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Lista | For All Mankind – 4ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

O ranking do maior roubo da História da Humanidade.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Como eu afirmei no começo da crítica do primeiro episódio da quarta temporada de For All Mankind, mesmo que a criação de Ronald D. Moore, Matt Wolpert e Ben Nedivi fosse mediana, ainda assim eu, provavelmente, a acharia fascinante. E que fique bem claro: trata-se de uma série muito distante de ser mediana. Ao contrário, considero-a uma das melhores séries recentes de ficção científica a caminho de tornar-se uma das melhores do gênero e ponto final, sem qualificação temporal. Mas isso não quer dizer que ela seja à prova de balas, como comprova o quarto ano da série que consolida a presença humana em Marte e aumenta as tensões com ecos de Guerra Fria na Terra alternativa de 2003, oito anos depois dos eventos catastróficos da temporada anterior.

A série vinha em um crescendo já a partir de um forte ano inicial, mas, agora, ela cai um pouco por uma série de pequenas razões que vão desde uma demora razoável para a temporada engrenar e mostrar a que veio, passando por uma ausência quase completa de sequências de ação ou de momentos efetivamente marcantes, além de uma incapacidade em aproveitar linhas narrativas importantes como a da greve dos trabalhadores de Happy Valley e o subaproveitamento de alguns personagens, notadamente Kelly Baldwin que chega inclusive a ser esquecida no episódio de fechamento. Talvez sejam as dores do crescimento ou talvez uma combinação disso com a ambição razoavelmente grande da temporada que gira ao redor do roubo de um rico asteroide de irídio capitaneado por um Dev sonhador ao lado de um Ed vingativo, mas fato é que essa foi a primeira vez que senti que algo estava faltando em For All Mankind.

Mesmo assim, seus pontos positivos merecem destaque e fazem a balança pender para um saldo que não consegue chegar ao nível de nenhuma temporada anterior, mas que mesmo assim é muito bom, mais do que satisfatório no final das contas. Temos Margo Madison ressurgindo das cinzas em seu exílio na União Soviética vítima de um golpe de um político linha dura e reunindo-se com Aleida e também Sergei em uma narrativa potente e trágica que acerta em tudo o que tenta fazer, mesmo que demore um pouco para efetivamente encaixar Margo em um papel relevante. No lado de Ed Baldwin, agora já mais velho e com tremores nas mãos, vemos de maneira ainda mais clara seu lado egoísta, capaz de não só trocar de lado com facilidade somente para fins mesquinhos, como usar uma verdade para manter uma mentira que esconde algo tão importante e definidor quando o mencionado roubo de asteroide. Os dois personagens principais da velha guarda da série dão um show em uma temporada que, creio, deva ser a última a tê-los em destaque.

E, claro, há o toque mágico da produção que é marca da série: a capacidade de semear linhas narrativas aparentemente díspares e desconectadas, com aquela que introduz Miles Dale na série, que germinam em um conjunto coeso e lógico, sempre mirando no fechamento do ano e no tradicional gostinho do pulo temporal que veremos na temporada seguinte. Isso, aqui, não mudou e continua firme e forte, bastando, agora, que a série seja mais uma vez renovada para que possamos acompanhar o desenvolvimento da exploração espacial da Humanidade dessa História Alternativa a partir do ano de 2012.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

10º Lugar:
Have a Nice Sol

4X02

For All Mankind nunca demorou tanto para engrenar. Já estamos no segundo episódio da quarta temporada e o que temos até agora são esboços estranhos do que pode – ou não – estar por vir e nenhum desses esboços, no momento, deixa entrever linhas narrativas realmente interessantes. Como disse ao final de Glasnost, porém, Ronald D. Moore e companhia ainda não conseguiram errar seriamente nesta fascinante série de História Alternativa, pelo que nos resta esperar que a temporada pegue no tranco antes que seja tarde demais.

9º Lugar:
Glasnost

4X01

Apesar de, em termos técnicos, tudo funcionar muito bem, seja a construção da tensão, seja o CGI empregado para dar vida ao gigantesco “gancho” que é cravado no meteorito, a grande verdade é que a semelhança com Polaris traz aquela sensação incômoda de déjà vu que poderia ter sido evitada com a execução de alguma outra ideia mais interessante ou, pelo menos, não tão próxima. Por outro lado, é inegável que essa missão serve bem sua função de ser a “ação” que entremeia as reapresentações de personagens antigos e as apresentações de personagens novos. Por exemplo, ver Aleida Rosales na sala de controle da missão é interessante, mas estranho, pois teria sido natural – e esperado – que ela, nesse tempo, tivesse galgado até um ponto mais alto de sua carreira, talvez como controladora geral e não apenas como mais uma na engrenagem. No entanto, essa estranheza se dissipa quando notamos que ela sofre de estresse pós-traumático em relação ao atentado no prédio da NASA que ceifou as vidas de Molly Cobb e Karen Baldwin e – ainda não tenho certeza – também a de sua mentora Margo Madison no que diz respeito a ela e aos americanos, obviamente, o que a impede de funcionar e trabalhar de maneira normal.

8º Lugar:
Crossing the Line

4X07

Crossing the Line tem um final que me deixou com um sorriso no rosto: Dev recrutando Ed para roubar Cachinhos Dourados para Marte, de forma a estabelecer o planeta não como um mero entreposto subalterno à Terra, mas sim como uma colônia propriamente dita. É um final de fazer qualquer um salivar, especialmente se encararmos For All Mankind, como eu encaro, como um prelúdio extraoficial de The Expanse, série que nos apresenta a um universo em que a Terra e Marte são inimigos no Sistema Solar, com uma colônia mineradora oprimida no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. No entanto, esse ótimo encerramento, que promete movimentar e muito os três episódios finais, cobrou um preço alto na temporada.

7º Lugar:
Goldilocks

4X05

O que quero dizer com tudo isso é que Goldilocks facilmente tinha conteúdo para dois episódios, conteúdo esse que mereceria maior tempo para ser desenvolvido. Por outro lado, se consideramos o quanto é inserido aqui, é impossível não ficar feliz diante do resultado final costurado pela direção de Sylvain White que não se perde em momento algum, mesmo tendo que fazer sacrifícios cirúrgicos aqui e ali para acomodar tudo o que precisava acomodar por “ordens superiores”.

6º Lugar:
House Divided

4X04

House Divided efetivamente divide os personagens em polos opostos das mais diferentes maneiras e esquenta a narrativa geral para chegarmos à metade da temporada de maneira potencialmente explosiva. Ainda falta uma ideia da direção macro da temporada, mas creio que estamos caminhando a passos largos nessa direção que, muito provavelmente, envolverá a descoberta de vida no Planeta Vermelho pelos esforços de Aleida e Kelly e os subsídios de Dev.

5º Lugar:
Legacy

4X08

O antepenúltimo episódio da quarta temporada de For All Mankind é o típico capítulo funcional, com todas as partes móveis sendo imobilizadas para que, ao seu final, o tabuleiro esteja devidamente montado e preparado para os eventos finais. Mas ser funcional não quer dizer necessariamente que ele é burocrático ou que ele é fácil em termos estruturais. Diria até que é exatamente o contrário, pois episódios dessa natureza apresentam desafios que vão desde a abordagem sincronizada de todas as linhas narrativas para levá-las ao que podemos chamar de começo de um ponto de convergência que faça sentido para o que vem adiante, passando pela construção ou reconstrução dos estados de espírito dos personagens e chegando à elevação da tensão para criar curiosidade e expectativa em que assiste a série.

4º Lugar:
The Bear Hug

4X03

The Bear Hug parece ser o verdadeiro começo da quarta temporada de For All Mankind, mas, por outro lado, o episódio não funcionaria de verdade sem as introduções feitas em Glasnost e Have a Nice Sol, pelo que poderia dizer que tudo funciona melhor como uma trilogia de abertura ou que o terceiro capítulo justifica as estruturas menos empolgantes dos que vieram antes. Não estou querendo, com isso, dizer que o episódio sob análise “curou” os problemas que detectei anteriormente, mas sim, apenas, que ele finalmente nos dá um norte sobre o que a temporada nos reserva.

3º Lugar:
Leningrad

4X06

Leningrad, portanto, foi o episódio que “quebrou” aquela impressão geral de que a série caminhava para uma utopia no estilo Star Trek e que nos relembrou que a Humanidade não tem muito jeito não. Mais do que isso, voltei a ter a sensação de que For All Mankind poderia muito bem ser um prelúdio da excelente The Expanse, especialmente em razão da decisão de rebocar o meteoro até a Terra no lugar de deixá-lo na órbita de Marte, o que poderia muito facilmente ser o começo da cisma entre planetas que é tão integral à série de Naren Shankar.

2º Lugar:
Brazil

4X09

Sonhos são perigosos. E isso é especialmente verdade quando esse sonho tende a afetar interesses políticos e econômicos relevantes. Bastou que Margo e Sergei se reconectassem e flertassem sobre a possibilidade de fugirem para o Brasil, de forma a ajudar nossa país nessa História Alternativa a desenvolver seu programa espacial, para que forças insidiosas começassem a agir de maneira a destruir essa possibilidade. O assassinato de Sergei pelas mãos da KGB a mando da traiçoeira Irina Morozova – destaco essa possibilidade forte, mas reconheço que não é a única – de maneira a manter Margo em seu lugar, não foi exatamente uma grande surpresa, mas a sequência paralela final dos dois comendo hambúrgueres separadamente, mas com exatamente os mesmos maneirismos, repetindo o tema do cotidiano repetitivo que marcou a dupla nesta temporada, foi uma singela, mas não menos brilhante maneira de se construir tensão e de encerrar o penúltimo episódio da quarta temporada com uma nota trágica e uma possibilidade cada vez mais palpável de Margo acabar ajudando, ainda que indiretamente, o plano marciano de Dev e Ed.

1º Lugar:
Perestroika

4X10

Para mim, é costumeiramente uma satisfação imensa quando uma série ou um filme acaba exatamente da maneira que eu acho que deveria acabar. Isso obviamente não quer dizer que a trama foi previsível ou que eu tenha alguma habilidade presciente, mas sim que todas as linhas narrativas convergiram para um desfecho que as atende perfeitamente, amarrando pontas soltas e entregando momentos bem-vindos de catarse e encerramento de arcos de personagens. É isso que Perestroika faz para a 4ª temporada de For All Mankind como, aliás, é costumeiro na série de História Alternativa comandada por Ronald D. Moore, Matt Wolpert e Ben Nedivi.

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