Avaliação da temporada:
(não é uma média)
- Há spoilers.
O anúncio de que o segundo ano de Arcane seria o último pegou muita gente de surpresa, inclusive a mim, mas confesso que minha impressão inicial era de uma boa notícia, considerando que prefiro séries curtas, que não se estendem sem necessidade, e também porque não vejo razão para a história de Vi e Jinx – a principal trama da obra e o coração da série – durar mais do que essas duas temporadas. Obviamente que a conclusão da série é na verdade apenas o primeiro passo para diversos derivados, no que parece ser uma franquia que deve caminhar por muitos e muitos anos.
Acontece que essa abordagem de preparação acaba gerando deslizes num segundo ano que em vários momentos soa confuso em sua expansão de universo e mitologia intricada, com muitas tramas se resolvendo de maneira corrida, como os núcleos de Mel e da Rosa Negra, o impacto da tecnologia Hextech com Jayce e Viktor, e o quase esquecimento do lado político da narrativa, para termos um “final” de série que é quase um teaser, o que decepciona um pouquinho, principalmente na maneira como a trama de Vi e Jinx é quase subsidiária no terceiro ato e como terminamos a produção com a sensação de que não tivemos um desfecho propriamente dito.
Dito tudo isso, essas ressalvas, apesar de soarem muito negativas, são escolhas criativas que podem ser recompensadas em futuras produções e que nem de longe afetam por completo essa ÓTIMA temporada, que mantém uma consistência de qualidade técnica assustadora com a animação, os designs, a trilha sonora e as grandes coreografias, no que acaba sendo mais uma experiência em alta escala extremamente divertida de acompanhar. Para além dos visuais, os personagens continuam fantásticos, bem construídos em arcos dramáticos com peso e substância, e com uma narrativa trágica que anda de mãos dadas com a euforia, com a emoção e com grandes reviravoltas que fazem dessa série uma das melhores dos últimos anos. Que esse universo riquíssimo e essa franquia continue nos presenteando com grandes produções!
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Como fazemos em toda série ou minissérie que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!
9º Lugar: Matar É um Ciclo
2X08
De longe o episódio que menos gostei na série, Matar É um Ciclo levanta muitos questionamentos e preocupações antes do grande final da produção, que, ressalto, não será renovada, então a quantidade de informações despejadas e resoluções súbitas que ocorrem nesse episódio me soam como um atropelo que pode não resultar na conclusão mais satisfatória possível.
8º Lugar: Bolhas na Mão e Pés no Chão
2X05
O restante do episódio foca na parte macro da história, dessa vez com núcleos de Mel e Jayce. Tudo em torno desses eventos seguem confusos, porém interessantes, com destaque para a pegada surreal da narrativa e dos visuais sempre excelentes. Ganhamos mais perguntas do que respostas sobre o papel de Mel nesse universo e sobre o que aconteceu com Jayce, que agora está vinculado à Hextech e em aparente caça de Viktor. Senti falta dos núcleos mais políticos nesse episódio, inclusive com o desperdício de Salo, que vinha se mostrando um bom personagem no Conselho, mas de maneira geral temos outro episódio de altíssima qualidade tanto no desenvolvimento da mitologia quanto no foco principal do drama familiar de Vi e Jinx.
7º Lugar: O Peso da Coroa
2X01
Apesar do longo hiato, O Peso da Coroa volta praticamente para o mesmo ponto que a temporada anterior termina: o ataque de Jinx ao Conselho. A montagem inicial com as vítimas do evento dita o tom do restante do episódio, que varia entre algo melancólico e algo sombrio enquanto os personagens lidam com as mortes e o futuro incerto de Ladoalto quando os conselheiros precisam decidir a forma de contra-ataque. Praticamente metade do episódio é dedicada para essa abordagem introspectiva, incluindo ótimas cenas dramáticas com Caitlyn, Vi e Jayce. Gosto da paciência do texto e da direção nessas sequências, sem correr para a ação, deixando a narrativa e o desenvolvimento dos personagens respirar em seus momentos de lamentação, conflitos e dilemas, em especial Vi, dando inclusive mais dimensão para o ato de Jinx, que não aparece no episódio, mas é sentida em cada frame.
6º Lugar: A Terra Sob Suas Unhas
2X09
A Terra Sob Suas Unhas é um ótimo clímax para o conflito que vem sendo preparado desde o início da série, num mix de altíssima qualidade técnica, grandes momentos, personagens marcantes e muitas recompensas dramáticas. Só talvez não seja um excelente final de série na minha visão, até porque fica muito claro que as diversas tramas de Arcane apenas começaram a serem desenvolvidas. De qualquer forma, o texto faz um trabalho competente em nos deixar curiosos para basicamente todos os desdobramentos, no que parece ser um universo que veio para ficar por muitos anos no audiovisual, para o prazer de todos nós.
5º Lugar: Ver Tudo Queimar
2X02
O episódio é puramente Jinx, praticamente do início ao fim, com o drama entre as irmãs protagonistas voltando à frente do palco, o que penso ser essencial para a temporada, já que todo o restante é coadjuvante e subsidiário ao conflito entre as duas. Temos alguns desvios aqui e ali com o núcleo de Viktor, que efetivamente virou uma espécie de ciborgue, decidindo ir para o subterrâneo como uma espécie de ermitão e líder de culto quando cura alguns viciados. Confesso que toda essa linha narrativa, incluindo aí as sequências com Ekko, Jayce e Heimerdinger, me deixam confusos, talvez porque eu conheça pouco da lore desse universo, mas veremos se esse lado narrativo chama atenção e cativa da mesma forma que o conflito político e bélico entre as duas cidades.
4º Lugar: Pinte a Cidade de Azul
2X04
Ademais, temos mais uma aula de animação e de nível de entretenimento, dessa vez ressaltado pelo peso dramático da insurgência em construção através de Jinx, algo que fica muito claro na ótima sequência que a personagem é de certa forma reverenciada e respeitada pelos prisioneiros de Zaun. Tanto a cena da prisão em Zaun quanto o resgate em Stilwater são grandes exemplares de ação, talvez com uso um pouco excessivo de câmera lenta, mas ainda assim incrivelmente divertido de assistir. A presença da besta me soava um pouco desconexa até esse episódio, mas a revelação final torna o personagem imprescindível para a história principal no que pode vir a se tornar uma grande tragédia.
3º Lugar: Fingir que É a Primeira Vez
2X07
O episódio alterna muito bem entre os dois núcleos, com uma montagem esperta apesar das abordagens diferentes de cada trama, se aproveitando do aspecto mais urgente com a história de Jayce para deixar o episódio em um ritmo que se assemelha ao tom acelerado do seriado. Também é um episódio com destaques visuais absurdos, passando tanto pelos experimentos com viagem no tempo de Ekko e Heimerdinger, quanto pelos “passeios” fantasmagóricos de Jayce por um universo morto – algumas das sequências panorâmicas aqui estão entre as mais belas da obra. Ainda assim, são os momentos mais íntimos e reflexivos entre os personagens, como a conversa sobre a morte de Vi ou os diversos reencontros surpreendentes de Ekko, que compõem o grande destaque de um capítulo paciente, que foge um pouco das loucuras da guerra para trabalhar e estudar bem alguns desses personagens, em especial como Jinx poderia ser tão diferente.
2º Lugar: Finalmente Acertou o Nome
2X03
O mais impressionante, porém, talvez seja como todos esses elementos fantásticos continuam subsidiários ao conflito dramático entre Vi e Jinx, que, como disse no início da crítica, é o clímax do episódio e continua sendo o coração da narrativa. Dessa forma, a batalha na reta final não é apenas outro espetáculo visual técnico, mas tem peso emocional, tem dilemas morais e éticos, e tem grandes desenvolvimentos para personagens complexos. Finalmente Acertou o Nome é um final de ato extremamente impactante e que deixa mais perguntas do que respostas para a próxima trinca de episódios da semana que vem, da qual mal posso esperar.
1º Lugar: A Mensagem Oculta no Padrão
2X06
O clímax da batalha final está entre alguns dos melhores do seriado até aqui, que sempre gosta de terminar seus atos com um desfecho bombástico. A convergência das três tramas desse ato (Vi e Jinx; Ambessa e Caitlyn; Jayce e Viktor) é bem construída, com a morte de Viktor impactando severamente tanto em seus seguidores (que sequência mais sinistra…) quanto em Vander, no que acaba sendo o estopim de uma conclusão sangrenta e extremamente trágica para uma família que estava se reencontrando (sabia que não teríamos um final feliz…), principalmente para sua nova integrante: Isha. O sacríficio da jovenzinha é lindo e melancólico, com destaque para a sequência em aquarela entre ela e Jinx. Quando tudo parecia ir bem, voltamos a estaca zero. Será muito interessante ver a reação de Jinx e de Vi a esses acontecimentos, bem como onde a aliança de Caitlyn e Ambessa vai para após a traição e a morte de Rictus. Caos e desespero estão à vista, ainda mais quando lembramos dos enigmas em torno de Mel e Jayce, no que deve ser um terceiro ato explosivo para uma grande série.