Fim de ano é tempo de retrospectivas. Relembrar o que de melhor consumimos no ano através de listas. Seguindo o formato adotado em 2020 (com listagens separadas de cada colunista, mas, desta vez, podendo ser, apenas, ou TOP 5, ou TOP 10 e não mais qualquer múltiplo de cinco), começamos nossa maratona de rankings pessoais pelas melhores séries de 2021. Antes de tudo, vale destacar os critérios que determinam as séries elegíveis:
- Focamos nas temporadas de séries (ou numa minissérie completa) lançadas em 2021 e não na série como um todo, muito menos em somente um episódio;
. - Só temporadas de séries ou minisséries lançadas oficialmente no Brasil, seja por streaming, seja por exibição em TV aberta, foram elegíveis.
. - Só temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2021 e acabaram em 2021 ou que começaram em 2020 e acabaram em 2021 foram elegíveis. Em outras palavras, temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2021 e que só acabarão em 2022, não puderam entrar.
. - Haverá links para as críticas da maioria das séries para acessar. As que não tiverem, assim que a crítica sair, a postagem será devidamente atualizada. Cuidado com possíveis SPOILERS nos comentários em aspas!
E aí, quais as suas séries favoritas do ano? Mande para nós seu Top! Ou se você assim como eu, vê poucas séries, elenque aí quais as que viu desse ano e aproveite as dicas! Ah, claro, não deixe de compartilhar conosco qual (ou quais) das listas você se identificou mais. Boas séries a todos!
TOP 5 – Iann Jeliel
Minha ideologia para assistir séries (“não começo uma, até terminar a outra”) não me permite ver tantas temporadas de lançamento quanto meus companheiros, mas em comparação com o ano passado, houve um salto considerável no número de assistidos. Era até suficiente para montar um Top 10 (19 temporadas), mas, ainda assim, optei por somente um Top 5, filtrando minhas escolhas que, em sua maioria, tiveram uma qualidade questionável (de 3 HAL’s para baixo). Com isso, deixo claro que deixei passar vários títulos que eventualmente podem ser melhores que os presentes. Tomara que ano que vem consiga selecionar melhor o que assisto. Enfim, sem mais enrolação, vamos para o ranking.
.
♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦
.
5° – The White Lotus – 1ª Temporada
Mike White – HBO MAX
Como artifício narrativo maroto – e, sendo bem sincero, desnecessário – para fisgar o espectador logo no início, a temporada de apenas seis episódios começa no final dessa semana de férias em que descobrimos que alguém morreu no resort e que seu corpo está sendo carregado no avião comercial para o continente. As perguntas que resultam daí só são respondidas nos últimos minutos do último episódio, mas o que realmente interessa, o que realmente importa em termos narrativos, é o que está entre uma ponta e outra e não a revelação em si que, de certa forma, pode decepcionar quem esperar que ela seja um momento climático sensacional ou algo do gênero.
.
4° – Perdidos no Espaço – 3ª Temporada
Zack Estrin – Netflix
A 3ª e última temporada da série vem para dar um fim digno à história, algo que o showrunner faz de maneira competente com dois episódios a menos do que o tamanho regulamentar e com duração em média menor de cada um dos oitos capítulos, o que empresta uma cadência melhor à narrativa que começa mais ou menos um ano após os eventos da temporada anterior, com Judy, Will, Penny e as demais crianças da Resolute (além da Dra. Smith e do Robô, claro) vivendo em um vale com atmosfera de um planeta de outra forma destruído e constantemente bombardeado por asteroides e Maureen, John, Don (e Debbie, pois ela é essencial) e os demais adultos em um anel de naves Júpiter orbitando sóis duplos para se manterem escondidos de SAR e seu exército de robôs malignos.
.
3° – Loki – 1ª Temporada
Michael Waldron – Disney+
A primeira temporada de Loki não é só conceitualmente vistosa, visualmente inventiva enquanto épico de sci-fi, como narrativamente acopla sua proposta a um novo descobrimento da identidade do seu personagem-título. As inúmeras variantes de Loki, por exemplo, servem de apoio para definir um estudo fascinante da amálgama narcisista e traíra do deus da mentira, que só consegue ser enganado, literalmente, por ele mesmo. A partir dessa conclusão existencialista, abre-se diversos comentários interessantíssimos que vão da metalinguagem (com a autoconsciência de Loki ao pertencimento de uma ficção de alguém maior), passando até por analogias religiosas (Loki é Adão e é Eva num centro de criação que não sabe tudo e que tem páginas em branco) e o confronto de verdades absolutas para criar algo novo. Quem diria que com WandaVision e What If… (dadas as premissas), seria Loki a obra da Marvel com mais culhão para pirar nas ideias em grande estilo.
.
2° – The Beatles: Get Back
Peter Jackson – Disney+
Em termos fílmicos, escolhe-se iniciar de maneira dramática, terminando com um grand finale, como a estrutura de um longa. A ideia de Peter era fazer do Rooftop Concert, que encerra o documentário, o momento catártico; sendo assim, tudo aquilo que o documentário constrói antes torna o icônico show no telhado brutalmente emocionante. No todo, há um valor documental muito grande nesta produção, que consegue colher, com maestria, a personalidade de todos os integrantes. Nem sempre os documentários conseguem pegar o que de melhor seus objetos têm para oferecer – mas aqui, não. Paul McCartney é, de fato, um líder. Percebe-se que sem ele as coisas não andariam. São hilários os momentos entre John Lennon e Paul M., eles têm um entrosamento muito bom que, mesmo não querendo, dá liga para o humor do filme.
.
1° – Round 6 – 1ª Temporada
Hwang Dong-Hyuk – Netflix
Hwang Dong-Hyuk, criador da série, possui uma visão com autenticidade visual inegável sobre o universo que está criando: no figurino peculiar dos organizadores dos jogos; no design de produção vistoso das salas onde ocorrem os seis jogos nos quais 456 cidadãos lutam para sobreviver e vencer; na escolha cuidadosa e de belíssimo gosto para enquadramentos estilosos, buscando comunicar algo além do que é falado nos diálogos da cena. Mas também tem uma visão de autenticidade discursiva: Round 6 não é só sobre luta de classes e é bem mais que sobre a espetacularização da violência – ainda que ambas as coisas sejam pautas.