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Lista | Comando das Criaturas – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Ranqueando flashbacks...

por Ritter Fan
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Avaliação da temporada
(não é uma média)

  • spoilers

O começo oficial da versão 2.0 do Universo Cinematográfico DC, agora sob o comando de James Gunn e Peter Safran, não poderia ser mais decepcionante. Comando das Criaturas, nada mais do que um Esquadrão Suicida com monstros, tinha enorme potencial para ser algo não exatamente diferente, mas que carregasse um começo verdadeiramente subversivo para uma aposta gigantesca da Warner Bros. Discovery com base em suas propriedades da DC Comics. No final das contas, quando toda a poeira baixou, porém, o que Gunn acabou levando para as telinhas foi uma série que ele parece ter escrito com o freio de mão puxado, segurando-se para não aloprar nesse início ainda incerto, o que até entendo, mas que acabou não funcionando.

No lugar de contar uma história, o que Gunn fez foi usar uma premissa que não é nem um pouco desenvolvida para oferecer aos espectadores flashbacks de origem de cada um dos membros da equipe reunida por Amanda Waller, à exceção de Rick Flag Sr., o líder e pai do Rick Flag morto em O Esquadrão Suicida que, de quebra, é mantido canônico, decisão que reputo equivocada, com potencial de confundir as pessoas (se é para recomeçar, que recomece de verdade, jogando fora todo o passado, sem pescar elementos de lá e trazendo-os para o presente, mas esta é outra história). E, nesse processo, Gunn transformou o flashback não em um artifício para desenvolver a narrativa e seus personagens, mas sim como um instrumento para criar empatia forçada com os membros da equipe, mesmo que o passado de alguns – especificamente da Noiva e do Doninha – sejam suficientemente interessantes para manter os respectivos episódios em um nível acima dos demais.

E, no presente, a história sobre a Princesa Ilana Rostovic, do Pokolistão, como prenunciadora/causadora do apocalipse dos super-heróis, conforme visão premonitória de Circe que, aliás, é completamente esquecida logo no começo da temporada, é relegada a 12º plano, como um detalhe insignificante na máquina contadora de historinhas de origem que Gunn mantém em funcionamento constante sem saber muito bem para que cada uma delas serve. Com isso, nada anda para frente. Na verdade, mal anda sequer para os lados. A missão principal caminha em extrema câmera lenta (seria uma homenagem velada ao Zack Snyder?) e acaba sem realmente acabar e sem nem mesmo oferecer sequer uma nesga de contexto para o futuro apocalíptico que Circe viu e os flashbacks pouco ou quase nada oferecem para dar estofo aos membros da equipe. É como ver um carro em um lamaçal em que tudo o que o motorista sabe fazer para tentar tirá-lo de lá é acelerar cada vez mais, sem perceber que tudo o que acaba criando é um buraco maior para se afundar. Fica a torcida, porém, para que a segunda temporada faça a história sair desse atoleiro criativo.

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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês. Qual foi seu preferido? E o que menos gostou? Mandem suas listas e comentários!

7º Lugar:
Priyatel Skelet

1X06

O penúltimo episódio da primeira temporada de Comando das Criaturas segue o padrão da maioria dos anteriores, ou seja, oferece flashbacks de origem de personagem do grupo que quase nada agrega a ele ou ela se formos realmente espremer e faz de tudo para desviar-se da história que deveria ser a central. E Priyatel Skelet tem o agravante de contar uma origem para lá de clichê de um personagem que não é, na série, nem um pouco interessante para além de seu visual esquelético-fosforecente e sem que a ação no presente tenha algum elemento de destaque como foi, no episódio anterior, por exemplo, a dinâmica entre Eric Frankenstein e Rick Flag. James Gunn, com isso, faz da série uma sucessão de vinhetas de histórias de origem de personagens cujas origens, em regra, não importam em nada, mesmo que, naturalmente, algumas origens seja bem superiores a outras.

6º Lugar:
Viva o Homem de Lata

1X03

E não me levem a mal. Eu sou o primeiro a afirmar que o Robô Recruta e sua obsessão em matar nazistas faz dele, por si só, um personagem que me chamou a atenção e que ver o icônico Sargento Rock (Maury Sterling), os demais membros da Companhia Easy e também Will Magnus (Alan Tudyk), criador dos Homens Metálicos nos quadrinhos, além do Robô Recruta trucidando neonazistas (um deles Sam Fitzgibbon, com voz de Michael Rooker), foram momentos prazerosos, mas o episódio como parte de uma série e também como exemplo de como se utilizar de flashback foi muito aquém do que deveria ter sido, um verdadeiro retrocesso narrativo. Não falo nem do impulsionamento da história principal em si, vejam bem, já que isso não havia acontecido antes e não acontece aqui mais uma vez, mas sim pelas sequências no passado mesmo.

5º Lugar:
Um Monstrinho Muito Engraçado

1X07

Se usarmos Pryiatel Skelet como baliza comparativa, o final da primeira temporada de Comando das Criaturas foi um avanço, mas, se usarmos a média da temporada como um todo, seu encerramento ficou ali naquela linha mediana a que infelizmente nos acostumamos nessa série. Mal comparando, foi como assistir a uma partida de futebol que não só não vale bulhufas para o campeonato, como os jogadores não fazem nada mais do que uma partida protocolar que, no final, acaba no zero a zero, sem nenhum momento que valesse o preço do ingresso e o deslocamento ao estádio ou o tempo de atenção do espectador na transmissão televisiva.

4º Lugar:
Embrulho no Estômago

1X01

Tudo o que o primeiro episódio faz é apresentar os personagens e a situação, algo que o roteiro de Gunn faz uma, duas, três, 10 vezes em uma sucessão de diálogos que parecem as mesmas coisas em loop infinito, uma verborragia danada que não acaba nunca e que raramente é engraçada de verdade, pois toda a pegada da série – caricata, exagerada, e até mesmo bobalhona, mas no bom sentido – já tem humor suficiente para não precisar de mais na forma de piadas que reciclam ideias apresentadas nos primeiros três ou quatro minutos de projeção. Confesso que, nesse começo, os únicos personagens que se destacaram foram a Noiva, mas muito mais pelo seu design que bebe diretamente dos Monstros da Universal e toda sua fleuma e falta de paciência com os parvos que a cercam e o Robô Recruta, que é propositalmente monocórdio, abraçando de verdade a repetição como sua própria razão de ser, algo que Sean Gunn entendeu muito bem em seu belo trabalho de voz.

3º Lugar:
A Panela de Ferro

1X05

Por outro lado, a investigação que revela que MacPherson fora assassinada e substituída por Cara de Barro é interessante por oferecer mais uma peça em um quebra-cabeças que, para minha surpresa, ganha mais um grau de complexidade e a luta que resulta daí, com ecos de Bane quebrando as costas do Batman, funciona muito bem ao usar os poderes do vilão de maneira inteligente, algo que fica ainda melhor quando essa sequência de ação passa a ser intercalada com a ainda melhor pancadaria no Pokolistão entre a Noiva e Doutor Phosphorus de um lado e os coitados dos soldados da princesa de outro, com Doninha e Nina esquecidos em algum canto. Trata-se de um bom uso de montagem entrecortada que enriquece os dois lados das brigas, ainda que, no agregado, pelo menos no lado do Pokolistão, pareça mais uma maneira encontrada para não dar andamento à história principal, criando aquela enrolação – boa, sem dúvida -, de forma a permitir que a série chegue ao tamanho originalmente pretendido (sete episódios só para fazer meu TOC chiar, claro…).

2º Lugar:
O Colar de Turmalina

1X02

O Colar de Turmalina é um episódio definitivamente melhor do que Embrulho no Estômago, já que tem a vantagem de não precisar introduzir a premissa e os personagens e James Gunn revela-se mais seguro de seu material e estala os dedos com vontade para então inserir o tipo de “linguagem subversiva” a que ele está acostumado, ou seja, algo milimetricamente dosado para não ir além do ponto, para não transformar de vez suas criações em completas paródias. E isso é bom, mas ao mesmo tempo ruim, pois, com isso, ele se segura para não encarar de verdade as questões que poderia encarar. Ele fala da invasão da Croácia pela União Soviética usando alegorias, mas não joga sal na ferida. Ele usa sexo transgressor – uma princesa novinha com um soldado que poderia ser seu avô e criador e criatura na mesa da criação no que é uma versão caliente de necrofilia, se é que posso chamar assim -, mas não muito transgressor para não ferir suscetibilidades. Em outras palavras, só que praianas, ele entra no mar, mas fica no “rasinho”.

1º Lugar:
Caçando Esquilos

1X04

Caçando Esquilos, fico feliz em constatar, entrega o que O Colar de Turmalina teve de melhor acompanhado da primeira vez até agora em que vemos a história principal, ou seja, a missão que levou à criação do Comando das Criaturas, andar efetivamente para frente e não somente para os lados. É como se a série estivesse finalmente saindo do automático e fazendo com que o presente e o passado caminhem de braços dados, sem que um prevaleça demais sobre o outro e crie histórias de origem como a do Robô Recruta que não só foi completamente deslocada, como nadou contra o próprio conceito do que é flashback, construindo uma história pregressa que não consegue fazer nada pelo personagem em termos narrativos.

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