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Lista | As Nossas Melhores Leituras em 2021: Livros

Perdidos nas páginas dos livros.

por Luiz Santiago
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  • ATENÇÃO: As despedidas, votos finais e fofuras de encerramento do ano deixaremos para fazer no tradicional Editorial Plano Crítico, dia 31/12, como de costume.

Esta lista NÃO é apenas de leituras de obras lançadas em 2021, seja no Brasil, seja no exterior. Claro que podem aparecer obras lançadas neste ano, mas a proposta é apenas ranquear as nossas melhores leituras ou releituras de janeiro a dezembro, independente de quando o volume em questão chegou ao mercado.

Cada indicação abaixo usa apenas um parágrafo da respectiva crítica (quando há crítica)! É só clicar nos links para ler os textos completos! Já deixo também o convite para vocês compartilharem nos comentários as suas listinhas de 10 melhores leituras de livros neste ano! E caso queiram ver as nossas outras listas sobre o tema, clique aqui!

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LUIZ SANTIAGO

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Por este ser o nosso primeiro ano de corrida literária aqui no site, eu tive muito mais leituras para escolher do que normalmente tenho em anos que não são de ressaca literária ou de andamento normal de leituras. Estou bastante contente com os 10 escolhidos da minha lista e só devo ter tido uns dois ou três conflitos mais ou menos sérios na hora de escolher entre uma obra e outra. O Caso das Garras de Veludo foi o que mais me fez pensar, mas acabou não entrando para a versão final.

Neste ano de 2021, continuei com a boa tendência na qual mergulhei em 2020, ou seja, lendo muitas obras policiais. Basta dar uma olhada na lista abaixo e vocês verão um bom reflexo disso. Também vale destaque para o mês de aniversário de Perry Rhodan, que guiei com meu parceiro no crime, Kevin Rick, fazendo com que eu desse um pequeníssimo salto na grandiosidade dessa saga, algo que pretendo continuar no ano que vem. E que 2022 traga muito mais bons livros e muito mais leituras para todos nós!

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10º – História Verdadeira

Luciano de Samósata – Grécia, c. 165 – 175

História Verdadeira é mesmo um clássico imperdível, especialmente para aqueles que gostam muito de ficção científica e de fantasia. Aliás, diferente do que possa parecer, a obra não se sustenta ou surpreende apenas por seu valor histórico, por sua aura de pioneirismo no tratamento e na exposição de temas hoje muito conhecidos e saturados… ou na forma crítica ao romance grego com que o autor registra a essas impossíveis viagens. História Verdadeira é genuinamente engraçado e, mesclando ciência do primeiro século de nossa Era com as alfinetadas literárias dadas por Luciano, mais o seu modo peculiar de pensar dilemas filosóficos, religiosos, jurídicos, comportamentais e sociais, o livro consegue garantir uma inesquecível exploração do espaço sideral, das profundezas de uma baleia colossal e de “ilhas temáticas” que ao mesmo tempo encantam e assustam o leitor. Um clássico delicioso e extremamente importante por tudo aquilo que cria.
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9º – O Cachorro Amarelo

Georges Simenon – Bélgica, 1931

O caráter do crime aqui tem uma série de ramificações, com uma escalada muito rápida de eventos na parte final e uma piora moral que nos deixa muito enraivecidos pela capacidade que alguns seres humanos têm de faz mal aos outros, buscando ainda lucrar com isso. A derradeira ação de Maigret só nos confirma o quão sensacional e o quão coração de ouro é esse personagem. Um detetive verdadeiramente humano.
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8º – Os Cavaleiros

Aristófanes – Grécia, 424 a.C.

Ao cabo, porém, há uma reviravolta típica da “vitória e felicidade do herói” na Comédia Antiga, mostrando Demos devolvido à sua juventude, Atenas voltando à sua Idade do Ouro e finalmente conseguindo a paz. O Chouriceiro não era, portanto, um criminoso tal e qual Cléon, mas um oportunista e populista que usou do discurso do inimigo para chegar ao poder e fazer as mudanças que deveriam ser feitas a fim de mudar a sociedade. Isso pelo menos até que o ciclo termine e os Oráculos passem a designar um novo tempo, um novo humor para o povo, um novo interesse coletivo… aquela dança da mudança política que é tão antiga quanto as civilizações humanas.

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7º – Casos Célebres do Juiz Di

Anônimo – China, c.1700

Apesar dos exageros e das entradas sobrenaturais que auxiliam a resolução do crime (sonhos, ventos mágicos, espírito do morto, etc.), o que temos em Célebres Casos do Juiz Di é uma deliciosa narrativa policial que não deve nada àquelas que a tradição Ocidental oficializaria como gênero no século 19. Evidente que cada leitor irá gostar mais ou menos de alguns elementos aqui — o ponto sobrenatural é normalmente o mais rejeitado pelos leitores desse lado do globo — mas eu simplesmente me deleitei durante esse processo de caça aos assassinos. Aqui, seguimos os passos de um indivíduo que tem amplos poderes para exercer o seu cargo em nome da justiça, e que o faz com extremo zelo e honestidade (vale notar que os costumes aqui representados, sejam reais ou fictícios, devem ser acatados à luz daquela sociedade do século 18), culminando com a sua promoção a um cargo maior e também num charmoso encerramento cíclico, com o juiz Di assinando papéis no mesmo lugar que o encontramos na página inicial do volume. Um maravilhoso exemplar da “literatura policial chinesa” no século 18, que infelizmente não é tão conhecido quanto deveria.
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6º – Cilada Cósmica

K. H. Scheer – Alemanha, 1962

Dessa forma, entre as motivações obscuras e imorais de Rhodan, o destino de Tiff, o inimigo inicialmente desconhecido e posteriormente mais curioso dado seu background singular, e a astuta falta de explicações para onde os personagens se moviam, Cilada Cósmica foi me deixando extremamente instigado com a história. Scheer é muito inteligente na entrega à conta-gotas de informações, criando muito mistério no volume, especialmente no ato final de grande suspense em torno do sequestro do grupo de Deringhouse e o plano da bomba dando errado. Tudo isso se constrói pela abordagem inventiva do autor na série, utilizando-se de uma aventura sob um olhar diferente.
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5º – Menino de Engenho

 José Lins do Rego – Brasil, 1932

Menino de Engenho é uma história de amadurecimento cheia de ritos, de cortes metalinguísticos (na presença da maravilhosa velha Totonha, a contadora de histórias da região) e reflexos sociais da verdadeira cara do Brasil, da relação entre a Casa Grande e a Senzala, tendo aí também elementos de memórias do próprio autor, que viveu uma infância muito similar à de seu protagonista. Uma jornada de perda da inocência e de conhecimento do mundo no interior do Brasil.
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4º – A Segunda Vida de Missy

Beth Morrey – Reino Unido, 2020

A Segunda Vida de Missy é um belíssimo livro sobre a reconexão de alguém com o mundo e consigo mesmo. Missy transforma o seu entorno e é por ele transformada, faz as pazes com quem precisava e segue o conselho que o amor de sua vida lhe deu: deixa o passado ir embora. Ao final do volume, eu estava lacrimejando. Aqui, a gente não tem apenas um elemento emotivo ou de fofura em cena. Além da velhinha desabrochando para uma nova fase, temos uma criança, um cachorro e um grupo de amigos que formam em torno de Missy a essência dessa “segunda vida” (com seus bons e maus momentos), desse despertar, desse renovo que, por sorte, ela teve a oportunidade de viver e a sabedoria para aceitar que, mesmo em avançada idade, era tempo de mudar. Mais uma vez.
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3º – Açúcar de Melancia

Richard Brautigan – EUA, 1968

Açúcar de Melancia pode ser uma narrativa de fuga, onde as regras de nossa existência são alteradas e onde temos de viver sob outros costumes, com outros códigos e ocupações. É o retrato de uma geração que vive livre de verdadeiras ameaças (a morte dos tigres assassinos acontece quando muitos deles ainda eram crianças) e que compartilha com o leitor o retrato dessa não necessariamente perfeita, mas chamativa, bela e poética existência. Um convite para olhar um mundo muito diferente do que a gente vive. E quem sabe nos faça sentir um pouco a textura, a doçura e as cores das obras de melancia, transformando-nos para que a gente também transforme o mundo em que vivemos. Construir coisas com base em uma matéria-prima aparentemente frágil, mas que se bem preparada, pode resistir a tudo. No fim, é um livro sobre cercar-se de construções variadas de amor.
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2º – Um Estudo em Vermelho

Arthur Conan Doyle – Reino Unido, 1887

Um Estudo em Vermelho é uma obra que se destaca pelo desenho sedutor que faz de seus personagens centrais, pela inteligência no encadeamento da história e pela escolha diferente de narrar uma investigação onde o ato vil possui camadas que vão muito além da inicial cena do crime, onde o público se vê entretido como um gato brincando com um novelo que se desenrola. Lembra a definição de Holmes para Watson sobre o caráter investigativo do caso: “na meada incolor da vida, corre o fio vermelho do crime, e o nosso dever consiste em desenredá-lo, isolá-lo e expô-lo em toda a sua extensão“. Um clássico de altíssima qualidade da literatura de gênero. Uma das melhores estreias já vistas de um grande personagem.
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1º – O Assassinato de Roger Ackroyd

Agatha Christie – Reino Unido, 1926

Apesar de ainda estarmos na primeira década dos escritos da Rainha do Crime, temos aqui um caso onde o detetive Hercule Poirot já se aposentou e está vivendo incógnito no interior da Inglaterra, curtindo o seu sossego e cultivando abobrinhas (literalmente falando). Há uma certa marca de ironia da autora aqui, que faz o seu personagem mais icônico envelhecer longe da fama e se empenhar em uma tarefa totalmente diferente daquilo que foi a sua carreira. Nessa pequena vila, temos todos os estereótipos em favor da construção do drama: muita gente fofoqueira, muita informação passando dos empregados para os patrões e umas porção de intrigas particulares que mostram que o local não era assim tão pacífico quanto parecia ser.

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