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Lista | Fundação – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Aquela adaptação que a gente quer esquecer...

por Roberto Honorato
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Nota da Temporada

Sempre foi um mistério para mim como obras clássicas da literatura de ficção científica, como Duna ou O Guia do Mochileiro das Galáxias, receberam mais de uma adaptação para filmes e séries, enquanto Fundação, um dos pilares do gênero, e inspiração para os dois que mencionei, nunca foi traduzido para essas mídias. Até houve mais de uma tentativa em adaptar a obra de Isaac Asimov para o cinema, mas todas tiveram imprevistos, e a chance de ir para a HBO, no comando de Jonathan Nolan, desapareceu quando ele decidiu desenvolver Westworld. Finalmente, o streaming Apple TV+ assumiu o controle e investiu pesado na produção, colocando Josh Friedman e David S. Goyer como responsáveis.

Há um debate eterno envolvendo fidelidade em adaptações: elas devem ser totalmente fiéis ao material original ou usá-las apenas de referência para algum elemento, seja o tom, enredo ou personagens? Particularmente, não me incomodo quando as adaptações tomam grandes liberdades, muitas vezes isso pode até fortalecer o original com um comentário construtivo. A única instância em que considero adaptações uma perda de tempo é quando elas acabam sendo fracas mesmo tendo um material de base rico em conteúdo. É uma chance desperdiçada, mas também serve de lição para termos algo melhor na próxima.

Com Fundação, temos uma mistura das duas coisas. Por um lado, essa é uma interpretação válida que propõe conquistar os fãs com diversas menções e uma representação visual do universo do autor, e atualizar o clássico de 1951 (lançado pela primeira vez em partes através de revistas pulp, entre 1942 e 1950) para um público que já consumiu obras inspirados pelo texto de Asimov sem mesmo saber; por outro lado, a série tende a se distanciar das ideias que fizeram a saga intergaláctica uma referência em primeiro lugar, mas ao invés de trocá-las por ideias novas, passa a replicar tramas que o público já conhece muito bem. Nessa crítica dos dois primeiros episódios também tentarei abordar um pouco das mudanças para quem não teve contato com o material original.

Abaixo, segue a minha classificação para os episódios dessa temporada. Comente também com a sua lista!

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10º Lugar: Death and the Maiden

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Fundação continua na mesma, de novo e de novo. Eu acredito que escrevi a mesma coisa nas últimas três ou quatro críticas, e isso não é uma boa notícia para uma série que ainda está no sexto episódio. Parece que David S. Goyer está tentando esticar o máximo que consegue da obra original, mas esquece que o espectador comum não sabe ou se importa com o livro de Asimov, e está apenas assistindo uma série arrastada, tediosa e sem propósito.

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9º Lugar: The Leap

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Mais uma vez, devo elogiar a direção de arte e algumas atuações da série (menos Leah Harvey, que considera ficar de boca aberta enquanto assiste personagens menores fazerem mais do que ela atuação, e não possui metade da carisma de Lou Llobell, uma atriz sem metade do currículo de Harvey), mas é cada vez mais difícil tolerar as decisões ruins e a falta de desenvolvimento das personagens, assim como tramas de resolução fácil e conveniente. David S. Goyer queria muito ir contra a visão original de Asimov, talvez por vergonha, ou por nunca ter lido os livros, o que seria completamente perdoável se isso fosse o suficiente para explicar algo tão sem originalidade quanto essa série. É como eu sempre digo sobre adaptações, você não precisa ser fiel, desde que tenha algo novo em mente. Porque, se não for pra criar uma produção diferente, ou que vá além do original, você está apenas usando a popularidade do nome de uma obra aclamada e adorada por tantos, sem ter a mínima ideia do que fazer com ela.

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8º Lugar: Barbarians at the Gate

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Fundação continua em sua jornada para tentar emular o formato de outras séries do gênero, mas que são bem melhores em desenvolvimento e execução, talvez não na direção de arte – a fotografia dessa série continua impecável. Por mais que eu não tenha gostado tanto, Barbarians at the Gate não é um desastre. Esse episódio parece finalmente deixar as peças prontas para as batalhas que estão por vir, e se esforça para trazer debates interessantes sobre identidade quando explora os seus conceitos de clonagem, e tem sucesso em criar diálogos bem melhores dessa vez, mas soterrados debaixo de toneladas de atuações monótonas e uma direção reservada demais. Se não fosse isso, e a estrutura do episódio, que parece idêntica ao anterior, talvez Fundação tivesse uma avaliação melhor, mas vamos esperar para a próxima semana porque a cena final de Barbarians at the Gate promete movimentar bastante a trama.

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7º Lugar: The Mathematician’s Ghost

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Como mencionei na crítica anterior, Fundação criou uma armadilha na qual pode cair com facilidade, e isso parece ter acontecido mais cedo do que imaginamos. Entre saltos temporais na narrativa e introdução de cada vez mais personagens e núcleos dramáticos, a série tem se dividido entre incomodar alguns fãs mais conservadores do material original, mudando conceitos base do livro, e confundir o novo espectador que precisa de atenção em dobro para compreender essa estrutura mal executada. É como se Fundação não quisesse depender da obra de Asimov, mas também não tivesse interesse algum em desenvolver algo novo. The Mathematician’s Ghost foi um tremendo tropeço na qualidade da série, e torço muito para que seja apenas isso, um pequeno contratempo. Do contrário, podemos esperar uma queda de qualidade tão alarmante quanto as previsões de Hari Seldon.

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6º Lugar: Upon Awakening

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A trama em Terminus finalmente atinge um ponto de ruptura e a ação começa de verdade, mas como já mencionei, esse não é o forte da série, que quando tenta focar nisso, deixa as batalhas físicas completamente picotadas, com aquela típica edição de uma produção que não quis contratar um coreógrafo competente, então simplesmente cortava toda vez que um ator movia um dedo. Mas indo para o lado de Gaal Dornick, as coisas ficam um pouco mais interessantes, não só entregando o que aconteceu com a personagem, mas explorando melhor o seu passado através de flashbacks, contando mais sobre a vida de Gaal antes de ser recrutada por Hari Seldon (Jared Harris), e os conflitos entre ciência e fé que dominam a cultura do seu planeta natal.

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5º Lugar: Mysteries and Martyrs

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Esse foi o episódio mais engraçado de Fundação até agora, ainda que involuntariamente. Ele continua com os mesmos erros e mantém o interesse do espectador no seu único núcleo dramático envolvente, mas agora abandona qualquer pretensão de criar algo novo e faz questão de deixar clara a sua intenção de emular uma intriga no estilo Game of Thrones e cenas de ação que parecem erros de gravação ou uma paródia de um episódio de The Expanse ou um dos filmes de Jornada nas Estrelas de J.J.Abrams; pra ser mais exato, Além da Escuridão, aquele que o Benedict Cumberbatch faz o Khan, mas Abrams achou que conseguiria criar uma reviravolta em cima disso. Aproveito esse texto para indicar outra série disponível no catálogo da Apple TV +, a ótima Invasão, que também tem uma narrativa mais lenta e contemplativa, mas desenvolve as personagens e o drama tem mais peso. Dá tempo de se atualizar nela, ou se quiser continuar no universo de Fundação, melhor ficar nos livros mesmo. Não são perfeitos, mas não são um desastre, como essa série.

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4º Lugar: Preparing to Live

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Por vezes parece que Fundação quer apenas repetir o que deu certo em produções como Westworld, por conta dos temas serem similares, ou até Game of Thrones, com a violência, ação e mais de uma cena de sexo apenas nesse segundo episódio. Não é algo que afete o enredo negativamente, mas é outra oportunidade de tentar desenvolver algo novo, que não deu certo. É como se Josh Friedman e David S. Goyer (principalmente Goyer, porque Friedman saiu do comando) não confiassem no aspecto mais reflexivo do material original ou não soubessem criar diálogos mais dinâmicos, tentando desesperadamente distrair o espectador com violência e sexo (o que fizeram com a personalidade de Salvor Hardin foi arriscado, mas vou esperar os próximos episódios para dizer se funcionou ou não).

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3º Lugar: The Missing Piece

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The Missing Piece parece a história de uma sessão de RPG narrada por uma pessoa que não faz a mínima ideia de como se adaptar às decisões de um jogador que decidiu improvisar. A sensação é de estarmos assistindo um roteirista amador, mas completamente arrogante, tentando provar ao máximo como consegue deixar o espectador animado com as diversas surpresas que seu roteiro inteligente traz, enquanto todo o resto da equipe criativa fica calada e tem vergonha de ser tarde demais para comentar como gostaria de ter ido trabalhar em algo melhor.

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2º Lugar: The First Crisis

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The First Crisis traz uma virada importantíssima na trama de Fundação, e se a série for esperta, pela primeira vez, deve conseguir colocar sua narrativa nos trilhos e consertar algumas pontas soltas que tem sido inconvenientes cada vez maiores com o passar dos episódios. É hora de cortar o que não funciona, melhorar o que é promissor e se aprofundar no que está dando certo, que ainda é pouco, mas pode ser a salvação da série. As chances são pequenas, mas é como o próprio Seldon diz no fim do episódio: “talvez ainda seja possível melhorar”.

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1º Lugar: The Emperor’s Peace

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O primeiro episódio de Fundação foi promissor, independente das mudanças do material original, e soube construir o mundo introduzindo cada elemento essencial de maneira eficaz, com personagens, planetas e mais de uma linha temporal. Mas não é como se tivesse sido perfeito, ainda há alguns problemas que podem se tornar algo maior no futuro da série, e eles ficam mais evidentes no segundo episódio.

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