A minha jornada com Doctor Who começou no ano de 2010, depois de muita ponderação, medo e preguiça de começar “uma série tão longa e que nunca teria fim“. Na época, meu contato com o nome “Doctor Who” vinha de citações que ouvia de pessoas ao meu redor e acompanhavam o show, ou eventualmente de conteúdos na internet citando a série como um dos ícones da ficção científica na TV. Minha ponderação foi vencida pela enorme curiosidade e, no mesmo dia, eu assisti aos 3 episódios iniciais da 1ª Temporada da Nova Série, a saber, Rose, (que classifiquei como “estranhamente interessante“), The End of the World (onde eu comecei a me apaixonar pela série) e The Unquiet Dead, que mostrou o quão plural e diferente o show poderia ser. Dias depois, quando cheguei à dupla de episódios The Empty Child e The Doctor Dances, eu já tinha colocado DW na minha lista de séries favoritas, na qual ela iria pular de posição para o primeiro lugar cerca de uma temporada depois.
Para mim, já se passaram 13 anos dessas experiências. Para a série, já são 60 de existência desde a exibição de An Unearthly Child, o primeiro capítulo do primeiro arco de Doctor Who, em 23 de novembro de 1963. Durante este período em que passei a acompanhar e amar a série, atravessando momentos de grande felicidade, de choro de emoção e também de gritos e reclamações na mais pura cólera, eu vivi experiências que levarei para a vida toda.
Já fiz tradução para episódios da Série Clássica, na época em que “isso aqui era tudo mato” (os 2 primeiros do arco The Enemy of the World); estive em 3 grandes encontros de fãs da série em São Paulo, com um pseudo-cosplay de 2º Doutor — até a chegada de CapalDeus, o Troughton era o meu Doutor favorito; assisti The Day of the Doctor no cinema, em uma sala abarrotada de whovians gritando e chorando ao mesmo tempo; assisti The Woman Who Fell to Earth no cinema, em uma sala lotada, com grande expectativa pela nova fase que então se iniciava; tirei as clássicas fotos com a TARDIS na CCXP; fiz um amigo para a vida toda por causa da série; conheci dezenas de pessoas; gastei muito dinheiro e descobri o que significa um verdadeiro Universo Expandido de um ícone nerd.
Nesses 60 anos de vida, Doctor Who nos ensinou a aceitar os ciclos e as mudanças constantes da existência; a ter medo das coisas mais simples do dia a dia; e a abraçar valores de empatia, diplomacia e posicionamento firme contra a opressão. Dos episódios da TV aos audiodramas da Big Finish e adentrando aos quadrinhos, livros, Especiais e filmes da série, temos em DW um mar de imaginação e discussões possíveis, bem como fases boas e ruins de showrunners, e episódios que podem ir de grandes obras-primas a vergonhas alheias irrecuperáveis… como em qualquer outra série. Vejo em DW algo tão fascinante e tão capaz de resistir ao tempo, que meu carinho pelo que ela propõe e pelo que ela é, a cada nova Era, se mantém em alto grau. Doctor Who é uma viagem inesgotável pelo Universo. Uma série como nenhuma outra.
Feliz aniversário, Doctor Who! E obrigado por tudo! Que venham mais 60 anos de História e transformações!