Foram elegíveis para esta lista, apenas: as temporadas de séries e as minisséries que foram OFICIAL E LEGALMENTE lançadas no Brasil em 2023 em qualquer meio, seja televisão aberta, seja cabo ou streaming. Para ser considerada como sendo lançada em 2023, o que vale é a data em que a temporada atual da série ou a minissérie ACABOU, mesmo que ela tenha começado antes de 2023. Como corolário, temporadas de séries e minisséries que tenham começado em 2023, mas que não tenham acabado no mesmo ano só serão elegíveis para a lista do ano que vem.
Lembre-se: se a lista não foi feita por você e, por isso, dificilmente refletirá a sua opinião sobre o que é “melhor” ou “pior“. Em caso de discordâncias, trate-a como algo comum ao falar de arte, não como se o mundo estivesse acabando porque alguém compôs uma lista que não combina com os seus gostos. Eleve o nível da discussão, fale sobre séries, proponha uma boa conversa! E aí, o que acharam das escolhas? Quais das séries/minisséries indicadas você teve curiosidade de conferir? Quais séries/minisséries indicadas mais surpreenderam vocês nessa lista? Deixe o seu comentário abaixo, e também o seu TOP 10 pessoal!
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Como eu vi mais séries do que talvez seja saudável admitir, minha lista ficou enorme e decidir o Top 10 não foi nada fácil. O que ficou muito claro, porém, é que as animações ganharam enorme destaque, tomando nada menos do que metade de minha lista. Por outro lado, claro, vi muita porcaria – quarta temporada de Titãs, estou falando com você! -, muita coisa que me decepcionou e muita coisa que deu vontade demais de inserir na lista final.
Dessa maneira, usando a prerrogativa que se chama “meu site e minha lista”, meu Top 10, que segue logo mais abaixo, acabou sendo precedido de duas outras listas, uma para as decepções e outra para as séries e minisséries que completariam um Top 20. Vale lembrar que, na lista de decepções, o 10º lugar é mais decepcionante (decepção = a diferença entre o que eu esperava da série e o que ela entregou) do que o 9º e assim por diante. E não, não farei uma lista das piores séries de 2023, pois não somos Framboesa de Ouro. Vamos lá então?
Top 10
Decepções
10º – Justified: Cidade Primitiva (Star+)
Imaginem-me vendo essa série dando um tapa na minha própria testa a cada 10 minutos intercalado de eu balançando a cara de um lado para o outro em incredulidade e deixando meu queixo cair de completa e absoluta decepção com o que fizeram com o meu Raylan Givens. Imaginaram? Agora tripliquem isso…
9º – O Continental: Do Mundo de John Wick (Prime Video)
Era para ser uma minissérie baseada no universo de John Wick. Não era, portanto, difícil agradar ou fazer algo minimamente bacana. Mas não, vamos tirar tudo que tinha de legal em John Wick e criar algo genérico, sem alma e ainda mais imbecilizante…
8º – The Mandalorian – 3ª Temporada (Disney+)
Eu só estou respirando forte dentro de um saco de papel pardo com o anúncio do LONGA METRAGEM do mané de capacete com o filhote de sapo verde. É rir para não chorar, ainda que eu não consiga nem de brincadeira rir de uma tragédia dessas…
7º – Toda Luz Que Não Podemos Ver (Netflix)
Nossa, nossa, nossa… O que dizer disso? Personagens ridiculamente estereotipados em uma trama novelesca destruíram uma minissérie que tinha tudo para ser sensacional.
6º – Ted Lasso – 3ª Temporada (Apple TV+)
Ted Lasso sempre andou ali no fio da navalha entre um drama cômico ou uma comédia dramática e uma série de autoajuda. Em sua terceira – e espero que última – temporada, ele descambou completamente para o estilo autoajuda daquele tipo que encontramos às dezenas jogados em uma mesa de desconto profundo lá no fundo de livrarias.
5º – Citadel – 1ª Temporada (Prime Video)
Um projeto extremamente ambicioso que já nasce com um monte de séries interconectadas pré-aprovadas tinha que pelo menos ser algo bacana e não um amontoado de coisas que já vimos antes sem nenhum resquício de charme ou alguma característica especial. Infelizmente, porém, Citadel é a definição da série genérica.
4º – Loki – 2ª Temporada (Disney+)
O propósito glorioso do segundo ano de Loki foi enrolar por cinco episódios e uns 4/5 do sexto para, então, apresentar três minutos realmente interessantes que, no final das contas, poderiam ter sido incluídos no final da temporada inaugural.
3º – FUBAR – 1ª Temporada (Netflix)
Arnold Schwarzenegger em uma série inspirada em True Lies tinha que ser mais do que FUBAR acabou sendo, ou seja, simpatiquinha, mas ordinária.
2º – Ahsoka – 1ª Temporada (Disney+)
Visuais bonitos, personagens interessantes (não estou falando do Thrawn barrigudo) em uma série que não faz ideia do que queria ser, entregando algo muito meia boca com uma protagonista que mais parecia estar fazendo um favor enorme de estar ali.
1º – The Crown – 6ª Temporada (Netflix)
The Crown tinha tudo para acabar de maneira sensacional, mas a temporada final teve uma primeira parte errática, focada em fofoca e uma segunda parte que, mesmo tendo mais acertado do que errado, ainda deixou um gostinho amargo. Mesmo assim, foi uma temporada muito boa que apenas não alcançou o panteão em que as outras cinco merecidamente estão.
Top 20 (ou Top 10 – Parte 2)
Melhores Séries
20º – Nossa Bandeira É a Morte – 2ª Temporada (Max)
Injustamente cancelada, Nossa Bandeira É a Morte é um deleite audiovisual que usa piratas reais para contar uma hilária história de amor improvável.
19º – Star Trek: Lower Decks – 4ª Temporada (Paramount +)
A melhor série da franquia Star Trek desde que ela retornou para a televisão – e que concorre seriamente em qualidade mesmo com as séries ditas clássicas – tem uma quarta temporada excelente que mantém a impressionante consistência da criação de Mike McMahan.
18º – Scott Pilgrim: A Série – 1ª Temporada (Netflix)
Não sou grande fã nem dos quadrinhos, nem do filme, mas simplesmente adorei a série animada que usa uma premissa interessante de “o que aconteceria se…” para fazer um reboot bacaníssimo com foco em Ramona Flowers, que obviamente sempre foi uma personagem melhor do que aquele que batiza a franquia.
17º – Jack Ryan – 4ª Temporada (Prime Video)
É uma pena que tenha acabado, mas a temporada final e encurtada de Jack Ryan foi um show de como se fazer uma série de ação. O outro Jack do mesmo streamer poderia aprender um pouco com seu xará…
16º – Planeta Pré-Histórico 2 (Apple TV+)
Dinossauros em computação gráfica sem as atrocidades da franquia Jurassic Park pós-primeiro filme. Preciso dizer mais?
15º – Superman & Lois – 3ª Temporada (Max)
O melhor Superman desde Christopher Reeve, a melhor Lois Lane desde sempre, a melhor temporada de série live-action de super-herói da DC desde bastante tempo (ok, Patrulha do Destino está aí, reconheço). Quero ver é o James Gunn fazer melhor…
14º – O Príncipe Dragão – 5ª Temporada (Netflix)
Animação do gênero fantasia épica não fica muito melhor do que isso. E a consistência de O Príncipe Dragão é impressionante, assim como sua capacidade de expandir o fascinante universo criado.
13º – Gen V – 1ª Temporada (Prime Video)
Eu esperava mais do mesmo de The Boys, só que na versão adolescente, e o que acabei assistindo foi uma série que conseguiu ter personalidade própria, um elenco e personagens excelentes, um roteiro de qualidade que ainda soube entrelaçar as histórias das duas séries desse universo e, claro, muita violência extrema. Mais um grande acerto de Kripke e companhia!
12º – Cangaço Novo – 1ª Temporada (Prime Video)
Não gostei dessa série tanto quanto meus colegas de site, mas ela ganha facilmente o troféu de maior surpresa do ano. Realmente não tinha ideia do que esperar dela e recebi muito mais do que poderia esperar receber de muita série excelente por aí.
11º – Falando a Real – 1ª Temporada (Apple TV+)
Gostei tanto dessa série sobre psicanálise protagonizada por Jason Segel, Harrison Ford e Jessica Williams que eu fiz algo muito raro: vi a temporada duas vezes quase seguidamente. E quero mais!
Top 10 (finalmente!)
10º – Warrior – 3ª Temporada
Jonathan Tropper | Max | 29 de junho a 17 de agosto de 2023
Warrior entregou uma terceira temporada exemplar mesmo com a mudança de “lar”, com Tropper muito claramente com um plano excelente para o futuro da série. Ainda que eu tenha poucas esperanças, agora fica a torcida para que, entre poucos comentários sobre a série em geral e uma greve dupla – roteiristas e atores – que torna muito difícil renovações e tem até revertido renovações, Warrior ganhe uma quarta temporada que pelo menos aponte de maneira definitiva para um final redondo para a série. No entanto, mesmo que isso não venha acontecer, é notável como as três temporadas entregaram um fascinante material a seus espectadores.
9º – Silo – 1ª Temporada
Graham Yost | Apple TV+ | 05 de maio a 30 de junho de 2023
Silo é ficção científica distópica da mais alta qualidade que reúne um elenco afinado, roteiros que conseguem, ao mesmo tempo, construir esse mundo, desenvolver seus personagens e ampliar a tensão a cada episódio e um design de produção que materializa essa cápsula do tempo que, ironicamente, por ser desprovida de informações sobre si própria, não tem memória de seu passado e nem perspectivas de futuro. A não ser que Juliette Nichols consiga, finalmente, virar esse jogo e retirar a venda dos olhos de seus compatriotas, claro.
8º – Perry Mason – 2ª Temporada
Jack Amiel, Michael Begler | HBO | 06 de março a 24 de abril de 2023
Seja como for, o segundo ano da série triunfa por duas principais razões que representam bem a forma como a produção nada contra a corrente. Primeiro, no lugar de deixar a “origem” de Perry Mason somente na temporada inaugural, a continua na segunda usando ganchos narrativos importantes que informam o personagem, tornando-o ainda mais complexo e interessante. Seria muito mais simples e talvez até mais atraente para os espectadores se os novos showrunners partissem direto para o Perry Mason confiante dos livros que usa sua esperteza e dons detetivescos para ganhar os mais variados casos na Justiça. Além disso, apesar de usar diversos clichês e tropos narrativos do gênero, a temporada não entrega a simples soma de suas batidas partes, mas sim subverte expectativas tanto na forma como trata os irmãos acusados de assassinato que Mason e Della Street agora defendem, quanto na maneira como o próprio Mason é desenvolvido, especialmente no que se refere seu final.
7º – Este Mundo Não Vai Me Derrubar
Zerocalcare | Netflix | 09 de junho de 2023
Apesar de achar que o final de Este Mundo Não Vai me Derrubar poderia ter sido melhor, talvez mais completo e circular, Zerocalcare sem dúvida acertou novamente em sua parceria com o Netflix que, espero, seja longeva e leve a outras minisséries e até mesmo a adaptações de seu material em quadrinhos. São poucas as obras que são realmente capazes de empacotar tanta coisa em uma minutagem tão acanhada sem sacrificar absolutamente nada e o que o fumettista italiano faz, pela segunda vez seguida, merece aplausos.
6º – Unicorn: Warriors Eternal – 1ª Temporada
Genndy Tartakovsky | Max | 05 de maio a 30 de junho de 2023
Imaginem uma animação com estética steampunk feita por uma fusão mágica de Osamu Tezuka, Hayao Miyazaki e Max Fleischer e que é uma releitura completamente enlouquecida e totalmente original das lendas arturianas. Agora imaginem essa fascinante amálgama lentamente saindo da mente de ninguém menos do que Genndy Tartakovsky ao longo de algo como 20 anos. Como resistir, não é mesmo?
5º – Gêmeas – Mórbida Semelhança
Alice Birch | Prime Video | 21 de abril de 2023
Gêmeas – Mórbida Semelhança é uma fantástica releitura de um clássico de David Cronenberg que não hesita nem por um momento em abraçar sua própria linguagem e em introduzir e desenvolver assuntos afeitos mais diretamente às mulheres, criando um hino a tudo o que é feminino sem deixar de lado a abordagem psicológica perturbadora sobre as irmãs protagonistas. Toda a semelhança que existe entre o trabalho de Birch e o do cineasta canadense existe com o propósito de servir de plataforma para uma obra que diverge em quase todos os outros aspectos da original, resultando em algo que, se não posso exatamente classificar como melhor por ser tão diferente, é certamente tão fascinante e arrebatadora quanto.
4º – Star Wars: Visions – 2ª Temporada
Vários | Disney+ | 04 de maio de 2023
Ao soltar as rédeas de sua rica propriedade intelectual e permitir um passeio pela criatividade de nove diferentes países, a Lucasfilm engrandece Star Wars e nos permite visões únicas e sensacionais sobre esse vasto universo. O trabalho de curadoria da empresa foi tão incrível que não há um único curta nesta segunda fornada que eu não gostaria de ver ser desdobrado em séries, filmes, livros e/ou quadrinhos. Os próximos estúdios de animação a serem escolhidos pela empresa americana terão que fazer milagre para chegar no mesmo patamar visto aqui. E eu mal posso esperar para ver o que nos aguarda!
3º – Planeta dos Abutres – 1ª Temporada
Joseph Bennett, Charles Huettner | Max | 19 de outubro a 9 de novembro de 2023
No entanto, as qualidades infinitas de Scavengers Reign como quase um novo patamar para animações de ficção científica, ultrapassam e muito eventuais problemas sentidos aqui e ali pela natureza da adaptação. São pequenas “dores do crescimento” que, se são sentidas como pontadas mais agudas no começo em que comparações são inevitáveis – e normalmente injustas – elas logo passam a fazer parte da estrutura de uma obra fascinante, complexa, hipnotizante e repugnante em medidas iguais que proporciona um mergulho audiovisual raro de se encontrar por aí. Essa quase incomparável série de Joseph Bennett e Charles Huettner não só precisa ser mais conhecida e mais destrinchada como eu mal posso esperar para ver o que eles serão capazes de criar no futuro seja dentro desse mesmo universo, seja em outros extraterrestres ou mundanos mesmo. O reinado de Scavengers Reign veio para ficar, podem ter certeza.
2º – Samurai de Olhos Azuis – 1ª Temporada
Michael Green, Amber Noizumi | Netflix | 03 de novembro de 2023
Samurai de Olhos Azuis é, em resumo, um triunfo audiovisual que eu fiquei tão feliz assistindo que eu não queria que acabasse, além de eu ter feito um esforço hercúleo para não ver tudo de uma vez (essa série tinha que ter sido lançada semanalmente!), me forçado a economizar e a degustar cada episódio como se fosse o último. E o melhor é que a criação de Green e Noizumi não é espetacular porque meu sarrafo foi lá para baixo com Yasuke (e um pouco com Onimusha), mas sim porque ela consegue ser comparável às melhores séries animadas modernas oferecidas em grandes quantidades por aí. Que venha a segunda temporada!
1º – Succession – 4ª Temporada
Jesse Armstrong | HBO | 26 de março a 28 de maio de 2023
Se as melhores séries que existem por aí são mestres em não desperdiçar palavras, ângulos de câmera, tempo de reação dos personagens e assim por diante, a temporada final de Succession passou a ser o novo sarrafo pelo qual todas as demais serão medidas. Em seu conjunto, não há nada fora de lugar no derradeiro ano da série, desde o uso de Colin (Scott Nicholson), o guarda-costas e confidente de Logan, até os figurinos de cada personagem, passando por cenários e, claro, os inigualáveis diálogos. E o melhor é que nada é entregue de bandeja, nada é explicado daquela maneira cansada que as séries – mesmo as melhores – costumam recorrer. Chegou ao ponto, pelo menos para mim, que os 10 ou 15 minutos iniciais de cada episódio era uma corrida mental de aclimatação à narrativa, já que os episódios, em sua grande maioria, já começavam em meio à ação, exigindo calma e concentração constante. E não é uma questão de hermetismo ou complexidade, mas sim, apenas, um estilo de contar história que nunca, em momento algum, pega o espectador pela mão para mostrar como ele deve interpretar e o que ele deve sentir nas mais variadas situações.