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Lista | Duna: A Profecia – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Ranqueando o passado remoto do Universo Duna de Denis Villeneuve.

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Não pode ter sido fácil produzir Duna: A Profecia e o histórico confuso desde que tiveram a ideia de colocar nas telinhas um prelúdio passado 10 mil anos dos filmes de Denis Villeneuve é prova disso. Há muito material – não escrito por Frank Herbert, vale salientar – que poderia ganhar detalhamento e a escolha final ficou na poderosa irmandade Bene Gesserit comandada por Valya Harkonnen ao lado de sua irmã Tula em uma ambientação grandiosa e focada nas manipulações das mais diferentes ordens e as intrigas palacianas no seio do império comandado pelo Imperador Javicco Corrino, tendo como gatilho narrativo o retorno de Desmond Hart, soldado do império enviado a Arrakis, para o palácio em Salusa Secundus, que não demora a revelar que ganhou habilidades especiais capaz de matar qualquer um sem que seja sequer necessário tocar na pessoa.

Entre o mistério que gravita ao redor de Desmond, a incapacidade de Javicco de se impor, deixando sua esposa facilmente dominá-lo no melhor estilo Lady MacBeth, a insurgência de rebeldes que tem como membro Keiran Atreides, armeiro do imperador, o vagaroso retorno da Casa Harkonnen a uma posição relevante no panorama geral e as intrigantes histórias de origem de Valya e Tula, sobra relativamente pouco tempo para a irmandade Bene Gesserit ser realmente explorada, ainda que a morte da noviça Lila, depois de tentar passar pela Agonia de forma a revelar detalhes de uma profecia legada por sua  antecessora Raquella, primeira Madre Superiora da organização, tenha desdobramentos inegavelmente interessantes que levam a um belo encerramento de temporada. No fundo, há muitos personagens e linhas narrativas para serem trabalhados e muito poucos episódios para que isso seja efetivamente possível, com tudo parecendo corrido e conveniente demais, com personagens completamente desperdiçados como a noviça Theodosia, que tem habilidades especiais, além da necessidade de contextualizar demais para aqueles menos afeitos à mitologia para além dos dois filmes recentemente lançados.

Em outras palavras, faltou foco em Duna: A Profecia, mesmo que o elenco, no geral, esforce-se para entregar boas atuações e mesmo que algumas sequências, valendo destaque especial para o episódio inteiramente em flashback sobre Valya e Tula, funcionem muito bem dentro do contexto geral. Talvez agora, sem as amarras explicativas de um universo sem dúvida complexo, o segundo ano da série consiga fazer efetivo jus à premissa, desenvolvendo-se mais livre e confortavelmente com o novo status quo criado pelo último episódio da temporada.

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês. Qual foi seu preferido? E o que menos gostou? Mandem suas listas e comentários!

6º Lugar:
A Mão Oculta

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E é isso que vemos no capítulo inicial de Duna: A Profecia. Tudo começa com 15 minutos de prelúdio em que a guerra contras as máquinas é abordada, a queda da Casa Harkonnen é mencionada, o conceito das Bene Gesserit é explicado, com a visão da Madre Superiora Raquella Berto-Anirul (Cathy Tyson), que quer controlar as dinastias de regentes com seletividade de casamentos e proles, causando uma divisão na irmandade, com a jovem Valya Harkonnen (Jessica Barden) saindo vitoriosa dessa cisão e, mais velha, vivida por Emily Watson, passando então a comandar a ordem, continuando com o projeto de Raquella. Esse “prelúdio do prelúdio” não é nem de longe o problema do episódio. A questão primordial é que o que vem depois, no tempo presente da série, continua sendo, para todos os efeitos, um prelúdio. Durante 50 minutos, tudo o que temos é a apresentação dos personagens que, em tese, serão desenvolvidos ao longo dos próximos cinco capítulos, uma tarefa que, se for cumprida mesmo que pela metade, será tão milagrosa quanto o nascimento do Kwisatz Haderach.

5º Lugar:
Duas Lobas

1X02

Ultrapassado o episódio inicial carregado demais de intermináveis explicações didáticas sobre o universo em que a série está inserida, Duna: A Profecia parece começar de verdade com Duas Lobas, que tem como função primordial reafirmar que o que estamos assistindo é a versão futurística de intrigas palacianas medievais. Não há nada de errado com isso, vale dizer, ou, corrigindo-me, não haveria nada de errado com isso se o velho adágio perfeitamente aplicável – essencial, na verdade – a tramas como essa que diz que “nada, nem ninguém é o que parece ser” não fosse levado tão ao pé da letra assim, com uma sucessão de revelações que, como o didatismo anteriormente, cansa um pouco. Mas pelo menos a curta temporada parece ter efetivamente andado mais para a frente do que para os lados.

4º Lugar:
Nascido Duas Vezes

1X04

Mesmo assim, o episódio se segura bem por uma combinação de fatores importantes, um deles sendo um elenco que vem consistentemente entregando ótimas performances, essas sim bem mais comedidas do que o próprio roteiro, com Emily Watson e Olivia Williams destacando-se como as irmãs Harkonnen, mas com o leque sendo aberto para uma série de outros, inclusive Travis “Mesmo Papel Sempre” Fimmel como o misterioso Desmond Hart, Jodhi May com a “macbethiana” Imperatriz Natalya, Jade Anouka como a “Dançarina Facial” e Bene Gesserit Theodosia (mais sobre isso em um instante) e, agora, Edward Davis como o fraco, manipulável, mas ambicioso Harrow Harkonnen. Outro aspecto que vem surpreendendo é a direção de arte e os figurinos, que evidenciam trabalhos cuidadosos, monumentais e variados que são muito bem complementados por um CGI que amplifica e também cria ambientes muito discretamente.

3º Lugar:
A Verdade no Sangue

1X05

Aliás, o vigor do elenco todo faz-se sentir mais claramente aqui em A Verdade no Sangue, com todos circulando bem e tendo seus papeis bem estabelecidos, mesmo que muito rápidos, como são os casos dos citados Constantine e Francesca, além da Princesa Ynez, que provavelmente se bandeará para o lado de Keiran, e também a Imperatriz Natalya, claro, que mostra todo o seu veneno anti-Irmandade ao final. Por outro lado, diria que Valya foi subutilizada, ficando demais apenas nas sombras e basicamente servindo de “explicadora oficial” para espectadores que não prestam atenção e que toda aquela grande revelação de que Theodosia é uma Tleilaxu no episódio anterior ficou por isso mesmo, sem continuidade e sem inserção efetiva na narrativa. No caso desta última, eu realmente espero que a personagem não seja usada como a salvação de último minuto do plano maquiavélico de Valya, pois isso só diminuirá o impacto da série.

2º Lugar:
O Inimigo Arrogante

1X06

O melhor do longo, mas bem concatenado episódio, foi o uso de flashbacks intercalando as sequências de ação no presente. Não que isso seja incomum, mas, aqui, Anna Foerster comandou muito bem as transições e soube dar variedade aos retornos ao passado, algo que acontece da maneira tradicional, como as lembranças de Tula sobre o destino de seu filho com Orry Atreides, como visões de uma compreensivelmente vingativa Dorotea controlando o corpo e a mente de Lila e como um retorno ao maior medo de Valya, que é ao mesmo tempo perder seu irmão e ser a causa de sua morte. Com esse jogo de passado e presente, o episódio termina de montar o quebra-cabeças da temporada e entrega um quadro bastante claro que os eventos, então, tratam de derrubar, primeiro fazendo do imperador uma figura trágica, destruída pelas verdades que uma inclemente Valya diz para ele e que o leva a fazer a única coisa que poderia fazer, depois pareando Ynez com Keiran sob a guarda de Valya, mais para a frente fazendo com que Dorotea vire o jogo na Irmandade, revele os segredos sujos que Valya e suas comparsas esconderam por décadas e tome controle da ordem e, finalmente, reunindo Tula e seu filho depois que ela ajuda a irmã marionetista a vencer o medo e, no processo, o vírus nanotecnológico implantado em Desmond.

1º Lugar:
Irmandade Acima de Tudo

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Agora sim podemos realmente dizer que Duna: A Profecia começou de verdade. Não que o que aconteceu em A Mão Oculta e Duas Lobas não tenha sido interessante, mas é na história pregressa – de origem, como queiram – das irmãs Valya e Tula Harkonnen que a série comandada por Diane Ademu-John e Alison Schapker mostra seus dentes e cria o tipo de universo que agarra o espectador pela gola e o arremessa lá para dentro sem dó, nem piedade. Tenho consciência, por outro lado, que dedicar um episódio quase inteiro para flashbacks em uma série de apenas seis talvez seja muito, mas o roteiro de Monica Owusu-Breen e Jordan Goldberg, conduzido pela direção de Richard J. Lewis, sabe como poucos trabalhar o passado para polinizar o presente, entregando motivações de décadas atrás que dão coesão a praticamente tudo, fincando a narrativa profundamente na relação entre as irmãs.

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