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Lista | Doctor Who – 1ª Temporada (2024): Os Episódios Ranqueados

Magia, música e mistérios reticentes.

por Luiz Santiago
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Então chegamos à revisão disneylândica de Doctor Who, com essa 1ª Temporada (2024) tendo RTD novamente no comando do show! Uma temporada muito diferente, virtualmente mais bobinha (porém fofa e, no geral, com bastante qualidade, exceto pelo porco episódio final!) daquilo que DW tinha nos entregue desde 2005. Aqui está a minha classificação dos episódios para este ano do show. Nos comentários, também faça a sua!

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8º – Império da Morte (Empire of Death)

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Se pensarmos bem, o problema nem é o uso do recurso narrativo que conhecemos como Deus Ex Machina (que, acreditem ou não, já havíamos cogitado como possibilidade nos comentários de A Lenda de Ruby Sunday). Eu sempre dou o exemplo do último arco escrito pelo maluco do Grant Morrison para o Homem Animal, entre 1989 e 1990: uma obra-prima baseada no exato conceito de Deus Ex Machina como opção de encerramento de uma longa saga. Assim como o clichê, essa abordagem pode entregar algo inesquecível, desde que o texto e o contexto da produção trabalhem para isso, deixando as escolhas preguiçosas de lado e fazendo uso do próprio recurso para construir o enredo. Em suma, o bom uso desses ingredientes dramáticos está em manipular a fórmula; jamais ser manipulado por ela. Conhecendo bem Russell T. Davies, não é de espantar que esse facilitador tenha aparecido aqui. Essa é uma de suas recorrências na conclusão de arcos, aliás. Todavia, não me lembro de ver o showrunner descer a um tão patético baixio de desrespeito ao público e a Doctor Who como ele fez neste Finale de 1ª Temporada, com o decepcionante Império da Morte (Empire of Death).

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7º – Ladino (Rogue)

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Flertando com Bridgerton em uma narrativa simples e fabular, Ladino (Rogue) é, até o momento, o episódio mais fraco dessa 1ª Temporada de Doctor Who, em sua 2ª Nova Série. Num primeiro momento, parece um capítulo demasiadamente centrado em si mesmo e, talvez por isso, suas questões tenham tido dificuldade de ultrapassar as barreiras narrativas e ganhar qualidade no escopo da temporada. Ocorre que nem uma das duas coisas é necessariamente verdade. Narrativas isoladas nunca foram um problema para a série — embora viagens para o passado tenham tido uma performance relativamente aquém do desejado, nos últimos anos, dada a dificuldade de alinhar o propósito da temporada com a aventura. O outro ponto é fazer com que o texto traga algo para a linha corrente do show, mas vejam que Ladino faz isso de forma muito orgânica com o retrato da misteriosa senhora que se parece com a vizinha de Ruby (personagem que tem aparecido, encarnando diversas mulheres, desde A Imensidão Azul). O que aconteceu, então?

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6º – Bebês do Espaço (Space Babies)

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Bebês do Espaço (Space Babies) é um episódio histórico de Doctor Who; um capítulo para o qual voltaremos muitas e muitas vezes no futuro, não exatamente por conta de sua qualidade (o que não significa que este seja um episódio ruim, que fique claro), mas pelo seu contexto em relação à série, ou seja, pelo que representa no meio de todos os ajustes mercadológicos e de produção executiva a partir desta nova temporada, parcialmente produzida e distribuída pela Disney. É a segunda reformulação atravessada pelo clássico show britânico, sendo a primeira iniciada com Rose, em 2005, uma aventura protagonizada pelo 9º Doutor e também escrita por Russell T. Davies. Dezenove anos depois, o mesmo showrunner faz parte de uma retomada conceitual e estrutural do programa, retrabalhando, inclusive, diversos ingredientes do passado — embora com significado completamente diferente –, como o desaparecimento dos Time Lords (não mais por conta da Guerra do Tempo) e a falsa tag de “último da espécie” para o Doutor.

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5º – O Som do Diabo (The Devil’s Chord)

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A promessa do Toymaker em Risadinha (The Giggle) está realmente se cumprindo: os Deuses do Caos estão aparecendo pouco a pouco em nossa dimensão e cada um promete trazer um desafio medonho para o Doutor. Desta vez, estamos diante de um rebento do Artesão Celestial, alguém que controla todo tipo de música e vibração de ondas sonoras, alimentando-se do vazio ou pelo ruído inerte deixado pela ausência musical. Neste segundo episódio da Nova-Nova Série de Doctor Who, o roteiro de Russell T. Davies segue por um caminho relativamente mais sério, mas ainda marcantemente fiel às facilidades e infantilidades que esta Era propõe seguir. Já deixei claro em Bebês do Espaço que, apesar de não preferir e não ver este caminho de produção como algo bom para a série — e não, eu não considero a abordagem “sci-fi ciência para crianças” do início da Série Clássica sequer minimamente parecida com esta nova execução –, minha recepção e análise do produto segue bastante positiva.

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4º – A Lenda de Ruby Sunday (The Legend of Ruby Sunday)

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Em língua portuguesa, ele é mais conhecido pelo nome de Seth. Em língua inglesa, Sutekh é a denominação mais comum. Deus do panteão do Egito Antigo, a figura representa o caos, a guerra, a seca, a perturbação. No Universo de Doctor Who, apareceu pela primeira vez na era do 4º Doutor, no arco The Pyramids of Mars (1975), e foi denominado como um dos habitantes da Corte Osiriana, nativa do planeta Phaester Osiris, de onde vieram outras figuras humanoides que acabaram se estabelecendo no Egito Antigo e foram adorados pelos humanos como deuses. Nessa cosmologia, Sutekh é também um exterminador, um ser capaz de destruir todas as formas de vida que desafiem a sua dominação. Nesta 2ª Nova série, ele já tinha sido citado como “O Mais Antigo” e também como “Aquele que Espera”, e aqui em A Lenda de Ruby Sunday revela-se como o grande vilão por trás dos que apareceram antes, e em torno do qual estão a misteriosa vizinha de Ruby; a própria Ruby, e as muitas figuras interpretadas pela atriz Susan Twist.

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3º – Ponto e Bolha (Dot and Bubble)

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Esta semana eu quero começar falando de uma preocupação que merece a devida atenção: a ausência do Doutor na maior parte de dois episódios consecutivos, até o momento, desta 2ª Nova Série. Nos bastidores, sabemos que o ator Ncuti Gatwa estava terminando as gravações da temporada final de Sex Education, e sua curta agenda fez com que os primeiros episódios a serem filmados no novo formato e casa distribuidora de Doctor Who fossem do tipo Doctor-lite. Para alguns espectadores, essa ausência faz muito mal à série, impedindo que nos apeguemos ao 15º Doutor. De minha parte, até o momento, vejo que Gatwa tem compensado muitíssimo bem sua ausência majoritária nesses dois episódios (e notem que, aqui, ele tem muito mais tempo de tela do que em 73 Jardas!). Além disso, as histórias dos capítulos 4 e 5 foram escritas com imenso esmero — até mais que os capítulos escolhidos para alavancar a temporada, a saber, Bebês do Espaço e O Som do Diabo –, fazendo com que o Time Lord tivesse o peso dramático necessário, e com que a trama e os outros personagens conseguissem seguir solidamente sem ele, mantendo o público atento e interessado no que está acontecendo.

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2º – Boom

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Desde o Especial de Natal de 2017 (Twice Upon a Time) que não tínhamos um episódio de Doctor Who escrito por Steven Moffat, uma das figuras mais carimbadas da série, para o bem ou para o mal, dependendo de quem está falando. Nesta Nova Era da série, o ex-showrunner volta escrevendo um roteiro muito potente, com uma história que se encaixa perfeitamente na nova proposta do programa, expandindo o mistério em torno de Ruby Sunday e fazendo reflexões emocionantes. Infelizmente, a trama cai na armadilha da reafirmação explicativa, o que derruba consideravelmente a qualidade do texto que vinha em alta conta até os dez minutos finais.

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1º – 73 Jardas (73 Yards)

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Doctor Who não é exatamente uma série que explora ao mesmo tempo experimentos na forma e no conteúdo de seus episódios. Por isso mesmo, quando um capítulo que combina essas duas características ganha vida, é impossível para o público não comentar largamente sobre ele (lembre-se que da última vez que isso aconteceu, em Fugitive of the Judoon, a whovianzada ficou em polvorosa). No caso do presente 73 Jardas (em medida de gente normal: 66,7 metros), temos o surgimento de um novo enredo-lenda na série, algo que segue no caminho de exigência dramática e estrutura narrativa de Midnight, outro impactante episódio de Russell T. Davies, que eu demorei muito tempo para apreciar por completo e reconhecer. Neste exercício que mistura terror, fantasia, magia (ingredientes muito caros a esta temporada inaugural da 2ª Nova Série) com ficção científica, o autor cria algo que certamente será lembrado como um dos grandes episódios de DW.

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