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Lista | Estúdio Ghibli: Os Longas Ranqueados

por Luiz Santiago
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IMPORTANTE: Cada indicação abaixo usa apenas um parágrafo da respectiva crítica! É só clicar nos links para ler os textos completos!

Eis aqui a nossa lista ranqueando todos os longa-metragens realizados pelo Estúdio Ghibli até o fechamento do nosso Especial, em junho de 2021 (no momento, Como Vocês Vivem? ainda está em fase de produção, sem data fixa de lançamento).

Vocês já viram todos os 22 filmes dessa prestigiada casa de animação japonesa? O que acham do material criado por eles? Não deixe de comentar abaixo a sua experiência com as obras desse Estúdio e qual é a sua classificação para os longas que você já viu!

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22º Lugar: Aya e a Bruxa

Aya e a Bruxa é uma decepção na forma e no conteúdo. O uso da tecnologia para sua animação é ruim; os desenhos não aparecem bem na tela na maior parte da projeção; o uso de músicas parece completamente jogado na maior parte do tempo, e a história, que deveria ao menos elevar um tantinho mais aquilo que o visual não nos entrega, simplesmente não avança. Gosto muito da parte final, em termos de direcionamento da trama para a formação de uma família diferentona, mas só como elemento isolado mesmo. Seu tratamento no corpo do filme parece abrupto e compõe a lista de coisas que não funcionam ou funcional parcialmente no longa. Para mim, o único filme ruim do Estúdio Ghibli. E espero do fundo do coração que seja o último.

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21º Lugar: Contos de Terramar

Musical e visualmente, Contos de Terramar tem todo o charme que um filme desse porte poderia ter. Mas quando passamos para a história que deveria preencher esse esqueleto formal, não conseguimos nada a mais do que as falhas de um marinheiro de primeira viagem na direção, tendo nas mãos um roteiro ambicioso na criação de mundo, mas fraco no que diz respeito aos indivíduos que deveriam dar sentido a esse espaço. Aquele tipo de obra onde a sequência de decepções parece inacreditável. E fica ainda pior quando paramos para imaginar de onde vem esse caminhão de decepções.

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20º Lugar: O Mundo dos Pequeninos

A saga Os Pequeninos Borrowers (composta por cinco livros), foi escrita pela britânica Mary Norton entre os anos de 1952 e 1982, e teve algumas adaptações para o cinema e para a TV antes de chegar às mãos do Estúdio Ghibli. A primeira dessas versões aconteceu em uma série televisiva de 1967, vindo depois o telefilme O Homenzinho (1973) e a minissérie The Borrowers (1992). No cinema, o filme Os Pequeninos (1997), com John GoodmanCelia Imrie e Hugh Laurie no elenco, foi a versão que verdadeiramente popularizou essa história para o grande público. E justamente por essa época foi que os chefões do Ghibli passaram a se movimentar para adquirir os direitos do livro a fim de fazerem a sua própria versão, embora Takahata e Miyazaki (que coescreveu o roteiro) já pensassem em adaptar a obra desde os anos 1970.

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19º Lugar: PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins

Baseado no folclore ao redor dos tanuki ou, mais cientificamente, os cães-guaxinins japoneses*, PomPoko é uma comédia de teor ambiental e pegada melancólica que Isao Takahata encabeçou não muito tempo depois do lançamento de Memórias de Ontem, baseado em ideia de Hayao Miyazaki. Bem diferente das duas obras anteriores do mestre, Takahata usou o que se poderia chamar de uma surreal aventura com cães-guaxinins antropomorfizados para experimentar sem parar e para trabalhar um recorte do vertiginoso desenvolvimento de seu país a partir do final da década de 60, notadamente com a impressionante expansão das cidades e a criação das primeiras megalópoles que tanto povoam o imaginário popular.

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18º Lugar: O Serviço de Entregas da Kiki

Baseado em romance infantil de extremo sucesso no Japão publicado em 1985, de autoria de Eiko Kadono, O Serviço de Entregas da Kiki é um belo longa de Hayao Miyazaki que lida muito diretamente com a transição da infância para a maturidade por intermédio de um rito de passagem bem marcado, com a criação de mais uma personagem feminina inesquecível pelo cineasta nipônico. Não é, porém, um filme que segue uma estrutura clássica e, por vezes, parece episódico, com um final que pode desapontar.

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17º Lugar: O Reino dos Gatos

Baseado no mangá Baron: Neko no Danshaku, de Nozomu TakahashiO Reino dos Gatos é a derivação temática de uma trama que vimos representada no filme Sussurros do Coração (1995), com o gato Barão tendo aqui um papel ativo na aventura, mas não seguindo o padrão romântico de “votos para a vida” com uma história melancólica em pauta. Vivendo em um lugar acessível apenas por pessoas especiais, escolhidas, Barão Humbert von Gikkingen está aqui ao lado da adolescente Haru (Chizuru Ikewaki), que vive cheia de incertezas, que cultiva uma paixão não correspondida por um garoto de sua sala no Ensino Médio e que parece não conseguir chegar à escola no horário um único dia.

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16º Lugar: As Memórias de Marnie

Quando As Memórias de Marnie foi lançado, o longa deixou um gosto agridoce na boca e lágrimas nos olhos de muita gente. Afinal, ele veio a reboque do surpreendentemente anúncio, então não completamente confirmado, de que o longa seria a última produção do Estúdio Ghibli, depois da saída de Hayao Myiazaki e do subsequente anúncio de que as produções seriam momentaneamente encerradas. Felizmente, o mestre voltou atrás em sua aposentadoria e as produções continuaram, ainda que o intervalo entre As Memórias de Marnie e a seguinte tenha sido significativo e, confesso, um pouco assustador.

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15º Lugar: Vidas ao Vento

Desse ponto de vista, trata-se de um dos filmes mais difíceis do Estúdio Ghibli, não pela temática, mas pelo olhar que lhe dá. Em um filme ambientado num cenário similar, Túmulo dos Vagalumes, vimos o horror da guerra pelos olhos de cidadãos comuns sofrendo as consequências de tudo o que acontecia no front. Já em Vidas ao Vento, apesar de ainda termos vivo o encaminhamento pessoal e sentimental marcando a trama, o ponto de vista não é mais o de um cidadão comum. E justamente por esse motivo é que, desde o primeiro minuto, este longa está “condenado” a parecer umas cem vezes mais sério do que na verdade ele pretende. Claramente um filme-armadilha. Mas definitivamente um dos bons, nesse quesito.

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14º Lugar: O Castelo no Céu

Após o grande sucesso de Nausicaä do Vale do Vento (1984), os realizadores Hayao Miyazaki e Isao Takahata, ao lado dos parceiros Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma formalizaram a parceria artística e fundaram o Estúdio Ghibli, em 15 de junho de 1985. O primeiro produto vindo dessa união apareceu já em 1986 e foi chamado de O Castelo no Céu, longa escrito e dirigido por Miyazaki que não apenas nos deixa bem claro os caminhos filosóficos do artista, como também lança as muitas sementes que se tornariam a tônica do Ghibli no decorrer dos anos — e aqui eu estou falando do belíssimo uso e composição da trilha sonora até a paixão pela aviação e a abordagem de temas que relacionam a humanidade, seu meio social e o mundo natural que o cerca.

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13º Lugar: Meus Vizinhos, Os Yamadas

A vizinhança desses contadores de história do Studio Ghibli é realmente imbatível. Em uma realidade, há Totoro como vizinho. Em outra, os Yamada, uma das famílias mais fofinhas, inquietas e malucas já representas pela maravilhosa casa de animação japonesa. Desta vez, o diretor e roteirista Isao Takahata se baseou nas tiras em quadrinhos de Hisaichi Ishii, criando um ambiente caloroso, cômico e muito gostoso de se acompanhar, com as aventuras e desventuras da família formada por Takashi (o pai, que trabalha em uma empresa da região), Matsuko (a mãe, dona de casa), Shige (mãe de Matsuko), Noboru (o filho de 13 anos), Nonoko (a filha de 5 anos) e Pochi (o cachorrinho).

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12º Lugar: Eu Posso Ouvir o Oceano

Tal como o trem na plataforma, que pode aproximar ou afastar indivíduos, o enredo de Eu Posso Ouvir o Oceano fala sobre viver e se distanciar de situações, adquirindo a experiência dessa vivência e, a partir daí, movendo-se para uma melhor fase (ao menos em teoria), com ideias melhor ajustadas na cabeça e com uma compreensão mais simples e, por que não, mais bela da vida.

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11º Lugar: Sussurros do Coração

Único longa-metragem dirigido por Yoshifumi KondoSussurros do Coração é uma história de amor centrada no crescimento interno de dois adolescentes, um garoto que quer ser um fabricante de violinos e uma garota que quer ser escritora. Como é de praxe nos filmes do Estúdio Ghibli, a jornada dos personagens também é de amadurecimento e encontro com surpresas que os tornam pessoas melhores, não sem antes visitarem ou serem visitados por ingredientes fantasiosos, oníricos ou simbólicos, tornando o filme um belo exemplar do rico Universo que encontramos nas animações desse icônico estúdio japonês.

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10º Lugar: Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar

Mesmo assim, o retorno de Miyazaki à simplicidade e à abordagem encantadoramente infantil é muito bem vinda e resulta em um longa que derreterá corações e deixará qualquer um, mesmo aqueles com corações de pedra, com um enorme de criança no rosto ao final. Ponyo nos relembra exatamente dessa época em que tudo era uma aventura, uma descoberta, em que tudo era encarado com inocência e olhares deslumbrados de felicidade, algo que faz muita falta quando atravessamos a invisível barreira que nos leva ao superestimado mundo adulto.

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9º Lugar: Memórias de Ontem

Memórias de Ontem é a animação que o Mestre Yasujiro Ozu teria dirigido. Em mais esta belíssima obra do Studio Ghibli acompanhamos Taeko, uma mulher de 27 anos que ainda não se casou — algo que na cultura japonesa, no tempo em que a aventura se passa, é motivo de grandes cobranças. Taeko está pensativa. Em sua viagem de Tóquio a Yamagata, no interior do país, onde visita a família da irmã durante a colheita anual de açafrão-bastardo, ela começa a questionar o seu momento atual e a comparar com o que “tinha que enfrentar” quando era criança.

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8º Lugar: Da Colina Kokuriko

O segundo longa de Gorō Miyazaki é a vitória da simplicidade sobre os fogos de artifício, um filme que representa muito bem não só o momento histórico de “virada” do Japão, como a importância de valores muitas vezes relegados a segundo ou até terceiro plano, como se o passado fosse algo para ser ignorado ou esquecido. Da Colina Kokuriko, com graciosidade e franqueza, nos faz perceber o quanto realmente precisamos entender o que se passou conosco e com o mundo para permitir que cresçamos de forma sadia e útil para a sociedade.

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7º Lugar: Porco Rosso: O Último Herói Romântico

Mas o clímax sequer é o momento mais importante de Porco Rosso: O Último Herói Romântico e sua duração acaba quase que completamente soterrada pela magia que Hayao Miyazaki consegue tirar de sua inusitadamente adulta e complexa premissa que resulta em um de seus protagonistas mais interessantes e maduros. O primeiro de apenas dois longas dirigidos pelo cineasta nos anos 90, Porco Rosso é uma inesquecível, ainda que costumeiramente “esquecida” ou injustamente considerada “menor”, experiência cinematográfica de cunho adulto do Estúdio Ghibli.

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6º Lugar: O Castelo Animado

O Castelo Animado parece encerrar uma era para Miyazaki, já que seus filmes seguintes – lançados até o momento desta crítica, claro – teriam escopo reduzindo, ainda que também fascinantes. Parece ter sido aqui que o cineasta esgotou sua imaginação para criar mundos complexos de fantasia que misturam tecnologia, mágica e personagens cativantes em histórias que são, se realmente espremermos, cotidianas e repletas de belíssimas lições. Se for o último longa do diretor com esse escopo, ele sem dúvida alguma terá se despedido de maneira invejável das obras que carregam essas suas evidentes marcas registradas desde o deslumbrante Nausicäa do Vale do Vento.

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5º Lugar: O Conto da Princesa Kaguya

Baseado em uma história do folclore japonês, O Conto do Cortador de Bambu, esta animação do Studio Ghibli, dirigida e coescrita pelo mestre Isao Takahata, é uma realização esteticamente simples — basicamente lápis em diversos estágios de acabamento animado em 2D e colorido com leveza e muitas nuances de branco, como se tudo o que vemos na tela fosse apenas um fugaz momento de felicidade e lamento na vida das pessoas que conheceram a princesa — porém, atrás da simplicidade artística, há um belo conto cheio de significados, como as mudanças pelas quais passamos no decorrer dos anos; o amadurecimento com todas as suas perdas e ganhos e a complexa relação entre amor, tradição e relacionamento das pessoas com aqueles que amam, especialmente pais e filhos.

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4º Lugar: A Viagem de Chihiro

Se Luís Buñuel se reunisse com Salvador DalíLewis CarrolAlejandro JodorowskiDavid Lynch e Terry Gilliam para conversar sobre ideias para filmes sob efeito dos mais diversos alucinógenos, tenho certeza de que eles não teriam a capacidade de chegar a um décimo da inventividade e imaginação que Hayao Miyazaki demonstra em A Viagem de Chihiro, longa de pura fantasia que o mestre das animações constrói ao redor de sua premissa favorita, o amadurecimento de uma jovem. Na verdade, o primeiro filme do século XXI do Estúdio Ghibli é quase que completamente um longo e deslumbrante desfile da fertilíssima inventividade sonora e visual de Miyazaki que parece feliz em soltar os freios completamente nos departamentos de criaturas bizarras e cenários magníficos e laboriosos que mantêm o espectador boquiaberto o tempo todo.

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3º Lugar: Princesa Mononoke

Como acontece com NausicäaPrincesa Mononoke é um filme para ter cada um de seus fotogramas admirados com a mão tentando segurar o queixo. Miyazaki mais uma vez entrega uma obra de temática poderosa, personagens fascinantes e execução quase perfeita (que eu tomei a liberdade de “arredondar” para perfeita) que encanta e hipnotiza o espectador de tal maneira que sua duração avantajada passa em um piscar de olhos. Aliás, que piscar que nada, pois o espectador não pode se dar ao luxo de perder uma fração de segundo dessa maravilha.

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2º Lugar: Túmulo dos Vagalumes

Antes da destruição da vida, Takahata nos mostra a destruição dos sentimentos, a destruição da empatia e da forma humana no tratamento entre as pessoas. A tristeza aumenta porque muitas dessas relações são pautadas exatamente pela falta, como na cena em que Seita tenta convencer um lavrador que não tem arroz nem para si próprio. Já a tia dele representa um outro tipo de pessoa nessa equação, aquelas endurecidas e ressecadas pela guerra, enxergando em cada um apenas um instrumento em favor do país e, se este alguém não puder ser um instrumento, então não merece nada. Como disse antes, as discussões trazidas pela obra tornam-se mais tocantes quando traçamos um paralelo delas com a realidade de milhares de pessoas, em todas as idades, que não apenas morrem pela ação direta do fogo das muitas guerras em andamento, mas também por todos os outros males que elas trazem consigo.

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1º Lugar: Meu Amigo Totoro

É o roteiro livre de amarras narrativas rígidas e enganosamente simples em sua estrutura que abre espaço para que o espectador aprecie Meu Amigo Totoro sem expectativas e vendo o mundo pelos olhos das irmãs amorosamente unidas por sua conexão natural, mas temerosas pelo futuro da mãe, e protegidas por seu pai e vizinhos, além de claro, as criaturas sobrenaturais que “assombram” a região. É também essa abordagem eminentemente visual e sonora que derrete nossos corações e nos acalenta a cada nova conferida da obra exatamente como o barrigão peludo de Totoro faz Mei dormir gostosamente em sua toca na floresta. Meu Amigo Totoro é um terno abraço audiovisual em todos que tiverem o privilégio de assisti-lo.

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