Aproveitando o hype restante do recém-lançado “The Batpattison”, nós do Plano Crítico, ou melhor, a dupla dinâmica do site: Ritter Wayne e “DickIann” Jeliel; se junta para trazer um veredito de todos os FILMES SOLO em LIVE-ACTION do UNIVERSO do “Bátima” lançados no CINEMA, do pior ao melhor.
Por meio das palavras em caixa alta, já destacamos quais os recortes de seleção adotados para a formação da lista. Sendo assim, desconsideramos os serial films da década de quarenta, Batman (1943) e Batman e Robin: A Volta do Homem Morcego (1949), pois apesar de terem sidos exibidos no cinema, o foram como séries semanais são na televisão hoje em dia, além dos filmes com participação secundária do personagem do universo compartilhado (Esquadrão Suicida, Liga da Justiça de qualquer versão). E sim, pela citação “universo”, consideramos Coringa (2019) para entrar no bolo, bem como Venom entrou para a lista do Homem-Aranha. Vale ressaltar que Batman e Robin também entram nesse critério, já que Robin é um personagem do universo do Batman. Por fim, visando não excluir “Batffleck” completamente da brincadeira, optamos por (pena) incluir Batman VS Superman (sem separar versão de cinema e definitiva) na seleção, pensando-o como o mais próximo de um filme solo que essa variante do Homem-Morcego teve.
Como fomos os únicos competentes a terem visto todos os filmes participantes, abandonamos a logística de pontos (que resultou em vários empates) e discutimos o resultado final da lista em um consenso que ficasse bonito para ambos os lados. Isso não necessariamente vai colocar nossa lista com qualquer caráter definitivo. É possível, inclusive, que elas não reflitam nas avaliações presentes nas críticas do site linkadas nos títulos. Portanto, discordem à vontade, mas com respeito. Coloquem a ordem de vocês e qual seu intérprete favorito do Batman nos comentários. Aproveitem a lista e os comentários opinativos de DickIann abaixo.
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11° Lugar:
Batman e Robin
Não é tão ruim quanto o imaginário popular indica. As cenas “vergonha alheia” são pontuais (embora sejam realmente péssimas) e trazem um tom consciente de paródia na execução. Um tom carnavalesco mais assumido por Joel Schumacher no filme todo, embora não se tenha ainda a ingenuidade conquistadora dos tempos de Adam West. O que mata é o arco da Batfamília, as “briguinhas” entre Batman (George Clooney) e Robin (Chris O’Donnell), a inserção forçada da Batgirl (Alicia Silverstone) como sobrinha do Alfred (Michael Gough), e a doença do mordomo sendo o mote dramático principal da história, levando-a para uma seriedade que descredibiliza o resto, a ponto de ser visto como essa catástrofe do cinema. De qualquer forma, é um “erro” obrigatório de ser visto uma vez na vida.
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10° Lugar:
Batman VS Superman: A Origem da Justiça
Desculpem amantes do Zack Snyder, mas Batman VS Superman traz tantas cenas e elementos “vergonha alheia” (ou mais) que Batman e Robin, mas se levando super a sério. Começando pelo Lex Luthor (Jesse Eisenberg) com tique de falar rápido, passando pelo Batman (Ben Afleck) armamentista (que é muito pior que o Batmamilos, tá?) sendo alertado por um Flash (Ezra Miller) – sem ser introduzido, que nem o próprio Batman – de um apocalipse irrelevante para a história, até culminar no “Martha” e toda “construção” de mal-entendidos para esse momento formar a “Origem da Justiça” por e-mail e sem a disposição do Superman (Henry Cavill) para o filme seguinte, que também mal foi introduzido e já morre para o “fã” chupar o dedo de ver a adaptação favorita em tela. Isso sem contar todos os vários buracos estruturais da formação de universo (que precisaram de uma versão estendida para serem “corrigidos”), além dos diálogos que praticamente são uma sucessão de frases de efeito. Enfim, Batman VS Superman tal como Batman e Robin é um filme memorável que merece ser visto pelo menos uma vez na vida.
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9° Lugar:
Batman Eternamente
Queriam vender uma continuação da saga de Keaton com outros atores (não precisar contar uma nova origem, deixar o Batman já como experiente) e, ao mesmo tempo, trazer um filme celebratório, pegando duas identidades quase opostas para homenagear. Desse modo, Joel Schumacher fica uma clara indecisão na abordagem, onde elementos isolados que poderiam ser bons em um tom ou outro, acabam sendo desperdiçados na mistura: Jim Carrey como Charada e Tommy Lee Jones como Duas Caras estão com performances afetadas que seriam ótimas numa abordagem cômica, enquanto Val Kilmer traz um Batman caladão e um Bruce Wayne apático que combinam a uma proposta mais séria de continuação. Embora essa amálgama do sombrio/colorido prejudique até o ritmo narrativo (engessado pra caramba), pelo menos traz menos cenas constrangedoras que seu sucessor e um ou outro momento genuinamente divertido.
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8° Lugar:
Batman: O Homem Morcego
Há um charme diferente no cafona dessas séries antigas dos anos 50/60 o qual o Batman de Adam West se encaixa. Tem uma ingenuidade típica de um desenho animado (e realmente parece um cartoon em live-action) em um tempo que o super-herói era realmente visto como um produto infantil. Portanto, há uma atmosfera verossimilhante com essa abordagem remetente aos quadrinhos da era de Ouro, onde a seriedade na história (leia-se: relevância do plot) e as gags estão condizentes com a cartunização proposta. As onomatopeias, os vilões caricatos, o caráter escoteiro do herói e a trilha sonora icônica trazem um espírito gostoso de ser assistido até mesmo hoje, claro, sendo a aberto a entrar nesse tom cômico e relativizar a estrutura episódica um pouco cansativa da narrativa.
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7° Lugar:
Coringa
Entre inspiração e plágio existe Coringa, que recicla a estrutura de Taxi Driver e Rei da Comédia com a receita de filme de origem (desta vez, de um vilão) encorpando-a de uma forma mais “cerebral”. Por mais que Joaquin Phoenix se entregue de corpo e alma ao papel, criando momentos únicos como a dança da escada (gosto muito de tudo no filme a partir dessa cena, o clímax em geral), o estudo de seu personagem traz uma imparcialidade disfarçada em ambiguidade que apenas tangencia as temáticas abordadas acerca da dubiedade da sua origem – Coringa é um produto de seu meio social ou da própria insanidade clínica? –, tornando-as passíveis de outras interpretações, considerando o ícone pop que o palhaço da DC representa. Não que o filme de Todd Phillips precisasse assumir alguma responsabilidade, mas esse efeito “perigoso” de abertura para interpretações é consequência de sua direção, em que a leitura das imagens é mais preocupada com o encaixe estrutural scorcesiano para passar a pompa de “arthouse” do que propriamente concluir uma visão artística sobre a história contada.
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6° Lugar:
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
O fechamento da trilogia tem várias irregularidades, pecando pelo excesso de duração, realismo contrastante com o nível de grandiosidade climática, além de algumas facilitações narrativas para a realização da queda do morcego. O bom é que Bane (Tom Hardy) é um vilão muito carismático e ameaçador, o que o põe como um desafio final à altura do protagonista e uma anarquia interessante nas narrativas “organizadinhas” do Nolan. É o mais gráfico da trilogia, talvez por isso tenha perdido a sutileza em muitos momentos, querendo às vezes ser mastigado demais, como é o caso do falso final ambíguo. Contudo, há grandes momentos isolados – adoro a cena da escalada do poço – e, no geral, consegue fechar todos os arcos com coerência.
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5° Lugar:
Batman Begins
Quando filmes de origem ainda não eram cansativos, Christopher Nolan surgiu como um nome perfeito para reintroduzir o herói no mundo sombrio ao qual ele pertence, com uma pegada mais próxima da realidade. O diretor é conhecido por seu caráter didático, e isso encaixa muito bem na proposta introdutória, o nível de detalhismo agrega complexidade aos dilemas morais do personagem, além de fornecer um bônus de povoar o universo ao seu redor, desenvolvendo elementos secundários com o mesmo cuidado. O racionalismo exacerbado limita um pouco a plasticidade da ação, além de se estender demais nas explicações, a ponto de apressar o clímax que se torna pouco memorável. Ainda assim, é um início organizado, denso e maduro de uma grande trilogia.
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4° Lugar:
Batman: O Retorno
Tim Burton evolui seu visual bizarro característico a outro nível, mais surtado juntamente com suas explicações das motivações por parte da maioria dos personagens. Percebe-se que o diretor está mais à vontade, logo a excentricidade mais assumida revela um caráter dramático grotesco muito eficiente. Os acréscimos de Danny De Vitto e Michelle Pfeiffer elevam as interações do herói, que era um lobo solitário demais no anterior. Mais sombrio e não menos aventuresco pelo clima natalino, é uma continuação digna do seu clássico antecessor.
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3° Lugar:
Batman (1989)
O expressionismo gótico de Tim Burton caiu como uma luva para Gotham City, que constrói seu Batman (Michael Keaton) como uma figura mitológica aos bandidos para ser desmistificada pelo incontrolável e divertidíssimo Coringa de Jack Nicholson. É claro que algumas conexões do roteiro para proporcionar o embate são forçadas pensando no aspecto adaptativo, mas Burton nunca teve esse discernimento. O que lhe interessa é a construção visual da narrativa que se modela com a trilha épica de Danny Elfman em uma aventura cativante e bem a cara do homem-morcego. Um clássico de infância!
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2° Lugar:
Batman (2022)
É literalmente um filme do Batman (Robert Pattinson). Do que ele se tornou no imaginário popular (“vingança”, um vigilante reativo) até o que de fato ele é: um herói, bem como qualquer outro da DC, privilegiado com “poderes” sobre-humanos (aquisitivos, nesse caso) e que aprende a escolher fazer o bem maior com eles. A escolha de recorte do “ano 2” é muito assertiva para proporcionar essa leitura de desconstrução/construção de maneira que ela soe um amadurecimento natural do personagem, bem como, o traz para um nível de vulnerabilidade e pouca experiência que torna o caráter investigativo e as pontuais cenas de ação mais viscerais, em que o impacto de envolvimento vem pela opressão crescente da atmosfera “Fincheriana” de Matt Reeves guiada pela brilhante e incisiva trilha de Michael Giacchino. Revisionista dentro do gênero, mas sem pompa de superioridade. Um projeto autoral com uma riquíssima e moderna visão acerca do personagem, a melhor e provavelmente com mais potencial a ser ainda vista nos cinemas.
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1° Lugar:
Batman: O Cavaleiro das Trevas
Quando Nolan se permite ao caos ainda no controle. Ele evolui a estética do Begins e a eleva a outro patamar. Com um Coringa pronto e um universo bem-estabelecido, o diretor pode brincar com o psicológico desse Batman (Christian Bale) em caóticas situações aleatórias que irão desafiar as regras do seu manto. O roteiro é imprevisível e implacável como seu vilão, que assume basicamente o protagonismo, tamanha a chamatividade de Heath Ledger numa das grandes performances da história do cinema. As consequências com ele em cena são postas em xeque frequentemente em larga escala, libertando o filme para um salto enorme na grandiosidade da ação. É um filme que remodelou o gênero pela identidade e se sobressaiu a ela, tornando-se um marco inesquecível para o cinema. Não é mais meu favorito particular (The Batman superou), mas entrei em consenso com o Ritter que ele ainda merece ficar pódio. Veremos se isso se mantém com o tempo.