Home Colunas Lista | Fear the Walking Dead – 7ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Fear the Walking Dead – 7ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

É como revirar uma lata de lixo...

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • spoilers.

Sabem aquela brincadeira que volta e meia dizemos na linha de que o melhor de determinado filme é que ele acabou? Pois é justamente assim que me senti ao final da sétima temporada de Fear the Walking Dead. E olha que essa nem foi a pior temporada de uma série que vi em 2022, valendo citar a recente terceira temporada de Titãs só para estabelecer um comparativo: enquanto FTWD me deixou irritado, cansado e com vontade de jogar a toalha de vez, Titãs foi além e me agrediu quase que fisicamente pelas inclassificáveis imbecilidades que fui “obrigado” a assistir.

E o problema de Fear é que, primeiro de tudo, a série nunca realmente encontrou consistentemente seu tom. Sua melhor temporada (a terceira, obviamente) é ótima, mas não é excepcional, marcante ou qualquer coisa semelhante. Em outras palavras, o sarrafo já era baixo, a ponto de eu já há alguns anos estar acompanhando a série na base da teimosia e do sadomasoquismo (e porque eu gostava do falecido John Dorie e do ator que o interpretava), apenas com uma ponta de esperança ainda acesa, porque ela é a última que morre como dizem por aí.

Mas eis que Andrew Chambliss e Ian Goldberg, mesmo vindo de uma temporada muito da sem graça, que introduzia uma apocalipse novo em cima do apocalipse zumbi, o que sem dúvida era interessante, terminaram de se perder, criando 15 episódios (sim, 15) sem rumo, sem protagonista, sem antagonista, mas com uma enorme quantidade de idiotices, a começar da maneira canhestra – para usar um eufemismo – com que os efeitos da explosão nuclear foram trabalhados e desenvolvidos, passando pela mordida de zumbi em Alicia que, magicamente, não a transformou em um (pelo menos não tecnicamente) e continuando com personagens introduzidos para serem mortos no mesmo episódio, a transformação de praticamente todo o elenco em extras e assim por diante. Foi, resumindo, uma aula magna de como não se fazer uma temporada de série.

Teve coisa boa? Sim, pois era improvável que os showrunners errassem tudo, de cabo a rabo, mas o que houve de positivo nem arranha a superfície do que houve de negativo. O que mais chama a atenção positivamente, claro, é a fotografia e o design de produção que, quando querem, emulam filmes B de horror em sua atmosfera nuclear. Sem dúvida uma maneira boa de diferenciar a temporada, ainda que o artifício acabe muito mal explorado. Daniel Salazar, por seu turno, no único episódio em que teve espaço para nos lembrar que ele ainda fazia parte do grupo, ganhou uma abordagem interessante que, claro, como de costume, não foi adiante. E, no final, tivemos o prometido retorno de Madison, ainda que o episódio que marca sua volta, o 16º, sequer pareça que faz parte da mesma temporada, sendo muito mais significativo como o começo da próxima.

Então sim, o melhor que a sétima temporada de Fear the Walking Dead teve a oferecer foi seu fim, literal e metaforicamente falando. Não nutro esperanças mais que Chambliss e Goldberg acertem o rumo da série, pois tudo o que eles fizeram ao longo de quatro anos foi dilapidar o pouco que havia sido construído. A única coisa que ainda espero é não me sentir irritado semanalmente na perspectiva da chegada de um novo episódio dessa série. Gostaria de me sentir apenas indiferente. Seria pedir muito?

XXXXXXXXXX

Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês. Qual foi seu preferido, se é que vocês têm um preferido diante do quadro calamitoso dessa temporada? E o pior dos piores? Mandem suas listas e comentários!

16º Lugar:
Amina

7X15

Depois de assistir ao 100º episódio de Fear the Walking Dead, minha conclusão é uma só: eu teria preferido um daqueles episódios comemorativos padrão dessa marca comemorativa em que tudo o que vemos são flashbacks para os melhores e mais emocionantes momentos da série até esse ponto. Tenho a mais absoluta convicção de que, mesmo considerando que passear pelo passado de FTWD não seria particularmente agradável, isso pelo menos teria proporcionado uma meia dúzia de momentos memoráveis que as sete temporadas certamente tiveram e não essa modorrência ignominéica – sim, baixou o Odorico Paraguaçu aqui – composta de Alicia desmaia, Alicia acorda, Alicia fala com sua versão criança, Alicia liberta passarinho, Alicia sobe escada para salvar Strand, Alicia desce tudo off-screen magicamente e assim por diante.

15º Lugar:
Reclamation

7X06

Althea, mais conhecida como aquela personagem monotemática que enfia uma câmera na cara de todo mundo que encontra, protagonizou um dos melhores episódios de toda a série. The End of Everything, lá atrás, na quinta temporada, foi, contra todas as probabilidades, um capítulo delicado e muito bonito que colocava a personagem em uma situação de isolamento ao lado da misteriosa Isabelle, que se tornaria o amor de sua vida. Com a saída de Maggie Grace da série, agora vem Reclamation fechar o arco de Al, mas infelizmente de uma forma completamente atabalhoada, inadvertidamente risível e inafastavelmente cansativa, ainda que, exatamente por isso, fiel às principais características da personagem.

14º Lugar:
Follow Me

7X09

Aliás, não me lembro de um episódio tão verborrágico quanto Follow Me. O roteiro, escrito pelos showrunners Andrew Chambliss e Ian Goldberg, parece ter sido extraído, palavra por dolorosa palavra diretamente de algum livro mixuruca de autoajuda, daqueles que têm aos montes nas prateleiras de descontos mais generosos de qualquer livraria. O mote é “confiar em você mesmo”, mas, para que Alicia conseguisse chegar a essa conclusão – que ela não chega, temos que lembrar, mas sim recebe de mão beijada do paciente Paul -, somos obrigados a aturar mais de 50 minutos de sonhos, desmaios, olheiras e muito, mas muito blá, blá, blá de tarde da noite em um botequim. Até mesmo a limitação física de Paul parece algo deslocado, feito para trazer algum elemento diferenciador na narrativa, mas sem realmente mudar nada, já que ele não só não tem problema algum em falar em tom de voz absolutamente normal, como consegue fazer leitura labial mesmo sem olhar o tempo todo para os lábios de quem fala.

13º Lugar:
The Raft

7X13

Certamente não é para ver o pior tipo de drama vagabundo possível, com essa historinha safada da gravidez de Sherry. E não, a gravidez não é o problema, mas sim todo o “ritual” que foi ela finalmente revelar a Dwight que talvez ela estivesse grávida. “Talvez” é a palavra-chave, pois ela revelou um talvez apenas. Já pensaram nisso com calma? Algo como “amor, eu talvez esteja grávida, ok?”. Quem é que diz isso a alguém? Mesmo em um apocalipse zumbi. E, pior ainda, com um teste de gravidez feito, mas não lido. E, depois de “foge aqui, se esconde ali”, eis que os dois estão na exata mesma situação de Alicia quando ela perdeu o braço e PIMBA, vamos lá ver que resultado deu, pois aí podemos morrer não os três, mas os quatro logo cheirando a fezes… Haja paciência para esse draminha de primário, viu?

12º Lugar:
Divine Providence

7X14

O problema é que esse oásis de razoável qualidade, essa gota de perfume barato – digo razoável e barato, pois os acontecimentos não se deram de maneira fluida e sequer tiveram um fim de verdade, mas sim, apenas, um intervalo, por assim dizer – existe no centro de um mar de excremento radioativo. Desculpem-me a adjetivação gráfica, mas é isso mesmo: tudo o que está ao redor da resolução do arco de Daniel é sofrível na melhor das hipóteses e isso sabota profundamente o que o episódio tem de bom. E a melhor forma de eu ilustrar essa minha afirmação para além do odor que minhas palavras talvez tenham evocado, é tratar da vilania do capítulo e da temporada como um todo.

11º Lugar:
PADRE

7X08

Mas, eu sei que meu objetivo aqui é falar sobre PADRE, o episódio que marca a metade da 7ª temporada e o começo do tradicional hiato da série e meu merecido descanso dela, pois ninguém é de ferro. Aliás, pegando o gancho no que disse acima, uma das razões de eu estar disposto a empregar doses generosas de suspensão da descrença em relação ao anunciado retorno de Madison é que estamos há 11 anos seguidos com séries e mais séries do universo The Walking Dead e, de uma tacada só, em apenas um episódio, os showrunners me aparecem com dois novos conceitos tirados do chapéu: zumbis retém memória e a infecção pode ser combatida pelo corpo humano indefinidamente.

10º Lugar:
Mourning Cloak

7X10

No momento em que Ali (Ashton Arbab) é introduzido nos segundos iniciais como caçador de borboletas com pretensões de ser um ranger de Strand, meus olhos reviraram justamente por ele me fazer lembrar do músico surdo Paul, ainda vívido em minha mente. As metáforas de Howard lidando com lagartas e borboletas não ajudaram em absolutamente nada, muito ao contrário, com as menções caninas e subservientes ao sumido, mas aparentemente divino Strand só servindo para tornar todo aquele comecinho uma demonstração da inabilidade da dupla de roteiristas em escrever algo que fosse pelo menos um degrau acima do primeiro ano de curso de cinema por correspondência. Quando Charlie apareceu, pela primeira vez em muito tempo com a personagem ganhando algum espaço com diálogos mais longos do que palavras ou frases soltas, confesso que tudo começou a melhorar um pouco. Um pouco, não muito.

9º Lugar:
Till Death

7X05

Tive enorme dificuldade para comprar a premissa que o roteiro de Justin Boyd e Ashley Cardiff quer nos fazer engolir sem nos dar tempo para pensar. Strand, que comanda um exército, precisa recrutar dois fulanos porque só a reputação deles os permitiria chegar perto de uma mulher sozinha que ele sabe exatamente onde está? É isso mesmo, ou perdi alguma coisa entre uma retirada de máscara e outra que me faz lembrar de toda a radiação por ali e, automaticamente, revirar os olhos? E para que mesmo que Strand quer Mickey de volta? Porque ela fugiu de sua fortaleza e ele não pode aceitar isso de ninguém? Eu não sei exatamente aonde os roteiristas queriam chegar, mas tinha que haver um caminho menos idiota, não é mesmo?

8º Lugar:
Six Hours

7X02

Nem bem vemos que o casal permaneceu no submarino, uma escolha sábia considerando tanto a proteção contra radiação que ele oferece, como a facilidade de defesa do lugar que só tem uma entrada, somos informados que o problema deles é comida, o que leva Grace a sair em uma expedição de forma que sejamos informados que seis horas é todo o tempo que um ser humano pode ficar flanando na radiação e que ela sofre do trauma da perda de Athena e deseja por um fim à sua vida. No lugar de desenvolver essa premissa naturalmente, eis que, no momento seguinte, descobrimos que Morgan vinha secretamente criando um carro que realmente parece tirado da franquia Mad Max, de forma que eles possam fugir dali. Começa, então, uma road trip que qualquer pessoa que fosse introduzida hoje, pela primeira vez na vida, a um filme do gênero, diria que não tem futuro e que é mais outra maneira de lidar com o complexo de messias de Morgan, artifício que cansou antes mesmo de começar anos atrás.

7º Lugar:
Sonny Boy

7X12

Mas o mais trágico é fazê-lo morrer de maneira bem imbecil, talvez para combinar com o que fizeram com seu filho. Sim, claro, a revelação de que ele já estava morrendo em razão da “radiação roteirística” da temporada cria aquela “inevitabilidade” da coisa toda, mas Dorie, fantasiado de Dom Quixote, se recusando a lambuzar-se com o sangue dos zumbis, comprovadamente a melhor maneira de enfrentar uma horda deles, é inexplicável. Ah, “não há tempo para isso”, diz Dorie, mas nós sabemos que isso é de uma preguiça de roteiro inacreditável, tudo para supostamente fazê-lo morrer corrigindo o mal que fez ao plantar provas contra Teddy anos atrás e, agora, contra Howard, de forma a conseguir ter os ouvidos de Strand para si.

6º Lugar:
Cindy Hawkins

7X03

No entanto, como uma exceção que confirma a regra, trata-se de um capítulo mal aproveitado em termos de trama e de personagens, com uma construção apressada que revela Dorie, Sr. como um dependente de álcool em abstinência tendo delirium tremens com direito a visões da jovem Cindy Hawkins, a única vítima de Teddy cujo corpo ele não foi capaz de encontrar, depois que ele descobre a “sala de embalsamento” do serial killer como um anexo do abrigo onde ele e June moram há algo como dois meses, mantendo uma rotina constante. Keith Carradine até convence em seu papel de homem assombrado por seu passado, mas o carismático ator simplesmente não tem espaço para desenvolver Dorie, Sr. de maneira completa e bem estruturada, com Jenna Elfman e sua June Dorie não tendo lá muito o que fazer a não ser tentar ser a fraca voz da razão que tenta acordar seu sogro do torpor, ao mesmo tempo em que demonstra pavor de enfrentar o que a aguarda na superfície.

5º Lugar:
Breath with Me

7X04

Trata-se de um episódio que serve, em primeiro lugar, para nos mostrar que os coadjuvantes esquecidos ainda existem e estão por aí para serem usados quando convenientes ao roteiro e, em segundo lugar, para trazer Josiah, irmão gêmeo de Emile, morto por Morgan, para o lado dos “mocinhos”, mesmo que, no processo, o eficiente e simpático sabujo Rufus tenha que morrer. Ah, teve uma terceira função também: mostrar um pouco mais dos malucos despidores de zumbis e revelar que há um míssil não explodido, mas vazando radiação, que eles acharam em um final que me lembrou imediatamente aqueles mutantes ridículos adoradores de bomba nuclear de De Volta ao Planeta dos Macacos (e, só para deixar bem claro para aqueles que tiverem preguiça de clicar no link do filme setentista, esta não é uma correlação boa…).

4º Lugar:
The Portrait

7X07

É uma pena que era necessário contar uma história no episódio e não deixar que ele fosse uma sucessão ininterrupta de desmortos voando pelos ares e dando de cara nos vidros do prédio como em um desenho do Looney Tunes. Eu pagaria fácil para ver apenas isso por 46 minutos. Mas, surpresa, surpresa, ao redor da boa ideia do episódio, eis que Nick Bernardone até que conseguiu escrever algo interessante que gira em torno da crescente loucura e paranoia de Victor Strand. Só um parênteses, se alguém tinha alguma dúvida de que ele tinha alguns parafusos soltos, creio que a montagem dele sendo pintado foi suficiente para dissipá-la por completo, pois ninguém, em sã consciência, mesmo em uma realidade sem zumbis, encomenda uma pintura a óleo de si mesmo…

3º Lugar:
The Beacon

7X01

The Beacon é mais um ótimo começo de temporada que aponta um caminho sólido a ser seguido, mas como não ficar com os dois pés atrás pelo tanto de vezes que isso aconteceu na série ao longo dos anos, não é mesmo? E o grande acerto do episódio é ele fazer o que já deveria ter sido feito há tempos: extrair de seu próprio elenco principal o próximo vilão. Uma das possibilidades era Daniel Salazar, personagem de enorme potencial para uma virada sinistra que, porém, foi inexplicavelmente abafado na temporada anterior. Restava, então, Victor Strand, que começou como um fascinante personagem de caráter dúbio que foi se perdendo ao longo das temporadas e que se reergueu no cliffhanger passado e é a partir dele que mais esse novo início é construído.

2º Lugar:
Ofelia

7X11

Mas não é só o trabalho de Blades que me encantou, pois Ofelia também conseguiu ser o primeiro episódio da temporada em muito, muito tempo que apresentou um roteiro dramática e narrativamente relevante, conseguindo ao mesmo tempo trabalhar alguns de seus personagens mantidos por tempo demais no banco de reservas e impulsionando a história macro de guerra contra Strand por sua torre. Obviamente que os problemas crônicos deste sétimo ano da série precisam ser relevados para o episódio realmente funcionar, pois a lógica inexistente do tira-e-põe máscara e da radiação que só existe quando o roteiro quer que ela exista, além da manutenção do elenco na região de impacto dos mísseis, continuam sendo irritantes até não poder mais, desafiando a paciência de qualquer espectador como um mínimo de consciência.

1º Lugar:
Gone

7X16

O que era então preciso para que Andrew Chambliss e Ian Goldberg nos agraciassem com um raro episódio bom na sétima temporada de Fear the Walking Dead? Simples. Que esse episódio basicamente não fosse da sétima temporada e que não tivesse uma penca de figurantes inúteis, personagens introduzidos para serem mortos logo em seguida, uma protagonista moribunda de olheiras se lamuriando, um suposto vilão que só sabe falar e fazer drama, radiação de conveniência, ambientação de filme de terror B mal aproveitada e que, ao revés, reapresentasse uma protagonista há muito dada com morta e que, mesmo contracenando apenas com o insuportável do Morgan, chamasse para si os holofotes de uma trama praticamente zero quilômetro que só usa o nome PADRE para fingir que isso foi pensado há muito tempo.

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