda que tenha falhado como roteirista. O Esquadrão Suicida é divertido sim, mas se olharmos bem de perto, vemos que um produto que se vende como diferente, que quebra paradigmas e revoluciona parâmetros, não vai além de uma boa comédia do gênero.
Ritter falando: Aqui é que fica evidente que democracia é coisa démodé (agora em francês!), pois essa Zorra Total dentro do Descontrole Coletivo que é o DCEU merecia ficar mais acima, na frente de Ooga-Chaka 2, mas atrás de Minhocas Nojentas e Alopradas.
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3º Lugar: Seres Rastejantes
Basicamente toda a primeira metade do longa é feito naquele simpático “estilo antigo” que segue a cadência da ameaça alienígena sendo apresentada logo nos primeiros quadros, mas ficando em banho maria por um tempo, seguido da apresentação lenta (no sentido positivo) dos personagens, com tudo feito com carinho muito grande e, mais ainda, um olhar clínico de Gunn para enquadramentos, composição de cenários e o bem-vindo destaque ao elenco, especialmente Rooker e Banks, que evoca o espírito de tantas obras que ele homenageia, mas sem ser óbvio ou direto para além dos nomes de alguns personagens como Jack MacReady (Gregg Henry), o prefeito da cidade, que é a fusão de dois clássicos personagens de Kurt Russell em sua excelente parceria com John Carpenter, Jack Burton de Os Aventureiros do Bairro Proibido e R.J. MacReady do citado O Enigma de Outro Mundo. Quando o “segundo ato” começa, Gunn acelera a movimentação de peças e os exageros pirotécnicos que, aqui, se restringem a maquiagem e próteses práticas, além de animatrônicos, sempre com uma camada não muito boa, mas discreta o suficiente para não atrapalhar de computação gráfica, que dá o complemento necessário à ambição do longa.
Ritter falando: esse é o filme mais James Gunn do James Gunn! Não que merecesse ficar em primeiro lugar, pois Ooga-Chaka 1 é melhor, mas ele certamente é o mais genuíno longa do diretor e que merece ser conferido por quem porventura não o tenha assistido.
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2º Lugar: Guardiões da Galáxia Vol. 2
Acontece que James Gunn parece ter consciência disso e, ao mesmo tempo em que alimenta o estúdio com o que ele exige (o “mais, mais, mais!”), insere suficientes momentos muito bem trabalhados e novos e cativantes personagens, além do aprofundamento de alguns pré-existentes para tornar a continuação plenamente justificada e, melhor ainda, completamente separada do universo maior em que está inserida ao mesmo tempo que, ironicamente, amplia o universo dentro do filme. É como uma competição de cabo de guerra em que cada centímetro cedido pelo diretor à pressão do estúdio, ele cobrasse alguns milímetros a mais de liberdade o que, no agregado, eleva a sequência a algo que, ainda que não chegue ao nível de Capitão América 2 ou Homem de Ferro 3 (somente para citar continuações no UCM, claro), se sustenta sobre seus próprios alicerces e prende a atenção do espectador.
Ritter falando: como corolário do que disse sobre Esquadrão, esse aqui mereceria estar mais abaixo. E não é que eu não goste do filme, pois tem Kurt Russell (e qualquer coisa com ele merece começar já de 3 HALs), além de uma ponta dos Guardiões originais, aqueles que eu lia quando adolescente caçando HQs importadas em dúzias de bancas de jornal onde morava na época em que coisas importadas eram tão raras quanto filmes de super-herói. Mas é aquilo: entre o mais do mesmo diferente que é Esquadrão e o mais do mesmo igual de Ooga-Chaka 2, prefiro o diferente.
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1º Lugar: Guardiões da Galáxia
O guaxinim – ou não – menosprezado por si mesmo, a árvore inabilitada de se comunicar com os outros, a assassina criada e transformada pelo ser que matou seus pais, o destruidor de risada histérica com um passado destrutivo e o garoto que guarda para si a única lembrança de sua falecida mãe, raptado por saqueadores – ou seriam salvadores? Tantos personagens diferentes, um bando de idiotas, formam os Guardiões da Galáxia. Se o plano de James Gunn era conseguir incorporar as vozes de Bradley Cooper e Vin Diesel, respectivamente Rocket Racoon e Groot, armas tanto para a comédia, quanto para o drama e a ação, em personagens amadíssimos, novos ícones do fascínio de um mundo por super-heróis, ele conseguiu. Como três palavras, sempre repetidas da mesma forma, na mesma ordem, conseguiram, em cada repetição, trazer um significado diferente? Da mesma forma, um brutamontes como Drax (Dave Bautista), destinado, na maioria das vezes, a ser o peso pesado de uma equipe, uma simples manivela narrativa para “se passar de fase”, torna-se uma criatura amável nas mãos de James Gunn, relacionável e ainda mais falho do que se esperaria. De todas as falas do filme, nenhuma consegue simbolizar tanto a amizade criada pelo grupo que as exposições constantes do grandão em “como se é bom ter amigos”, extremamente verdadeiras pelo tom de ingenuidade de um homem que, provavelmente, há muito não sorria. Por último, um pequeno Senhor das Estrelas qualquer, interpretado por uma nova versão de Chris Pratt, extremamente carismático, divertido, questionável, mas sem perder uma personalidade única, assim como o filme que estrela – uma cantarolante e inesquecível aventura por galáxias as quais sabemos por quem estão sendo guardadas.
Ritter falando: nada a acrescentar aqui, mas resolvi escrever de toda forma só para ter parágrafo azul em todas as posições, porque eu sou assim mesmo: chato, cansativo, falastrão, entrão e, sobretudo, velho.