Essa semana chega aos cinemas uma cinebiografia já bastante aguardada: Rocket Man. Estamos falando de um dos maiores artistas que esse mundo já viu, um gigantesco influenciador da cultura pop, tanto musicalmente quanto esteticamente: Sir Elton John. Provavelmente muitos dos artistas ovacionados nos dias de hoje não existiriam se não fosse por seu trabalho musical junto a Bernie Taupin, suas canções inesquecíveis, performances bombásticas e estética incomparável.
Em antecipação ao longa que conta a história do músico, trazemos aqui uma lista de 5 álbuns que você precisa conhecer para mergulhar de cabeça na carreira de Elton John. Embora seja consenso a importância e popularidade das canções do artista, nem todos sabem a coleção impecável de álbuns que este lançou na década de 70 – disparada a melhor época de sua carreira musical – mantendo uma consistência espetacular de álbuns que receberiam rótulo de clássicos e viriam a se tornar parâmetros rock e do pop. Confira abaixo 5 dicas de álbuns fantásticos para você conhecer melhor a genial carreira desse artista.
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Captain Fantastic And The Brown Dirt Cowboy (1975)
Eis aqui um álbum de Elton John que muitos consideram “conceitual”, uma vez que se trata de uma obra autobiográfica, segundo o próprio artista. Captain Fantastic e The Brown Dirt Cowboy são, respectivamente, as personas de Elton e Taupin, escancaradas aqui em personagens típicos de fantasia, já visando o objetivo do álbum: contar a história de ambos os artistas rumo ao estrelato. Logo, temos uma obra que aborda desde as ambições de Elton, passando pelo primeiro encontro com Taupin, os dias de turnê e esforços de um músico na estrada, a chegada do sucesso e até mesmo momentos emblemáticos da vida do cantor como o término do noivado com Linda Woodrow (Someone Saved My Life Tonight). Uma obra que encapsula perfeitamente bem tudo que fez o artista ser considerado tal gigante da música: hinos enérgicos e atemporais (Bitter Fingers), belíssimas baladas (We All Fall In Love Sometimes), um soft rock de extrema criatividade e todas as bizarrices performáticas do cantor referenciadas desde a capa.
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Don’t Shoot Me I’m Just The Piano Player (1973)
Um disco composto essencialmente por baladas, o que permitiria elevar a fama do cantor e o levaria a dominar as rádios voltadas para soft rock, AOR ou “música de tiozão”, como você preferir. O piano é presença constante aqui em conteúdos bastante melódicos e radiofônicos, sendo o verdadeiro astro instrumental por todo o disco e fio condutor para a construção de todas as faixas. Don’t Shoot Me I’m Just The Piano Player, independente da piada do título (pessoalmente, é meu título de álbum preferido já feito), acaba por ser uma das obras que mais ressalta a conexão e relação de Elton com o instrumento citado. As canções orientadas ao AOR colheram resultados, o álbum foi um enorme sucesso comercial e chegou a alcançar a posição número #1 nas paradas americanas. Daniel e Crocodile Rock se tornaram clássicos absolutos. Tende a ser um pouco subestimado justamente por sua conotação mais comercial, embora ninguém vá discordar que se trata de uma obra brilhantemente executada e um catálogo excelente de canções do artista.
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Elton John (1970)
Atrás das sombras na capa, se esconde o rosto de Elton John. Tal fotografia diz muito sobre a obra: se trata da primeira obra-prima de Elton, saindo do escuro do anonimato para os holofotes. Apesar de muitas das obras do artista manterem uma certa similaridade, nenhuma se compara à atmosfera desse disco homônimo. Possui uma carga dramática mais pesada e teatral que a maioria de seus álbuns, com arranjos extremamente orquestrados e temas demasiadamente melancólicos. É um tanto soturno, tanto nas letras brilhantes feitas em parceria com Bernie Taupin, quanto na orquestração riquíssima e com influências de música clássica. Uma obra verdadeiramente épica, sendo palpável e densa a qualidade entregue aqui, saindo do óbvio em todas as suas instâncias. Debatível ser seu melhor disco.
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Goodbye Yellow Brick Road (1973)
Obra-prima de Elton John e obrigatório para qualquer fã de música. Se trata de um verdadeiro ensaio que remodela os parâmetros da música pop. Aqui você encontra uma salada musical de influências batida em liquidificador – blues, R&B, reggae, rock, punk, música clássica – a fim de gerar um verdadeiro manifesto de como deve ser um disco essencialmente pop. Desde a abertura magistral e épica dos 11 minutos de vibe progressiva de Funeral For a Friend / Love Lies Bleeding, passando por baladas melancólicas (Candle In The Wind) e pela abordagem de temas pouco explorados (All The Girls Love Alice fala de uma mulher lésbica), chegando na completa euforia catártica de faixas como Saturday Night Alright (For Fighting) até alcançar canções de conteúdo crítico e social (Social Disease), é indiscutível o nível de perfeição de Goodbye Yellow Brick Road. Um dos maiores primores sonoros criados na história da música, facilmente.
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Madman Across the Water (1971)
Madman Across the Water é tipo de arte que surge de um pianista genial em seus jams e arpejos criando óperas românticas, épicos contemplativos, folk orquestrado e gospel expiatório com letras alongadas e emocionantes de um aventureiro britânico pela América. Dentre os tracks que compõem o disco, apenas o encerramento da aventura musical chamado Goodbye tem menos de 4 minutos de duração, sendo basicamente uma metalinguagem explicativa do que é a produção. “I’ll waste way, I’ll waste way” – assim são as últimas palavras, após comentar-se na letra sobre o reflexo do eu lírico e a escrita de letras para nós, ouvintes, de uma maneira romantizada pela voz de Elton e suas harmonias fúnebres. Essa finalização conversa bastante com o percurso estendido em que Bernie dispõe a aventurança de cada canção, transformadas em cores e paisagens por acordeões, sintetizadores, pedal steel e backing vocals, junto com os instrumentos mais tradicionais do rock e da orquestra.