Home Colunas In Loco #9 | CCXP 2019: Spoiler Night – Primeiras Impressões

In Loco #9 | CCXP 2019: Spoiler Night – Primeiras Impressões

por Gabriel Carvalho
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Para um novato como eu, que nunca antes tinha comparecido a um evento do porte de uma Comic Con, ao expressar os meus sentimentos pelo meu primeiríssimo dia no lugar certamente a minha própria inexperiência ocuparia um espaço nessa abordagem. Em um relato tão opinativo quanto narrativo, contarei as desventuras de um garoto por um mundo que não visitara anteriormente. No caso em questão, essa é a edição de 2019 da convenção, que acontece na São Paulo Expo, na cidade de mesmo nome, e vai, teoricamente, do dia 5 de dezembro ao dia 8. Digo teoricamente, na verdade, porque há uma prévia do evento no dia anterior a sua abertura oficial, que é chamada de Spoiler Night. E, nesse dia, para complementar uma breve introdução antes de chegar ao texto propriamente dito, acompanhou-me pelo evento colegas e amigos, como Volney Tolentino, do Cebola Verde, e outros que conheci em circunstância da CCXP. A coletividade define a experiência.

Os primeiros indícios da imersão

Enquanto experiências como a de Black Mirror, que envolvia a tecnologia VR, não puderam ser visitadas nesse primeiro dia, em razão da necessidade de se tomar decisões quanto ao que vai ser usufruído – as filas já são razoavelmente grandes na Spoiler Night -, outras puderam nos ajudar a constatar o cerne do que a Comic-Con Experience de 2019 representa. Em primeiro lugar, uma das visitas foi à ativação relacionada ao futuro longa-metragem da Viúva Negra, que estreará no primeiro semestre de 2020 – e que ganhou um trailer novo essa semana, curiosamente. Na atividade proposta, o participante entra em um túnel com inúmeros obstáculos, que o obrigam a pular e também a rastejar. Nada muito complicado, na verdade – principalmente para pessoas mais jovens -, porém, certamente a brincadeira tornou-se mais divertida em conjunto com meu amigo, pois disputamos quem chegaria primeiro. Para ser sincero, eu propus o desafio e abruptamente, visto que corri o mais rápido para ultrapassar ele. No fim, consegui vencer – ralado, mas consegui.

A ativação que mais conquistou os meus olhares nesse dia foi a da AMC, relacionada a sua futura série spin-off de The Walking Dead, com o subtítulo The World Beyond. Por si só, não existe muita complexidade no que é proposto: vendas tapam os olhos dos participantes que se encontram em um ambiente, portanto, caótico. Entrar realmente na brincadeira é decerto uma necessidade, por consequência. Em especial, na minha vez de enfrentar a experiência, um canal do Youtube gravava a atividade, que logo resultou em uma bagunça tremenda. Eu, como o bom ator que sou, encarnei a vítima amedrontada, clamando pelo nome de meu amigo Volney. Rapidamente, porém, senti os espaços ao redor de mim se fechando, como se zumbis se amontoassem – não sei ao certo o que era, pois não enxergava nada. Usei, assim sendo, meu caro Volney como escudo, empurrando-o em direção ao norte. Pobre Volney, que caiu e sujou a sua roupa com uma gosma verde não-identificada ainda. Já eu saí ileso, alegre e com histórias para contar. Volney passa bem.

De qualquer forma, o que se observa em estandes como esses é uma tentativa de se readequar os visitantes da CCXP aos seus mundos de interesse. Na ação de um longa-metragem da Marvel Studios e no terror de uma série de mortos-vivos, os expositores se esforçam para realizar esse transporte, mesmo que seja um tanto simples. Pelo que relatei de vista, no mais, Mulan contava com uma tirolesa – bem pequena, para ser sincero, especialmente se comparada com outra no evento – e Star Wars com um verdadeiro treinamento Jedi – que está para ser explorado em breve por mim e, logo mais, será comentado em um desses textos. Fora isso, a tecnologia de realidade aumentada é um grande auxílio dos estandes no que tange à necessidade pela imersão – The Walking Dead teve isso, em um momento precedente à atividade em si, que servia igualmente como propaganda da nova série. Volney usa óculos, no entanto, e reclamou bastante de ter que por os de VR em certas atividades, chegando ao ponto de nem desejar mais esse tipo de ativação.

A tecnologia como auxiliar para as ativações da Warner

Claro que o centro de vendas é um motor extremamente poderoso de convenções assim, que não apenas arrecadam com os passaportes das pessoas, mas com as despesas delas dentro da CCXP. No entanto, é pela experiência por si só que mais de 200 mil visitantes passarão pelo lugar, pela troca entre pessoas que têm gostos similares e se vêem fascinadas pela oportunidade de visitar, mesmo que simplificadamente, as suas mitologias queridas. No caso, a Warner Bros., hoje, é detentora de uma boa quantidade desses mundos, como o das populares séries Friends e o de Riverdale, ambos visitados por mim nesse primeiríssimo dia da CCXP. Logo, a quantidade de fãs querendo conhecer as atrações referentes a suas obras preferidas é muita e, por isso, a demanda também. Como Volney me explicou, problemas aconteceram no passado em relação a filas, o que levou a Warner a criar um novo sistema de participação dos visitantes nessas atividades. Dessa vez, quem quiser participar precisa se agendar, por meio do app disponível para aparelhos móveis.

Assim sendo, todas as ativações da Warner Bros., ao menos nesse primeiro dia, puderam ser aproveitadas sem muitos transtornos. Em Friends, que segue a comemoração dos 25 anos, o participante pôde ser parte de um cenário clássico da série, a famosa cafeteria Central Perk. Em Supernatural, que se encaminha ao seu fim, tinha o Bunker. Já em Riverdale, o visitante poderia colocar a jaqueta icônica de Archie e improvisar, por meros segundos, ser parte daquele universo ficcional. No mais, o Cartoon Network, por meio de O Mundo de Gumball e A Hora da Aventura, também estava presente nesse estande, sem um único exclusivo para o canal. E os futuros longas da DC idem, podendo fazer uma maquiagem da Arlequina e sua turma e passar pelo crivo do Laço da Verdade. O único problema detectado foi na atividade relacionada ao futuro longa-animado do Scooby Doo, Scooby!. Como explicado pelos responsáveis, um erro no cálculo do tempo levado para cada participação, dado como 1 min., ocasionou no acúmulo de visitantes esperando sua vez.

Conclusões

Fora a Máquina de Mistério, o “próprio Scooby Doo” estava presente no estande da Warner, tirando fotos e me fazendo ficar com muita cara de bobo. Nesse momento, o ator precisou ver-me passar vergonha ao encarar a sua fantasia por alguns segundos, com brilho nos olhos e calor no coração. Como um todo, convenções como essa não angariariam o apreço do público sem a existência de cosplayers e, nesse caso, personagens trazidos diretamente das empresas para o evento. Além do Scooby-Doo, o Bob Esponja e o Patrick também estavam presentes, em vista do lançamento do próximo longa-metragem do desenho. Mas os próprios visitantes podem assumir mantos únicos por um dia – ou cinco -, como foi o caso da imensa quantidade de Arlequinas que passaram por mim em poucas horas de CCXP. O estande da Warner ajudou nisso, possivelmente, por conta das maquiagens nas pessoas que as remeteriam à vilã. No mais, certas estátuas também chamavam a atenção do público para fotos, como a das personagens de Frozen, Elsa e Anna, e do dróide BB-8.

Quem mais chamou a minha atenção, porém, foi o cosplay do Primo Itt, da Família Addams, que me fez parar por um segundo para tirar outra foto, dentre as tantas que tirei e postei no grupo da família – que tinha, claro, a minha família e o Volney. Logo, concluo que a experiência foi bem mais prazerosa que o esperado, especialmente para alguém cético em relação ao evento e ao que pode ser tirado dele de sincero. A CCXP pode ter tornado-se um lugar até mais consumista do que antes – Volney me apontou a existência de quiosques de sorvete e etc, que não existiam na edição passada. Você pode comprar um Funko a cada esquina, e nada mais capitalista que existirem milhares de exemplares dessa marca disponíveis para compra. No entanto, seria injusto com o efeito causado nas pessoas, que as fazem até mesmo retornar ano a ano ao lugar – e pagando um preço que não é barato – desmerecer o verdadeiro cerne da convenção, aquele que atinge certos nichos em cheio – o poder da experiência em grupo, do coletivo, e da troca entre pessoa e pessoa.

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