Nota de Red Tide
Nota de Death Valley
Nota da temporada (Não é uma Média)
- Contém SPOILERS! Confira aqui, todo nosso material sobre American Horror Story.
No início da minha cobertura de episódios da décima temporada de American Horror Story, alertei que a analisaria Double Feature como temporada isolada (ao máximo possível), sem levar tanto em consideração o histórico da série criado pelas demais seasons, visto que só havia assistido às duas primeiras e metade da terceira, desistindo depois por não ter gostado nada do que vi. Por ser antologia, decidi dar uma segunda chance e, pelo menos num primeiro momento, me surpreendi com um salto assustador na qualidade técnica, mais até do que naturalmente esperava, considerando os anos de produção.
Narrativamente, no entanto, conforme o andamento dos episódios, percebia que muitos dos problemas do passado ainda existiam. Melhor executados, é verdade, mas presentes o suficiente para nem mesmo uma temporada dividida em duas histórias, dissolvê-los para além do sentimento de desperdício ao final de alguns contos de terror. Apesar de gostar do final de Red Tide (uma opinião aparentemente bem impopular) e ainda a achar consideravelmente superior a tudo que já vi da série, não há como negar sua queda de qualidade. Começando bem atmosférica e imersiva, passando a encontrar dificuldades substâncias em suas resoluções que se tornam bem mais objetivas. Objetividade funcional refletida pelo menos na meiuca de Death Valley, divertida enquanto brincadeira de conspirações, mas que acaba muito mal introduzida e principalmente finalizada, no nível de estragar as qualidades anteriores. O desenvolvimento basicamente inexistente de personagens ou atmosfera de terror pagou um preço alto ao ser dependente das surpresas vindas pelas descobertas de conceito.
Há inegável originalidade na visão de vampiros criados por pílulas de criatividade e aliens que fazem experimentos de hibridismo em humanos na Área 51. O valor de Double Feature está aí e faz com que a maioria dos episódios sejam bons isoladamente. A questão é que podia bem mais. A série pareceu ter preguiça de atingir esse “mais”, não expandindo as boas ideias que tinha nas mãos, preferindo simplesmente usá-las como um artifício para chegar em moralismo barato, muitas vezes perdendo tempo precioso que podia ser destinado a algum desenvolvimento e, simplesmente, verbalizá-las. A impressão final é que tanto Red Tide, quanto Death Valley desperdiçaram potencial e poderiam ser ótimas narrativas para uma temporada inteira, ao mesmo tempo que poderiam ser resolvidas ainda mais rapidamente do que foram, tamanha a quantidade conteúdo descartável no decorrer de sua exibição.
Não tenho como afirmar, mas se os mesmos problemas persistem aqui, mesmo que em menor escala, imagino que valha para todas as outras temporadas. Para as próximas coberturas por episódio, prometo ver o restante da série e confirmar (ou não) isso com mais propriedade. Finalizando essa, sem mais enrolações, vamos ao nosso tradicional ranking de capítulos do pior ao melhor. Comente qual história foi sua favorita da temporada e se concorda ou discorda com as posições do meu ranking, mandando o seu logo abaixo!
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American Horror American Horror ♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦♦ American Horror American Horror
10º Lugar: The Future Perfect
10X10
Eles abduzem pessoas para transformá-las em barrigas de aluguel até sair um neném que prestasse, certo? Foi estabelecido assim, que uma mesma pessoa, apesar de não ter conseguido uma vez, poderia em outra tentativa, conseguir. É por isso que Calico e outros aduzidos não morreram ali. Logo, diante de Kendall, “a escolhida” (“porque sim”) que conseguiu parir o feto perfeito e acabou sendo morta depois para ser transformada em uma máquina de parir fetos perfeitos, não era mais fácil simplesmente terem transformado todos aqueles do grupo seleto de pessoas em máquinas? Porque uma hora ou outra, iria acabar saindo o feto desejado. Nisso fica parecendo que The Future Perfect quis mudar suas regras. Mata a adolescente Jamie (Rachel Hilson) “de graça” por não ter gerado o feto perfeito, numa cena que tenta fazer tensão com a expectativa de Kendall ter o mesmo destino caso não gerasse esse feto perfeito…
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9º Lugar: Take Me To Your Leader
10X07
Pouco aproveita a atmosfera conspiratória de Área 51 nas sequências do interrogatório ou do experimento do corpo dos alienígenas. Mal começamos a ser introduzidos a esse clima e já surge repentinamente Maria Wycoff (Rebecca Dayan), a mesma mulher “possuída” da primeira cena, forçando o diálogo com o presidente, possivelmente para revelar as intenções do que eles fazem no planeta, ou algo semelhante que levará a história para frente. O segundo núcleo se passando no presente, com quatro adolescentes acampando em local próximo ao que dá título à história – Vale da Morte –, já possui um cuidado mais atencioso em atmosfera, embora não exatamente efetivo na construção introdutória.
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8º Lugar: Gaslight
10X05
Harry admite no final que a Alma estava certa, mas só para isso fazer sentido com o fato dele não ter interrompido ou buscado precaver a manipulação da criança com a mãe em forçá-la a tomar a pílula, sabendo que possivelmente ela não seria uma das talentosas, abrindo o caminho para que ambos, conduzidas por Úrsula (Leslie Grossman), tenham essa vida autodestrutiva, mas próspera em sucesso. Faltou a presença da chefe de Harry mexendo os pauzinhos por trás no episódio, para termos o mínimo de verossimilhança de que o escritor realmente pensava poder administrar a família, mesmo com as intenções de sua filha e produtora tão explicitas. Falta, na verdade, qualquer senso de barreira ou intriga que dificultasse o desenvolvimento da virada.
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7º Lugar: Blood Buffet
10X04
O que temos aqui é basicamente um completo para preencher um vazio de perguntas que a própria série incentiva a questionar no mau sentido, dando tudo mastigadinho. Fora que é uma ponte para oferecer gratuitamente com maior ênfase as características sempre presentes mencionadas: o destaque para personagem negra, a motivação de Noir ter fundo de sexualidade, a origem de Austin ter relação com drag queens. No entanto, o limiar desses pontos serem negativos, principalmente considerando a força de importância da história – que pode, obviamente, ser levado para o lado positivo por estar simplesmente contando mais da história –, não é cruzado pela execução criativa ainda muito segura do time de responsáveis.
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6º Lugar: Winter Kills
10X06
Destaco negativamente a escolha extremamente brega da câmera lenta como momentos acelerados na filmagem da chacina principal. Ademais, isso não retira a eficiência do episódio. Ainda que não seja uma exatamente a altura do seu potencial demostrado nos dois primeiros episódios primordialmente atmosféricos e que depois passaram a ser momentaneamente atmosféricos – a sequência de Ursula no cemitério é puro filme de terror, mas esse clima não está presente no capítulo todo, como foi nos primeiros – Winter Kills é uma conclusão satisfatória para a igualmente satisfatória Red Tide.
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5º Lugar: Inside
10X08
Acho bem legal – apesar de ser uma escolha óbvia – como entrelaçam o assassinato de Kennedy (Mike Vogel) a uma tentativa dele de tornar público esse acordo. Assim como a forma que utilizam a “confirmação” do suposto caso do ex-presidente com Marilyn Monroe (Alisha Soper) nos dez primeiros minutos de episódio, para corroborar na construção do suspense político entre Dwight e Nixon (Craig Sheffer) vindo depois da abertura, na administração do segredo e das periculosidades que podem acontecer caso isso venha à tona. Para quem não conhece, há uma teoria de que Monroe foi morta por saber informações secretas do governo, informações colocadas neste capítulo, como a existência dos Aliens compartilhada por Kennedy. Uma ótima sacada para quem já leu sobre, assimilar seu assassinato indiretamente à questão dos aliens.
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4º Lugar: Blue Moon
10X09
Só por ser a Área 51, todo o funcionamento descrito anteriormente pela personagem Calico (Leslie Grossman), por exemplo, sobre o não envelhecimento dela, naquele local, e outras descritas agora como a barriga de aluguel escrava para sempre, torna o núcleo do futuro mais interessante do que era. Principalmente porque a subversão vem com uma mudança de tratamento para algo mais cômico. Já havia um “fator comédia” involuntária, daquela de rir de nervoso, pela curiosidade de ver um homem grávido dando à luz a um bebê alien, mas esse humor parece mais assumido por Blue Moon. Tanto a cena de parto de Troy (Isaac Powell), quanto a final, com parto de Cal (Nico Greetham), são bem engraçadas. Tem a tensão pela curiosidade anatômica ser devidamente correspondida pelo caráter explícito da condução, mas essencialmente as circunstâncias toscas e exageradas as tornam risíveis – bem vibes “filme b”.
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3º Lugar: Thirst
10X03
Uma abertura, vários caminhos no roteiro. A montagem de novo, precisa ser parabenizada, na organização sequencial manipuladora destes fatos. Destaco a maneira como motivam a investida inevitável de Austin e Belle em Harry, não pela suposição aparente de acharem que ele vai querer continuar alimentando sua filha, mas sim porque ele trouxe indiretamente Ursula para a cidade. Algo que faria sentido só mais tarde no episódio, quando acompanhássemos ela tentando obter as pílulas direto da fonte criadora (Angelica Ross). Classico da série essa de esconder algo ou motivação para propor uma conexão automática nos desdobramentos, mas ao menos agora, isso foi feito sem soar conveniente, e sim coerente ao que foi ditado na cena.
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2º Lugar: Cape Fear
10X01
O episódio já se inicia numa ótima valorização do desconhecido da ameaça, com corpos de animais dilacerados na estrada observados por Alma (Ryan Kiera Armstrong), filha do protagonista, Harry (Finn Wittrock), que junto a sua esposa Doris (Lily Rabe), estão mudando para Provincetown em busca de inspiração criativa. Temos aqui, uma trama de terror mais clássica, da familia se mudando para uma cidade de incidentes sobrenaturais, com direito a velha máxima do escritor em bloqueio que verá naqueles incidentes um material promissor a ele sair de seu estado. Os primeiros minutos conseguem contextualizar imageticamente muito bem essa premissa, desenvolvendo os Gardner a nível de proximidade facilmente conquistadora.
American Horror
1º Lugar: Pale
10X02
Gosto muito da ideia, aqui consolidada, de fundar as criaturas chupadoras de sangue por um teor menos sobrenatural, de certo modo, subvertendo o teor classicista de origem da premissa a algo mais original, dentro de um realismo fantástico de serem efeitos colaterais de uma droga especial. Não que a fantasia esteja anulada, como bem é colocado na conversa de Harry e Austin nesse episódio, destrinchando um pouco e sem detalhes a origem específica de sintomas, a transformação é diferente para aqueles que são ou não talentosos, dividindo os escritores daqueles outros de rua primeiramente encontrados pela familia.