Com o lançamento do tão aguardado Sem Volta Para Casa, não poderíamos deixar passar tamanho hype sem fazer nenhuma lista. Sendo assim, oportunamente, atualizamos nosso ranking de filmes do cabeça de teia. Desta vez, contemplando todas as três diferentes gerações do amigão da vizinhança, fora as obras cinematográficas derivadas de seu universo, lançadas até o momento.
No caso, além da trilogia de Sam Raimi com Tobey Maguire, a duologia de Marc Webb com Andrew Garfield e a trilogia de Jon Watts com Tom Holland, incluímos também a animação Homem Aranha no Aranhaverso e os dois filmes do Venom com Tom Hardy para a classificação geral. Acabaram ficando de fora: os filmes The Amazing Spider-Man (1977) e Spider-Man: The Dragon’s Challenge (1981) com Nicholas Hammond, por serem telefilmes, (obviamente, lançados direto para TV e não no cinema) e os demais filmes do MCU com a participação especial de Tom Holland como Homem-Aranha (Capitão América: Guerra Civil, Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato).
Participaram da elaboração deste ranking, eu, o colunista que vos fala, Iann Jeliel, junto a Kevin Rick, Davi Lima, Roberto Honorato, Michel Gutwilen e nosso querido editor Ritter Fan. Antes da ordem, vale destacar algumas observações importantes sobre critérios usados na elaboração do ranking:
- Cada participante elaborou seu ranking individual com todos os 11 filmes considerados, e, em cada ranking, os filmes ganharam uma certa quantidade de pontos, adquiridos de forma inversamente proporcional à sua colocação. Exemplificando: O 1º lugar levou 11 pontos, o 2° lugar, 10 pontos, e assim sucessivamente até o último e 11° lugar, levando apenas 1 ponto;
. - Com a soma simples dos pontos, chegamos à primeira versão da lista, uma vez que houve dois empates. Para desempatar, o filme que levou a melhor colocação em ranking individual levou vantagem;
. - A classificação final pode não refletir na avaliação das críticas, visto que, algumas das críticas foram escritas por colunistas que não participaram da lista, além do que os colunistas presentes, obviamente, têm divergências nas opiniões entre si;
. - Os comentários curtos abaixo das posições serão feitos por mim (Iann) e representaram parte da minha opinião, levando em conta a impressão conjunta dos escritores envolvidos;
. - Haverá links para cada crítica (com e sem spoilers) nos títulos. Não deixe de ler os comentários e acessar os textos completos após o ranking.
Por fim, esta, como qualquer outra lista, não possui caráter definitivo. Concorda? Discorda? Ótimo! Deixe sua opinião sobre a nossa ordem com respeito nos comentários, além de colocar a sua ordem e qual o seu Homem-Aranha favorito dos cinemas para a gente debater. Vamos ao ranking!
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11º lugar: Venom
(15 pontos)
A verdade é que consideramos Venom para a listagem, somente para ter um saco de pancadas nas últimas posições. Contudo, não é nossa culpa se a Sony, desesperada para conseguir renda com os personagens sobre os quais tem direitos autorais, concebe uma gosma alienígena em formato de filme, que inesperadamente conseguiu sucesso de público, mesmo descaracterizando totalmente o ótimo vilão num roteiro repleto de furos e recheado de defeitos especiais. Quem dera, ao menos, que o Venom fosse vilão. Mas além de não ser, ele é transformado num herói paspalho e piadista no meio de uma genérica história de origem que se leva relativamente a sério. Enfim, não costumo dizer isso, mas “tá aí”: Venom é um filme que nem deveria existir.
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10º lugar: Venom: Tempo de Carnificina
(19 pontos)
Se o primeiro já foi uma falha (que deu certo) na Matrix, o que dizer da necessidade dessa continuação? Que só existe porque teve a sorte de nunca ter aparecido o Carnificina antes nos cinemas e olha, era melhor que continuasse assim. Pelo menos, diferente do primeiro, assume a idiotice completa que é, com direito a subtexto homoafetivo entre Venom e Eddie Brock. Coitado do Tom Hardy, Andy Serkis e Woody Harrelson, que depois de ler tal texto e terem noção do lugar em que se meteram, chutaram o balde e começaram a se divertir nos papéis, tornando esse segundo filme minimamente assistível, ainda que muito longe de sequer ser ruim.
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9º lugar: O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro
(19 pontos – Melhor Posição)
Honestamente, nem acho tão ruim assim para estar nessa posição, mas democracia tem dessas. Fato é, que ele segue o mesmo erro do primeiro, inflado sem necessidade com pendências demais para resolver, rendendo diversos buracos ilógicos na história e forçadas de barra para construírem um possível novo universo cinematográfico. Ao menos visualmente tem cenas de ação melhores, algumas isoladamente memoráveis (aquela morte lá…) e um Andrew definitivamente mais à vontade com o personagem. Pena que a tentativa do resgate da essência perdida custa um número incontável de furos que não podem ser desconsiderados.
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8º lugar: O Espetacular Homem-Aranha
(21 pontos)
Como disse, prefiro bem mais o segundo ao primeiro (democracia…), porque a revitalizada desconstrói a essência do personagem em sua origem enrolada e incompleta, para focar em uma comédia romântica água com açúcar (apesar da ótima química com Emma Stone) e um vilão absolutamente sem peso, por um plano ilogicamente bizarro (transformar todos de Nova York em Lagarto, sério?). A caracterização do Andrew é prejudicada por um mesmo tom engraçadão despojado para Peter e Homem Aranha que merecia no mínimo cenas de ação mais envolventes, considerando o belíssimo visual que tem .
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7° Lugar: Homem-Aranha: Longe de Casa
(31 pontos)
O principal símbolo da Marvel é levado a passar um papel de ingenuidade tão gritante que o transforma em trouxa. Tom Holland infelizmente não tem culpa se o seu “Aranha de Ferro” precisa mais consertar falhas pessoais (de burrice sua) para derrotar o vilão do que propriamente salvar algo ou alguém. Também não tem culpa de Jon Watts e seu roteiro o colocarem para querer negar responsabilidades a fim de viver numa fantasia romântica de viagem “high school” – que nem faz sentido existir mais, após Ultimato e o tal do “blip” – onde qualquer problema do caminho é facilitado pelas soluções tecnológicas ao seu redor. Longe de Casa flerta com regredir o arco de amadurecimento bem construído pelo primeiro filme, mas ainda tem seus valores enquanto aventura contida e devidas melhorias, com exceção às cenas de ação.
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6° Lugar: Homem-Aranha: De Volta ao Lar
(33 pontos)
O lado mais infanto-juvenil e piadista do Homem-Aranha é trazido para o retorno do personagem à Marvel, que, infelizmente já vinha desgastando o humor em outros heróis a ponto de prejudicar a inserção de Tom Holland como esse adolescente amigão dos problemas pequenos da vizinhança. No entanto, o vilão de Michael Keaton o leva a carregar o espírito dos entornos que define as histórias do aracnídeo, sustentando-o de forma eficaz, dramaticamente, num eletrizante terceiro ato.
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5º lugar: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
(42 pontos)
A adoração de Sem Volta Para Casa prova que o inchaço de Homem-Aranha 3 nunca foi um problema, já que esse tem pelo menos três vezes mais coisas acontecendo e também funciona por ter uma ideia central forte para ligar tudo. Trata-se de uma “correção de erros”, um desvinculamento da participação ativa do Homem-Aranha ao universo íntegro da Marvel, onde finalmente há uma reverberação das consequências dos seus atos e um assumir da responsabilidade por um bem maior. A diferença é que existe um apelo maior à nostalgia, proporcionada por um embate geracional. Destaco especialmente a força de um vilão implacável como o Duende Verde (Willem Dafoe, insano!) para desafiar o herói a cruzar as linhas da sua zona de conforto. É um heroísmo muito pessoal ainda, de Homem-Aranha para Homem-Aranha, que poderia ser mais empolgante se Jon Watts não fosse tão simplista na condução da ação. Mas a margem de melhoria é gigantesca daqui para frente.
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4º lugar: Homem-Aranha 3
(42 pontos – Melhor Posição)
Um fechamento digno, épico e doloroso para a melhor trilogia de heróis já feita! Fale o que quiser sobre o filme ser inchado com muitos vilões, mas é inegável que Sam Raimi amarra a bagunça de elementos e conexões aparentemente forçadas em um ponto central, uma ideia muito forte: a perdição do herói no próprio ego. A dancinha emo é ridícula, porque é para ser e acaba sendo, também, memorável (ninguém é melhor para dirigir cafonice do que o Sam Raimi, é só olhar as cenas de filme de terror dos filmes anteriores), como as demais cenas que trazem à tona o preço do herói que não pode se dar ao luxo de ser egoísta ou vingativo. A grandiosidade do fim não vem só do embate grandiloquente e empolgante de Homem-Areia e Venom vs Homem-Aranha e Harry Duende, mas principalmente no fechamento desse arco no perdão a si próprio, no reconhecimento e humildade dos erros, apesar da melancolia das perdas de laços. Homem-Aranha 3 é um FILMAÇO que definitivamente precisa ser revisado e ressignificado pelas pessoas…
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3º lugar: Homem-Aranha no Aranhaverso
(53 pontos)
A “memificação” e “quadrinhosidade” assumidas em um novo estilo de animação criaram uma unanimidade assustadora a esse projeto (a ponto de só não estar mais acima na lista, porque eu sou “chato”), sinônimo que ao menos foram bem utilizados, mas há uma superestima por trás de traçar as justificativas de tanto maravilhamento somente pelas vertentes visuais. O escopo mais solto disfarça inchamentos visíveis de narrativa, além de ser conveniente ao agrado de um público modernizado, teoricamente mais acostumado com a constante “vomitação” da referência. É um filme “fácil” dentro de sua ampla liberdade em corpo infantil e, por isso, tão encantador para muitos, inegavelmente bem-feito e visualmente inventivo, mas essencialmente é mais oportuno do que original.
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2º lugar: Homem-Aranha (2002)
(57 pontos)
“Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, como diria o Tio Ben. Um ensinamento simples e universal que reverbera em toda a construção da figura do herói que o Peter Parker constantemente é desafiado a assumir. Tobey Maguire, dentro dessa proposta, casa como uma luva combinando perfeitamente com o tom mais dramático da jornada do herói clássico, passando por todo tipo de situação para lapidar a figura que pensa no “bem maior”, acima de si. Magnífico.
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1º lugar: Homem-Aranha 2
(64 pontos)
Se o primeiro já é irretocável dentro das suas limitações técnicas, imagine este que consegue evoluir praticamente todos os elementos que tornavam o outro tão fantástico, não só mais grandioso no visual como no texto também, que eleva o dilema do herói a outro patamar. O questionamento do manto e a crise sentimental levando à desistência, para a redenção, na apoteótica cena do trem, evolui o arco da trilogia e nos faz identificar ainda mais com o heroísmo simbólico. Com quase unanimidade, hoje e sempre, Homem-Aranha 2 é o melhor filme do Homem-Aranha e um dos melhores filmes de herói já feitos!
- Lista originalmente publicada em 5 de junho de 2017, sendo atualizada com participação da visão da nova equipe para republicação.