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Lista | Federico Fellini: Os Filmes Ranqueados

por Luiz Santiago
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Quando iniciou na direção, em 1950, com Mulheres e Luzes, Fellini já tinha escrito 16 roteiros para diversos diretores e com diversos parceiros de escrita (seu primeiro texto para o cinema foi escrito em 1942, para o filme I Cavalieri del Deserto). A partir de Abismo de um Sonho (1952), o diretor assumiria sozinho os seus projetos. Era o início de uma louvável carreira no cinema.

Nesta lista, eu e Ritter Fan trazemos para vocês a nossa classificação para toda a filmografia do diretor, com cada colocado tendo o número de pontos acumulados das 2 listas. Vocês verão que muitos filmes empataram na soma de pontos. E aí vem a pergunta: qual foi o critério utilizado para colocar um filme na frente do outro, considerando que empataram na soma? Ora, meu pequeno gafanhoto, o melhor critério que existe: a minha própria opinião a respeito desses filmes!

Quantos filmes de Federico Fellini você já viu? Qual são os seus filmes favoritos do diretor? Deixe a sua própria classificação nos comentários e fale de sua experiência com o cinema desse Mestre do cinema italiano!

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24º Lugar: Satyricon

Imagine uma “crônica secular” que narra o cotidiano de uma parte da sociedade, com destaque para os novos-ricos e em alguns casos, com requinte de detalhes. Agora aplique essa “crônica” à Roma do Imperador Nero e você terá a conhecida obra de PetrônioSatyricon (c. 60 d.C.), uma sátira em verso e prosa que expõe os costumes e a política de seu tempo, com passagens cômicas e trágicas, e que conhecemos em seu formato desconexo e episódico, já que nunca foram encontrados todos os manuscritos originais. Aproveitando-se desse ponto mais livre no desenvolver da narrativa de Encólpio (o personagem narrador do Satyricon de Petrônio), Federico Fellini e Bernardino Zapponi escreveram um roteiro que se baseava livremente nos acontecimentos do livro, destacando-se aí o amor de Encólpio por Gitão e sua luta contra Ascilto, uma luta permeada por momentos de amor, companheirismo, traição, desejo e ódio.

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23º Lugar: A Voz da Lua

3 pontos

É noite, em Roma. No subúrbio, vemos um poço envolto em névoa no meio de uma ravina descuidada e de grama alta. Ivo Salvini, um louco que há pouco deixara o hospício, segue em direção ao poço, certo de que ouvia vozes. No céu, uma Lua  de luz filtrada por nuvens brancas ilumina o local. É o início de uma jornada de descobertas noite a dentro, dias a fora, madrugadas e tempestades dali em diante. É o momento de se ouvir e tentar entender a voz da Lua. É o último momento de Federico Fellini no cinema.

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22º Lugar: Roma

7 pontos

Depois da Roma de Nero vista sob um prisma bastante caótico em Satyricon (1969), Fellini nos trouxe um outro retrato da cidade de Roma, uma visão alinear e sem um protagonista específico, apenas a cidade como o centro das atenções, mostrada em seus becos, seus pontos turísticos, seus espaços eclesiais e de prostituição, seus lugares de festa, brigas e descanso.

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21º Lugar: Cidade das Mulheres

7 pontos

Cidade das Mulheres (1980) é, curiosamente, uma viagem de Fellini ao universo machista, tomando como ponto de partida a visão feminina. Depois de exaltar e humilhar a feminilidade em seus filmes, o diretor se dispôs a confrontar a própria visão que tinha das matronas e modelos, das mammas e nonnas que filmou no decorrer dos anos, não perdendo também a oportunidade de criticar e expor os anseios, medos, fetiches e padrões sociais destinados às mulheres (algo nas entrelinhas de As Tentações do Dr. Antônio).

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20º Lugar: Agência Matrimonial

8 pontos

O trabalho de Fellini é o quarto na sequência de O Amor na Cidade e o mais transgressor considerando as regras estabelecidas por Zavattini. Afinal de contas, o objetivo era mostrar o amor de pessoas comuns, não atores, na Cidade Eterna.

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19º Lugar: Toby Dammit

9 pontos

Ao longo de sua carreira como diretor, Federico Fellini participou de três longas coletivos, a saber, O Amor na Cidade (1953), onde dirigiu o segmento Agência MatrimonialBoccaccio’70 (1962), onde dirigiu o segmento As Tentações do Doutor Antônio; e por fim, Histórias Extraordinárias (1968), um longa cuja proposta era trazer três contos de Edgar Allan Poe sob a visão de três diretores diferentes: Roger VadimLouis Malle e Federico Fellini, que ficou responsável pelo último segmento do longa, Tobby Dammit.

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18º Lugar: Ginger e Fred

11 pontos

Não é segredo para ninguém a relação de amor e ódio que Federico Fellini tinha com a televisão. Se por um lado ele admirava o dinamismo e toda a estrutura de produção e apelo da pequena tela, por outro, a odiava, porque ela moldava um público preguiçoso. E isso evidentemente trazia reflexos negativos para o cinema — e o próprio Fellini sentiu na pele o impacto da TV sobre seu público e a recepção a seus filmes, especialmente na Itália. Duas obras localizadas na fase final da carreira do cineasta trazem, de maneira crítica e inquietante, o papel da televisão na sociedade e na arte.

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17º Lugar: Anotações de um Diretor

12 pontos

Pouca gente conhece a história do “filme maldito” de Federico FelliniA Viagem de Giuseppe Mastorna (também conhecido como A Viagem de G. Mastorna ou apenas A Viagem de Mastorna).

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16º Lugar: Mulheres e Luzes

13 pontos

Quando foi para trás das câmeras para fazer Mulheres e Luzes, seu primeiro filme, Federico Fellini não era um iniciante na arte do Cinema. Já havia trabalhado como roteirista de programas de rádio e de gags para filmes, envolveu-se com o neorrealista Roberto Rossellini, chegando a ser indicado ao Oscar de melhor roteiro em 1947, juntamente com Sergio Amidei e outros, por seu trabalho em Roma, Cidade Aberta.

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15º Lugar: Abismo de um Sonho

15 pontos

Abismo de um Sonho marca a primeira vez que Federico Fellini dirigiu um filme sozinho, já que sua estreia atrás das câmeras se deu em regime de co-direção em Mulheres e Luzes, ao lado de Alberto Lattuada. Só que, mais importante do que isso, o filme marca a primeira vez que Fellini aborda um tema recorrente em sua maravilhosa filmografia: a oposição da realidade e sonho.

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14º Lugar: Os Palhaços

15 pontos

Em 1970, a TV italiana RAI encomendou a Federico Fellini um documentário sobre palhaços. Em acordo com o diretor, ficou determinado que Os Palhaços seria lançado originalmente na televisão, mas que o filme também teria distribuição cinematográfica e assim foi feito.

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13º Lugar: A Trapaça

21 pontos

Há um ditado popular que diz: “um dia é da caça, o outro do caçador”. O significado desta frase dá conta de que em algum momento, quem faz sofrer (o caçador), também sofrerá. E esta é mais ou menos a impressão geral que temos ao racionalizarmos sobre A Trapaça (1955) de Federico Fellini. O filme praticamente volta ao ambiente boêmio e de vagabundagem ou ganho de dinheiro fácil que o diretor trabalhara em Os Boas-Vidas, mas desta vez o destino dos personagens principais é bem diferente.

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12º Lugar: As Tentações do Dr. Antônio

25 pontos

Dirigido por Federico Fellini entre duas de suas grandes obras-primas (A Doce Vida e Oito e Meio), As Tentações do Doutor Antônio é um dos curtas que fazem parte do projeto Boccaccio ’70, dividindo espaço com projetos assinados por Mario MonicelliLuchino Visconti e Vittorio De Sica.

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11º Lugar: Julieta dos Espíritos

26 pontos

Julieta dos Espíritos é o primeiro longa metragem de Federico Fellini em cores. E o resultado foi algo extremamente colorido e alegórico, talvez o começo efetivo de seu uso mais lisérgico do audiovisual. Não é, porém, uma obra que agradará a todos, assim como não agradou quando foi lançada, já que foi o primeiro grande filme do diretor a ser recusado pelos festivais, estreando diretamente em circuito comercial normal.

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10º Lugar: Os Boas Vidas

29 pontos

Federico Fellini assumiu pela primeira vez a direção de um filme ao lado de Alberto Lattuada, em Mulheres e Luzes (1950). Dois anos depois ele fez o seu primeiro voo solo, em Abismo de um Sonho, início interessante para uma carreira no cinema, trazendo uma história com elementos de fantasia, sonho, desejos e relações amorosas… além do delicioso toque metalinguístico, algo que o diretor sempre prezou e que traria à tona na maior parte de suas produções futuras.

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9º Lugar: Casanova

29 pontos

Após explorar a sexualidade pagã e caótica da Roma Imperial em Satyricon; olhar para esta mesma cidade como um diretor de cinema que capta sua História e seu cotidiano contemporâneo “atormentado” pelo passado, em Roma; e por fim, trazer à tona as memórias da infância de toda uma Itália no delicioso Amarcord, o mestre de Rimini empreendeu uma aventura quase às cegas pelo mundo libidinoso de Casanova, realizando um filme que tinha tudo para ser tão ruim quanto Satyricon, mas que conseguiu um lugar dentre os mais notáveis, icônicos, tristes e patéticos (no melhor sentido dramático da palavra) filmes do diretor.

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8º Lugar: Entrevista

30 pontos

Próximo de encerrar sua carreira, Federico Fellini faz, em Entrevista, uma espécie de resumo de sua obra, uma ode ao cinema, uma homenagem ao estúdio que o abrigou e, de quebra, um magnífico filme. Assim como Luis Buñuel, que olhou para trás em sua carreira em seu penúltimo filme – O Fantasma da Liberdade – encerrando-a na obra seguinte, Fellini olha para trás em seu penúltimo filme e dá um último adeus à arte que ajudou a elevar a patamares mais altos com sua filmografia estonteante.

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7º Lugar: Ensaio de Orquestra

30 pontos

Depois de realizar um pseudo-documentário sobre palhaços, refletir sobre o corpo e a alma de Roma, revisitar com simplicidade formal e nostálgica a infância, e adaptar a história de Casanova para sua visão barroca, o mestre italiano Federico Fellini adentrou a uma nova fase em sua carreira. Se observarmos os longas que se seguiram a Casanova (1976), nos depararemos com a constante presença da música e da televisão como temas centrais das obras, algo que até momento o diretor não trabalhara com prioridade.

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6º Lugar: E La Nave Va

37 pontos

O compositor Nino Rota foi responsável pela trilha sonora de todos os filmes de Federico Fellini realizados entre 1952 (Abismo de um Sonho) e 1979 (Ensaio de Orquestra). Com o falecimento do compositor, em abril de 79, Fellini se viu em maus lençóis, justamente porque iniciara com Rota um pequeno período de filmes que teriam a música como principal agente dramático. A ausência do compositor preferido e amigo pessoal fez com que Fellini voltasse seus olhos (e ouvidos) para uma arte tipicamente italiana, mas que nunca estivera em um filme seu com grande importância: a ópera. O resultado desse olhar gerou aquele que é considerado o último grande filme do mestre italiano, E La Nave Va (1983), única fita do cineasta com música completamente não original e um verdadeiro desfile de personas-cantores excêntricos rodeados pelo primeiro grande conflito do século XX: a Primeira Guerra Mundial.

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5º Lugar: A Estrada da Vida

39 pontos

A Estrada da Vida marca o primeiro grande sucesso de Federico Fellini e, também, o começo de uma trilogia existencialista do diretor que seria seguida de A Trapaça, terminando em Noites de Cabíria. Os três filmes contam com Giulietta Masina, esposa de Fellini por toda a vida, em papel de grande destaque e usam personagens como símbolos da luta para a recomposição moral da humanidade.

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4º Lugar: Noites de Cabíria

39 pontos

Fundamentalmente, Noites de Cabíria é um filme sobre esperança. Quando foi filmado, a Itália tinha saído havia apenas 12 anos da Segunda Guerra Mundial e ainda tinha um gigantesco caminho para se livrar do nefasto legado de Mussolini e de seus amigos fascistas e nazistas. A miséria total estava em todo o lugar e o abismo entre os miseráveis e os mais abastados era gritante. O povo estava desesperançoso, juntando os cacos de suas vidas.

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3º Lugar: A Doce Vida

39 pontos

Se o nome Federico Fellini é mencionado em qualquer roda de amigos, provavelmente em algum segundo posterior o título La Dolce Vita (muito mais conhecido assim no original do que por sua tradução literal para o português) também será falado, provavelmente precedido por “ah, ele fez…”. E é verdade. La Dolce Vita – perdoem-me, mas realmente acho o título em italiano bem mais sonoro, talvez por décadas de costume em ouvir desse jeito – é o filme a que Fellini é imediata e indelevelmente associado em detrimento a diversos outros anteriores e posteriores, especialmente Noites de Cabíria, sua obra imediatamente anterior e, em última análise, melhor por conseguir tratar do mesmo assunto de forma mais direta e econômica, ainda que isso não tire, de forma alguma, o brilho de La Dolce Vita.

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2º Lugar: Amarcord

39 pontos

Toda memória de infância tem um grande impacto sobre nós, independente do tipo de sentimento que ela nos faz reviver. Na maior parte das vezes, porém, quando escolhemos nos lembrar do cotidiano infantil, das brincadeiras, das conversas dos adultos, das descobertas do mundo à nossa volta, tudo parece vago, solto, quase perdido na nossa linha do tempo… como se estivéssemos vendo um filme sobre a vida de outra pessoa. Este é o formato que Federico Fellini aplica ao seu Amarcord (1973), um filme de recordações e experiências ocorridas entre a infância e a juventude do diretor, uma espécie de contraponto ao seu filme anterior, Roma (1972), cuja visão adulta e crítica compunha a maior parte da obra.

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1º Lugar:

45 pontos

A maior parte das pessoas que trabalha com produção artística certamente já esteve diante de um bloqueio criativo. Não conseguir produzir aquilo que teoricamente se sabe fazer é uma das mais angustiantes situações que alguém pode encarar. A ausência de ideias ou a rejeição de qualquer coisa que não seja “aquela ideia que nunca vem” pode deixar muitos criadores prostrados e de mãos atadas por um bom tempo diante de um projeto. Alguns, no entanto, fazem dessa situação o motor de uma ‘obra impossível’ e quase sem querer, acabam entregando ao seu público um produto honesto, autobiográfico e deliciosamente caótico.

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