O marombeiro austríaco radicado nos Estados Unidos e que chegou até a ser governador da Califarra tem uma ilustríssima carreira de brucutu no Cinema, tendo estrelado diversos dos mais memoráveis filmes dos anos 80, por vezes até achando que é ator. Como ele completou anabolizados 75 anos de idade em 30 de julho de 2022, começamos um especial com as críticas de todas as obras por ele estreladas que durou de seu aniversário até 14 de janeiro de 2023 e, agora, como sempre fazemos, é chegada a hora de ranquear tudo, do pior ao melhor!
Mas, antes, algumas breves regras e lembretes:
- A lista é pessoal minha (Ritter Fan), pelo que todos os elogios podem e devem ser dirigidos a mim, enquanto que qualquer reparo, descontentamento ou xingamento, se existentes, o que reputo altamente improvável dada a perfeição de tudo o que faço, pode ser mandado para a Dona Rita, responsável pela reciclagem de todo o lixo aqui do Plano Crítico.
- Somente filmes em que Arnold Schwarzenegger tenha tido participação de destaque, seja como protagonista, seja como antagonista, entraram no ranking. O que é participação de destaque? Não poderia ser mais simples e científico. Como a lista é pessoal minha (sim, eu estou me repetindo, mas é que eu sei que vocês não leram da primeira vez), eu decidi o que é e o que não é de destaque com base em meu intelecto superior que daria inveja ao Dr. Gori. Mas, em linhas gerais, pontas que só existem para colocar o nome do ator no cartaz do filme ou participações em filmes de enorme elenco famoso, como é o caso dos longas da franquia Os Mercenários, ficaram de fora. Reclamações? Todas para a Dona Rita!
- As avaliações dos filmes contidos no ranking podem não “bater” com o ranking, pois várias foram feitas por outros redatores que se atreveram a chegar perto da filmografia do Schwarza e, por isso, agora, cumprem severas penas em uma prisão secreta.
- Para fingir que compartilho dos conceitos de sociedade e civilidade, sou obrigado a agradecer meu colega Luiz Santiago – que não passa de uma de minhas personalidades recessivas, não canso de salientar – pela ajuda na formatação final da presente lista.
É isso então. Confiram a lista abaixo e mandem as suas para compararmos, sempre lembrando que a minha, por razões óbvias, está certa e a sua, se for diferente da minha, está errada!
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35º Lugar: Batman & Robin
Entre bat-cartões de créditos e efeitos sonoros retirados de desenhos dos Looney Tunes, Batman & Robin não resiste ao mais superficial escrutínio. Só duas lições podem ser tiradas dessa obra: (1) George Clooney é um cara perseverante, que, para nossa sorte, não deixou sua carreira ir por água abaixo por causa desse filme e (2) o público não é tão otário como a produtora achava e o filme só fez 238 milhões de dólares, tendo custado 125, o que acabou por enterrar por oito anos a carreira do morcegão que somente seria revivida debaixo da batuta certeira de Christopher Nolan.
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34º Lugar: Guerreiros de Fogo (Red Sonja)
E é dessa forma que Guerreiro de Fogo (como se não bastasse o filme ser ruim, ele ainda ganhou esse título brasileiro completamente idiota…) entrou para a história como… Não, não, espera aí. Quem estou querendo enganar? Guerreiros de Fogo não entrou para história nenhuma. A produção é só mesmo uma tosquidão trash resultado da tentativa de Laurentiis de explorar o máximo possível a xepa de seu contrato com Schwarzenegger. Pelo menos o filme foi um fracasso total e não ganhou continuação…
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33º Lugar: Conan, o Destruidor
O Conan light de Richard Fleischer não honra nem de longe o de John Milius ou mesmo o personagem de Robert E. Howard, mas é uma obra passável, daquelas que divertirão o espectador em uma tarde chuvosa dentro de casa nem que seja pela tosquidão inescapável. Ao final, até fica aquela sensação de que foi uma pena que Schwarzenegger nunca tenha voltado ao papel que o consagrou.
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32º Lugar: Hércules em Nova York
Hércules em Nova York, aliás, é todinho uma vergonha alheia. Mas é uma vergonha alheia benigna, simpática, que faz o espectador, mesmo com a mão no rosto, sorrir, rir e até gargalhar em alguns momentos. É um dos melhores exemplos de filme “tão ruim que é bom” que eu poderia listar e talvez por isso ele tenha dado tanta sorte para a vitoriosa carreira de Arnold Schwarzenegger em basicamente tudo o que tentou fazer na vida.
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31º Lugar: O 6º Dia
O 6º Dia cansa com seu começo que marreta um futuro sem graça e telegrafa sem cerimônia o que acontecerá, e não consegue, mesmo com suas ambiciosas sequências de ação aéreas, terrestres e, no final, tentando ser um pouco Duro de Matar, empolgar por um segundo sequer além do básico. Não é uma tragédia completa porque há sequências demais que são engraçadas quando não deveriam ser e Schwarzenegger está tão ruim que dá vergonha alheia, o que é também sempre divertido, mas esse talvez seja o longa de sua ilustre carreira que mais claramente caracteriza sua decadência cinematográfica.
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30º Lugar: Jogo Bruto
Em dado momento da fita, há uma menção à Dirty Harry por parte do personagem de Schwarzenegger. Com receio de estar abusando do bom senso, é possível ver algumas inspirações da franquia protagonizada por Clint Eastwood nesta produção, ainda que sem a mesma inteligência temática, o subtexto crítico, a ótima direção e tudo mais que fez o policial sem escrúpulos ser icônico. Mesmo assim, é curioso ver a versão oitentista e cheia de músculos de Harry. Jogo Bruto é ruim, não tenham dúvidas disso, mas tem seus momentos onde nos divertimos rindo do filme e não com ele, se me entendem.
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29º Lugar: Queremos Matar Gunther
Queremos Matar Gunther tem pouco Schwarzenegger, mas vale o preço do ingresso não por ser algo especial ou particularmente bem feito, mas sim por ser uma boa ideia executada com alguma eficiência, mesmo que haja minutos demais de barriga narrativa que logo são esquecidas pelo surgimento do tão falado Gunther em carne e osso. É uma diversãozinha rasa e passageira que entrega o que entrega na base do escracho e da bobeira pura, sem qualquer compromisso com mais do que isso.
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28º Lugar: Efeito Colateral
Efeito Colateral é um daqueles filmes de astros de ação que o estúdio simplesmente quis colocar a superestrela no post e não ligar muito para a qualidade da obra em si. O roteiro explora muito mal seu ângulo político, entregando muitos estereótipos, além de estabelecer uma premissa batida de vingança, enquanto Davis não eleva o material que recebeu com uma direção fraca para suspense e ação. Sem dúvidas, uma das piores obras da carreira de Arnold Schwarzenegger.
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27º Lugar: O Sobrevivente
O Sobrevivente é um representante típico do cinema de ação dos anos 80 e uma sátira não muito bem realizada das ficções científicas distópicas da mesma época. Acabou se tornando um cult nos Estados Unidos ao longo dos anos, embora o autor Stephen King não tenha aprovado o resultado, tendo inclusive pedido para ser creditado no filme apenas com o pseudônimo de Richard Bachman, mesmo que na época todos já soubessem que Bachman e King eram a mesma pessoa. Embora muitas vezes eu tenda a discordar de algumas opiniões de King a respeito das adaptações de suas obras, neste caso, eu concordo completamente com o autor. E não por que o filme vai por um caminho totalmente diferente do material-base, e sim por ser um exemplo ruim do cinema brucutu oitentista.
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26º Lugar: Inferno Vermelho
Capitalismo e socialismo podem coexistir? Não. Mas indivíduos de diferentes filosofias políticas e sistemas econômicos podem ser amigos? Com certeza. Talvez seja nessa representação simpática e empática sobre os extremos da Guerra Fria que o roteiro de Inferno Vermelho seja interessante, apesar da produção não ter substância para ser uma história verdadeiramente subversiva sobre estereótipos e não ser inteligente o suficiente para abordar com profundidade seus elementos políticos e sociais postos em tela. A premissa é curiosa, mas a execução é batida e genérica, faltando mais coragem e autoconsciência da equipe criativa para abraçar a galhofeira e se divertir com os estereótipos. Existe até uma sátira em algum lugar de Inferno Vermelho, mas, no fim, vemos mais um exemplar regular e trivial do cinema de buddy cop.
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25º Lugar: Cactus Jack, o Vilão
Mesmo assim, diria que é um grande feito Needham real e corajosamente conseguir trazer para o live-action toda a estrutura dos desenhos matinais do Coiote e do Papa-Léguas, especialmente se pensarmos que seu projeto conseguiu arregimentar o interesse de ninguém menos do que Kirk Douglas e Ann-Margret, dois nomes mais do que conhecidos em Hollywood, pareando-os com outro bem menos conhecido, mas que dominaria o cenário de filmes de ação na década seguinte juntamente com dois ou três outros brucutus. Cactus Jack, o Vilão diverte e pode até surpreender quem se interessar em dar uma chance a essa pérola esquecida do pastelão.
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24º Lugar: Sabotagem
Sabotagem acaba, portanto, se sabotando (obviamente que eu não tinha como resistir…) ao transformar um roteiro promissor de whodunit em um filme que acaba não tendo personalidade ou certeza do que quer ser entre uma obra policial, um veículo para Schwarzenegger tentar algo diferente, um semi-slasher ou, simplesmente, um festival genérico de sangue e entranhas, resvalando em um torture porn. David Ayer sempre foi um diretor irregular e, aqui, ele infelizmente não consegue aproveitar o material que tem para elevar sua obra acima da linha mediana.
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23º Lugar: Maggie: A Transformação
Diria que, no final das contas, Maggie: A Transformação é um esforço valoroso de Arnold Schwarzenegger para fazer algo mais incomum em sua carreira e revelar-se como mais do que o sujeito que, com o rosto pintado, mastiga um charuto enquanto metralha seus inimigos. Infelizmente, porém, como foi o caso em Sabotagem, seu filme anterior, não foi dessa vez que o ator encontrou uma dupla de diretor e roteirista que colocasse na lata o filme que seu trabalho dramático talvez merecesse.
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22º Lugar: O Guarda-Costas
Muitas vezes O Guarda-Costas (Stay Hungry) parece um filme até feito nas “coxas”, com situações surgindo aleatoriamente na história e a falta de uma proposta narrativa, além de que, pelo lado dramático, o arco de Craig Blake é super genérico e quase sem progressão, considerando que a produção é uma colagem de situações. Ainda assim, há algo curiosamente amável na produção, seja a atmosfera simplista e sincera daquela academia e seus personagens de grande coração, seja o carisma de um elenco de grandes nomes, em especial um fisiculturista que se veste de Batman.
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21º Lugar: Queima de Arquivo
E, quando parece que o desenvolvimento não traria mais nada surpreendente, quando Tom Cruise nem sonhava com os perigos na ambiciosa saga Missão: Impossível, lá estava John Kruger pulando de um avião e agarrando um paraquedas no ar e aterrissando num ferro velho em seguida. Se o salto mortal apontava muita loucura, a ação de Russell não via limites em parecer ainda mais absurda ao conduzir uma cena de tiroteio num zoológico alagado e cheio de jacarés em CGI. No fim do dia, Schwarzenegger mostrava o porquê voltou ao gênero para mais um round: com ação desmedida, fez puro entretenimento.
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20º Lugar: Fim dos Dias
A ausência de diálogos sofisticados, tais como os grandes momentos de Coração Satânico e O Advogado do Diabo tornam Fim dos Dias um filme apenas bom, dentro da sua proposta de filme de ação. A inserção menos impactante do Diabo não o impediu, no entanto, de continuar sendo um personagem marcante no bojo das produções da indústria cultural, em especial, das realizações cinematográficas e televisivas.
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19º Lugar: O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio
E esse ciclo reconhece as pontas desgastadas dos anteriores e abraça o novo futuro apresentado que não aconteceu da maneira prevista em 1984, mas que beira o mesmo “destino sombrio” diante de tantos avanços tecnológicos sobrepostos às digressões sociais. Tim Miller deixa a sua marca de identidade, alfinetando Trump, o machismo e a política armamentista pontualmente no humor eficiente e irônico, que levanta a bandeira já na premissa de ter uma mexicana comum como a perseguida pelo futuro, e os motivos para ser ela só reforçam ainda mais como o diretor junto a Cameron conseguiu posicionar a franquia na atualidade. Embora tenha seus problemas com exposições, esse discurso sempre é permeado de maneira muito sutil e natural na trama classicista, sinônimo de que ela finalmente se modernizou dentro do possível, posicionando esse como o melhor filme da saga desde o segundo.
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18º Lugar: O Último Desafio
O Último Desafio é ação oitentista na veia por um astro da mesma década tentando reencontrar-se e reerguer-se muito tempo depois de seu último filme realmente sensacional. Não é uma tarefa fácil, especialmente para alguém que se afastou de Hollywood para enveredar pela política por tanto tempo, mas se tem uma coisa que Schwarzenegger sempre prometeu é que ele ia voltar. E voltou.
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17º Lugar: O Exterminador do Futuro: Gênesis
Diferente de A Salvação, O Exterminador do Futuro: Gênesis gerou em mim pelo menos a curiosidade de ver como seria a continuação dessa história em uma nova linha temporal. Não que eu apostasse minhas fichas em uma nova trilogia minimamente marcante nesta tão desgovernada franquia, mas tenho para mim que teria sido melhor seguir esse completamente novo caminho do que o que foi escolhido e materializado em Destino Sombrio. Será que um dia acertam novamente com essa tão fantástica propriedade de ficção científica?
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16º Lugar: Um Tira no Jardim de Infância
É realmente interessante como Reitman equilibra uma comédia simples e absurda com toques delicados de drama. Não há nada de especial no romance, no arco de Kimble ou até mesmo na comédia em si, mas tudo é muito agradável e simpático de assistir. Os momentos na escola divertem, principalmente quando Kimble começa a tomar gosto pela profissão, e o núcleo do protagonista encontrado uma nova família é pura ternura.
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15º Lugar: Um Herói de Brinquedo
Todos os elementos justapostos, por sua vez, não são suficientes para tornar o filme um ótimo entretenimento inteligente. É apenas um divertido retrato do Natal, memorável por sua popularidade e pelo apelo midiático do protagonista. Lançado em 1996, Um Herói de Brinquedo teve grande sucesso comercial, apesar do fracasso crítico. Se talvez Arnold Schawnegger tivesse um talento dramático maior, o filme ganhasse tons melodramáticos mais interessantes. No entanto, por ser uma narrativa que mescla ação e aventura, uma atuação extremamente profunda e compenetrada talvez não fosse compatível com os níveis dramáticos do roteiro. Em seu desfecho, fica a mensagem de amor e importância da família, palavras-chave basilares para as narrativas que fazem parte do esquema de produção dos filmes natalinos anuais.
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14º Lugar: O Exterminador do Futuro 3:
A Rebelião das Máquinas
O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas é bem melhor do que imaginaria que poderia ser em razão das confusões durante sua longa gestação e também é superior ao que viria depois (menos, claro, a já citada série de TV estrelada por Lena Headey). Por outro lado, é uma obra também muito inferior às duas obras-primas que o antecederam, ainda que querer uma terceira maravilha sem Cameron, sem Hamilton e sem Furlong fosse uma expectativa completamente irreal. Mas T3 dá conta do recado de seu jeitinho cinematograficamente mais humilde e funciona como uma boa diversão neste fascinante universo de androides, apocalipses, salvadores e viagens no tempo.
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13º Lugar: Comando para Matar
A direção de Mark L. Lester, cuja carreira é repleta de filmes de qualidade duvidosa, é burocratica e sem qualquer polimento, exatamente como se deve esperar de filmes assim. Mas não se engane: ele sabe dirigir ação e não se esquiva de usar ao máximo sua estrela para obter os melhores efeitos dramáticos e, por dramáticos, eu quero dizer aqueles “socos no ar” que o espectador que entra na brincadeira dará aos borbotões vendo os 90 minutos de matança. E, por incrível que pareça, a trilha sonora composta por James Horner é muito eficiente em evocar essa qualidade transcendental super-heroística de John Matrix, misturando notas exageradas e chamativas nos momentos corretos, ao mesmo tempo que trabalhando breves leit motifs para o personagem quando não está em ação contendo até mesmo um certo ritmo caribenho.
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12º Lugar: Em Busca de Vingança
Em Busca de Vingança é, inegavelmente, o melhor trabalho dramático de Arnold Schwarzenegger – e talvez também de McNairy – que, em um filme que se despe quase que completamente do espetáculo, abre espaço para o ex-brucutu mostrar que realmente consegue ir além da face robótica inamovível ou da comédia que brinca com seu porte e o próprio status de astro de ação. É bom ver o austríaco tentando fazer algo diferente a essa altura da vida, em que ele não tem mais nada a provar para ninguém e sendo bem-sucedido na empreitada.
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11º Lugar: O Homem dos Músculos de Aço (Pumping Iron)
Pumping Iron pode não ser um documentário “puro”, daqueles que realmente merecem esse selo irrestritamente, mas Butler e Fiore sabem contar uma história e fazem exatamente isso para um esporte então relegado às margens da sociedade. O tirador de onda Arnold Schwarzenegger, o gigante e desafiante Lou Ferrigno e o pequenino, mas fortíssimo Franco Columbu, tomam conta da tela e fazem história com muitos músculos, mas também, por incrível que pareça, muito cuidado, muita dedicação e muita… arte. O fisiculturismo não seria mais o mesmo depois dessa obra que marcou gerações e que talvez continue tão atual e relevante hoje como foi diferente e inovadora há décadas.
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10º Lugar: Rota de Fuga
Não se deve esperar muita originalidade além da improvável premissa, mas as peças do quebra-cabeças vão se encaixando com suficiente naturalidade, de forma que o diretor acaba não exigindo tanto assim de nossa suspensão da descrença. Sabemos exatamente quem vive e quem morre longo de cara e só precisamos aceitar que alguns tipos de personagens são imortais, mesmo que uma explosão nuclear ocorra a poucos metros dele (Predador vem à mente de imediato, certo?). Rota de Fuga é descaradamente um filme oitentista com a correção política dos dias atuais, resultando em algo que, apesar de completamente descartável, mesmo assim nos dá agradáveis duas horas de diversão.
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9º Lugar: Júnior
É incrível como Ivan Reitman pega essas ideias um tanto bobas e cria bons filmes de comédia. O cineasta entende que o foco é tanto na situação absurda quanto nos personagens, dedicando muito tempo para dramas simples e diálogos sinceros. Como sempre, seus filmes não têm profundidade, mas desfilam ternura. Aqui, Reitman transforma uma premissa ridícula em uma comédia familiar muito agradável sobre gravidez, humor físico, homens e mulheres, e estereótipos femininos. E, bem, assistir Arnold Schwarzenegger ficando grávido é realmente impagável.
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8º Lugar: Irmãos Gêmeos
Ainda assim, a saga para achar a mãe termina numa nota de ternura, um desfecho digno para um filme cheio de charme. Irmãos Gêmeos é um belíssimo exemplar de uma comédia familiar simples e efetiva, se aproveitando de uma premissa absurda para criar situações divertidíssimas para suas estrelas. Só os anos 80 para nos presentear com as dinâmicas fraternais entre um baixinho vigarista e um fisiculturista crianção.
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7º Lugar: O Último Grande Herói
O Último Grande Herói não é, portanto, uma sátira excelente, mas é uma paródia muito, muito divertida de assistir. Schwarzenegger está claramente se divertindo à beça com as piadas sobre si mesmo, sua carreira e falas icônicas, enquanto O’Brien é puro carisma como um garotinho vivenciando uma fantasia cinematográfica. McTiernan não consegue criar situações de ação memoráveis, mas também se diverte horrores com os exageros cartunescos e com a linha borrada entre realidade e ficção da produção. A metalinguagem acaba servindo apenas como bom humor, mas existe uma ternura infantil muito grande na produção sobre a magia do Cinema, algo que poucos espectadores capturam.
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6º Lugar: Conan, o Bárbaro
No entanto, se pararmos para pensar na origem literária de Conan, com Howard e suas famosas pulp fictions, a pitada trash que Milius deixa inadvertidamente passar pode ser perfeitamente perdoada, especialmente diante de um conjunto decididamente inesquecível que não só marca a estreia definitiva de Schwarzenegger em Hollywood, como estabelece o Conan definitivo logo na primeira tentativa. Sem dúvida alguma, um perfeito exemplar da estética oitentista que passa com honras pelo teste do tempo.
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5º Lugar: True Lies
Frente a uma quantidade enorme de mentiras, a única resposta para os personagens mora nas verdades que compartilham mutuamente. Com isso, True Lies não compreende para si as mais densas condições dramáticas possíveis – portanto, não questiona esse matrimônio, as ações tomadas e as verdades não contadas. Do contrário, o longa-metragem opta por sustentar uma simpatia mais amena por meio de sua constante transformação em identidade. Ela renova-se o tempo inteiro, em narrativa e gênero, para, enfim, surpreendentemente reafirmar uma base, um pensamento clássico. Desse modo, termina-se emergindo um ponto em comum à jornada: a necessidade por se reestabelecer um amor que existe, embora omisso. Por tantos âmbitos distintos, a consistência impressiona, mesmo com as mutações e misturas. Tendo mais de duas horas de duração, Cameron costura clímax à clímax. Quando incomoda um pouco a mais, no segmento derradeiro – com o jato controlado por Harry -, que soa ser uma prolongação desajeitada do imediatamente anterior, mantém a criatividade, a espirituosidade. A execução engrandece outra vez a capacidade de Cameron em comandar projetos ambiciosos como esse, embora “ordinários” no fim, vendo nos arrasa-quarteirões a possibilidade de inventar, reinventar e retomar o que quiser.
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4º Lugar: O Predador
O Predador é uma joia em sua simplicidade e objetividade. Um filme que claramente demonstra a pegada cuidadosa do diretor, sempre procurando fazer algo bem acima da linha do banal. O resultado é uma obra que é sim descerebrada, mas que é da mesma forma inesquecível.
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3º Lugar: O Vingador do Futuro
O Vingador do Futuro, queiram ou não, já tem seu lugar garantido no panteão dos clássicos da ficção científica. É um filme que, uma vez visto, não será esquecido, mesmo que ele não tenha agradado ao espectador. Diverte, deixa tenso, faz vibrar e, no meio de tudo isso, ainda nos lega lições e belíssimas alfinetadas que todos nós precisamos de tempos em tempos.
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2º Lugar: O Exterminador do Futuro 2:
O Julgamento Final
A genialidade de James Cameron está presente em cada fotograma de O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final, o que inclui até mesmo a escolha de You Could Be Mine do Gun n’ Roses para sacudir o começo do longa. Em sua segunda continuação (para valer, pois precisamos descontar Piranhas 2), o cineasta cria outra obra-prima que pode ser orgulhosamente colocada na mesma prateleira qualitativa de sequências inesquecíveis onde estão, dentre outras, O Poderoso Chefão II, Toy Story 2, Batman – O Cavaleiro das Trevas e, incrivelmente, seu próprio Aliens, O Resgate. E o mais enlouquecedor de tudo é constatar que Cameron revolucionaria o Cinema Blockbuster nada menos do que outras duas vezes depois de T2, uma vez em alto mar e outra em lugar bem mais distante, em Pandora.
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1º Lugar: O Exterminador do Futuro
No quesito atuações, há que se falar, sem dúvida, de Schwarzenegger. Ele nunca foi um grande ator – longe disso até – mas não se pode negar seu magnetismo, seu carisma. E, como um ciborgue assassino, ele, definitivamente, encontrou seu lar, fazendo até mesmo seu forte sotaque austríaco funcionar de alguma forma como a voz de um robô, talvez pelo estranhamento que causa. Hamilton (que também foi esposa de Cameron, depois de Hurd) e Biehn, da mesma maneira, nunca se destacaram em seus trabalhos dramáticos, mas, aqui, a dupla não só tem química perfeita, como passam a urgência e a ansiedade que seus papeis necessitam, um trabalho que reputo parte à Cameron, por não se furtar em trabalhar ângulos estranhos – normalmente de baixo – e close-ups pouco gentis, mas que fazem nossos corações baterem no ritmo do desespero deles.