Como de praxe, aqui estamos fazendo a nossa listinha de melhores séries e minisséries do ano! As diferenças dessa lista de 2020 para as dos anos anteriores é, primeiro, que dessa vez deixamos a critério de cada redator escolher o tamanho de seu “TOP”, desde que em múltiplos de cinco, claro, porque ninguém é de ferro. Além disso, assim como na lista de melhores filmes de 2020, deixamos todos os TOPs aparentes, sem um TOP geral único. Dessa forma, o leitor poderá ter acesso às mais diferentes opiniões e composições de listas para as produções lançadas neste ano pandêmico.
Agora vamos falar das regras:
- Focamos nas temporadas de séries (ou na minissérie completa, caro) e não na série como um todo;
- Só temporadas de séries ou minisséries lançadas oficialmente no Brasil foram elegíveis. Portanto, séries como Raised by Wolves e Fargo ficaram de fora;
- Só temporadas de séries ou minisséries que (1) começaram em 2019 e acabaram em 2020 ou (2) começaram em 2020 e acabaram em 2020 foram elegíveis. Em outras palavras, temporadas de séries ou minisséries que começaram em 2020 e que só acabarão em 2021, como a 5ª temporada de The Expanse, não puderam entrar.
E aí, o que acharam das nossas listas? Com qual ou quais listas você se identificou mais? Pegaram algumas dicas de séries ou minisséries para assistir? Não deixem de comentar e deixar também o seu TOP [INSERIR NÚMERO] do ano! Boa séries a todos!
P.s.: O Luiz Santiago fica desde já de castigo, sem direito a publicar nada no site por três meses em razão de seu ERRO INDESCULPÁVEL na indicação de seu 1º lugar.
Top 20 – Ritter Fan
Tudo o que não li de quadrinhos em 2020 eu devo ter focado em séries, pois vi muita coisa e muita coisa boa, das mais diferentes fontes, sejam as mais tradicionais como HBO ou os mais variados serviços de streaming disponíveis por aqui. Minha lista de 20 ainda sofreu cortes de muita série que poderia ter entrado, fora as que tive que deixar de lado em razão das regras acima, como a querida última temporada de Agents of S.H.I.E.L.D., que encerrou uma era do Universo Cinematográfico Marvel.
E, como se pode ver abaixo, foi um grande ano de séries, tanto completamente inéditas como novas temporadas de séries já em andamento, o que conseguiu me deixar em tremendas dúvidas sobre minha ordem de preferência, especialmente no caso dos dois primeiros lugares.
20º – Expresso do Amanhã: 1ª Temporada
Graeme Manson (TNT)
A dupla protagonista – ou será que o mais correto seria dizer a dupla formada pelo protagonista Andre Layton e pela antagonista Melanie Cavill? – ganhou os holofotes desde o começo, com destaque particular para Jennifer Connelly, peça essencial para o bom funcionamento do trem, mas também para a manutenção do status quo. Desde o início o espectador percebe e sente sua dureza, mas também algo mais que a torna uma personagem ambígua e muito interessante, com ótimo desenvolvimento ao longo da temporada. Infelizmente, porém, o Andre Layton de Daveed Diggs não tem o mesmo impacto, com o ator deixando a desejar e com seu papel escrito de maneira pouco chamativa, mesmo que seja ele o pivô da revolução classista que marca o excelente clímax da temporada.
19º – Patrulha do Destino: 2ª Temporada
Jeremy Carver (DC Universe/HBO Max)
Este ano tivemos uma expansão dos sentimentos da equipe, uma adição maior e mais profunda dos problemas pessoais de cada um e um foco na criação das personas heroicas de cada um deles. Cliff e Rita tiveram os seus momentos de “série dentro da série” para mostrar o quanto estão animados para essa coisa de “ser super-herói” e Larry assumiu o chamado para uma missão, o que é um enorme passo. Mais uma sensacional temporada de um série que veio para nos trazer alegria e loucuras no meio do insano ano de 2020. Nem a pandemia conseguiu estragar a montagem da temporada. Que coisa maravilhosa! Vem logo Terceira Temporada!
18º – Lovecraft Country: 1ª Temporada
Misha Green (HBO)
Existem duas séries de TV intituladas Lovecraft Country. A primeira delas e a melhor tem nove episódios surpreendentes em um formato inédito de semi-antologia de horror com cada um laureando um sub-gênero como casa mal-assombrada, horror corporal, horror cósmico etc. tendo como pano de fundo os EUA dos anos 50 com as Leis Jim Crow de segregação racial a pleno vapor. Não é uma série discreta em suas lições históricas e nem na forma como expõe seus mistérios, mas o elenco e os roteiros são realmente de se tirar o chapéu, com personagens inesquecíveis. Essa série, encerrada em Rewind 1921, sem dúvida deixa um monte de perguntas sem respostas, mas que poderiam ser trabalhadas e desenvolvidas em um segundo ano.
17º – Tales from the Loop: 1ª Temporada
Nathaniel Halpern (Amazon)
Usando essa estrutura solta ma no troppo, Halpern nos pede para nos recostarmos no sofá e degustar com calma e paciência sua série, sem – e isso é particularmente importante – buscar respostas definitivas para tudo. A procura de explicações científicas, mágicas ou extraterrestres para o desfile narrativo-visual que passa diante de nossos olhos é um exercício em futilidade que tem o potencial de desapontar muita gente. A racionalização não é o objetivo aqui, mas sim a observação tranquila, sem a afobação e a ansiedade típicas de séries lançadas “por temporada” em serviços de streaming.
16º – Grace and Frankie: 6ª Temporada
Marta Kauffman, Howard J. Morris (Netflix)
Em outras palavras, no lugar de correr para “apagar” Nick da vida de Grace e fazê-la voltar à casa de praia com Frankie, os roteiros usam essa circunstância – que sim, nada contra a própria premissa da série, o que a torna justamente mais valorosa – para criar uma história relevante ao redor, unindo as duas ainda mais e formando um trio, já que a hilária Joan-Margaret aboleta-se junto à Frankie, para evitar a solidão da hippie octogenária (septuagenária na série). Toda essa dinâmica é muio bem trabalhada, inclusive a que coloca Nick na equação como o marido genuinamente apaixonado por sua nova esposa e que tenta fazer de tudo para agradá-la, inclusive permitir Frankie e sua vida muito mais do que o razoável. É bem verdade que há momentos em que Nick desaparece da história, deixando Grace e Frankie no cenário da casa de praia como se juntas morassem, mas, mesmo que isso incomode um pouco, não é algo que realmente desfaça o casamento sem desafazê-lo, mas sim uma escolha perfeitamente lógica de manter o relacionamento das duas como mola mestra desse lado da história.
15º – Dark: 3ª Temporada
Baran bo Odar, Jantje Friese (Netflix)
Se a grande reviravolta ao final da temporada anterior foi a revelação de que existia pelo menos um universo paralelo, nos oito episódios de encerramento os roteiros constroem em cima dessa premissa não só abordando bem mais do que os momentos temporais que vimos anteriormente, indo brevemente até 1822 até, como também lidando com “entretempos”, o que inteligentemente quebra a expectativa dos 33 em 33 anos que vinha sendo a regra, além de revelar que, na verdade, os dois mundos que a série vinha abordando são, na verdade, resultado de uma experiência com máquina do tempo de um mundo de origem ou Terra Prime (só para usar linguajar de quadrinhos), levando a um final de “gente virando pó” que inevitavelmente lembra o estalo de Thanos em Guerra Infinita.
14º – I Know This Much is True
Derek Cianfrance (HBO)
Com seis episódios girando em torno de uma hora cada um, a produção da HBO dirigida por Derek Cianfrance, que a co-escreveu com Anya Epstein, é um pesado drama psicológico que aborda a vida de Domenico “Dominick” Birdsey, um pintor de casas que vive sua vida dedicando-a aos cuidados com seu irmão gêmeo Thomas, que sofre de esquizofrenia e vive entrando em saindo de um sanatório há pelo menos 20 anos. Com ambos vivido de maneira assombrosa por Ruffalo, o ponto de partida da história é um evento traumático na vida de Thomas em que ele, em uma biblioteca, saca uma faca Kukri e corta sua mão direita em uma espécie de sacrifício a Deus para tornar o mundo melhor.
13º – DEVS
Alex Garland (FX on Hulu)
Não esperem respostas finais, claro, mas Garland passei muito eficientemente pelos conceitos, com um roteiro que, até o já mencionado ponto que marca a metade da história, não se apoia demais em textos expositivos, costurando, ainda, uma atmosfera levemente hitchcockiana ajudada pela ambientação em São Francisco e arredores que logo remete o espectador geograficamente à Um Corpo que Cai. O problema vem a partir do quinto episódio, mais especificamente o quinto e sexto capítulos, pois eles são utilizados para pegar na mão o espectador que porventura não tiver entendido muita coisa – e sério, a história nem é tão complicada assim para isso acontecer – e levá-lo pelos meandro “técnicos” que é o cerne do projeto Devs, localizado em um gigantesco ovo Fabergé quadrado no meio de uma floresta belíssima, não muito longe da sede principal da Amaya, que tem uma bizarra (e assustadora, diria) estátua gigantesca da finada filha de Forest como decoração principal.
12º – The Boys: 2ª Temporada
Eric Kripke (Amazon)
No entanto, o balanço da temporada foi muito positivo, com um encerramento eficiente que amarra pontas soltas e refaz todo o tabuleiro, transformando as duas temporadas em, essencialmente, um alongado prelúdio para a base dos quadrinhos. Com os Rapazes agora potencialmente atuando como um grupo fundeado e sancionado pela CIA, os Sete enfraquecidos e a Vought mostrando seus tentáculos na política americana, o futuro da série parece mais promissor do que nunca!
11º – The Outsider
Richard Price (HBO)
Essa característica da série é amplificada pela qualidade de seu elenco. Ben Mendelsohn vive o detetive Ralph Anderson que, depois de recolher provas inequívocas, prende Terry Maitland (Jason Bateman) sob suspeita de assassinato, o que desencadeia uma série de eventos que fazem a minissérie transitar de uma obra procedimental para o sobrenatural, ou seja, aquilo que marca grande parte das obras de Stephen King. Mas muito mais importante do que a natureza mista da narrativa é a forma como Mendelsohn vive seu torturado personagem, um homem que não só precisa encarar aquilo que acabou de fazer, como também lidar com a morte de seu filho, vítima de câncer, algum tempo antes. A dor que Anderson sente é palpável em cada olhar, em cada palavra que ele solta e, mais ainda, a dor que ele acaba infligindo por agir como acaba agindo espalha-se como uma epidemia que toma de assalto todos os envolvidos. A força do trabalho do ator, que interage muito com a também excelente Mare Winningham, que vive Jeannie, esposa de Ralph, é impressionante, provavelmente seu melhor trabalho dramático até agora.
10º – The Plot Against America
David Simon, Ed Burns (HBO)
A visão intimista, de dentro da para fora, é essencial para a minissérie funcionar de verdade, assim como o passo vagaroso da narrativa. Começando em junho de 1940, com o início da campanha de Lindbergh e terminando em setembro de 1942, o período coberto exige pulos temporais de meses que acontecem por episódio e que vão trazendo alterações à vida dos Levin como um pequeno recorte do que acontece na nação como um todo. É, mal comparando, como se as paredes ao redor dos Levin fossem se fechando vagarosamente, deixando-os entristecidos, enraivecidos, ansiosos e, finalmente, desesperados. O que a série tenta passar é uma sensação de impotência de “não ter o que fazer” que cria uma atmosfera claustrofóbica e tensa, em uma tentativa de mimetizar o nascimento de um regime totalitarista a partir de pontos de vista profundamente humanos, longe dos meandros políticos do próprio governo.
9º – Primal: 1ª Temporada
Genndy Tartakovsky (Cartoon Network)
Poucas animações realmente são desafios criativos auto impostos por seus idealizadores. E não, não falo do padrão da indústria que é basicamente entupir episódios de personagens bizarros, escatologia, referências e tudo mais para fazer cérebros geeks e nerds explodirem. Falo de pessoas como o russo Genndy Tartakovsky que, depois de seu Samurai Jack, volta para o Adult Swim para uma série quase que integralmente sem diálogos, com apenas dois personagens e que se passa em sua própria versão do mundo pré-histórico. E, é claro, doses gigantescas de violência explícita, porque ninguém é de ferro.
8º – Ted Lasso: 1ª Temporada
Bill Lawrence, Jason Sudeikis, Joe Kelly, Brendan Hunt (Apple TV+)
Nos tempos cínicos em que vivemos, é bem possível que uma série como Ted Lasso sofra todo o tipo de preconceito simplesmente por ser positiva até a raiz do cabelo, quase que como um conto de fadas, com um protagonista que, na medida em que o conhecemos mais, revela-se como um ser humano tão humano, tão compreensivo, tão doce e tão inteligente que ele simplesmente não pode existir, nem mesmo em uma obra de ficção. No entanto, é exatamente por isso, que Ted Lasso é um pequeno tesouro que, justamente em nossos tempos, precisa ser descoberto e apreciado.
7º – Homeland: 8ª Temporada
Howard Gordon, Alex Gansa (Showtime)
E, então, veio a oitava temporada que volta ao tema da Trilogia Brody, mas mantém o foco na conexão entre Carrie e Saul, com os showrunners entregando uma narrativa que cuida do aspecto macro, mas que dedica muito tempo aos protagonistas, colocando Carrie sob suspeita de traição. Apesar de inserir dois importantes personagens novos que caem quase que de paraquedas – o conselheiro presidencial John Zabel e a espiã Anna Pomerantseva – os aspectos emocionais se sobressaem, com um final intimista e quase lírico que altera a relação entre Carrie e Saul e reposiciona a agente bipolar como uma nova agente infiltrada no seio russo como uma forma de, de um lado, a personagem continuar a fazer o que gosta e, de outro, funcionar como uma maneira de ela expiar seus pecados. Um final sem dúvida digno para uma das melhores personagens de séries da história recente.
6º – Perry Mason: 1ª Temporada
Rolin Jones, Ron Fitzgerald (HBO)
Anunciada primeiro como uma minissérie, mas ganhando o status de série quando nem bem passava da metade, o retorno de Perry Mason, depois de 27 anos distante do audiovisual não poderia ter sido melhor. Contando uma história de origem inédita do clássico personagem que Erle Stanley Gardner imortalizou a partir de 1933, a HBO e os showrunners Rolin Jones e Ron Fitzgerald colocaram nas telinhas uma obra que já nasce clássica não só pela incrível transformação do protagonista de detetive desgrenhado, mal vestido e depressivo em um advogado esperto, capaz de dobrar a lei para fazer Justiça, como também pela magnífica escolha do elenco principal e pela cuidadosa reconstrução de época, imergindo o espectador na Los Angeles corrupta, mas economicamente ascendente dos anos 30, apesar da Grande Depressão.
5º – Mythic Quest: Raven’s Banquet: 1ª Temporada
Rob McElhenney, Charlie Day, Megan Ganz (Apple TV+)
Co-criado por Rob McElhenney, criador e ator da longeva It’s Always Sunny in Philadelphia, juntamente com Charlie Day e Megan Ganz, ambos produtores executivos de IASIP, com Ganz tendo também contribuído para o sucesso de Community, Modern Family e The Last Man on Earth, Mythic Quest já nasce com pedigree e não faz nem um pouco feio, muito ao contrário, conseguindo reunir o que de melhor cada nome por trás de seu desenvolvimento trouxe, ao mesmo tempo que mantendo-se sempre fresca e diferente do que já vimos antes. Ainda que McElhenney faça em tese o papel principal, o narcisista egomaníaco Ian Grimm, criador do jogo e seu diretor criativo, com direito a uma sala que fica acima de todos os demais reles mortais, os roteiros criam um excelente equilíbrio para todo o elenco.
4º – After Life: 2ª Temporada
Ricky Gervais (Netflix)
É tudo maravilhosamente natural na forma como os diálogos são travados, com um elenco mais do que inspirado em passar um realismo que chega até a ser doloroso, com problemas como solidão, separação e amor das mais variadas naturezas sendo albergados em um conjunto harmônico e delicioso que é perfeitamente capaz de tirar sorrisos em um minuto e lágrimas no minuto seguinte. Melhor ainda, apesar de os personagens coadjuvantes ainda continuarem gravitando ao redor de Tony, eles ganham mais vida própria nesse segundo ano, notadamente Matt (Tom Basden), seu genro, e Roxy e Pat. Gervais, ao fazer isso, fortalece seu pequeno ecossistema e entrelaça as histórias mais firmemente, porém sem jamais perder de vista o foco em seu sofrido Tony que – não canso de dizer – é um personagem fascinante pela forma aparentemente “fácil” como ele expõe a variedade e extensão de suas emoções, trabalhando pesar, ternura, alegria e gratidão, dentre outros, de maneira muito fluida, sem que os passos sejam marcados como esquetes temáticas.
3º – The Mandalorian – 2ª Temporada
Jon Favreau (Disney+)
A manutenção da simplicidade narrativa, com episódios econômicos em duração, um cuidado gigantesco com os efeitos práticos e digitais que nos faz retornar à Trilogia Original somado a sequências de ação variadas e espetaculares já teriam diferenciado a 2ª temporada da 1ª, mas o que realmente impressiona é a capacidade de Favreau de inserir fan service a serviço da temporada e não só para os fãs. Podemos revirar os olhos e dizer que o uso de personagens como Bo-Katan, Boba Fett, Ahsoka Tano e, claro, Luke Skywalker, teve como objetivo atrair os fãs das mais variadas idades e preparar o terreno não para uma ou duas séries derivadas, mas sim nada menos do que três, mas isso seria um injusto comentário reducionista. O que Favreau faz chega ao ponto de ser arte em termos de fan service, algo que, convenhamos, o UCM, que ele ajudou a construir, também foi pródigo. O showrunner soube usar o vasto material que tinha à disposição de maneira a cumprir suas funções basilares de agradar fãs e de cumprir uma agenda corporativa, mas sem parecer gratuito e sem colocar o fan service à frente da história.
2º – The Crown: 4ª Temporada
Peter Morgan (Netflix)
Tomarei a liberdade de ser mais uma vez hiperbólico: poucas vezes na vida vi um relacionamento – seja fictício ou real – na televisão ou no cinema com as camadas de complexidade que Morgan criou para o casal-estrela da temporada. No lugar de fazer o que o imaginário popular “exige”, ou seja, canonizar Diana e colocar todo o peso da culpa em Charles, Morgan cria um fascinante estudo sobre a tragédia da fusão da paixão com amor, casamento e obrigação sob a égide da Coroa Britânica. Se Diana foi levada a autoflagelar-se com sua terrível bulimia, abordada da maneira mais elegante possível, vale destacar, por não ver seu amor por Charles ser correspondido por mais do que por alguns minutos ao longo de anos e por não sentir sequer uma fagulha de apoio da Família Real, o foco na tristeza de Charles, sua completa impossibilidade de escolher, e sua paixão – talvez obsessão – por Camilla Parker-Bowles (Emerald Fennell) é um triunfo de roteiro.
1º – Better Call Saul: 5ª Temporada
Vince Gilligan, Peter Gould (AMC)
No entanto, a 5ª temporada dá uma magnífica rasteira no espectador e revela que a história de Kim é tão importante quanto a de Jimmy e que o futuro da personagem definitivamente não está decidido. Claro, ela sem dúvida ainda poderá morrer, mas tenho para mim que esse momento passou e sua consolidação foi de tal maneira que creio que os showrunners imaginam outro futuro para ela. Teorias à parte, o que realmente interessa é o sensacional trabalho dramático de Rhea Seehorn. Sem dúvida a atriz sempre foi um destaque, mas, aqui, sua personagem teve grande destaque e Seehorn simplesmente explodiu nas telas, por vezes até sombreando o também sempre sensacional Bob Odenkirk (parece que o jogo virou, não é mesmo?). E o mais interessante é que tudo fez perfeito sentido se pensarmos, em retrospecto, na forma como a personagem foi trabalhada em “fogo baixo”.